Capítulo LVI
Batismo
O batismo Cristão é a imersão de um crente na água. Ele simboliza
a sua crença de que Cristo morreu por seus pecados, foi sepultado e levantou-se
novamente. Ele indica que o crente entrou num relacionamento pessoal e vital
com Cristo, e que tomou para si mesmo os benefícios da morte sacrificial de
Cristo. O batismo é aquele ritual simbólico em que o crente retrata o fato de
que sua velha natureza foi posta na morte e sepultada, e que ele se levanta em
novidade de vida em Cristo.
I. Autoridade para o Batismo
O batismo é um dos três elementos da conversão. O arrependimento
do pecado e a fé em Cristo deve estar acompanhado pelo batismo em Cristo. Sem o
batismo, o processo da conversão está incompleto. O batismo Cristão não é uma
disposição opcional; é um requisito divino.
1. Uma Ordenança de Cristo. O batismo é uma ordenança de Cristo. A ordem para batizar está
incluída na Grande Comissão. Cristo instruiu seus discípulos a ensinarem e
batizarem todas as nações. A ordem de nosso Senhor de que os pecadores deveriam
ser batizados é tão obrigatória quanto o Seu mandamento de que eles deveriam
ensinar. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado” (Marcos 16:15,16). “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me
dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos. Amém!” (Mateus 28:18-20).
Tendo recebido toda a autoridade, nosso Senhor autorizou Seus
discípulos a levarem Sua mensagem de salvação a todas as nações. Em cumprimento
às Suas instruções, os discípulos missionários serviram como representantes
d’Ele. Eles receberam Sua autoridade para ensinar e batizar. A expressão “em
nome de” significa “na autoridade de” ou “como agente de”. Os discípulos,
portanto, batizaram “em nome de Jesus Cristo” (Atos 2:38) e “em nome do
Senhor”(Atos 10:48). Eles ensinaram e batizaram com autoridade recebida de
Jesus, Deus e o Espírito Santo. A expressão “em nome de Jesus Cristo” transmite
a mesma declaração de autoridade que fazem as palavras de Mateus 28:19. Esse
verso não ensina que os crentes devam ser imersos três vezes durante o ato
batismal. Jesus morreu, foi sepultado e ressuscitou uma única vez.
2. Exemplo da Igreja
do Novo Testamento. O exemplo da Igreja
do Novo Testamento indica o batismo como
uma ordenança que deve ser observada pelos crentes hoje. Os apóstolos e os
primeiros discípulos ensinaram e praticaram o batismo. Os membros das igrejas
do Novo Testamento eram crentes batizados.
Atos 2:38,41 Três
mil no Pentecostes
Atos 8:12 Pessoas
de Samaria
Atos 8:13 Simão,
o feiticeiro
Atos 8:38,39 O
eunuco etíope
Atos 9:18; 22:16 Saulo
de Tarso
Atos 10:47,48 Cornélio
Atos 16:14,15 Lídia
Atos 16:30-34 O
carcereiro de Filipos
Atos 18:8 Crispo
em Corinto
Atos 19:5 Crentes
de Éfeso
Romanos 6:3-5 Cristãos
em Roma
Gálatas 3:27 Cristãos
na Galácia
Colossenses 2:12 Cristãos
Colossenses
1 Pedro 3:21 Cristãos
espalhados na Ásia
Atos dos Apóstolos narra sobre pecadores se tornando cristãos. As
epístolas foram escritas para os homens que já haviam sido batizados e feitos
cristãos. Não é surpresa, portanto, que o batismo seja mencionado com mais
frequência em Atos do que nas epístolas.
3. Exemplo de Jesus. A importância do batismo é revelada pelo fato de que Jesus pediu
batismo (Mateus 3:13-17). O batismo de nosso Senhor por João marcou o início de
Seu ministério terreno. A sua imersão no Rio Jordão apontava para Sua futura
imersão no sofrimento e morte (Mateus 20:22,23; Lucas 12:50). Jesus levantou-se
das águas do batismo e caminhou na sombra da cruz. O batismo dos crentes aponta
para a morte consumada de Cristo, Seu sepultamento e ressurreição.
II. Maneira de Batizar
1. Batismo Significa Imersão. Aspergir ou derramar água sobre uma pessoa não é o batismo
bíblico. A palavra “batismo” significa imersão. É traduzida da palavra grega baptizo, mergulhar, imergir, afundar.
