Capítulo LXIV
O Fruto do Espírito
O fruto do Espírito se refere à semelhança das características de
Cristo, que é produzida pelo Senhor dentro dos crentes mediante o Seu poder, o
Espírito Santo. Quando o crente reconhece a Cristo como Senhor e entrega os
poderes da mente e do corpo à Sua influência transformadora, são produzidos
dois resultados: o crente “não cumpre a vontade da carne” (Gálatas 5:16) e sua
vida é cheia do fruto do Espírito (Gálatas 5:22,23). O primeiro resultado é
negativo; o segundo resultado é positivo. O crente “se despoja” do velho homem
(Efésios 4:22; Colossenses 3:8,9) e se “reveste” do novo homem (Efésios 4:24;
Colossenses 3:10-14). No primeiro, a natureza do pecado é reprimida; no segundo, a nova natureza é expressa. Esses dois resultados, produzidos pela habitação de
Cristo, ocorrem juntos. Eles são como os dois lados de uma moeda; um sem o
outro é incompleto.
I. Raízes produzem frutos
A transformação do caráter resulta em reforma da conduta. Raízes
produzem frutos. Quando a vida é governada pela carne, a conduta do homem são
as obras da carne (Gálatas 5:19-21). Quando a vida é governada por Cristo
através do Seu Espírito, a conduta do homem será o fruto do Espírito (Gálatas
5:22,23). O fruto do Espírito é o oposto das obras da carne. De acordo com a
versão Almeida Revista e Corrigida, Paulo escreveu: “Porque as obras da carne
são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,
heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a essas,
acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais
coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra
essas coisas não há lei” (Gálatas 5:19-23).
Gálatas 5:22,23 Fruto
do Espírito
Efésios 5:9 Fruto
do Espírito
Filipenses 1:11 Frutos
de justiça
Romanos 5:5 Em
nosso coração pelo Espírito Santo
Romanos 14:17 Alegria
no Espírito Santo
Romanos 15:13 Pela
virtude do Espírito Santo
1 Coríntios 13 Frutos
versus dons do Espírito
2 Pedro 1:4-8 Acrescentai à vossa fé
Efésios 4:22; 5:21 Andai
como filhos da luz
Colossenses 3:5-17 Vos
vestistes do novo homem
Romanos 12:9-21 O
amor seja não fingido
II. Semelhança das Características de Cristo
Quando Cristo habita no crente que se rendeu, Ele transforma o
caráter e a conduta em Sua própria semelhança. Deus deseja que os crentes sejam
“conforme a imagem de Seu Filho” (Romanos 8:29). Hoje os crentes se tornam como
Cristo em suas mentes e conduta; na ressurreição eles serão como Ele em Sua
natureza física imortal. Hoje Jesus busca fazer do crente a Sua semelhança.
Portanto, o fruto do Espírito descreve as próprias características de nosso
Senhor. Os dois versículos de Gálatas 5:22,23 são descritos como a mais curta
biografia de Cristo já escrita. Jesus revelou todos estes dons espirituais em
Sua própria vida. Quando o cristão se entrega a Cristo e exercita uma contínua
atitude de fé Nele, o caminho está aberto, pelo qual Cristo pode exercer uma influência
sobre a mente do crente e produzir os mesmos dons espirituais dentro do
indivíduo. Essas características são descritas como o fruto do Espírito porque
o Espírito é o meio através do qual Cristo produz essas qualidades.
III. A Justiça Transmitida por Cristo
O fruto do Espírito é a justiça transmitida por Cristo. É a
justiça verdadeira produzida dentro do crente que se entregou ao Seu poder
transformador. A justiça transmitida difere da justiça imputada. Quando o
crente é justificado, ele obtém de Cristo a justiça imputada. A justiça
perfeita de Cristo em relação à santa lei de Deus é imputada ao pecador
convertido (2 Coríntios 5:21). Ela é lançada na conta do crente. Ela provê a
base judicial mediante a qual Deus pode tratar o pecador convertido como se
este pecador fosse justo em relação à Sua lei. A justiça imputada de Cristo é
algo externo ao crente. É como uma vestimenta de “linho fino, puro e
resplandecente” (Apocalipse 19:8) do qual o homem é vestido. Por outro lado, a
justiça transmitida por Cristo é algo produzido dentro do crente. Na verdade, o
cristão se torna “todo ilustre” (Salmos 45:13). Ele se torna justo em condição,
assim como em posição diante de Deus. As características amáveis da justiça de
Cristo são concedidas ou transmitidas para dentro da vida do crente.
IV. A Videira e os Ramos
Nosso Salvador ilustrou a relação entre Ele e os cristãos quando
disse: “Eu sou a videira, vocês são os ramos: se alguém permanecer em mim e eu
nele, esse dará muito fruto: pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma”
(João 15:5 NVI). Nessa ilustração, a videira representa a Cristo; os ramos
representam os crentes. A posição do ramo na videira retrata o fato de que o
crente está em Cristo. O fluído vivo (a seiva) que transmite vida e os
nutrientes para o ramo é o Espírito. O fato de que a vida da videira flui e
habita dentro dos ramos figura a verdade de que Cristo habita no crente através
de Seu Espírito. Os frutos da videira representam o fruto do Espírito. O fruto
é produzido no ramo, mas é produzido pela videira. O meio pelo qual a videira
produz fruto no ramo é o fluído vivo, ou seiva, da videira. O fruto do
Espírito, produzido dentro do crente, resulta da obra de Cristo que opera sua
obra transformadora através de Seu Espírito.
V. O Fruto Não Produz Por Si Próprio
Devemos observar a diferença entre “fruto” e “obras.” A conduta do
pecador é descrita como “obras” da carne; a vida cristã é retratada como
“fruto” do Espírito. As obras são produzidas pelo pecador; o fruto é produzido dentro do cristão. Embora o cristão tenha a responsabilidade de
render-se e conservar uma atitude de fé, o fruto é produzido dentro de sua vida
através da obra de Deus e de Cristo. “Não vem das obras, para que ninguém se
glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:9,10). “Porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa
vontade” (Filipenses 2:13). “Vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a
sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo
Jesus”(Hebreus 13:21).
O fruto do Espírito não resulta das obras humanas. Esses dons
divinos não podem ser produzidos através da aplicação da psicologia humana,
mediante qualquer mero redirecionamento da vontade humana nem através de
qualquer esforço da natureza carnal. A justiça produzida pelo eu é farisaísmo;
as obras produzidas por alguém são obras da carne. “Espiritualidade sem o
Espírito não é nada”. “Cristianismo sem Cristo é a religião do eu”. Ninguém
pode produzir fruto sem a raiz. O fruto é a manifestação natural da raiz.
