Capítulo LXXII
A Obra e o Destino da Igreja
Qual é o propósito da igreja? Qual a sua missão no mundo de hoje?
O que Deus está buscando realizar através do trabalho da Igreja? Qual é o
futuro destino da Igreja? Irão as forças do mal finalmente exterminar a Igreja?
Que posição a Igreja ocupará no futuro reino de Cristo? As respostas para esas
questões estão incluídas no estudo da obra e destino da Igreja.
I. A Obra da Igreja
O propósito, missão e trabalho da Igreja é glorificar a Deus,
evangelizar o mundo, instruir e edificar seus membros na doutrina e caráter
cristão, promover o amor e a fraternidade entre os crentes e ser um meio para o
serviço cristão.
1. Glorificação de Deus. Um importante propósito e obra da Igreja é glorificar a Deus.
Através do evangelho, Deus está “visitando” a massa da humanidade “para tomar deles
um povo para o seu nome” (Atos 15:14). Os pecadores têm sido redimidos do
pecado e se tornam membros da Igreja para que possam declarar a glória de Deus
para a humanidade pecaminosa. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido; para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Cada
pecador que experimenta a salvação constitui uma testemunha da graça e da glória
de Deus. Ele pode dizer: “Deus esteve aqui, Deus fez isso”. “Para mostrar nos
séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade
para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2:7). A obra de salvação de Deus na vida
do pecador está destinada a resultar em “louvor e glória da sua graça” (Efésios
1:5,6,12,14,18).
Todas as atividades e obras dos membros e obreiros da Igreja devem
resultar no fato de que Deus seja glorificado. “Porque fostes comprados por bom
preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20). “Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios
10:31). “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento
uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca,
glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:5,6). “Se
alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar,
administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado
por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!”
(1 Pedro 4:11). “E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17).
Paulo orou: “a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações,
para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:21).
2. Evangelização do Mundo. A principal obra da Igreja é evangelizar o mundo. A missão da
Igreja não é levar toda a humanidade até Cristo, mas levar Cristo até toda a
humanidade (George P. Pardington). A Igreja não busca converter o mundo, mas evangelizar
o mundo. A Igreja é a “luz do mundo” (Mateus 5:14-16). Os membros da Igreja são
“cartas” vivas (2 Coríntios 3:2,3) e “embaixadores da parte de Cristo” (2 Coríntios
5:20). A responsabilidade da Igreja é levar o evangelho da salvação a todo o
pecador no mundo; a responsabilidade do pecador é receber o evangelho e ser
transformado por ele.
A Bíblia ensina que o cristianismo é a única religião verdadeira e
que Jesus Cristo é o único Salvador da humanidade (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo
2:5). O evangelho de Jesus Cristo é a única mensagem que pode trazer salvação e
vida eterna para a humanidade. Além disso, a Bíblia ensina que todos os homens
são pecadores e necessitam de salvação (Romanos 3:23; João 3:36; Atos 17:30; 1 João
5:19). Deus fez provisão para a salvação do homem através de Sua Graça e do
sacrifício de Cristo. Cristo morreu por todos os homens (João 1:29; Romanos
3:22; 1 Timóteo 2:6; 4:10; Tito 2:11; 1 João 2:2). A provisão está feita para
toda a humanidade no precioso sangue do Cordeiro. O convite para aceitar os
benefícios do Seu sacrifício é extensivo a todos os homens. “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O método pelo qual
Deus estende o Seu convite de salvação para o mundo é através da obra dos
pecadores que já aceitaram Seu convite, a Igreja. Todo cristão tem a obrigação
de compartilhar a mensagem da salvação com outros (Romanos 1:14-16).
Antes de Cristo acender ao céu, Ele comissionou a Igreja a
evangelizar o mundo. “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos. Amém!” (Mateus 28:19,20). “E disse-lhes: Ide por todo
o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será
salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:15,16). “E disse-lhes:
Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia,
ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a
remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas
coisas sois vós testemunhas” (Lucas 24:46-48). “Disse-lhes, pois, Jesus outra
vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”
(João 20:21). “E ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8).