Ela nunca é traduzida como “aspergir” ou “derramar”. A palavra grega para
aspergir é rhantizo, e para derramar
é ekcheo. É significativo que a
Igreja Ortodoxa Grega nunca tenha usado nada além da imersão. Na linguagem
grega, a linguagem do Novo Testamento, batismo significa imersão.
2. Revelado pelos Batismos
Bíblicos. Os batismos bíblicos foram imersões na água.
Esse fato está indicado pelo fato de que João realizou esse serviço sagrado
onde havia muitas águas. “Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim,
porque havia ali muitas águas” (João 3:23). Se João Batista tivesse aspergido
água sobre as pessoas que vinham até ele, ele não teria necessidade de buscar
por um lugar onde houvesse muitas águas. Jesus foi imergido no Rio Jordão. “E,
sendo Jesus batizado, saiu logo da água” (Mateus 3:16). O etíope foi imerso por
Felipe. Ambos desceram até a água, e ambos saíram da água. “E mandou parar o
carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E,
quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu
mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho” (Atos 8:38,39).
3. Provado Pelo Que o Batismo
Simboliza. O batismo é um ritual externo
que simboliza sepultamento e ressurreição. Somente a imersão retrata aquilo que
o batismo simboliza. Aspersão ou derramamento não figura o sepultamento e
ressurreição de nenhuma forma. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo
batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do
Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados
juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição”
(Romanos 6:4,5). “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes
pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Colossenses 2:12).
Batismo e imersão são palavras substituíveis. Onde quer que
apareça a palavra “batismo” na Bíblia, a palavra “imersão” pode substituí-la.
Esse fato não é verdade quanto às palavras “aspergir” e “derramar”. O
significado do texto é preservado se alguém ler: “Nós fomos sepultados com ele
pela imersão”. O verso estaria sem sentido se nós lêssemos: “Nós fomos
sepultados com ele pela aspersão”. A aspersão e o derramamento não retratam um
sepultamento. Somente a imersão apresenta uma figura de sepultamento e
ressurreição.
4. Autoridades Admitem que o
Batismo é Imersão. Os lexicógrafos, autores de dicionários
e enciclopédias bíblicas, reformadores, historiadores da igreja, comentaristas
da Bíblia e outros estudiosos admitem que o batismo bíblico é a imersão. Eles
reconhecem que os batismos do Novo Testamento eram imersões em água.
Lexicógrafos, incluindo H. G. Liddell e Robert Scott, Greek-English Lexicon (Oxford, 1843),
Joseph Henry Thayer, A Greek-English
Lexicon of the New Testament (New York, 1886), Samuel Bagster’s The Analytical Greek Lexicon (New York:
Harpers), Sophocles, Lexicon of Greek Usage
in the Roman and Bysantine Periods, e muitos outros, são unânimes no
posicionamento de que a palavra grega batismo significa “mergulhar, imergir,
submergir, por sob a água”. O professor Goodwin, da Universidade de Harvard,
disse:
O significado clássico de baptizo, que
raramente ocorre, e o uso comum bapto, é mergulhar (literalmente e
metaforicamente), e eu nunca ouvi em lugar algum que tenha outro significado.
Da mesma maneira, eu certamente nunca vi um léxico que apresente aspergir ou
derramar como o significado dessa palavra. Eu devo me permitir perguntar porque
sou tão frequentemente questionado sobre essa questão, a qual parece-me
apresentar uma resposta perfeitamente evidente (Strong, Op. Cit., pág 933).
H. Strong refere-se ao apêndice da Versão de Mateus da União
Bíblica Americana, a qual foi editada por Thomas J. Conant (1802-1891). Nessa
obra, Conant lista exemplos do uso da palavra batismo.
Delineada por escritores em quase todos os
setores da literatura e ciência; por poetas, retóricos, filósofos, críticos,
historiadores, geógrafos; de escritos sobre agricultura, medicina, ou história
natural, em gramática, em teologia; de quase todas as formas e estilos de
composição, romances, cartas, orações, fábulas, odes, epigramas, sermões,
narrativas; de escritores de várias nações e religiões, pagãos, judeus e
cristãos, pertencentes a muitos países e através de uma longa sucessão de eras.