Alguém observou que os esforços humanos para produzir os frutos do Espírito sem
Cristo é como amarrar ornamentos a uma árvore. Os ornamentos são inanimados e
não têm contato vital com a vida da árvore. O fruto do Espírito refere-se à
obra divina produzida pelo Espírito dentro do cristão, mediante a ação de Deus
e de Jesus através do Espírito. O cristão deve ter o desejo de que esses dons
sejam produzidos dentro dele. Ele deve possuir uma disposição ativa, uma fé
ativa e uma apropriação exata desta justiça transmitida por Cristo.
VI. O Fruto é Singular
O termo “fruto” é singular. As nove dádivas espirituais incluídas
nesse fruto formam um todo indivisível. Elas constituem um cacho do fruto; uma
dádiva não pode ser separada das outras. O “fruto” singular indica a unidade do
caráter dentro de Cristo e dentro do cristão. Pela sua relação com Cristo, o cristão
experimenta uma unidade de vida, personalidade e propósito. O seu olho é
“singular” (Mateus 6:22,23 BJ); ele ama a Deus acima de tudo (Mateus 22:37);
cinge os lombos do seu entendimento (1 Pedro 1:13). Todas as virtudes da vida
do cristão são equilibradas, harmonizadas e combinadas numa única vida direcionada
a Cristo.
Cada virtude ou característica deve ser balanceada por outra
virtude na vida do crente. Virtudes não equilibradas por outra virtude
correspondente causam na pessoa um caráter incompleto, desequilíbrio e
definhamento. Por exemplo, uma pessoa pode ser tão humilde que se torna tímida.
Ela pode ser tão simples que se torna ingênua. Ela pode ser tão tolerante a
ponto de não ter convicções, ou pode ser tão firme que se torne teimosa. Ela
pode ser tão econômica que se torna avarenta. Ela pode ser tão entusiástica que
se torne fanática; o fogo santo pode se transformar em fogo selvagem. Não
podemos ir de um extremo a outro. Uma pessoa não pode ser orgulhosa nem tímida,
nem desconfiada demais nem ingênua, nem despreocupada nem histérica, nem
perdulária nem avarenta, nem ansiosa nem imprudente, nem glutona nem um asceta,
etc. A economia deve estar em equilíbrio com a generosidade; a crença deve
estar balanceada com a tolerância; a humildade deve estar balanceada com o
respeito próprio. A admoestação para “aborrecer o mal” está balanceada com a
admoestação para “apegar-se ao bem” (Romanos 12:9). (Cf. E. Stanley Jones, Abundant Living. Nashville:
Abingdon-Cokesbury Press, 1942, pág. 159,160).
Pedro escreveu: “vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência,
acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a
temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade,
a fraternidade, e à fraternidade, o amor” (2 Pedro 1:5-7). A palavra
“acrescentar” neste texto é traduzida do grego epichoregeo, um termo musical que significa “para misturar”. Como o
diretor musical grego combinava várias vozes no entoar de uma canção, assim o
crente deve combinar todas as dádivas espirituais e o fruto do Espírito numa
bela e harmoniosa vida à semelhança de Cristo.
VII. Fruto versus Dons do Espírito
A distinção entre o fruto do Espírito e os dons do Espírito já foi
observada no capítulo XLIX, “A Obra de Cristo Através de Seu Espírito”. Os dons
do Espírito (1 Coríntios 12) se referem às habilidades sobrenaturais que Cristo
deu aos obreiros cristãos durante a era apostólica de forma que fossem capazes
de realizar Sua obra. O fruto do Espírito se refere às virtudes na semelhança
de Cristo produzidas dentro dos crentes por Cristo através do Seu Espírito.
Dons do Espírito são externos e temporários; fruto do Espírito é interno e
permanente. Possuir dons do Espírito é opcional; possuir o fruto do Espírito é
essencial. Dons do Espírito são inferiores ao fruto do Espírito. Em 1 Coríntios
13, Paulo mostrou que o amor, que resume o fruto do Espírito, é superior aos
dons do Espírito.
VII. A Análise do Fruto do Espírito
Os nove elementos que constituem o fruto do Espírito são amor,
gozo (alegria), paz, longanimidade (paciência), benignidade (gentileza), bondade
(generosidade), fé (fidelidade), mansidão (brandura) e temperança (domínio
próprio). As palavras originais em grego utilizadas por Paulo quando ele
escreveu sobre o fruto do Espírito são: agape,
amor; chara, alegria; eirene, paz; makrotumia, longanimidade ou paciência; chrestotes, benignidade ou gentileza; agathosune, bondade ou generosidade; pistis, fé ou fidelidade; praotes,
mansidão ou brandura; egkrateia,
temperança ou domínio próprio.
Em relação a Deus, Cristo e o homem, a vida cheia do Espírito é amor.
O amor é o principal fruto do Espírito e resume em si mesmo todas as dádivas
espirituais. Em resposta ao lamento, tristeza e sofrimento, a vida cheia do
Espírito é alegria. Em resposta à inquietação, confusão e tumulto, ela é paz.
Na relação do crente com a perseguição, dificuldades, imperfeições dos outros e
os fatores que não podem ser alterados, o fruto do Espírito é longanimidade ou
paciência. Em resposta à irritação, injustiça e insultos, a vida dirigida por
Cristo é benignidade ou gentileza. Em resposta às necessidades dos outros, é
generosidade ou bondade. Na relação do crente com a verdade, justiça e obra do
Senhor, o fruto do Espírito é fidelidade. Na atitude de alguém consigo mesmo ou
para com os outros, é mansidão ou brandura. Em relação às tentações ou
instintos dados por Deus, a vida cheia do Espírito é temperança ou domínio
próprio. Quando uma vida é controlada por Cristo, o resultado é o autocontrole
adequado.
1. Amor. “O fruto do Espírito é: amor” (Gálatas 5:22). O amor é o mais
importante fruto do Espírito, e, de certa forma, ele resume todos os outros
fatores incluídos no fruto do Espírito.
Alguém analisou de uma forma muito bela o
fruto do Espírito em Gálatas 5:22, e mostrou que todas as graças mencionadas
são diferentes formas do próprio amor. O apóstolo não está falando de frutos
diferentes, mas de um fruto, o fruto do Espírito, e as várias palavras que
seguem são na verdade fases e descrições de um fruto, que é o amor em si mesmo.
