Capítulo LXXVI
A Ressurreição
Os cristãos não podem dizer uns aos outros que estão se vendo pela
última vez. Embora eles possam ser separados pelos anos no tempo, distância em quilômetros
ou pela sombra da morte, eles sabem que novamente se encontrarão porque eles têm
a promessa da ressurreição para a imortalidade. A bendita esperança dos crentes
é serem levantados da morte para a imortalidade quando Cristo vier.
A ressurreição é o processo pelo qual uma pessoa morta é trazida à
vida. A ressurreição difere da criação e do nascimento. Nem a criação de Adão
nem o nascimento de uma criança podem ser descritos como ressurreição. Para ser
ressuscitado, alguém deve ser uma pessoa morta que anteriormente esteve em
vida. Além disso, os sujeitos da ressurreição são os membros da raça humana. A
Bíblia nunca se refere a plantas, animais ou anjos celestiais tendo sido
ressuscitados, nem que tenham a promessa da ressurreição. Os animais no reino
de Cristo (Isaías 11:6-8) serão os nascidos naquela época, não animais
ressuscitados dos mortos. Os anjos que não morrem não terão necessidade de
ressurreição.
A ressurreição é uma obra divina. Cientistas médicos têm feito
muitas realizações maravilhosas, mas não podem criar a vida nem ressuscitar o
morto. Um princípio básico da ciência é que a vida deve derivar da vida. Os
cientistas nunca produzirão uma droga, uma radiação ou uma máquina que possa
restaurar a vida de alguém que está morto. Somente Deus e Cristo podem levantar
os mortos. Os homens da Bíblia que realizaram milagres de ressurreição estavam
aptos a fazê-lo porque Deus lhes deu esse poder. Deus pode ressuscitar os
mortos porque Ele é Onipotente; Ele tem poder infinito. Deus, o Autor da vida,
tem a habilidade para criar o homem e Ele tem o poder para ressuscitar o homem
da morte. Paulo perguntou: “Pois quê? Julga-se coisa incrível entre vós que
Deus ressuscite os mortos?” (Atos 26:8).
I. A Vida Futura Depende da
Ressurreição
Visto que o homem é mortal e a morte é o término da vida, a vida
futura do homem depende da sua ressurreição da morte. Todos os homens são
mortais e tudo no homem é mortal. A mortalidade é universal entre os homens e
total dentro do homem. Nenhuma parte do homem é imortal. Somente Deus é a fonte
original da imortalidade (1 Timóteo 1:17; 6:16). Jesus nasceu mortal, mas Ele
tornou-se imortal quando ressuscitou dos mortos. A imortalidade é uma das
bênçãos prometidas pelo evangelho. Os crentes hoje “persistindo em fazer o bem,
buscam... imortalidade” (Romanos 2:7 NVI). O fato dos crentes estarem em busca
da imortalidade prova que não a possuem agora. Os crentes se tornarão imortais
quando Jesus vier. A morte é o fim da vida. Morrer é parar de viver. Na morte,
o homem está sem existência consciente; seu cérebro e sistema nervoso param de
funcionar. Os mortos estão inconscientes (Jó 3:13-19; 14:7-15; Salmos 6:5;
88:11,12; 115:17; 146:4; Eclesiastes 9:5,6,10; Isaías 38:18). De acordo com a
Bíblia, os mortos permanecem inconscientes até a ressurreição. Quando os homens
morrem, eles não vão nem para o céu nem para um inferno em chamas; eles vão
para a sepultura (João 3:13; Atos 2:29,34). Todos os homens mortos permanecem
nas suas sepulturas até a ressurreição. Os crentes serão ressuscitados na
primeira ressurreição na vinda de Cristo. Eles serão imortais e glorificados.
Os pecadores serão ressuscitados na ressurreição final para a mortandade e
juízo. Se não houvesse ressurreição, o homem não teria vida futura. Paulo considerou:
“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se
Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em
Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios
15:16-19).