Em todos, a palavra mantém o seu significado
sem alteração. Da era mais remota da literatura grega até o seu fim, um período
de cerca de dois mil anos, nenhum exemplo foi encontrado no qual a palavra
tivesse qualquer outro significado. Não há um exemplo no qual ela possibilite
fazer uma aplicação parcial de água por aspersão ou borrifo, ou limpar,
purificar, sem o ato literal de imersão com o significado de limpeza ou
purificação (Ibid, pág. 933).
A verdade de que o batismo significa imersão e que a imersão era o
modo de batismo do Novo Testamento está afirmada em muitos dicionários
bíblicos, por exemplo, William Smith, A
Dictionary of the Bible; James Hastings, A Dictionary of the Bible (New York, Scribners, 1903), e A Dicionary of Christ and the Gospels
(New York: Scribners, 1906). Esses fatos são apresentados também em Hastings, Encyclopedia of Religion and Ethics (New York: Scribners, 1910,
Vol. II, pág. 375, 378); Encyclopedia
Britannica (Chicago, 1958, Vol. 3, pág. 83); Encyclopedia Americana (New York, 1958, Vol. 3, pág. 218); Edinburgh Encyclopedia; Catholic Enciclopedia; The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious
Knowledge; Encyclopedia de
Brande; Cyclopedia of Biblical Literature
de John Kitto; e outros. Por exemplo, a The
Catholic Enciclopedia (New York: Robert Appleton Company, 1907) se
posiciona assim:
A forma mais antiga usualmente aplicada foi
inquestionavelmente a imersão. Isso não é evidente somente pelos escritos dos
pais e dos primeiros rituais de ambas as igrejas Latina e Oriental, mas também
pode ser colhido das cartas de São Paulo, que falam de batismo como um banho
(Efésios 5:26; Romanos 6:4; Tito 3:5). Na Igreja Latina, a imersão parece ter
sido preservada até o século doze. Depois desse tempo é encontrado em alguns
lugares quando muito até o século dezesseis. Infusão e aspersão, porém, se
tornaram comuns no século treze e gradualmente prevaleceram na Igreja Ocidental
(Vol. II, pág. 261, 262).
Martinho Lutero reconheceu a imersão como a maneira correta de
batismo. Philip Schaff, um historiador da igreja, observou: “Lutero buscou a
restauração da imersão, mas sem resultado” (History
of the Christian Church, Vol. II, pág. 251). Martinho Lutero escreveu: “O
batismo é um sinal de ambos, morte e ressurreição. Motivado por essa razão, eu
gostaria que aqueles que são batizados sejam também completamente mergulhados
na água, como a palavra e o dogma significam” (Babylonian Captivity of the Church, Seção 103). Embora João
Calvino, um outro líder da Reforma, cresse que outras formas de batismo eram
tão válidas quanto a imersão, ele admitiu que a imersão era a maneira bíblica.
Ele escreveu: “A própria palavra baptize,
entretanto, significa imergir; e é certo que a imersão era a prática da Igreja
primitiva” (Institutes of the Christian
Religion. Livro IV, Capítulo XV). John Wesley, fundador do Metodismo,
praticou o batismo por imersão. Comentando Romanos 6:4 em seu Explanatory Notes on the New Testament
(1755), ele escreveu: “Nós somos sepultados com Ele - fazendo alusão à maneira
primitiva de batizar por imersão”.
Historiadores da Igreja registram o fato de que a imersão foi a
maneira de batismo no Novo Testamento. Philip Schaff escreveu: “A forma usual
do ato era a imersão, como é evidente a partir do significado original do grego
baptizein e baptisma” (Op. Cit., Vol. I, pág. 122). Johann Neander (1789-1850)
escreveu: “Com respeito à forma de batismo, ele era, de conformidade com a
instituição original e o sentido original do símbolo, executado por imersão,
como um sinal do completo batismo no Espírito Santo, sendo inteiramente
impregnado pelo mesmo” (Church History). George P. Fisher, em seu Beginnings of Christianity (1877),
observou: “Batismo, agora de comum acordo entre os estudiosos, era comumente
administrado por imersão”. Mosheim, o historiador da Igreja Luterana alemã
(1694-1755), escreveu: “O batismo era realizado no primeiro século pela imersão
total do corpo” (Ecclesiastical History.