Alegria, que é a primeira mencionada, é o amor com asas; a paz, que é a
seguinte, é o amor dobrando essas asas e aninhando-se sob as asas de Deus;
longanimidade é o amor duradouro; benignidade é o amor em sociedade; a bondade
é o amor em ação; fé é o amor confiante; mansidão é o amor se curvando;
temperança é o verdadeiro amor próprio, e a consideração adequada pelos nossos
reais interesses, que é tanto o dever de amar, como o de respeitar os
interesses dos outros. Assim nós vemos que o amor é essencial para o pleno
caráter cristão, assim como também é o complemento e a coroa de tudo (A. B.
Simpson, Walking in the Spirit.
Harrisburg: Christian Publications, Inc., pág. 86,87).
No famoso capítulo do amor, 1 Coríntios 13, Paulo enfatizou a
superioridade e a preeminência do amor. No capítulo anterior, o apóstolo tratou
sobre os dons do Espírito, que Cristo concedeu sobre os obreiros do Novo
Testamento de forma que a Palavra fosse confirmada (Marcos 16:20; Hebreus
2:3,4). Possuindo os dons do Espírito, as pessoas poderiam operar milagres,
curar os enfermos, ressuscitar os mortos, falar línguas estranhas ou predizer
eventos futuros. Paulo disse aos Coríntios que algo era superior aos dons do
Espírito. Ele disse: “Eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1
Coríntios 12:31). Ele disse que o amor, o fruto do Espírito, é mais importante
que os dons do Espírito. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E
ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha
fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Coríntios 13:1-3).
Dons do Espírito eram temporários; fruto do Espírito é permanente. A habilidade
de profetizar pode ser “aniquilada”; o falar em línguas “cessará”; o
conhecimento pode “desaparecer” (1 Coríntios 13:8). O amor, por outro lado
“nunca falha”; é permanente. “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor, estes três; mas o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:13). James
Moffat apresenta uma tradução interessante de 1 Coríntios 13:4-7. “O amor é
muito paciente, muito benigno. O amor não conhece a inveja; o amor não ostenta,
não se exalta; nunca é rude; nunca é egoísta; nunca se irrita; nunca fica
magoado; o amor nunca se alegra quando os outros erram, o amor se alegra pela
bondade, sempre brando ao se expor, sempre ansioso para crer no melhor, sempre
esperançoso, sempre paciente” (Moffatt. The Bible, a New Translation. New York:
Harper & Brothers, 1935).
Nosso Senhor ensinou que o amor resume os ensinamentos éticos da
lei e dos profetas. “E um deles, doutor da lei, interrogou-o para experimentá-lo,
dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem
toda a lei e os profetas” (Mateus 22:35-40). Paulo escreveu: “A ninguém devais
coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem
ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro
mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor” (Romanos 13:8-10). O amor é descrito por Tiago como a lei real. “Todavia,
se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti
mesmo, bem fazeis” (Tiago 2:8). Os crentes, é claro, não estão debaixo da lei;
estão debaixo da graça. A lei requeria amor, mas não era capaz de produzi-lo.
Cristo produz o verdadeiro amor dentro do homem quando Ele habita em seu
interior através do Seu Espírito.
O amor é uma marca de identificação do cristão. Jesus disse: “Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:34,35). Nosso Senhor também
disse: “Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós: permanecei no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que
eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. O meu mandamento
é este: Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei. Isto vos mando: que vos
ameis uns aos outros” (João 15:9,10,12,17).
Três pensamentos estão conectados: O amor de Deus por nós, o amor
de Deus em nós e o amor de Deus através de nós. Norman B. Harrison mencionou esses
três pensamentos em seu livro, His Love
(Minneapolis: The Harrison Service, 1943). O primeiro pensamento está
relacionado com a salvação; o segundo, com a santificação; e o terceiro, com a
obra. Deus revelou o Seu amor por nós providenciando nossa salvação através do
sacrifício de Seu Filho. Deus produz o Seu amor em nós através do fruto do
Espírito. Pela conversão, o homem aceita o amor de Deus por ele. Pela rendição
ao domínio de Cristo e pela habitação de seu poder, o homem experimenta uma
transformação interior que resulta na presença do amor de Deus em suas atitudes
e ações. O amor que compõe parte do fruto do Espírito é o amor de Deus e de
Jesus que é concedido ao crente. “O amor de Deus está derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5:5). O amor de Deus tem
sido “derramado em nosso coração”. Assim como a videira envia o fluído vivo
para que os ramos produzam fruto, Deus e Jesus enviam Seu amor para dentro da
mente e do coração do crente para produzir o verdadeiro amor, o fruto do
Espírito. O amor de Deus através de nós, o terceiro pensamento nesta série,
refere-se ao amor que flui de nossa vida para a vida dos outros. O amor de Deus
em nós se refere ao caráter do
crente; o amor de Deus através de nós
se refere à conduta do crente. O cristão é um canal mediante o qual Deus pode
mostrar o Seu amor para a humanidade.
O amor deveria ser a atmosfera da vida do crente. Os crentes são
instruídos a amarem a Deus (Mateus 22:37; Romanos 8:28; 1 Coríntios 2:9; 8:3;
Tiago 1:12; 2:5; 1 João 4:19-21; 5:1-3; Salmos 31:23). Os crentes são
instruídos a amarem o Senhor Jesus Cristo (Mateus 10:37; João 8:42;
14:15,21,23; 1 Coríntios 16:22; Efésios 6:24; 1 Pedro 1:8). Os cristãos são
exortados a amarem todos os homens (1 Tessalonicenses 3:12), seus vizinhos
(Mateus 22:39; Romanos 13:9,10; Gálatas 5:14; Tiago 2:8; Lucas 10:27-37), seus
inimigos (Mateus 5:43-47; Lucas 6:35; Romanos 12:17-21) e uns aos outros (João
15:12; Romanos 12:9,10; Gálatas 6:10; Efésios 1:15; 4:2; 5:2; Colossenses 2:2;
3:14; 1 Tessalonicenses 3:12; 4:9; Hebreus 10:24; 1 Pedro 1:22; 2:17; 3:8; 4:8;
1 João 3:10, 14-18,23; 4:7,8,11,20,21; 5:1,2).
Harold J. Doan escreveu:
Este amor deve também ir além da família da
fé e abraçar o mundo inteiro. Existe dois e meio bilhões de filhos de Deus pela
criação neste mundo e Deus e Seu Filho amam com afeição a cada um deles. Deus
deseja ter a cada um destes filhos em Seu Reino. Para nós, eles podem ser não
amáveis, mas Deus os ama. A Parábola do Bom Samaritano ensina que nosso amor
deve ser amplo o suficiente para incluir cada pessoa da terra, amáveis e não
amáveis (The Restitution Herald, 16 de Julho, 1956).