Como nós podemos escapar da conclusão mais
óbvia de que Cristo fundou Sua Igreja sobre a Grande Comissão como sua carta de
incorporação? Segue-se logicamente que cada instituição incorporada na terra deve
seguir à risca os termos desta carta ou perder imediatamente seu direito de
continuar, ou seja, a Igreja de Cristo somente permanece sendo a Igreja de
Cristo se cumprir os termos desta carta divina e os observar consistentemente, entregando-se
fielmente a esta tarefa para a qual foi nomeada, de levar o evangelho a todo o
mundo, tendo assim o direito de manter o nome de Cristo ou reivindicar a
promessa de Sua presença e poder contínuos, dos quais depende cada vida e obra.
Um missionário, escrevendo da Manchúria, contou ter visto no depósito da
companhia Standard Oil naquele país distante o ambicioso slogan: “Levar a luz
para cada canto escuro do mundo”. Neste objetivo não existe uma repreensão ou um
desafio para a Igreja de Cristo? Nos confrontando com o fato de que através da
Ásia e África são encontradas muitas cidades e vilas iluminadas pelo óleo
querosene do ocidente, mas que nunca tiveram a luz do evangelho salvador de
Cristo (Robert H. Glover. The Bible Basis of
Missions. Los
Angeles: Bible House of Los Angeles, 1946, pág. 33,37).
Quando o homem tem certeza de que o caminho
de Cristo não somente é o melhor, mas o único; quando sua experiência com
Cristo o transformou e enobreceu sua própria vida; quando ele enfrenta o
paganismo bravamente, percebendo sua enormidade, mas ao mesmo tempo
compreendendo que ele pode ser mudado pelo mesmo Salvador que mudou sua vida;
ele não pode deixar de sentir o constrangimento das missões. Este motivo, este
constrangimento interior, não é apenas o suficiente para mandá-lo ao campo; isto
também vai sustentá-lo em meio às dificuldades e à falta de ânimo (Harold R.
Cook. An Introduction to the Study of Christian
Missions. Chicago:
Moody Press, 1954, pág. 61).
3. Edificação dos Membros da
Igreja. Outra obra importante da Igreja é instruir e
edificar os membros na doutrina e devoção cristãs, promover o amor e a
fraternidade entre os crentes e ser um meio para o serviço cristão. Os membros
da Igreja devem ser doutrinados na Palavra de Deus e educados na vida cristã. Para
manter os membros longe de serem “meninos inconstantes, levados em roda por
todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam
fraudulosamente”, a Igreja deve prover uma educação espiritual adequada de maneira
que os membros “cresçam em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:12-15).
Os crentes devem estar “arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim
como fostes ensinados, crescendo em ação de graças” (Colossenses 2:7). “Mas
vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no
Espírito Santo, conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Judas 20,21).
“Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele, que
é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados” (Atos
20:32).
A obra da Igreja dupla: evangelística e pastoral. O crescimento da
Igreja deve ser exterior e interior, extensiva e intensiva, numérica e espiritual.
A obra evangelística da Igreja é aumentar o crescimento em relação ao seu exterior;
a obra pastoral da Igreja é desenvolver o seu crescimento interior. A Igreja
não apenas deve somar membros ao corpo de Cristo, mas também edificar esses
membros no corpo de Cristo. A Igreja não somente deve adquirir novos membros,
mas também desenvolver e edificar os crentes como membros maduros. A obra
evangelística da Igreja está em transformar os membros em “novas criaturas em
Cristo Jesus” (2 Coríntios 5:17). A obra pastoral da Igreja está em assistir as
novas criaturas em Cristo de forma que “cresçam em tudo” (Efésios 4:15). Paulo
escreveu que Deus deu “uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho
de Deus, à varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios
4:11-13). As obras evangelística e pastoral da Igreja são interdependentes. Os
pastores são instruídos a “fazer a obra de um evangelista” (2 Timóteo 4:5); os evangelistas
também devem ensinar (Mateus 28:19). Cada membro da Igreja deve fazer tudo o
que puder para alcançar, anunciar e ensinar os homens para Cristo (Romanos
12:3- 8).
