Capítulo XXXVIII
A Natureza de Cristo
Visto que o Cristianismo é a única religião verdadeira e que Jesus
Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, alguém é levado a questionar
sobre a origem e natureza desta pessoa singular, Jesus.
Jesus não é um personagem lendário da antiga mitologia, assim como
Júpiter, Hércules e Apolo. Tão pouco um anjo disfarçado nem uma estranha
criatura de outro planeta. Ele não é um mero homem que um dia decidiu começar
uma nova religião. Ele também não é um charlatão religioso ou um impostor. Mais
ainda, Ele não é uma edição especial de luxo da humanidade, resultante do
processo de evolução aplicado ao caráter humano.
Jesus é o unigênito Filho de Deus. Nascido da virgem Maria, Ele
mantém um relacionamento especial com Deus e um relacionamento especial com o
homem. Ele é ao mesmo tempo Filho do Homem e Filho de Deus. Possuindo essa
natureza singular, Ele é capaz de servir como mediador entre Deus e a
humanidade. Ele é um “árbitro entre nós, que ponha a mão entre nós ambos” (Jó
9:33). Jesus não tem pecado. Na Sua pureza e perfeição, Ele é capaz de fazer o
que nenhum outro indivíduo poderia. Somente Ele é qualificado para ser a ponte
entre Deus e o homem.
I. Jesus no Plano Eternal de Deus
Jesus teve sua origem na mente e no plano de Deus. Sua vida e
obra foram previstas e planejadas por Deus desde o princípio dos tempos.
“Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras” (Atos
15:18 ACF). Imaginado por sua sabedoria, impelido pelo seu amor e realizado
através do seu poder, o plano de salvação de Deus encontra o seu centro na
pessoa e obra de Jesus Cristo (Efésios 1:9,10; 3:11).
Antes de Adão pecar ou ainda antes de ser criado, Deus sabia que a
humanidade necessitaria de um Salvador. O Cordeiro de Deus, por isso, “o qual
na verdade, em outro tempo, foi conhecido antes da fundação do mundo” (1 Pedro
1:20). Seu sacrifício era tão certo e um fator de tamanha importância no plano
de salvação de Deus que Ele é descrito como “o Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo” (Apocalipse 13:8). Esse é um exemplo de que Deus “chama as
coisas que não são como se já fossem” (Romanos 4:17). Jesus não existiu como
uma pessoa até que nasceu em Belém. Mesmo assim, Ele existiu na mente e no
plano de Deus desde a eternidade. Com esse pensamento em mente, Jesus
referiu-se à “glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5)
e disse: “Tu me hás amado antes da criação do mundo” (João 17:24).
Os benefícios do evangelho que se fizeram possíveis pelo
sacrifício de Cristo eram conhecidos por Deus desde o princípio e estavam
inclusos no seu plano de salvação. A esperança de vida eterna foi prometida
“antes dos tempos dos séculos” (Tito 1:2); o Reino foi preparado “desde a fundação
do mundo” (Mateus 25:34); e a graça salvadora foi dada em Cristo “antes da
criação do mundo” (2 Timóteo 1:9 NTLH).
Jesus é o ponto focal de toda a obra divina. Tudo o que Deus tem
feito em relação ao homem e à terra foi concebido com Cristo em mente. Todas as
coisas foram criadas “para Ele” (Colossenses 1:16). Deus apontou seu filho como
herdeiro de todas as coisas e por Ele preparou as eras (Hebreus 1:2). Quando
Deus criou nosso planeta, Ele sabia que algum dia seu filho nasceria aqui,
daria a Si mesmo como sacrifício pelo homem, ressuscitaria da morte, ascenderia
ao céu e mais tarde retornaria para governar sobre todas as nações. É da
vontade de Deus que os pecadores redimidos sejam “conformes à imagem de seu
filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29).
