Capítulo LXI
Santificação
Santificação é a obra de Deus na salvação pela qual ele separa o
pecador do mundo, o coloca em solo sagrado e purifica seu coração. Dessa
maneira, o pecador se torna adequado para a obra do Senhor. Santificação,
derivada do latim sanctus, santo,
significa declarar ou fazer santo. Santidade e santificação, como justiça e
justificação, são relacionadas. Aquele que foi santificado é santo. Ele é um
santo. Os termos a seguir são correlacionados: santificar, santificação,
consagrar, aprovação, sancionar, santuário, santo, sagrado, santidade,
venerado, dedicado e consagrado. Santificação indica separação, sacralidade e
pureza.
Os pecadores precisam de santificação. Eles são ímpios, corruptos,
contaminados e profanos (1 Timóteo 1:9; 2 Timóteo 3:2). Nessa condição, eles
não podem habitar na santa presença de Deus nem serem usados em Sua obra
sagrada. Como velhos artigos de prata sobre um monte de lixo, eles foram feitos
para o uso do Mestre, mas, na condição presente, eles não estão adequados a esse
propósito. Eles necessitam ser separados do pecado, dedicados a Deus e
consagrados para a obra.
Santificação tem origem na graça de Deus; é baseada sobre o
sacrifício de Cristo (Hebreus 10:10,14,29; 13:12); está condicionada à fé do
homem (Atos 26:18). Deus realiza Sua obra de santificação através de Seu Filho,
Jesus Cristo. “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito
por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30).
Cristo é a santificação do pecador. Em outras palavras, a santidade de Cristo é
imputada ao crente na conversão. Através de seu relacionamento vital com
Cristo, o crente é santo diante de Deus. Quando uma pessoa entra em Cristo, ele
se coloca em solo sagrado. Ele é separado do mundo e dedicado a Deus. Ele foi
santificado; ele é um santo.
I. Termos Bíblicos para Santificação
A ideia básica de santidade ou santificação na Bíblia é a
separação. O significado essencial do hebraico qodesh e do grego hagiazo
é “separar”. As palavras hebraicas qodesh
e qadesh são derivadas da raiz qad, que significa “cortar”. O que é
santo foi cortado e separado de todos os demais. Foi colocado à parte, colocado
numa posição especial, classe ou categoria, e designado para um propósito
específico. Foi separado de um propósito comum para a obra de Deus. O pensamento
fundamental associado com santidade diz respeito à posição ou relacionamento
que existe entre Deus e alguma pessoa ou coisa que é consagrada a Ele. Separada
de outras nações, Israel foi uma nação santa. Entre as muitas tendas de Israel
no deserto, o tabernáculo era uma estrutura santa, a tenda sagrada. Jerusalém
era uma cidade santa: “a cidade do grande Rei”. As Escrituras são escritos
sagrados, separados de todos os outros livros.
A santidade é o atributo mais importante de Deus (confira o
capítulo XV). Os dois aspectos da santidade de Deus são excelência e pureza. A
santidade de Deus é a gloriosa plenitude de Sua excelência moral, a infinita
soma de Sua perfeita bondade. Isso transmite o pensamento de Sua unidade e
transcendência. Ele é retratado como aquele que “habita na luz inacessível ao
homem; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver” (1 Timóteo 6:16). A santidade
de Deus refere-se também à Sua absoluta pureza moral, Sua imunidade ao pecado,
Seu caráter imaculado. Deus não pode pecar nem aprovar o pecado. A santidade de
Deus inclui os pensamentos de separação e pureza. Em Sua transcendência, Deus
está separado de Suas criaturas. Em relação ao pecado, Ele é infinitamente
puro. Ele exclui de Si mesmo tudo o que contradiz Sua natureza divina. A santidade
não é somente um atributo de Deus, mas também um requisito para Seu povo. “Mas,
como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a maneira de
viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro
1:15,16).