2. Alegria (Gozo). O segundo elemento do fruto do Espírito é a alegria. A alegria é
uma característica distintiva na vida do cristão. A alegria dentro do cristão
resulta da obra de Cristo através da habitação do Seu poder. Ele disse:
“Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa
alegria seja completa” (João 15:11). “Digo isto no mundo, para que tenham a
minha alegria completa em si mesmos” (João 17:13). Jesus deseja doar a Sua
alegria ao crente. O fruto do Espírito, nós temos observado, se refere às
próprias características de Cristo que Ele transmite aos cristãos. Por meio do
Espírito Santo, Jesus concede Sua alegria sobre o crente (Colossenses 1:11;
Romanos 14:17; 15:13; 1 Tessalonicenses 1:6).
O povo do Senhor é instruído a ser alegre. “Alegrai-vos no Senhor
e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos
de coração” (Salmos 32:11). “Não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é
a vossa força” (Neemias 8:10). “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez
digo: regozijai-vos” (Filipenses 4:4). “Regozijai-vos sempre” (1 Tessalonicenses
5:16). “Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas
crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1 Pedro 1:8). A exortação
ao povo do Senhor para louvar a Deus é um refrão que ocorre repetidamente nos
Salmos. Um exemplo é o Salmos 95:1,2: “Vinde, cantemos ao Senhor! Cantemos com
júbilo à rocha da nossa salvação! Apresentemo-nos ante a sua face com louvores
e celebremo-lo com salmos”. “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus
sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”
(Hebreus 13:15). Paulo escreveu: “A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça
em vosso coração” (Colossenses 3:16). “E não vos embriagueis com vinho, em que
há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos,
e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”
(Efésios 5:18,19).
Alegria é a nota principal de Filipenses. Essa epístola de Paulo
pode ser resumida na frase: “Alegrai-vos em Cristo” (Filipenses 1:4,18,25,26;
2:2,16,17,18,28,29; 3:1,3; 4:1,4,10). Embora Paulo estivesse em “cadeias”, um
prisioneiro do César em Roma, seu coração estava cheio de alegria. Ele estava
agradecido pelo privilégio de sofrer por Cristo.
Os pecadores são naturalmente desprovidos da alegria verdadeira. A
vida do homem está cheia de discórdia, tumulto e tristeza porque ele está fora
da sintonia de Cristo e da “música do universo”. Melancolia e tristeza resultam
do individualismo. Procurando por resultados próprios com temor; procurando por
resultados de Deus em fé. A busca por si mesmo gera tristeza e desespero; a
busca por Deus traz alegria e esperança. “Luxúria resulta em desgosto”. O
individualismo é miséria. Quando alguém considera a posição do pecador diante
de Deus, ele pode observar que o pecador tem razões para estar triste e
melancólico (Efésios 2:12).
O cristão experimenta alegria porque ele sabe que seus pecados
foram perdoados. Depois que o Etíope foi batizado por Felipe, “cheio de
alegria, seguiu o seu caminho” (Atos 2:39 NVI). Depois que o carcereiro de
Filipos se converteu a Cristo e foi batizado no meio da noite, ele “alegrou-se
com toda sua casa” (Atos 16:34). Jesus disse aos seus discípulos: “Alegrai-vos,
antes, por estar o vosso nome escrito nos céus” (Lucas 10:20). “Há alegria
diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15:10), e há
alegria dentro do coração do pecador que aceita o dom da salvação de Deus
(Isaías 61:10; Salmos 40:2,3; Romanos 5:11).
O crente experimenta alegria em meio às tribulações. Existe uma
diferença entre felicidade e alegria. A felicidade está baseada no que acontece
a uma pessoa. A alegria está baseada no caráter da pessoa. O cristão pode
experimentar uma alegria interior mesmo nas coisas erradas que acontecem com
ele. “Não é o que acontece conosco, e sim como nós reagimos ao que acontece
conosco que revela o caráter”. A verdadeira alegria não é determinada pelo
lugar que você está, mas pelo que você é. Paulo e Silas estavam na prisão em
Filipos porque eles pregaram o evangelho. Seus corpos estavam sangrando pelos
açoites recebidos. Entretanto, esses homens piedosos não resmungaram nem
reclamaram. “Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus,
e os outros presos os escutavam” (Atos 16:25). Alguém observou: “Os cristãos
perseguidos estavam em prisão, mas a prisão não estava neles”. A religião cristã
não tem muro das lamentações. Os cristãos são agradecidos por todas as coisas;
se alegram em todas as coisas (Mateus 5:11,12; Lucas 6:22,23; Atos 5:41; 2
Coríntios 6:10; 7:4; 1 Pedro 1:6; 4:13; Tiago 1:2; Habacuque 3:17,18).
O coração do cristão é cheio de alegria porque ele tem esperança
quanto ao futuro. “Nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus”
(Romanos 5:2 NTLH). Eles são retratados como aqueles que “se mantêm alegres na
esperança” (Romanos 12:12). O crente tem uma esperança pela eternidade. Ele
sabe o que vem pela frente. Ele sabe que lhe será dada a imortalidade quando
Jesus vier. Embora ele possa cair no sono da morte, ele sabe que será levantado
da sepultura, transformado e glorificado. As palavras “alegria” e “esperança”
são usadas como sinônimos na Bíblia (1 Tessalonicenses 2:19; Hebreus 12:2). A
esperança produz a alegria.
Alguém sugeriu que, para ter alegria, a pessoa deve saber como
soletrar essa palavra. A forma de soletrar “alegria” (joy, em inglês) é Jesus, em primeiro; outros, em segundo; e você
mesmo, por último (Joy - Jesus, others, you). Jesus está à espera no céu para conceder alegria aos crentes
que entregarão suas vidas a Ele. Ele irá conceder esta alegria “no instante” em
que o crente depender Dele, momento após momento. Se alguém permitir que Cristo
preencha sua vida com alegria hoje, este estará preparado para compartilhar com
Ele da alegria na nova terra no Seu reino porvir (Isaías 35:1,2; 55:12;
Apocalipse 21:4).