Londres, 1765). W. J. Conybeare e J. S. Howson, em sua obra clássica, The Life and Epistles of St. Paul,
fizeram o seguinte comentário de Romanos 6:4: “Esta passagem não pode ser
compreendida a menos que se tenha em mente que o batismo primitivo era por
imersão”.
A Igreja Ortodoxa Grega sempre praticou a imersão. Na língua
grega, obviamente, a palavra batismo significa imersão. Por muitos séculos, a
Igreja Católica Romana também praticou a imersão. Alguns dos primeiros edifícios
erguidos pela Igreja Romana incluíram o lugar para se efetuar o batismo. A
aspersão ou efusão começou a substituir a imersão à medida que a igreja
gradualmente deixava os ensinos da Bíblia. A aspersão, a princípio, era usada
somente em casos excepcionais. Séculos mais tarde, a aspersão se tornou uma
prática comum. No princípio, a aspersão foi aplicada somente nos casos de
batismo de pessoas fracas ou doentes. Esses casos eram chamados “clínicos” ou
batismos de acamados. Philip Schaff escreveu:
A validade deste batismo era inclusive posta
em dúvida por muitos no terceiro século. De acordo com a lei eclesiástica, o
batismo clínico no mínimo incapacitava para o ofício do clero. Efusão e
aspersão ainda eram excepcionais no nono século de acordo com Walafrid Strabo
(De Rel. Eccl., c. 26), mas eles fizeram um processo gradual com o crescimento
do batismo infantil, como o modo mais conveniente, especialmente no clima do
norte, e passou para o uso comum no ocidente no fim do século treze (Op. Cit.,
Vol. II, pág. 249, 250).
5. A Maneira do Batismo é
Importante. Quando os defensores da aspersão
ou efusão são confrontados com a irrefutável prova bíblica do batismo por
imersão, eles recorrem à teoria de que a forma do batismo não tem importância.
Eles afirmam que qualquer forma pode ser usada desde que o coração do crente
seja sincero. Essa teoria não tem mérito; é uma maneira de fugir do assunto.
A falácia dessa teoria é facilmente reconhecida quando seu
raciocínio é aplicado a outros símbolos. A bandeira de uma nação é também um
símbolo, é importante por causa do país que ela representa. Alguém poderia
dizer que a identidade do tecido exposto no mastro seja sem importância, apenas
que o coração do cidadão esteja cheio de patriotismo. Isso não é verdade. A estrutura
da bandeira é de maior importância por causa das coisas que ela representa.
Ninguém pode alterar uma bandeira sem alterar seu significado. E se o
raciocínio dos que advogam a aspersão fosse aplicado à Santa Ceia? Se alguém
pode mudar a maneira do batismo, por que não poderia mudar também a maneira da
Santa Ceia? Ao invés de ter pão, por que não poderia ser usado outro tipo de
alimento? Em lugar de usar o fruto da vide, por que não usar outro tipo de
bebida? As duas grandes ordenanças simbólicas da Igreja, batismo e Santa Ceia,
não podem ser alteradas. A forma exterior dessas ordenanças não pode ser
alterada pois representam realidades espirituais. É importante que o batismo
por imersão seja imutável. A imersão do crente na água retrata seu sepultamento
e ressurreição com Cristo em novidade de vida.
III. Condições Essenciais para o Batismo
O batismo deve ser precedido pelo arrependimento e pela fé. Aquele
que está para ser batizado deve primeiro dar as costas ao pecado através do
arrependimento e voltar sua face para Cristo mediante a fé. Quando Pedro disse:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado” (Atos 2:38), ele ensinou que o
arrependimento deve preceder o batismo. Quando Jesus disse: “Quem crer e for
batizado será salvo” (Marcos 16:16), Ele mostrou que o homem deve crer antes de
ser batizado. O batismo é o testemunho externo do pecador de que ele é um
crente arrependido. Como o sepultamento da velha vida, o batismo revela que o
crente morreu para sua velha natureza. Como entrada em Cristo, o batismo revela
que o pecador arrependido exerceu a fé em Cristo.
Alguns homens parecem ter uma ideia de que o batismo é mágico.