O substantivo grego hagiasmos,
traduzido como “santidade” e “santificação”, ocorre dez vezes no Novo
Testamento (Romanos 6:19,22; 1 Coríntios 1:30; 1 Tessalonicenses 4:3,4,7; 2
Tessalonicenses 2:13; 1 Timóteo 2:15; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1: 2). O
substantivo hagiousne, traduzido
“santidade”, ocorre três vezes (Romanos 1:4; 2 Coríntios 7:1; 1 Tessalonicenses
3:13). Hagiotes ocorre em Hebreus
12:10. O substantivo grego hosiotes é
traduzido “santidade” em Lucas 1:75 e Efésios 4:24. O verbo grego hagiazo ocorre vinte e oito vezes. Ele é
traduzido “santificado” duas vezes (Mateus 6:9; Lucas 11:2) e “santificar”
vinte e seis vezes. Esse verbo é utilizado de forma tríplice. 1) Para confirmar
ou reconhecer algo como sendo santo (Mateus 6:9; Lucas 11:2; 1 Pedro 3:15); 2) separar
um objeto ou uma pessoa do uso ordinário para um propósito sagrado (Mateus
23:17,19; João 10:36; 17:19; 2 Timóteo 2:21; etc); 3) purificar ou produzir uma
qualidade interior de santidade (João 17:17; Efésios 5:26; 1Tessalonicenses
5:23 e outros). O adjetivo grego hagios
aparece cerca de duzentas e trinta e cinco vezes no Testamento Grego. É
traduzido “santo” cento e sessenta vezes. É usado como pneuma noventa e três vezes. É traduzido como “santo” cento e
sessenta e uma vezes. É usado como pneuma
noventa e três vezes. É traduzido “santo” ou “santos” sessenta e duas vezes. O
adjetivo hagios é usado também de
forma tríplice como o verbo hagiazo.
O adjetivo hosios ocorre oito vezes;
o advérbio hosios aparece em 1
Tessalonicenses 2:10; o adjetivo hieros
ocorre em 1 Coríntios 9:13; Colossenses 4:13; 2 Timóteo 3:15.
Santificação
João 17:17 Santifica-os
na verdade
João 17:19 Sejam
santificados na verdade
Atos 20:32 Entre
todos os santificados
Atos 26:18 Santificados
pela fé em mim
Romanos 15:16 Santificada
pelo Espírito Santo
1 Coríntios 1:2 Santificados
em Cristo Jesus
1 Coríntios 1:30 Para
nós foi feito santificação
1 Coríntios 6:11 Haveis
sido santificados
Efésios 5:26 Para
santificá-la, purificando-a
1 Tessalonicenses 4:3 Vontade
de Deus, a vossa santificação
1 Tessalonicenses 4:4 Possuir
o seu vaso em santificação
1 Tessalonicenses 5:23 Deus
de paz vos santifique em tudo
2 Tessalonicenses 2:13 Santificação
do Espírito
2 Timóteo 2:21 Vaso
para honra, santificado
Hebreus 2:11 Os
que são santificados
Hebreus 10:10 Temos
sido santificados
Hebreus 10:14 Os
que são santificados
Hebreus 10:29 Sangue
com que foi santificado
Hebreus 13:12 Santificar
o povo pelo seu próprio sangue
1 Pedro 1:2 Em
santificação do Espírito
Santidade
Lucas 1:74,75 Em santidade e justiça perante ele
Romanos 6:19 Servirem
à justiça para a santificação
Romanos 6:22 O
vosso fruto para a santificação
Romanos 12:1 Santo
e agradável a Deus
1 Coríntios 3:17 O
templo de Deus, que sois vós, é santo
2 Coríntios 7:1 A
santificação no temor de Deus
Efésios 1:4 Santos
e irrepreensíveis diante dele
Efésios 4:24 Criado
em verdadeira justiça e santidade
Efésios 5:27 Apresentar-se
santa e irrepreensível
Colossenses 1:22 Vos
apresentar santos e irrepreensíveis
Colossenses 3:12 Eleitos
de Deus, santos e amados
1 Tessalonicenses 3:13 Sejais
irrepreensíveis em santidade
1 Tessalonicenses 4:7 Vos
chamou para a santificação
1 Timóteo 2:15 No
amor e na santificação
2 Timóteo 1:9 Nos chamou com uma santa vocação
Tito 1:8 Amigo
do bem, moderado, justo, santo
Tito 2:3 Como
convém a santas
Hebreus 12:10 Participantes
da sua santidade
Hebreus 12:14 Segui
a paz com todos e a santificação
1 Pedro 1:15,16 Sede
santos em toda vossa maneira de viver
II. Dois Aspectos da Santificação
Existem dois aspectos da santificação ou santidade. O primeiro é a
separação externa ou sacralidade; o segundo é a pureza interior. O primeiro é a
santificação posicional; o segundo é a santificação experimental. A santidade
exterior é a santidade de posição; pureza interior é a santidade de condição. O
primeiro é santidade cerimonial; o último, a santidade moral. Na Bíblia,
santidade posicional é aplicada a lugares (Êxodo 3:5; Deuteronômio 23:14;
Zacarias 2:13; Neemias 11:1; Mateus 4:5; Salmos 2:6); objetos (Êxodo 29:43; 1
Reis 9:3; Êxodo 25:8; 29:36; Lucas 1:72; Romanos 1:2); tempos (Êxodo 20:8,11;
Joel 1:14; Levítico 25:10); e pessoas (Êxodo 13:2; Deuteronômio 7:6; Salmos
89:7; Joel 2:16; Atos 3:21). A pureza ou santidade de condição é aplicada somente
a pessoas. Israel, como uma nação, era exteriormente santa (Deuteronômio 7:6);
os indivíduos, porém, frequentemente eram impuros internamente. A santificação
dos crentes inclui ambos: a santidade de posição e a santidade de condição;
sacralidade e pureza interior.