A recompensa dos crentes e a punição dos pecadores são dependentes
de duas futuras ressurreições. Os homens não são recompensados no momento de
suas mortes. Os homens não podem ser recompensados ou punidos enquanto estão
mortos porque estão inconscientes na morte. Eles devem ressuscitar para que
possam receber a recompensa ou punição. Os crentes serão recompensados quando
Jesus vier (Apocalipse 22:12; Lucas 19:15). Os pecadores serão punidos depois
que se levantarem na ressurreição final e forem julgados. Se o homem fosse
imortal e recebesse sua recompensa ao morrer, ele não necessitaria de uma
ressurreição. Portanto, o homem é mortal e precisa ser ressuscitado para que
receba a vida futura.
II. A Crença da Ressurreição no
Antigo Testamento
Os crentes fiéis do Antigo Testamento esperavam pela ressurreição
futura. Eles reconheceram que o homem é mortal e que necessita ressuscitar dos
mortos para ter a vida futura.
Jó escreveu: “Porque há esperança para a árvore, que, se for
cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Mas, morto o homem,
é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então, onde está? Como as águas
se retiram do mar, e o rio se esgota e fica seco, assim o homem se deita e não
se levanta; até que não haja mais céus, não acordará, nem se erguerá de seu
sono. Tomara que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira
se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim! Morrendo o
homem, porventura, tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria até
que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia; afeiçoa-te à obra
de tuas mãos” (Jó 14:7,10-15). Ele também escreveu: “Porque eu sei que o meu
Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida
a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os
meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro
de mim” (Jó 19:25- 27).
Davi creu na ressurreição. Ele escreveu: “Quanto a mim,
contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando
acordar” (Salmos 17:15). Isaías profetizou: “Os teus mortos viverão, os teus
mortos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó, porque o teu
orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os
mortos” (Isaías 26:19). Daniel escreveu: “E muitos dos que dormem no pó da
terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo
eterno. Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no
fim dos dias” (Daniel 12:2,13). Oséias referiu-se à ressurreição: “Eu os redimirei
do poder da sepultura; e os resgatarei da morte: Onde estão, ó morte, as suas
pragas? Onde está, ó sepultura, a sua destruição?” (Oséias 13:14 NVI).
Abraão mostrou sua fé no poder de Deus em ressuscitar os mortos
quando ofereceu Isaque em obediência ao comando de Deus. “Pela fé, ofereceu
Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas
ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua
descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar.
E daí também, em figura, ele o recobrou” (Hebreus 11:17-19).
Abraão, Isaque e Jacó creram na futura ressurreição porque Deus
lhes deu a terra de Canaã por possessão eterna. Eles sabiam que ressuscitariam
da morte no futuro para herdarem as promessas de Deus (Hebreus 11:13-16,39,40).
Nós sabemos que Abraão, Isaque e Jacó ressuscitarão porque Jesus disse que eles
estariam em Seu reino. “Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do
Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos
céus” (Mateus 8:11).
O Velho Testamento também contém muitas profecias e tipos que retratam
a ressurreição de Cristo. Isso já foi considerado no capítulo “A Ressurreição
de Cristo”.
III. Milagres de Ressurreição
1. Milagres de Ressurreição no
Antigo Testamento. O Antigo Testamento menciona três
milagres de ressurreição. O profeta Elias ressuscitou o filho da viúva de
Sarepta (1 Reis 17:17-24). Eliseu, o sucessor de Elias, ressuscitou o filho da
mulher Sunamita (2 Reis 4:18-37). A terceira pessoa que o Antigo Testamento menciona
ter a vida restaurada foi um homem que estava sendo sepultado e cujo corpo morto
tocou nos ossos de Eliseu. “Depois, morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as
tropas dos moabitas invadiam a terra, à entrada do ano. E sucedeu que,
enterrando eles um homem, eis que viram um bando e lançaram o homem na
sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem e tocando os ossos de Eliseu,
reviveu e se levantou sobre os seus pés” (2 Reis 13:20,21).