3. Paz. A vida cheia do Espírito, em resposta à inquietação, confusão e
tumulto, é paz. Mediante o Seu poder, o Espírito Santo, Jesus produz paz dentro
do coração do crente que se entregou. Ele tem “justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo” (Romanos 14:17). “Mas a inclinação do Espírito é vida e paz”
(Romanos 8:6). Aquele que tem a mente espiritual experimenta paz em seu
coração.
Jesus é o Príncipe da Paz (Isaías 9:6). Só Ele pode trazer paz ao
coração do homem e às nações da terra. A terra nunca terá uma paz verdadeira
até que venha Jesus como Príncipe da Paz e governe como Rei sobre as nações
(Mateus 24:6,7). Três pensamentos estão conectados: paz entre as nações, paz com
Deus e paz de Deus. A paz entre as nações ocorrerá no futuro
reino de Cristo na terra (Miquéias 4:3; Isaías 2:4; 9:7; 11:6-9; Salmos 72:7).
“E estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices;
não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear”
(Isaías 2:4). A justiça do governo de nosso Senhor produzirá a verdadeira paz
entre as nações e a paz na terra. A paz
com Deus se refere à remoção da inimizade entre o pecador e Deus através do
sacrifício de Cristo. A paz com Deus ocorre na conversão. Ela é resultado da
reconciliação do pecador com Deus através de Cristo (Romanos 5:1; Efésios
2:14,15; Colossenses 1:20; Isaías 27:5; 53:5). A paz de Deus se refere à paz dentro do crente a qual é um elemento
do fruto do Espírito. A paz com Deus se refere à nova relação legal entre o
crente e Deus. A paz de Deus é resultado da nova relação vital. A paz com Deus
é o oposto da inimizade entre Deus e o homem. A paz de Deus é o oposto da
inquietação, preocupação e ansiedade. Paulo escreveu aos crentes de Filipos que
a paz de Deus é o antídoto para a preocupação. “Não estejais inquietos por
coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de
Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em
Cristo Jesus” (Filipenses 4:6,7). O crente deveria ser agradecido por todas as coisas; ele deveria orar a
respeito de todas as coisas; ele não
deveria se preocupar com nada (Norman
B. Harrison, His Peace, 1930).
Preocupação, ansiedade e temor são experiências comuns do homem
moderno. O homem se preocupa porque ele não compreende o cuidado paternal de
Deus por Seus filhos. A preocupação resulta do olhar para si mesmo; a confiança
resulta do olhar para Deus. Quando o coração de alguém está cheio de ansiedade
e cuidados, ele está negando, de certa forma, a providência e o cuidado amoroso
de Deus. Pedro escreveu: “Lançando sobre Ele toda vossa ansiedade, porque ele
tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:7). Deus cuida de Seus filhos, e eles deveriam
lançar sobre Ele as ansiedades. A preocupação é inútil, ela consome tempo e
energia mental. Alguém comparou a preocupação com um automóvel que permanece
imóvel enquanto o motor está ligado. Ele usa energia, mas nunca chega a lugar
algum. A preocupação, além disso, produz efeitos nocivos sobre o corpo do
homem. A mente e o corpo estão interrelacionados. O homem é uma criatura
psicossomática. Atitudes mentais erradas produzem muitas desordens funcionais.
Muitas pessoas experimentam nervosismo e desordem estomacal porque suas mentes
estão cheias de ansiedade, preocupação e ressentimentos. Para essas pessoas, a
saúde espiritual traria a saúde física. É claro que nem todas as enfermidades
resultam de atitudes mentais errôneas. Muitas enfermidades apresentam uma base
física definida e devem receber tratamento médico. Muitos crentes maduros
cheios do Espírito têm enfermidades e aflições, não porque eles são pecadores,
mas porque são mortais. Seus corpos serão transformados da mortalidade para a
imortalidade quando Jesus vier. Então eles serão perfeitos e livres de toda
enfermidade e aflição.
O crente pode vencer a preocupação, a ansiedade e o temor quando
mudar a direção dos seus pensamentos de si para Deus. Uma pessoa não deveria se
preocupar com as suas preocupações. Ela pode limpar e esvaziar seu “círculo de
preocupação” entregando os seus cuidados a Deus e a Cristo. Instruindo os
homens a não se preocuparem com os pecadores que prosperam, Davi disse: “Não te
indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a
iniquidade. Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu
coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.
Descansa no Senhor e espera nele” (Salmos 37:1,4,5,7). “Tu conservarás em paz
aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti. Confiai no Senhor
perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna” (Isaías 26:3,4). Paulo
escreveu: “A paz de Deus domine em vossos corações” (Colossenses 3:15). “Ora, o
mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira” (2 Tessalonicenses
3:16). Deus não dá paz mental ao crente removendo as incertezas e dificuldades
que causam a preocupação, mas mudando a atitude do crente a respeito dessas
circunstâncias. Paz não é a ausência de tumulto e confusão; paz é a atitude cristã
de equilíbrio e serenidade em meio do tumulto e da confusão.
A paz, um fruto do Espírito, é a própria característica de paz de
nosso Senhor que ele transfere ao crente. Jesus quer dar a Sua paz para nós.
Ele disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a
dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27). “Tenho-vos
dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). O mundo oferece tribulações; Jesus
oferece paz. O Mestre que repreendeu o vento e acalmou a tempestade sobre o mar
da Galileia é capaz de acalmar e pacificar as tempestades de confusão no
coração dos homens hoje (Marcos 4:35-41). Assim como nosso Senhor repreendeu os
discípulos, assim hoje questiona aos homens: “Por que vocês estão com tanto medo?
Ainda não têm fé?” (Marcos 4:40 NVI).
A paz dentro do crente se expressa também na paz entre os irmãos.
“Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens”
(Romanos 12:18). “Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação
de uns para com os outros” (Romanos 14:19). “Procurando guardar a unidade do
Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:3). “Tende paz entre vós” (1 Tessalonicenses
5:13). “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor
e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Timóteo 2:22).
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”
(Hebreus 12:14).