Ele planeja que Seu Filho ocupe o topo de toda a Sua obra “para que somente ele
tivesse o primeiro lugar em tudo” (Colossenses 1:18). Ele é “o princípio e o
primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:18), “o primogênito de toda a
criação” (Colossenses 1:15) e “o princípio da criação de Deus” (Apocalipse
3:14). Muitos homens viveram antes do nascimento de Cristo, mas Ele é superior
a todos. Como o último Adão, Jesus é superior ao primeiro Adão (1 Coríntios
15:45,46). Ainda que mais jovem em idade, Jesus é superior a João Batista (João
1:15,30). Ainda que Abraão fosse o pai da fé e fundador da nação de Israel,
Jesus é superior a qualquer posição que Abraão tenha ocupado (João 8:58). “Ele
é antes de todas as coisas” (Colossenses 1:17); nenhum homem é maior que Ele.
II. O Nascimento Virginal de Cristo
Nosso Salvador teve um nascimento sobrenatural. Ele foi nascido de
Maria, uma mulher judia que era virgem. Ele teve uma mãe terrena, mas Ele não
tem um pai terreno. Através do Seu poder, o Espírito Santo, Deus provocou a
concepção biológica de Jesus no interior de Maria.
O anjo disse a Maria: “E eis que em teu ventre conceberás, e darás
à luz um filho, e por-lhe-ás o nome Jesus... E disse Maria ao anjo: Como se
fará isso, visto que não conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe:
Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a
sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho
de Deus” (Lucas 1:31, 34,35).
Na concepção de Jesus, Maria estava desposada de José, mas eles
ainda não estavam casados. Além disso, José “não a conheceu até que deu à luz
seu filho, o primogênito” (Mateus 1:25). Mateus escreveu: “Ora o nascimento de
Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu marido,
como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor,
dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o
que nela está gerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz a um filho, e lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo
isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo
profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá e
dará à luz a um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (Emanuel
traduzido é: Deus conosco). E José, despertando do sonho, fez como o anjo do
Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz
seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus” (Mateus 1:18-25).
Referindo-se ao nascimento virginal de Jesus, Paulo escreveu: “Mas,
vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei” (Gálatas 4:4). A primeira profecia messiânica na Bíblia descreve
Jesus como a semente da mulher. Deus dirigiu-se à serpente: “E porei inimizade
entre ti e a mulher e entre tua semente e sua semente; esta te ferirá a cabeça,
e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15). O nascimento miraculoso de Jesus
cumpriu a profecia de Isaías: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”
(Isaías 7: 14).
Jesus não era o filho de José. Ele não nasceu “do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (João 1:13, veja a nota
de Bullinger deste verso na Companion Bible). José foi meramente o pai
adotivo de nosso Senhor. Mateus 1:2-17 registra a genealogia de José; Lucas
3:23-38, a genealogia de Maria. Ambos, José e Maria, foram descendentes de
Davi. O ancestral de José foi o filho de Davi, Salomão; o ancestral de Maria
foi o filho de Davi, Natã. José era o filho de Jacó (Mateus 1:16), conquanto
era o genro do pai de Maria, Eli (Lucas 3:23). De acordo com Mateus 1:16, “Jacó
gerou a José”, mas José não gerou Jesus. José é descrito como “marido de Maria,
da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”.
Estudiosos da Bíblia têm afirmado que se Jesus fosse o filho de
José, Ele seria excluído do assento sobre o trono de Davi e do governo sobre a
casa de Jacó porque José era descendente de Jeconias (Mateus 1:11). Jeconias
também era conhecido por Joaquim ou Conias. Em relação a ele, Deus disse:
“Escrevei que este homem está privado de seus filhos e é homem que não
prosperará nos seus dias; nem prosperará algum da sua geração, para se assentar
no trono de Davi e reinar mais em Judá” (Jeremias 22:30). Este homem foi
ancestral de José, mas não de Maria.
III. Negação do Nascimento Virginal
Muitos teólogos liberais negam o nascimento virginal de Jesus.
Eles acreditam na paternidade humana de Jesus ou que Ele é um filho de José.