2. Milagres de Ressurreição de
Jesus. Três milagres de ressurreição de Jesus são
mencionados nos Evangelhos. Jesus ressuscitou uma filha, um filho e um irmão.
Ele ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9:18-26; Marcos 5:22-43; Lucas
8:41-56), o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17) e Lázaro, o irmão de Maria e
Marta (João 11:1-44). A filha havia acabado de morrer; o filho estava no cortejo
para o sepultamento; o irmão estava morto há quatro dias e tinha sido sepultado.
Como nos outros milagres de ressurreição, essas pessoas foram restauradas à
vida mortal que possuíam antes de morrerem. Todos eles morreram novamente.
Somente Jesus ressuscitou para a imortalidade.
3. Outros Milagres de Ressurreição. O Novo Testamento menciona outros três milagres de ressurreição. O
número total de ressurreições na Bíblia, além da ressurreição de Cristo, é de
nove milagres. Pedro ressuscitou Tabita, também conhecida como Dorcas, em Jope
(Atos 9:36-42). Paulo ressuscitou Êutico, um jovem rapaz que dormiu durante o
culto da Igreja em Trôade e morreu ao cair de uma janela (Atos 20:7-12). Quando
Jesus morreu na cruz, alguns santos ressuscitaram dos mortos em Jerusalém. “E
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram
ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram
na Cidade Santa e apareceram a muitos” (Mateus 27:52,53). Como os outros que
foram ressuscitados, esses santos morreram novamente e foram sepultados pela
segunda vez. É falsa a teoria de que Jesus levou esses santos com Ele para o
céu. Jesus ascendeu ao céu sozinho. Nem Davi ou qualquer outro santo do Antigo
Testamento foi para o céu com Jesus (Atos 2:29,34). Ninguém foi para o céu,
exceto Jesus (João 3:13).
IV. A Ressurreição de Cristo
Em Sua gloriosa ressurreição, nosso Salvador ressuscitou dentre os
mortos para a imortalidade. Agora Ele pode proclamar: “fui morto, mas eis aqui
estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”
(Apocalipse 1:18). Ele não está mais sujeito à morte. “... havendo Cristo
ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele”
(Romanos 6:9).
Jesus é a primeira pessoa a ressuscitar dentre os mortos com uma
natureza imortal. Ele é descrito como o “primogênito dentre os mortos”
(Colossenses 1:18) e “primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20). Paulo
disse a Agripa que Cristo era “o primeiro da ressurreição dos mortos” (Atos
26:23). Alguém poderia questionar o significado da afirmação bíblica de que Cristo
é o primeiro a ressuscitar dentre os mortos. “Não existiram homens vivendo antes
da primeira Páscoa que passaram pela ressurreição?” Jesus foi o primeiro e o único
que ressuscitou dos mortos para não morrer outra vez. Os outros ressuscitados foram
restaurados à vida mortal que possuíam antes de morrerem. Todos eles morreram
novamente. Jesus, por outro lado, foi ressuscitado para um novo tipo de vida.
Ele ressuscitou imortal; Ele não pode morrer outra vez.
A ressurreição de Cristo garante a ressurreição dos crentes. Ele
disse: “Porque eu vivo, vós também vivereis”. Paulo escreveu: “Quando Cristo,
que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele
em glória” (Colossenses 3:4). Sua ressurreição assegura a ressurreição do
crente para a imortalidade. Porque Cristo ressuscitou na condição de primeiro
fruto dos que dormem, podemos confiar que os crentes serão ressuscitados da
morte como numa colheita. Porque Cristo, o Cabeça da Igreja, foi ressuscitado
para a imortalidade naquela primeira Páscoa; o corpo de Cristo, será
ressuscitado quando Ele retornar.