4. Longanimidade. Longanimidade ou paciência, da palavra grega makrothumia, é uma característica do crente cheio do Espírito e
governado por Cristo em relação à perseguição, dificuldades, imperfeições dos
outros e fatores que não podem ser mudados. Aquele que é paciente calmamente
suporta o sofrimento, as aflições e perseguição. Ele não se perturba com
obstáculos, atrasos e falhas. Ele é capaz de aguentar o estresse; ele é capaz
de sofrer pacientemente. Ele é capaz de lidar com aquelas coisas que não podem
ser mudadas e esperar, sem descontentamento, por aquelas coisas que só
ocorrerão no futuro. Ele é como o lavrador que “espera o precioso fruto da
terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia”
(Tiago 5:7). Aquele que é impaciente se aflige, resmunga, contende, critica,
“não pode aguentar”, “não pode lidar com isso” e não pode esperar. Um escritor
desconhecido disse: “Deus, conceda-me a coragem para mudar as coisas que eu
posso mudar, a serenidade para aceitar aquelas que não posso mudar, e sabedoria
para saber a diferença”.
A paciência é um fruto do Espírito. A paciência não resulta de um
esforço desesperado da vontade humana diante das adversidades, mas de uma
dependência de Cristo e Seu poder transformador. Paulo mostrou que o poder de
Cristo é a fonte da verdadeira paciência quando escreveu: “corroborados em toda
a fortaleza, segundo a força da sua glória, em toda a paciência e
longanimidade, com gozo” (Colossenses 1:11). Ele exortou os cristãos a serem
“pacientes para com todos” (1 Tessalonicenses 5:14). Pedro escreveu que os cristãos
deveriam acrescentar “à temperança, a paciência; e à paciência, a piedade” (2 Pedro
1:6). Paulo disse que a comunhão cristã e a unidade podem ser mantidas se os cristãos
tiverem paciência uns para com os outros. “Com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a
unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:2,3). Ele insistiu aos
homens mais velhos que sejam “sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, no amor e
na paciência” (Tito 2:2). Os crentes que são maduros na fé cristã devem ser
pacientes para com aqueles que são imaturos em Cristo. “É difícil para o
paciente ter paciência com o impaciente”.
Pastores e anciãos são instados a terem paciência e longanimidade
na sua obra para o Senhor (2 Timóteo 4:2; 1 Timóteo 6:11; 2 Timóteo 2:24,25; 1
Timóteo 3:3; 2 Coríntios 6:4). Os crentes são exortados a exercitarem a
paciência quando estiverem em perseguição (Romanos 12:12; 1 Pedro 2:20; Tiago
1:2-4; Romanos 5:3,4; 2 Tessalonicenses 1:4; 2 Timóteo 3:10,11). Os crentes
devem ter paciência em relação à segunda vinda de Cristo (Tiago 5:7,8; 2 Tessalonicenses
3:5; 1 Tessalonicenses 1:3,10; 1 Coríntios 1:7; Romanos 8:24,25; 15:4,5;
Hebreus 6:12,15; 10:36). A paciência é o remédio para o que alguém chamou de
“Melancolia da Segunda Vinda”. A paciência deve ser exercitada em todas as
áreas da vida cristã. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo
ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gálatas 6:9). A vida eterna é
prometida “aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e
imortalidade” (Romanos 2:7). A semente que caiu “em boa terra, esses os que,
ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto com
perseverança” (Lucas 8:15). “Deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto
nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta”
(Hebreus 12:1). O segredo para adquirir esta paciência com a qual alguém poderá
correr a corrida que está proposta para ele é “olhar para Jesus, o autor e
consumador da fé” (Hebreus 12:2). Paciência é um fruto do Espírito.
5. Benignidade. O quinto fator incluído no fruto do Espírito é a benignidade. A
palavra grega da qual benignidade é traduzida em Gálatas 5:22 é chrestotes, gentileza ou utilidade. Essa
palavra grega ocorre dez vezes no Novo Testamento. Em seis desses dez versos, a
palavra refere-se à benignidade de Deus (Efésios 2:7; Tito 3:4; Romanos 2:4
duas vezes; 11:22 duas vezes). Nos quatro versos restantes, a palavra grega é
traduzida como “bem” (Romanos 3:12) e “benignidade” (2 Coríntios 6:6;
Colossenses 3:12; Gálatas 5:22). O Emphatic
Diaglott e a Versão Revisada em Inglês traduzem essa palavra grega em
Gálatas 5:22 como “amabilidade”.
Em resposta à irritação, injustiça e insultos, os cristãos são
amáveis e gentis para com os outros. Eles são compassivos e misericordiosos;
eles têm compaixão, piedade e simpatia. “Sede uns para com os outros benignos,
misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em
Cristo” (Efésios 4:32). “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se
algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós
também” (Colossenses 3:12,13). “Ao servo do Senhor não convém brigar, mas, sim,
ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente” (2 Timóteo 2:24 NVI).
“Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam
e estejam preparados para toda boa obra; que a ninguém infamem, nem sejam
contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens”
(Tito 3:1,2). “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois,
pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade e sem hipocrisia” (Tiago 3:17). Os cristãos devem acrescentar “à
piedade, a fraternidade; e à fraternidade, o amor” (2 Pedro 1:7). Paulo
escreveu que “o amor é paciente, o amor é bondoso” (1 Coríntios 13:4 NVI).
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em
honra uns aos outros” (Romanos 12:10). “E, finalmente, sede todos de um mesmo
sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e
afáveis” (1 Pedro 3: 8).
6. Bondade. Bondade é traduzida da palavra grega agathosune. Essa palavra grega ocorre somente quatro vezes no Novo
Testamento (Romanos 15:14; Gálatas 5:22; Efésios 5:9; 2 Tessalonicenses 1:11).
Os três primeiros textos referem-se à bondade entre os crentes; o último texto
refere-se à bondade de Deus. Uma palavra grega relacionada é agathos, traduzida como “bom” (Atos
9:36; 2 Coríntios 9:8; Gálatas 6:10; Efésios 2:10; Colossenses 1:10; 2
Tessalonicenses 2:17; 1 Timóteo 2:10; 5:10; 2 Timóteo 2:21; 3:17; Tito 2:5;
3:1; Hebreus 13:21; Tiago 3:17; e outras). Um sinônimo para bondade como fruto
do Espírito é a generosidade. Bondade ou generosidade é a resposta da vida
cheia do Espírito à necessidade dos outros.
Jesus disse: “E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que
recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. E, se emprestardes
àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os
pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto. Amai,
pois, a vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem nada esperardes”
(Lucas 6:33-35). Paulo exortou: “comunicai com os santos nas suas necessidades,
segui a hospitalidade” (Romanos 12:13). “Aquele que furtava não furte mais;
antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir
com o que tiver necessidade” (Efésios 4:28). Paulo escreveu a Timóteo: “Manda
aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na
incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas
para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa
mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento
para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna” (1 Timóteo 6:17-19). “E
não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque, com tais sacrifícios,
Deus se agrada” (Hebreus 13:16). A palavra “comunicar” se refere à doação
financeira; ela significa compartilhar com os outros, usar como propriedade
comum. “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele
que o instrui” (Gálatas 6:6).