Eles o consideram um simples humano. Um grupo de teólogos explica os muitos
versículos bíblicos que designam claramente Jesus como o Filho de Deus dizendo
que todos os homens são filhos de Deus; todos os homens são divinos. Um outro
grupo explica esses versos afirmando que Jesus é o Filho adotivo de Deus. Eles
ensinam que Jesus foi o filho de José por nascimento natural e se tornou o
filho de Deus por adoção. Alguns defensores da teoria da adoção afirmam que
Deus adotou Jesus como seu filho quando Jesus tinha doze anos de idade; outros,
quando Jesus foi batizado no Rio Jordão (Mateus 3:17); enquanto outros, quando
Jesus ressuscitou da morte para a imortalidade (Romanos 1:4). Todas essas
teorias são falsas. Os homens não são todos divinos; Jesus é o único unigênito
Filho de Deus. Jesus é o Filho de Deus por meio do Seu nascimento sobrenatural,
não por meio de adoção. Deus proclamou a Jesus como seu filho no seu batismo e
na transfiguração, e mostrou isso ressuscitando-O da morte; no entanto, o fato
da filiação divina de nosso Salvador era uma realidade desde o Seu nascimento.
IV. Objeções ao Nascimento Virginal Considerados
1. A Negação dos Milagres. A filosofia materialista e a
teologia liberal nega a realidade dos milagres e o sobrenatural. Assim como
outros milagres Bíblicos, a concepção sobrenatural de nosso Senhor é rejeitada
pelos homens que sustentam essas teorias.
2. Jesus Mencionado como Filho de José. Alguns negam que
Jesus é o unigênito Filho de Deus porque Ele é mencionado como filho de José
nos seguintes versos: “Jesus... sendo (como se cuidava) filho de José” (Lucas
3:23); “E disse-lhe sua mãe: Filho, porque fizeste assim para conosco? Eis que
teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos” (Lucas 2:48); “Não é este o filho do
carpinteiro?” (Mateus 13:55); “Não é este o filho de José?” (Lucas 4:22); “Não
é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos?” (João 6:42);
“Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei e de quem escreveram os
profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (João 1:45).
O significado da frase “como se cuidava” em Lucas 3:23 é “como
determinado pela lei” (Bullinger, The Companion Bible). Jesus era o filho de
José por adoção ou de acordo com a lei. As frases nos versos acima que mostram
uma relação de pai e filho entre José e Jesus indicam responsabilidade legal,
mas não a paternidade natural.
Quando Maria encontrou Jesus no templo em Jerusalém, ela
referiu-se a José como seu pai. Ela disse: “Teu pai e eu, ansiosos, te
procurávamos” (Lucas 2:48). Isso era legalmente correto. De acordo com a lei,
José tinha responsabilidade por Jesus. Na resposta de nosso Senhor a Maria, Ele
revelou a identidade de Seu verdadeiro Pai: “Não sabeis que me convém tratar
dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:49).
Os outros versos que fazem referência a Jesus como filho de José
contêm palavras ditas pelo povo de Nazaré e de outros que desconheciam o
nascimento miraculoso de Jesus. A concepção incomum de Jesus não era de
conhecimento público entre os vizinhos e do povo habitante de Nazaré. “E sua
mãe guardava no coração todas essas coisas” (Lucas 2:51). Era natural que as
pessoas se referissem a Jesus como o filho do carpinteiro.
3. A Palavra Hebraica Errada. O nascimento virginal de
Jesus está predito em Isaías 7:14: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz
um filho, e será o seu nome Emanuel”. A palavra hebraica traduzida como
“virgem” neste verso é almah. Almah significa uma donzela ou mulher
jovem. A palavra hebraica para virgem no sentido técnico é bethulah.
Toda bethulah era uma almah, mas nem toda almah era bethulah.
A almah neste verso, contudo, poderia ter sido uma virgem, mas também
poderia ser uma jovem mulher casada.
O uso da palavra hebraica almah em Isaías 7:14 está de
acordo com o plano divino porque o texto é uma profecia dupla. A profecia foi
um sinal para Acaz; isso se cumpriu no fato de que uma jovem mulher casada teve
um filho e outros detalhes da profecia (verso 16) se passaram. Essa profecia
também se referia ao nascimento virginal de Cristo. Se o
hebraico bethulah, virgem, fosse utilizado, a profecia só seria capaz de
ter um cumprimento; isto é, em Maria. O uso da palavra hebraica almah,
jovem mulher, tornou possível à profecia fazer referência a Maria bem como à
jovem mulher no tempo de Isaías. Maria era as duas coisas: uma virgem e uma
jovem mulher.