Jesus é a única pessoa na história que experimentou a ressurreição
para a imortalidade. Nenhuma outra pessoa experimentou esta transformação
física gloriosa. Jesus permanece como a única ilustração e uma prévia daquilo que
Deus fará com todos os verdadeiros crentes quando Jesus voltar. Nenhum
escarnecedor pode negar a capacidade de Deus em ressuscitar os mortos, nem opor
objeção à realidade da futura natureza imortal dos crentes. Deus demonstrou o
funcionamento de Seu poder quando ressuscitou Cristo dentre os mortos (Efésios
1:19,20) e Ele revelou a natureza da imortalidade na ressurreição do corpo de
nosso exaltado Senhor. Quando os infiéis escarnecem da futura ressurreição do
homem, os crentes podem responder: “Deus fez uma vez; Ele pode fazer
novamente!”
V. Duas Ressurreições Futuras
O Amanhã de Deus incluirá duas ressurreições, a primeira
ressurreição e a última ressurreição. A primeira ressurreição ocorrerá quando
Jesus voltar; a última ressurreição ocorrerá depois do milênio e do “pouco de
tempo” (Apocalipse 20:4-6,12-15). Os crentes se levantarão na primeira
ressurreição; os pecadores se levantarão na última ressurreição. Somente os
justos, “os que morreram em Cristo” (1 Tessalonicenses 4:16) levantarão na
primeira ressurreição. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos
se acabaram” (Apocalipse 20:5).
As duas ressurreições diferem não somente em relação ao tempo e aos
participantes, mas também quanto à qualidade. O futuro inclui duas
ressurreições separadas, em dois períodos de tempo, para dois grupos de homens,
que resultará em dois destinos diferentes.
Paulo informou Félix, o governador: “Há de haver ressurreição de
mortos, tanto dos justos como dos injustos” (Atos 24:15). A primeira
ressurreição é “do justo”; a última ressurreição é “do injusto.” Jesus
declarou: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que
estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a
ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”
(João 5:28,29). A primeira ressurreição é para vida; a última ressurreição é
para condenação. A primeira é a ressurreição “para sair dentre os mortos”; a
última é a ressurreição “para a morte”.
A primeira ressurreição é para a glória; a última ressurreição é
para o julgamento. Os crentes, ressuscitados na primeira ressurreição, serão
glorificados com Cristo. Eles estarão diante Dele como a noiva diante do Noivo.
Os pecadores, levantados na ressurreição final, serão julgados, condenados e
punidos. Eles estarão diante d’Ele como criminosos culpados diante do Juiz.
Os crentes, que tomarem parte na primeira ressurreição, serão
ressuscitados para a imortalidade. A morte não terá mais poder sobre eles.
“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes
não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele mil anos” (Apocalipse 20:6). “O que vencer não receberá o dano
da segunda morte” (Apocalipse 2:11). No entanto, os pecadores que serão
levantados na ressurreição final serão ressuscitados para a mortalidade e juízo
(Apocalipse 20:11-15). A natureza física dos crentes será transformada da
mortalidade para a imortalidade. Os pecadores, por outro lado, ressuscitarão
mortais. Eles terão a mesma natureza física que possuíam antes de morrerem a
primeira morte. Se os pecadores ressuscitassem imortais, eles não poderiam ser
destruídos na segunda morte.
Contudo, a esperança do crente não é somente ser ressuscitado
dentre os mortos. Todos os homens experimentarão a ressurreição. Sua esperança
é que esteja apto a tomar parte na primeira ressurreição, que ocorrerá na vinda
de Jesus. Não é simplesmente o fato
da ressurreição; é a qualidade da
ressurreição que os crentes vislumbram com esperança.
Cada pessoa que já viveu será levantada para a vida em uma das
duas ressurreições futuras (João 5:28,29; 1 Coríntios 15:21-24; Apocalipse
20:5,12,13). Se alguém mantém uma relação adequada com Cristo, ele voltará à
vida na primeira ressurreição. Se ele é um pecador, sem Cristo, ele será
vivificado na ressurreição final.