7. Fé. O sétimo fator incluído no fruto do Espírito é a fé. Fé e
fidelidade andam juntas. Fé é a resposta do homem à fidelidade de Deus.
Confiança é sua resposta à confiabilidade de Deus. Fé é um ato da vontade do pecador na conversão; é uma atitude do cristão que vive para Cristo a cada dia. A fidelidade
refere-se ao fato de que os crentes são constantes, imutáveis, leais e firmes
até o fim. Os cristãos devem ser fiéis uns para com os outros; eles devem ser
fiéis a Deus.
A fidelidade é uma virtude importante que cada crente deveria
possuir. Paulo exortou: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e
constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho
não é vão no Senhor” (1 Coríntios 15:58). Ele escreveu que os crentes deveriam
estar “arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, crescendo em ação de graças” (Colossenses 2:7). “Vigiai, estai
firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos” (1 Coríntios 16:13). Os
santos glorificados na segunda vinda de Cristo são descritos por João: “Os que
estão com ele, chamados, eleitos e fiéis” (Apocalipse 17:14). Ser fiel é estar
firmemente nas promessas de Deus e ser verdadeiro em lealdade e afeição em
relação a Ele. (Mateus 25:21,23; Atos 14:22; 1 Coríntios 4:2,17; 16:13; Efésios
1:1; 4:14- 16; 6:21; Filipenses 4:1; Colossenses 1:2; 2:5; 1 Tessalonicenses
5:21; 2 Tessalonicenses 2:15; 1 Timóteo 3:11; 6:2; 2 Timóteo 2:2; Tito 1:9;
Hebreus 3:14; 3 João 5; Apocalipse 3:11).
Nosso Salvador, em Sua fidelidade a Deus, é um exemplo e uma
inspiração para a fidelidade de Seus seguidores. Jesus sempre fez as coisas que
agradavam a Deus. Ele era genuíno, sincero, dependente, digno de confiança,
sempre fiel. Ele descreveu a Si como “o amém, a testemunha fiel e verdadeira”
(Apocalipse 3:14). Ele disse: “Eu sou o pão verdadeiro. Eu sou o vinho
verdadeiro. Eu sou a verdade”. Nenhum obstáculo foi tão grande, nenhuma
oposição foi tão intensa; Jesus foi fiel até a morte. Hoje, Jesus continua
imutável em Sua fidelidade. “A fidelidade será o seu cinturão” (Isaías 11:5
NVI).
A vida dos primeiros cristãos foram testemunhos de fidelidade a
Deus. Os crentes convertidos no Dia de Pentecostes não foram vítimas da histeria
coletiva; eles não foram tomados por alguma experiência emocional temporária.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e
nas orações” (Atos 2:42). O grande apóstolo missionário, um destacado exemplo
de fidelidade, pode declarar próximo ao fim de seu ministério: “Combati um bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7).
A decisão de se tornar um cristão é uma decisão eterna. É uma
escolha para a vida, ou seja, algo que se faz uma única vez e de uma vez por
todas. O crente entra em Cristo e busca manter essa posição para a eternidade.
Ele habita em Cristo; ele é fiel a Deus. A conversão deve envolver uma decisão
deliberada e inteligente da vontade humana que nunca deveria ser mudada. Não é
suficiente construir uma fogueira; alguém deve colocar o combustível para que
ela siga queimando. Não é suficiente se tornar um cristão; devemos crescer na
vida cristã e permanecer fiel até a morte. “Mas aquele que perseverar até o fim
será salvo” (Mateus 24:13). Aquele que finaliza o percurso e vence a corrida
recebe o prêmio. Se alguém realmente deseja ser um crente fiel, nada será
grande o suficiente para bloquear o seu caminho (Romanos 8:35-39). Dificuldades
podem aparecer; perseguições podem vir, mas ele permanecerá firme. O cristão
fiel não será como um cascalho, mas será como uma montanha inamovível. Ele não
será como a erva daninha, mas como a árvore plantada junto às águas. Ele não
será como um vaga-lume, mas como um farol. Jesus disse: “Sê fiel até a morte, e
dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
Muitas pessoas começaram a vida cristã como crentes entusiastas.
Seus corações transbordavam de devoção e lealdade a Seu Mestre. De alguma
forma, porém, durante os anos que se seguiram, algo aconteceu. O zelo se
perdeu; o entusiasmo esvaneceu. Corações ardentes se tornaram mornos. Parece
que eles entraram pela porta da frente da Igreja, mas logo fugiram pela porta
dos fundos, na inatividade. É por isso que é tão importante manter a porta dos
fundos da Igreja fechada quanto manter a porta da frente aberta. Para a Igreja
é tão importante reter quanto alcançar. Jesus alertou: “Ninguém que lança a mão
do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lucas 9:62).
Fidelidade é um fruto do Espírito. Fidelidade constante requer
constante dependência de Cristo. A fidelidade não é agarrar-se
desesperadamente, mas sim o descansar sobre Suas mãos. Seja fiel um momento de
cada vez. Faça a próxima coisa que
você sabe que Deus deseja que você faça.
8. Mansidão. Mansidão, o oitavo fator incluído no fruto do Espírito (Gálatas
5:22,23), é traduzido do grego praotes,
que ocorre nove vezes no Novo Testamento (1 Coríntios 4:21; 2 Coríntios 10:1;
Gálatas 5:23; 6:1; Efésios 4:2; Colossenses 3:12; 1 Timóteo 6:11; 2 Timóteo 2:25;
Tito 3:2). Palavras gregas relacionadas são praos,
que ocorre uma vez (Mateus 11:29); praus,
que ocorre três vezes (Mateus 5:5; 21:5; 1 Pedro 3:4); prautes, que ocorre três vezes (Tiago 1:21; 3:13; 1 Pedro 3:15).
Aquele que é manso é moderado de temperamento, gentil, amável, polido, cortês,
considerado pelos outros e tardio em irar-se. Ele não é orgulhoso, atrevido,
altivo, arrogante, pretencioso, convencido, autoritário, dominador nem
vingativo. Ele não é “metido”, “espaçoso” nem “perde a cabeça”. Paulo escreveu:
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1 Coríntios 13:4,5). Os cristãos
devem ser humildes em sua atitude entre si mesmos; eles devem ser mansos nas
suas atitudes em relação ao demais.