Eles indicam que há uma virtude sobrenatural na própria água, separado de
qualquer significado que possa ter para aquele que está sendo batizado. De
acordo com esse pensamento, se uma pessoa foi batizada e não compreendeu seu
significado, esta ainda receberá os benefícios espirituais desse ritual. A
Bíblia claramente ensina que a imersão na água tem um sentido espiritual somente
se o ritual simbólico tiver um significado apropriado para quem está sendo
batizado.
IV. Sujeito do Batismo
Os sujeitos adequados para o batismo são os indivíduos que se
converteram a Cristo e que tenham indicado o desejo de se arrependerem do
pecado e entrarem numa relação vital com Cristo.
Não existe uma idade mínima exata que possa ser estabelecida para
o batismo porque os indivíduos diferem no desenvolvimento pessoal, treinamento
religioso e habilidade para entender a mensagem do evangelho. É certo, porém,
que os sujeitos do batismo devem ser maduros o suficiente para entenderem o
significado do batismo.
Os bebês não podem ser biblicamente batizados. O batismo infantil
não é válido. As crianças não podem possuir as condições essenciais para o batismo,
que são o arrependimento e a fé. A conversão é uma questão pessoal; a conversão
por representante não existe. Os pais não podem exercer fé como substitutos da
fé de um filho. O batismo de crianças e o batismo pelos mortos são inúteis e
sem valor. O batismo infantil é prejudicial. Ele dá uma falsa segurança para o
indivíduo mais tarde. Indica que uma mudança de coração é desnecessário. O
batismo infantil não é ensinado na Bíblia. Não existe exemplo dessa prática na
Igreja do Novo Testamento.
V. Resultados do Batismo
O batismo é o ato externo mediante o qual o crente revela sua
obediência a Cristo e o seu desejo de entrar nos benefícios da salvação
possibilitados pelo sacrifício de Cristo. Como o arrependimento e a fé, o
batismo nos salva (1 Pedro 3:21) porque nos leva para a posição exigida a fim
de que Jesus possa nos salvar.
1. Remissão dos Pecados. Um dos resultados do batismo é a remissão dos pecados. O perdão
dos pecados é possibilitado pelo sacrifício de Cristo (Romanos 3:25; 1 João
1:7; Apocalipse 1:5). A remissão dos pecados é efetivada na vida do pecador
pelo arrependimento, fé e batismo. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (Atos 2:38). “E,
agora, por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados,
invocando o nome do Senhor” (Atos 22:16). Assim como os egípcios foram afogados
no Mar Vermelho (Êxodo 14:13-31), os pecados dos crentes são afogados nas águas
do batismo (1 Coríntios 10:1,2,11).
2. Entrada em Cristo. Os crentes são batizados em Cristo. “Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo” (Gálatas 3:27). Eles adquirem
uma nova posição diante de Deus em Cristo. Através da conversão, o homem
estabelece um relacionamento pessoal e vital com Cristo. O pecador entra em
Cristo através da conversão; Cristo entra no crente através do Seu poder. O
pecador se torna um crente, um renovo, um corpo, um edifício e uma noiva. O
crente se lança sobre Cristo, seu Sacrifício. O ramo é enxertado em Cristo, a
Videira (João 15:1-5). O corpo é unido a Cristo, a Cabeça (Efésios 1:22,23; 1
Coríntios 11:3). O edifício é construído sobre Cristo, o Fundamento (Efésios
2:20-22; 1 Pedro 2:5). A noiva é unida a Cristo, o Noivo (Efésios 5:23-32).
O relacionamento vital do crente com Cristo foi ilustrado pelo
místico dominicano Johannes Tauler (1300-1361) em seu famoso poema “Meu
Senhor”.
Como o noivo para sua escolhida,
Como o rei para seu reino,
Como o guarda sobre o castelo,
Como o piloto para o leme,
Assim, Senhor, Tu és para mim.
Como a fonte no jardim,
Como a vela no escuro,
Como o tesouro no cofre,
Como o maná na arca,
Assim, Senhor, Tu és para mim.
Como o rubi no seu engaste,
Como o mel no seu favo,
Como a luz dentro da lanterna,
Como o pai no lar,
Assim, Senhor, Tu és para mim.
Como a luz do sol nos céus,
Como a imagem no espelho,
Como o fruto na figueira,
Como o orvalho na grama,
Assim, Senhor, Tu és para mim.
- Johannes Tauler
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