A profecia é citada como tendo seu cumprimento em Mateus 1:23,
onde a palavra grega para “virgem” é parthenos, uma virgem no sentido
técnico. Essa palavra corresponde ao hebraico bethulah. O equivalente
para almah no Grego é neanis. A versão Revisada da Bíblia em
inglês (Revised Standart Version) indica com precisão a
palavra almah como “uma mulher jovem” em Isaías 7:14,
e parthenos, “uma virgem” em Mateus 1:23 (em português a NTLH faz o
mesmo).
4. As Narrativas do Nascimento Virginal são Espúrias. Visto
que a Bíblia claramente ensina o nascimento virginal de Jesus, os homens que
negam essa verdade se esforçam para eliminar as narrativas do nascimento
virginal na Bíblia. Eles defendem que os escritos que se referem ao nascimento
virginal são espúrios; que eles não são genuínos; que não são inspirados de
Deus. Esses homens afirmam que a narrativa foi inserida na Bíblia séculos
depois para dar suporte a uma falsa doutrina.
Essa objeção não está fundamentada sobre fatos. Os textos que se
referem ao nascimento virginal de Jesus são partes genuínas do Novo Testamento.
Esses versos são encontrados nas mais antigas cópias do Novo Testamento que
estão em posse do homem. As três mais antigas cópias do Novo Testamento,
escritas no quarto e no quinto séculos, são os manuscritos Sinaítico, Vaticano
e Alexandrino. Todos contêm os textos que fazem referência ao nascimento
virginal.
Os homens que viveram durante os séculos entre a vida dos
apóstolos e o Concílio de Nicéia são conhecidos como Pais Antenicenos. Esses
homens escreveram muitas cartas e livros nos quais citavam versos da Bíblia. Os
estudiosos nos contam que estes Pais Antenicenos citaram toda a Bíblia de uma
maneira ou de outra. Esses homens creram no nascimento virginal de Cristo e
citaram as narrativas do nascimento virginal de Mateus e Lucas, as quais eles
reconheceram como parte genuína da Bíblia. O nascimento virginal de Cristo era
crido pela Igreja primitiva desde o princípio e consta nos mais antigos credos
da Cristandade.
5. O Argumento do Silêncio. Uma outra objeção feita contra o
nascimento virginal de Cristo é que está registrado somente em dois evangelhos.
O resto do Novo Testamento, afirmam os opositores, faz silêncio sobre isso.
Eles dizem que os apóstolos não fazem menção desse ensino e nunca pregaram a
respeito, e Paulo não escreveu sobre isso em suas epístolas.
Esta objeção não é válida para rejeição do nascimento virginal de
Cristo. Vários livros do Novo Testamento fazem silêncio a respeito de muitas
verdades Bíblicas. Os assuntos discutidos eram determinados pelo propósito para
o qual os livros foram escritos. Atos dos Apóstolos não faz referência ao
nascimento virginal, mas é preciso lembrar que ele foi escrito pelo mesmo homem
que anteriormente escreveu o Evangelho de Lucas, onde o nascimento de Cristo é
narrado. Algumas parábolas de nosso Senhor estão registradas em apenas um dos
Evangelhos, mas o silêncio dos outros evangelhos não indica que estas parábolas
nunca foram contadas. Algumas das epístolas de Paulo não fazem menção do
batismo ou ao culto de Santa Ceia, mas esse fato não significa que ele não
ensinou e praticou essas ordenanças. Uma verdade da Bíblia seria digna de
confiança mesmo que fosse mencionada uma única vez na Bíblia. O nascimento
virginal de Cristo é mencionado em duas narrativas do nascimento do nosso
Senhor. Essa verdade era crida pelos apóstolos e Paulo referiu-se a ela quando
ele escreveu: “Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher” (Gálatas 4:4).