Alguém pode questionar: “Por que os pecadores ressuscitariam
dentre os mortos? Visto que o salário do pecado é a morte e os pecadores já
morreram uma vez, por que é necessário que eles sejam ressuscitados dentre os
mortos e então morram pela segunda vez?” Os pecadores devem ser ressuscitados
dentre os mortos para que possam ser julgados e punidos (Eclesiastes 12:14;
Mateus 12:36; Atos 17:30,31; Romanos 2:2-11). “De maneira que cada um de nós
dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14:12). A morte não é o tempo de
recompensa para os crentes ou para os pecadores. Os crentes não são
recompensados por ocasião da morte; eles serão recompensados na sua ressurreição
quando Jesus voltar (Apocalipse 22:12). Os pecadores não são completamente punidos
pela primeira morte; eles serão julgados e punidos depois que forem levantados
na última ressurreição. Os pecadores serão destruídos na segunda morte, da qual
não existe ressurreição. O pecador não pode escapar do juízo futuro. Não existe
lugar oculto para Deus. Um pecador não pode fugir do julgamento futuro cometendo
suicídio ou sendo cremado. Deus sabe onde cada pecador está sepultado. O
pecador será ressuscitado dos mortos e terá que enfrentar seu destino eterno.
Embora hoje os pecadores sejam dados como culpados e estejam sob
condenação, Deus dará a cada pecador um “julgamento justo”. Quando um homem
comete um crime hediondo contra a sociedade, a multidão enraivecida negaria a
ele um julgamento diante da justiça. Eles “o enforcariam” num poste; o matariam
sem muita demora. Mesmo quando se sabe que o criminoso é culpado e digno de
morte, a democracia garante a todo homem um julgamento justo diante da Justiça.
Seria Deus menos justo que os governos humanos? Deus destruirá os pecadores sem
permitir que eles compareçam diante d’Ele para julgamento? Embora hoje os
pecadores sejam considerados culpados e sob condenação, Deus em justiça dará a
cada pecador um julgamento justo. Todo homem terá permissão para estar diante
do Juiz. Por toda a eternidade ninguém poderá dizer que Deus não é santo ou foi
injusto. Deus sempre faz o que é correto. Quando o Livro da Vida for aberto e o
nome do pecador não estiver registrado, a boca do pecador deixará de
vangloriar-se. Quando ele for julgado de acordo com as suas obras de pecado,
ele reconhecerá sua culpa diante de Deus.
Os pecadores devem ressuscitar da primeira morte e serem
destruídos na segunda morte porque a primeira morte não é a completa punição
pelo pecado. O salário final do pecado é a destruição na segunda morte. Se a
primeira morte fosse a punição final pelos pecados pessoais, os cristãos não
morreriam a primeira morte porque os seus pecados foram lavados no sangue do
Cordeiro, e eles estão perante Deus sem nenhuma condenação (Romanos 8:1). Se os
ímpios fossem destruídos na primeira morte, os cristãos por certo não morreriam
a primeira morte. No entanto, os cristãos, assim como os pecadores, morrem a
primeira morte. Duas mortes são mencionadas na Bíblia. A primeira morte é para
todos os homens, a segunda é somente para o ímpio. A primeira morte é
temporária; a segunda será permanente. A primeira morte terá fim nas
ressurreições; a segunda nunca findará. Os homens morrem a primeira morte
porque eles são mortais; os homens morrerão a segunda morte porque eles são
pecadores.
VI. A Primeira Ressurreição
Quando Jesus voltar, todos os verdadeiros cristãos, “os mortos em
Cristo”, ressuscitarão para a imortalidade. Esse levantamento dos crentes que
estavam mortos constituirá a primeira ressurreição. Os crentes que morreram
estão inconscientes nas suas sepulturas; eles permanecerão na morte até a
ressurreição. Na primeira ressurreição, todos os crentes serão ressuscitados da
morte para a imortalidade e receberão sua recompensa ao mesmo tempo. Os cristãos
vivos serão transformados instantaneamente da mortalidade para a imortalidade
por ocasião da primeira ressurreição e, com os cristãos ressuscitados, serão
arrebatados para encontrar Cristo nos ares. Eles serão glorificados com Cristo
e serão feitos coerdeiros com Ele.