Nosso Salvador é um exemplo de mansidão. Ele disse: “Vinde a mim
todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o
meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis
descanso para a vossa alma” (Mateus 11:28,29). (2 Coríntios 10:1; Isaías 53:7;
1 Pedro 2:21-23; Mateus 21:5). Referindo-se à mansidão, singeleza e humildade
de nosso Senhor, Paulo exortou: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade,
mansidão, longanimidade” (Colossenses 3:12). Tiago escreveu: “Sabeis isto, meus
amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,
tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus. Pelo
que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma” (Tiago 1:19-21).
Pedro disse que o adorno do cristão deveria ser “o homem encoberto no coração,
no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus” (1 Pedro 3:4). Paulo escreveu a Tito que instruísse os crentes de Creta
“que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda
mansidão para com todos os homens” (Tito 3:2).
Paulo instruiu a Timóteo de que, como “homem de Deus”, ele deveria
“seguir a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão” (1 Timóteo
6:11). Ele disse: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser
manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os
que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para
conhecerem a verdade” (2 Timóteo 2:24,25). A mansidão deveria caracterizar o
crente em todas as suas obras para o Senhor. “Antes, santificai a Cristo, como
Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão
e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, tendo uma
boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em
Cristo, porque melhor é que padeçais fazendo o bem (se a vontade de Deus assim
o quer) do que fazendo o mal” (1 Pedro 3:15-17). Quando um crente tropeça,
outros crentes devem levantá-lo com espírito de mansidão. “Irmãos, se algum
homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais,
encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não
sejas também tentado” (Gálatas 6:1). Nosso Senhor prometeu: “Bem-aventurados os
mansos: porque eles herdarão a terra” (Mateus 5:5; Salmos 37:11).
A mansidão, um fruto do Espírito, é uma característica amável de
nosso Salvador. Mediante Seu poder, o Espírito Santo, Jesus procura produzir
mansidão dentro da mente e do coração do crente que se entrega a Ele.
9. Domínio Próprio. O nono e último fator mencionado por Paulo como pertencente ao
fruto do Espírito (Gálatas 5:22,23) é a temperança ou domínio próprio. A
temperança é traduzida da palavra grega egkrateia,
autorrestrição ou continência. A palavra grega ocorre quatro vezes no Novo
Testamento (Atos 24:25; Gálatas 5:23; 2 Pedro 1:6 duas vezes). Palavras
relacionadas a essa são egkrateuomai,
que ocorre duas vezes (1 Coríntios 7:9; 9:25), e egkrates, que ocorre uma vez (Tito 1:8). Em muitas versões,
egkrateia é traduzida “domínio próprio”.
Domínio próprio é a vida do crente cheia do Espírito e governada
por Cristo em relação aos instintos e desejos dados por Deus, como a fome, sede
e sexo. A justiça é o resultado quando os instintos concedidos por Deus
encontram uma realização adequada. O pecado é o resultado quando os poderes da
mente e do corpo expressam-se de uma maneira errada. Os desejos dados por Deus
não são pecaminosos. Eles se tornam pecaminosos somente quando são mal
direcionados ou mal aplicados. As obras da carne incluem fornicação, impureza,
lascívia, bebedeira e glutonarias (Gálatas 5:19-21). Em contraste, o fruto do
Espírito inclui a temperança (Gálatas 5:23).
Pedro exortou os cristãos a adicionarem “à ciência, a temperança;
e à temperança, a paciência; e à paciência, a piedade” (2 Pedro 1:6). Paulo
listou a temperança ou domínio próprio como uma qualificação para o bispo ou
ancião (Tito 1:8). Ele disse que os homens mais velhos deveriam ser “sóbrios,
graves, prudentes, sãos na fé, no amor e na paciência” (Tito 2:2). Paulo
comparou o crente a um atleta que deve exercitar o domínio próprio para que
esteja preparado para correr a prova. De acordo com a versão Revista e
Atualizada, Paulo escreveu: “Não sabeis vós que os que correm no estádio,
todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o
alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa
corruptível; nós, porém, a incorruptível” (1 Coríntios 9:24,25; 2 Timóteo 2:1-7
ARA).
Paulo disse aos crentes em Corinto que deveriam exercitar o
autocontrole e manter a pureza moral porque eles pertenciam a Deus. De acordo
com a versão Revista e Atualizada, ele escreveu: “Todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me
deixarei dominar por nenhuma delas. Os alimentos são para o estômago, e o
estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém
o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
Deus ressuscitou o Senhor e também a nós pelo seu poder. Não sabeis que os
vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de
Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o
homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz,
serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele. Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do
corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso,
não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o
qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios
6:12-20 ARA).
Algumas coisas deveriam ser totalmente excluídas da vida de uma
pessoa. Com respeito a tais fatores, como bebidas alcoólicas, fumo, heroína,
maconha, etc., deve-se exercitar total abstinência. Essas coisas não deveriam
encontrar lugar na vida do crente. Muitos fatores, como comer, dormir,
trabalhar e brincar, devem ser incluídos na vida de uma pessoa. Com respeito a
essas atividades, devemos exercitar a moderação; não se deve permitir o excesso
nessas atividades. Algumas ervas daninhas são apenas plantas em lugares
errados. Uma haste de milho crescendo num canteiro de flores seria uma erva
daninha. Uma flor crescendo num campo semeado de milho estaria no lugar errado
e seria arrancada pelo arado. Essas ervas daninhas não precisam ser destruídas;
apenas transplantadas, e então serão transformadas em plantas úteis.
Transplante a haste de milho para a plantação de milho e leve a flor para o
jardim, e não haverá mais erva daninha. Muitas coisas corretas na vida se
tornam incorretas porque estão no lugar errado. Fora do lugar, elas estão
erradas; no lugar apropriado, tudo estará bem com elas. Possuindo domínio
próprio ou temperança, a vida do crente é cheia de flores da justiça, não ervas
daninhas do pecado. Cada fator e atividade legítima ocupam sua própria posição
e proporção na vida.
O crente somente pode possuir o real domínio próprio quando ele é
controlado pelo Senhor Jesus Cristo. Autocontrole é um fruto do Espírito e
resulta quando Cristo habita dentro do cristão através do Seu Espírito. O
Senhor vitorioso habilita o crente a ser um vencedor.
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