6. Outras Objeções. Outras objeções levantadas contra o
nascimento virginal de Cristo incluem: a impossibilidade biológica; é de origem
mítica; a história foi inventada por Mateus para mostrar o cumprimento da
profecia; e que existem diferenças entre as narrativas de Mateus e Lucas.
Aquilo que pode ser impossível para o homem é possível para a Partenogênese
de Deus, o desenvolvimento de uma célula de um ovo sem a fertilização de uma
célula de esperma, que tem sido observada, inclusive, em algumas plantas e
animais. Não há similaridade entre o nascimento de Jesus e o nascimento dos
heróis da mitologia pagã. Nenhum dos nascimentos inusitados dos heróis da
mitologia foi um nascimento virginal real. Mateus e Lucas não foram
influenciados pelos mitos pagãos. Eles não inventaram a história do nascimento
de Cristo. Os relatos sobre Seu nascimento não são contraditórios, são
complementares. Não há uma só objeção válida contra a verdade de que Jesus
nasceu de uma virgem, sem um pai humano.
V. A Humanidade de Cristo
Jesus é o Filho do Homem. Ele possui humanidade verdadeira.
Durante o Seu ministério terrestre, Ele era como todos os homens, exceto
por viver sem pecado e manter uma relação única e sobrenatural com Deus.
Através da Sua relação vital com a humanidade, Jesus identificou-se com os
problemas, dores e sofrimentos da raça humana (Hebreus 2:14-18).
Embora Jesus tenha tido uma concepção miraculosa, Ele teve um
nascimento humano (Gálatas 4:4; Lucas 2:7; Gênesis 3:15; Isaías 7:14; Mateus
1:1; Romanos 1:3). Ele teve uma mãe terrena, mas não um pai terreno. Através de
sua mãe, podemos rastrear seus ancestrais até Adão (Lucas 3:23-38). Por meio
dela, Ele é filho de Abraão e filho de Davi. Sendo descendente de Abraão, Ele
veio para cumprir o concerto de Deus com Abraão. Sendo a semente de Davi, Ele
veio para cumprir o concerto de Deus com Davi.
Jesus teve um desenvolvimento humano normal. “E o menino crescia e
se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre
ele” (Lucas 2:40). “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça
para com Deus e os homens” (Lucas 2:52).
Jesus tinha a aparência física de um homem. Ele tinha um corpo
real (Mateus 26:12; João 2:21; Hebreus 10:10; João 1:14; Colossenses 1:22;
Hebreus 2:14- 17). Ele foi feito na semelhança dos homens (Romanos 8:3;
Filipenses 2:7.) Antes de Sua ressurreição para a imortalidade, Ele era mortal
e sujeito às enfermidades pecaminosas da natureza do homem mortal. Ele teve
fome (Mateus 4:2; 21:18); sede (João 19:28); cansaço (João 4:6). Ele foi
tentado (Mateus 4:1; Hebreus 2:18; 4:15); Ele chorou (João 11:35); Ele dormiu
(Mateus 8:24); Ele sofreu (Hebreus 2:9,18; Isaías 53:3,4); Ele morreu (João
19:30,33). Quando Jesus morreu, o fôlego de vida deixou o Seu corpo e retornou
para Deus que o deu. Ele foi sepultado e permaneceu inconsciente na sepultura
até a Sua ressurreição. Depois de Sua ressurreição, Ele mostrou a seus
discípulos que tinha um corpo material real, literal na imortalidade (Lucas
24:39-43).
Nosso Senhor foi chamado repetidamente de homem no Novo Testamento
(João 1:30; 8:40; Atos 2:22; 13:38; Romanos 5:15; 1 Coríntios 15:21,47;
Filipenses 2:8). Como mediador, Ele é “Jesus Cristo, homem” (1 Timóteo 2:5).
Ele retornará à terra como homem (Mateus 16:27,28; 25:31; 26:64) e como homem
julgará o mundo em justiça (Atos 17:31).