1. O Tempo da Primeira Ressurreição. A primeira ressurreição ocorrerá na segunda vinda de Cristo.
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com
a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois,
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens,
a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses
4:16,17). O tempo da primeira ressurreição está indicado pelas frases dos
seguintes textos:
1 Coríntios 15:23 Na
sua vinda
1 Coríntios 15:52 Ante
a última trombeta
1 João 3:2 Quando
ele se manifestar
Filipenses 3:20,21 Esperamos
o Salvador
1 Tessalonicenses 4:16 O
mesmo Senhor descerá
Lucas 21:18 Quando
essas coisas começarem a acontecer
João 6:39,40,44 No
último dia
Jó 14:12-15 Até
que não haja mais céus
Jó 19:25-27 E
que no fim se levantará sobre a terra
2. Os Participantes da Primeira Ressurreição. A primeira ressurreição é para os cristãos. Os pecadores mortos
permanecerão em seus sepulcros até a ressurreição final. Aqueles que participam
da primeira ressurreição são designados como: “mortos em Cristo” (1 Tessalonicenses
4:16), “os que são de Cristo” (1 Coríntios 15:23), “os que fizeram o bem” (João
5:29) e “justos” (Atos 24:15).
Quando Jesus vier, todos os cristãos estarão divididos pela vida e
pela morte em dois grupos. Primeiro, os crentes que dormiram na morte durante
séculos estarão inconscientes esperando em suas sepulturas até o retorno de Cristo.
Segundo, alguns crentes estarão vivos quando Jesus voltar. Os benefícios do
retorno de Cristo serão concedidos sobre ambos os grupos de cristãos, aqueles
que estão vivos e aqueles que estão mortos. “... tanto se estivermos vivos como
se estivermos mortos quando ele vier” (1 Tessalonicenses 5:10 NTLH).
Cristãos Mortos. Durante a era apostólica, os crentes começaram a morrer como
mártires na perseguição sofrida pelos cristãos. Os crentes na igreja de
Tessalônica começaram a imaginar se os cristãos mortos receberiam algum
benefício na segunda vinda de Cristo. Por estarem dormindo na morte, os cristãos
perderiam a imortalidade, glória e alegria que serão resultantes do retorno de
Cristo? Paulo escreveu sua primeira carta à igreja, a igreja de Tessalônica,
para explicar que os cristãos vivos não terão prioridade sobre os cristãos
mortos quando Jesus vier. Ele disse: “Não quero, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os
demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com
ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos
vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem” (1 Tessalonicenses
4:13-15). Quando Jesus vier, os cristãos em vida não terão vantagem sobre os cristãos
mortos. Na verdade, os cristãos mortos serão ressuscitados antes que os cristãos
vivos sejam transformados. “... e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro” (1 Tessalonicenses 4:16). Portanto, os crentes não precisam ter medo de
dormir o sono da morte porque eles têm a esperança da ressurreição para a
imortalidade. A morte é como um sono sem sonhos; não existe noção do tempo que
passa. Depois da morte, a próxima experiência consciente do cristão será a sua
ressurreição da morte. E não importa quanto tempo uma pessoa esteve morta nem
onde foi sepultada. Deus conhece o lugar de repouso de cada santo. Alguém pode
ser enterrado num cemitério sombrio; seu sepulcro pode estar coberto de ervas
daninhas; sua lápide pode estar coberta pelo pó; os homens podem ter esquecido
o seu nome. Mas nada disso importa. Deus não esqueceu; Ele sempre se lembra. No
tempo determinado, Ele ressuscitará o crente da morte para a imortalidade.