Henry Ward Beecher disse uma vez: “A Igreja não é uma galeria para
a exibição dos cristãos eminentes, mas uma escola para educação dos
imperfeitos.” A Igreja não é uma casa de vidro na qual pessoas perfeitas estão
à mostra; ela é um hospital onde homens e mulheres recebem cuidados para a saúde
espiritual. A Igreja não é um dormitório para os sonolentos; é uma instituição
de trabalhadores. Não é uma casa de repouso; ela é uma trincheira na linha de
frente onde o exército de soldados cristãos está lutando contra o pecado. A
Igreja consiste de pecadores redimidos que estão crescendo à semelhança de
Cristo. “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).
II. O Destino da Igreja
O destino da Igreja é a glorificação com Cristo. As forças do mal nunca
exterminarão a verdadeira Igreja. Nosso Senhor declarou: “Sobre esta pedra edificarei
a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus
16:18). A Igreja tem sido “traída por dentro e bombardeada por fora”, mas ela é
indestrutível. Quando o Filho do homem retornar, Ele encontrará fé na terra (Lucas 18:8). “Então, estando dois no campo,
será levado um, e deixado outro. Estando duas moendo no moinho, será levada
uma, e deixada outra” (Mateus 24:40,41). Quando Jesus vier haverá cristãos
vivos na terra. (1 Tessalonicenses 4:17; 1 Coríntios 15:51). A Igreja estará
trabalhando fielmente para Cristo quando Ele vier.
A Igreja tem um futuro glorioso. A Igreja desfrutará a plenitude
de suas bênçãos no futuro reino de Cristo. Hoje, como membros da Igreja, nós
recebemos “o penhor da nossa herança”; no reino de Cristo, nós experimentaremos
“a redenção da possessão de Deus” (Efésios 1:14). Quando Jesus vier, a Igreja
será completa, todos os membros serão congregados junto d’Ele. Os cristãos que estiverem
dormindo o sono da morte serão ressuscitados para a imortalidade. Os cristãos
que estiverem vivos quando Jesus vier serão transformados para a imortalidade
“num abrir e fechar de olhos”. Todos os crentes serão arrebatados para
encontrar o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4:16,17; 1 Coríntios 15:51-53).
Como a Noiva de Cristo, a Igreja se “casará” com Cristo (Apocalipse 19:7-9;
Efésios 5:25-27,32; João 3:29; 2 Coríntios 11:2; Romanos 7:4). Quando o rei
descer para Jerusalém e estabelecer Seu reino na terra, a Igreja glorificada
estará com Ele (Colossenses 3:4; Judas 14,15; 1 Tessalonicenses 3:13;
Apocalipse 17:14; 19:11-16; Zacarias 14:1-5). Os membros da Igreja serão coerdeiros
com Cristo (Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:12; Apocalipse 3:21; 1:6; 5:10; 20:4,6;
22:5; 1 Coríntios 6:2,3). A Igreja será glorificada com Ele (Colossenses 3:4; 1
João 3:2; Filipenses 3:21).
George P. Pardington observou que em seu casamento com Cristo, o
noivo, a Igreja é como uma noiva; em seu futuro reinado com Cristo, a Igreja é
como uma rainha; em seu futuro testemunho da sabedoria, bondade e graça de Deus
(Efésios 1:5,6; 2:7; 3:10,21), a Igreja é como uma joia (Outline Studies in
Christian Doctrine. Harrisburg: Christian Publications, Inc., pág. 347,348).
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