O Filho do Homem. A frase mais comum usada por nosso Senhor
para designar-se é “o Filho do Homem”. No Antigo Testamento, a frase refere-se
à humanidade em geral (Números 23:19; Jó 25:6; 35:8; Salmos 8:4; 80:17; 144:3;
146:3; Isaías 51:12; etc.) O título foi usado por noventa vezes em referência
ao profeta Ezequiel. Gabriel uma vez usou o título referindo-se a Daniel
(Daniel 8:17). O título é aplicado ao Messias em Daniel 7:13,14: “Eu estava
olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do
céu um como o Filho do Homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o
fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para
que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído.”
A frase “Filho do Homem” ocorre oitenta e oito vezes no Novo
Testamento e oitenta e quatro vezes nos Evangelhos. Jesus foi a única pessoa a
usar essa frase em referência a Si mesmo, exceto Estevão (Atos 7:56); João
(Apocalipse 1:13; 14:14; João 3:13) e as pessoas que citaram as palavras de
Cristo (João 12:34). Jesus usou esse título para revelar Sua perfeita natureza
humana e relação singular com a humanidade e para identificar-se como o
Messias. Jesus referiu-se a Si como o Filho do Homem em relação a Sua Segunda
vinda em pelo menos vinte e cinco vezes nos Evangelhos. Um exemplo: “E, quando
o Filho do Homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então,
se assentará no trono da sua glória” (Mateus 25:31). Jesus não é meramente um Filho
do Homem; Ele é o Filho do Homem. O título designa ambos Sua
humildade e senhorio. O Filho do Homem é também o Filho de Deus (Mateus
16:13-17).
A importância da humanidade de Cristo pode ser observada em que
Ele está apto a revelar o caráter de Deus para a humanidade, para representar o
homem como segundo Adão, ser o parente remidor do homem, ser o “misericordioso
e fiel supremo sacerdote”, ser o exemplo e padrão para o seu povo, ser o
Cabeça da nova criação, e assentar-se sobre o trono de Davi.
VI. O Relacionamento Divino de Cristo
Jesus é o único unigênito Filho de Deus (João 1:14,18; João
3:16,18; 1 João 4:9). Ele tem uma relação singular com Deus. Esta é uma relação
que nenhum outro homem experimentou. A vida de Cristo entre os homens foi uma
revelação do caráter de Deus. Ele refletiu a santidade de Deus, o amor e a
verdade; Ele mostrou como Deus é (João 1:18; 14:9). Cristo é uma expressão do
ideal de Deus para a humanidade. Ele é a Palavra viva, a incorporação da ideia
divina. Sua vida imaculada revelou a pecaminosidade do homem. O caráter de
Jesus é o padrão moral para a humanidade.
1. O Filho de Deus. A Bíblia claramente ensina que Jesus é o Filho
de Deus. Nosso Salvador refere-se a Deus como Seu Pai e a Si mesmo como Filho
de Deus. Entre as muitas testemunhas que declararam que Jesus é o Filho de Deus
estão: Deus (Mateus 3:17; 17:5); o próprio Jesus (João 9:35-37; 10:36);
Gabriel, o arcanjo (Lucas 1:32,35); João Batista (João 1:34); Natanael (João
1:49); os discípulos (Mateus 14:33); Pedro (Mateus 16:16); Marta (João 11:27);
o centurião (Mateus 27:54); João (João 20:31; 1 João 4:15); e Paulo (Atos 9:20;
Romanos 1:4; 2; Coríntios 1:19).
2. A Importância de Sua Filiação Divina. A filiação divina de
Cristo dá infinito valor à Sua morte sacrificial. Esse fato explica a aptidão
de Cristo para ser o Substituto de muitos pecadores. Um dólar de prata é menor
em número que noventa e nove centavos, entretanto, possui maior valor. Jesus é
uma única pessoa, mas a Sua morte possui maior valor do que a morte de um
número infinito de pecadores. Como Filho de Deus, Jesus é capaz de ser o
porta-voz oficial de Deus e revelar a vontade divina para a humanidade; Ele tem
a autoridade para perdoar pecados, para julgar a humanidade, para ressuscitar e
para dar a vida eterna. Sua filiação divina lhe dá o direito de ser o herdeiro
de todas as coisas; ela lhe dá o direito de governar sobre as nações. A relação
singular de nosso Senhor o habilita para servir como Mediador do pecador e Sumo
sacerdote. Ele tem direito à adoração e louvor.