Cristão Vivos. Os cristãos que estiverem vivos quando Jesus vier serão
glorificados com aqueles que ressuscitarem da morte. Os cristãos vivos serão
transformados, transfigurados, mudados da mortalidade para a imortalidade. Essa
mudança ocorrerá instantaneamente quando Cristo voltar. Paulo explicou esse
fato: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a
última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Coríntios 15:51,52). Os cristãos
vivos serão transformados antes que percebam o que está acontecendo. A
transformação ocorrerá “num piscar de olhos”. Quer estejam os crentes andando
pelas ruas, trabalhando numa fábrica, lavando pratos na cozinha, sentado na
cadeira escolar ou no escritório, ou pescando de bote num lago, eles serão
transformados instantaneamente da mortalidade para a imortalidade e serão
arrebatados para encontrar o Senhor nos ares. Jesus disse: “Digo-vos que,
naquela noite, estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado.
Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois
estarão no campo; um será tomado, e outro será deixado” (Lucas 17:34-36).
3. Natureza da Primeira
Ressurreição. Quando ressuscitados ou
transformados, os crentes possuirão a imortalidade. Imortalidade é a capacidade
de não morrer. Uma pessoa imortal é aquela que não é mortal, não está sujeita à
morte. Ela não pode ser tentada, não pode experimentar sofrimento e não pode
morrer.
O homem precisa experimentar uma mudança física para que possa
habitar no Reino eternal de Deus. Paulo escreveu: “E, agora, digo isto, irmãos:
que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a
incorrupção” (1 Coríntios 15:50). Suponha que alguém seja mortal durante a
eternidade e seu corpo ainda esteja sujeito à enfermidade, deterioração e
declínio. Antes que a pessoa tenha seiscentos anos de idade, ela estará fraca e
frágil, sua visão estará empobrecida e ela não estará apta a caminhar muito
bem. Ela não estaria em condição física apropriada para alegrar-se durante o Reino
vindouro. Sendo assim, os homens necessitam mais do que uma extensão da vida;
eles precisam de uma nova natureza física.
Como serão os crentes depois de se tornarem imortais? Eles serão
transformados em anjos? Eles terão corpos? Se eles tiverem corpos, serão corpos
imateriais, invisíveis e espirituais? Os redimidos serão como criaturas míticas
da ficção científica vindos de um novo sistema solar? Eles serão reencarnados
em uma outra pessoa? É desnecessário especulação. A Bíblia revela como serão os
crentes imortais. Na imortalidade, os crentes terão um corpo de carne e ossos,
real, literal e material. Eles serão como o Cristo glorificado. “Mas sabemos
que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o
veremos” (1 João 3:2). Ele “... transformará o nosso corpo abatido, para ser
conforme o seu corpo glorioso...” (Filipenses 3:21).
Podemos saber como será a aparência dos cristãos na imortalidade conhecendo
a aparência de Cristo. Depois de Sua ressurreição, Jesus tinha o mesmo corpo
que possuía antes de morrer, exceto pelo fato de que tinha sido transformado da
mortalidade para a imortalidade. Quando Jesus apareceu aos seus discípulos,
eles o reconheceram como seu amado Mestre que havia ressuscitado dos mortos.
Durante os quarenta dias entre Sua ressurreição e ascensão, Jesus apareceu muitas
vezes aos Seus discípulos e revelou-se em Sua natureza ressurreta. Ele queria
que os discípulos soubessem que Ele realmente tinha levantado da sepultura e
que Ele tinha um corpo real. Ele lhes disse que não era imaterial, indefinido e
espiritual, mas que tinha um corpo real de carne e ossos (Lucas 24:36-39). Os
discípulos O viram (Lucas 24:40) e tocaram n’Ele (Lucas 24:39). Ele caminhou entre
eles e conversou com eles. Ele comeu peixe e mel na presença deles. Ele lhes mostrou
as marcas de pregos em Suas mãos e pés.