3. Jesus não é Deus em Si Mesmo. Jesus é divino, mas Ele não
é a Divindade. Ele é de Deus, mas não Deus em Si mesmo. Jesus não é Deus; Ele é
o Filho de Deus. O Pai e o Filho não são idênticos nem iguais. O Pai vivia
antes do Filho; o Filho recebeu a vida do Pai. O Pai é maior do que o Filho.
Os trinitarianos creem que Jesus e Deus são iguais em todos os
sentidos. Eles acreditam que Jesus é uma das três pessoas que constituem um
Deus. Eles sustentam que existe uma única substância, uma inteligência e uma
vontade na Divindade, mas as três pessoas coexistem eternamente nesta única
essência e exercem esta única inteligência e vontade.
Os triteístas acreditam que Jesus é um de três Deuses. Eles
ensinam que Deus é três em essência, bem como em pessoas. Eles afirmam que há
três deuses distintos, unidos em propósito e obras, mas não em essência.
Uma terceira falsa teoria, conhecida como Sabelianismo ou
Monarquismo, é a crença que Deus, Jesus e o Espírito são um em essência bem
como em pessoa. Os que creem nessa teoria afirmam que há uma pessoa divina que
algumas vezes se manifesta como Pai, algumas vezes como Jesus e algumas vezes
como Espírito. Essa visão nega que Jesus e o Pai sejam personalidades
separadas.
Todas as três teorias são falsas. A Bíblia corretamente ensina que
há um único Deus, o Pai, que é um em essência e pessoa. Só existe uma pessoa
que é Deus. A Bíblia ensina que Jesus não é Deus, mas o Filho de Deus. Ele é a
pessoa mais exaltada no universo, ao lado de Deus. Cristo será eternamente
sujeito a Seu Pai, o único Deus Supremo. O Espírito Santo é o poder impessoal
através do qual Deus realiza Suas obras.
Para um estudo detalhado de provas que Jesus não é Deus, veja a
seção II do capítulo “Contra-Trinitarianismo”, que aparece anteriormente neste
livro. De forma resumida, nós observaremos alguns desses fatos. Jesus não é
Deus porque existe uma única pessoa que é Deus e a Bíblia o identifica como
Pai. Jesus é o mediador entre Deus e os
homens, e não pode Ele mesmo ser Deus; um mediador precisa ser uma terceira
parte. Jesus é o Filho de Deus e não pode ser Ele mesmo Deus. Deus é o Deus de
Jesus. Jesus reconheceu o Pai como Seu Deus. Ele revelou que não era
o próprio Deus quando orava a Seu Pai como Deus. A Bíblia mostra Jesus sendo
inferior a Deus. Jesus declarou: “O Pai é maior do que Eu” (João 14:28). Jesus
é inferior a Seu Pai em conhecimento, poder e vida. Deus não pode morrer, mas
Jesus morreu. As posições divinas de nosso Senhor foram derivadas de Deus. As
Escrituras que afirmam que Jesus é a imagem de Deus referem-se ao caráter de
Deus refletido na vida de Cristo. Em poucos registros Jesus recebe o título de
“Deus” (João 20:28; Tito 2:13; Hebreus 1:8). A palavra “Deus” é usada nos
versos em sentido secundário para indicar uma representação de Deus.
Neste sentido secundário, a palavra “Deus” é também aplicada a Moisés (Êxodo
4:16; 7:1); juízes humanos (Êxodo 21:6; 22:8,9,28; 1 Samuel 2:25),;anjos
(Salmos 97:7; Hebreus 1:6),; e aos israelitas (Salmos 82:6,7; João 10:34-36).
Jesus é a representação divina de Deus, mas Ele mesmo não é Deus.
Como Filho de Deus, nosso Senhor é digno da confiança do homem, da
obediência, adoração e louvor. “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e
lhe deu um nome que é sobre todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses
2:9- 11).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva, escrever é dar vida ao seu pensamento