Quando os crentes se tornarem imortais na primeira ressurreição,
eles também terão corpos reais. Eles serão capazes de caminhar e falar; eles reconhecerão
uns aos outros e serão reunidos aos seus amados. O sofrimento, lamento e
tristeza serão removidos. O redimido terá eterna alegria na eternidade perfeita
de Deus. O plano de salvação de Deus para os crentes inclui não apenas a
redenção a partir do corpo, mas a
redenção do próprio corpo. O corpo do
crente não será trocado, ele será mudado. Os cristãos serão glorificados, mas
não de forma separada de seus corpos numa condição indistinta, mística,
imaterial, mas em seus próprios corpos que serão transformados da mortalidade
para a imortalidade.
Considere esta gloriosa transformação que espera pelo crente na
primeira ressurreição. Quando o crente morre, ele talvez estivesse doente,
aflito e debilitado, mas quando for ressuscitado, ele terá um corpo perfeito,
saudável e glorioso. Paulo fez um contraste da natureza do homem na morte com a
natureza imortal na ressurreição. Ele escreveu: “Assim também a ressurreição
dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção.
Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza,
ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual.
Se há corpo animal, há também corpo espiritual” (1 Coríntios 15:42-44). A
natureza mortal do homem é descrita como um corpo “natural”; sua futura
natureza imortal é descrita como um corpo “espiritual”. A palavra “natural”
está relacionada com as forças da natureza; a “palavra” espiritual está
relacionada ao Espírito ou poder de Deus. Deus sustenta o corpo mortal natural do
homem através das forças da natureza. O homem mortal é capaz de viver através
de sua relação com o ambiente. Ele precisa respirar, comer, descansar e
exercitar-se para que possa viver. O futuro corpo imortal do homem será mantido
diretamente pelo Espírito de Deus. Embora a Bíblia indique que o homem imortal será
capaz de comer, ele não terá necessidade disso para continuar vivo. Uma pessoa
imortal não pode morrer; ele não depende do seu ambiente físico para viver. O
corpo do crente redimido será material, imortal e espiritual. A palavra
“material” refere-se à sua composição; a palavra “imortal” refere-se à sua
natureza em relação à morte; a palavra “espiritual” refere-se à sua fonte de
poder e vida.
Na ressurreição, os crentes serão como os anjos no aspecto de não
se casarem nem morrerem (Lucas 20:34-36), mas não se tornarão anjos. Os
redimidos serão superiores aos anjos; eles serão como Cristo e coerdeiros com
Ele que é “feito tanto mais excelente do que os anjos” (Hebreus 1:4).
VII. A Última Ressurreição
A ressurreição dos crentes, que ocorrerá quando Jesus voltar, é
designada na Bíblia como a primeira ressurreição. No entanto, a Bíblia não dá
nome para a ressurreição na qual os pecadores serão levantados. Alguns estudiosos
chamam essa ressurreição de segunda ressurreição porque a morte final para os
pecadores é descrita como a segunda morte. Alguns descrevem essa ressurreição
como ressurreição geral porque todos os pecadores em geral serão ressuscitados
da morte. Nós preferimos os termos “ressurreição “final” e “última ressurreição”.
1. Tempo da Última Ressurreição. A última ressurreição ocorrerá depois do milênio e do “pouco de tempo”
(Apocalipse 20:3). A primeira ressurreição precede o milênio; a ressurreição
final ocorrerá depois que Cristo reinar mil anos sobre a terra. “Mas os outros mortos
não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Apocalipse 20:5).
2. Participantes na Última
Ressurreição. A última ressurreição é para
aqueles que não foram levantados na primeira ressurreição. Os cristãos não
tomarão parte na última ressurreição porque eles ressuscitarão quando Jesus voltar.
A última ressurreição é para o “injusto” (Atos 24:15), para aqueles “que fizeram
o mal” (João 5:29) e para “o restante dos mortos” (Apocalipse 20:5 NVI).
3. Descrição da Última Ressurreição. A última ressurreição ou ressurreição final é descrita em
Apocalipse 20:11-15: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado
sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para
eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e
abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos
foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas
obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os
mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a
morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Essa é a segunda morte. E
aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.
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