1. Sacralidade. O crente experimenta santidade posicional na conversão. A
santidade de Cristo é imputada ao crente (1 Coríntios 1:30). “Fomos
santificados por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez
por todas” (Hebreus 10:10 NVI). “Por meio de um único sacrifício, ele
aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hebreus 10:14 NVI).
Quando o crente é reconciliado e adotado e justificado, ele é também
santificado (1 Coríntios 6:11). Essas bênçãos ocorrem simultaneamente dentro do
cristão. Quando alguém entra em Cristo mediante a conversão, ele se coloca em
solo sagrado. Em seu relacionamento externo e legal com Deus, ele é
santificado; ele é um santo. Uma pessoa se torna um santo tão logo se faz um cristão.
Paulo se referiu a todos os crentes como santos. Os Coríntios eram
“santificados em Jesus Cristo, chamados para serem santos” (1 Coríntios 1:2 NVI),
no que diz respeito à sua posição diante de Deus. Interiormente, entretanto,
eles eram carnais e Paulo buscou corrigir seus erros (1 Coríntios 3:1-4; 5:1,2;
6:1,7,8). Os Coríntios permaneciam em solo santo, mas não viviam vidas santas.
2. Pureza Interior. O crente não só se posiciona em solo sagrado em Cristo, mas ele
também mantém um caminhar santo através da obediência a Cristo. O crente deve
se tornar santo em seus pensamentos e ações assim como na sua posição diante de
Deus. Ele deve se tornar internamente puro assim como é exteriormente sagrado.
Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
Paulo escreveu: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a
Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios
5:25-27).
III. Tempo de Santificação
A santidade de posição se efetiva imediatamente quando o crente
entra em Cristo. Quando ele sai das águas do batismo ele se coloca em solo
sagrado. Ele mantém essa posição durante o tempo em que ele habita em Cristo. A
sua posição em solo santo se torna possível pelo sacrifício de Cristo. A
santidade do caráter interior do crente resulta de um processo progressivo. Esse
processo começa quando Cristo entra no crente e continua no decorrer da vida. O
cristão deve crescer “na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18). “E o Senhor vos aumente e faça crescer em amor
uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco; para
confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante
de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus
santos” (1 Tessalonicenses 3:12,13). (Veja também 1 Tessalonicenses 4:1,10;
Efésios 4:12-16; 2 Coríntios 3:18; Filipenses 3:10-15).
IV. Preparado para o Uso do Mestre
A doutrina do perdão é ilustrada por um banco; a justificação, por
uma corte de justiça; a reconciliação, por palácio real; a redenção, por um
mercado de escravos. A doutrina da santificação é ilustrada por um templo
sagrado e pessoas e objetos santos aplicados no serviço religioso. A
santificação retrata os pecadores como sendo separados do mundo e dedicados ao
serviço de Deus.
Os crentes são descritos como templos ou santuários nos quais Deus
e Seu Filho habitam. Na época do Antigo Testamento, Deus habitou no templo de
Israel mediante a Sua glória do shekinah
(2 Crônicas 5:14); hoje, Ele habita dentro dos crentes santificados através do
Seu Espírito. Paulo escreveu: “Não sabei vós que sois o templo de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o
destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios
3:16,17). “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso
espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:19,20). “E que consenso tem
o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como
Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e
não toqueis nada imundo, e eu vos receberei” (2 Coríntios 6:16,17). Assim como
a imundície foi removida dos lugares santos no tempo de Ezequias (2 Crônicas
29:5,15-18), e os cambistas foram expulsos do templo por nosso Senhor (Mateus
21:12,13), a vida dos crentes precisa ser purificada de modo que a santa
presença de Deus possa habitar nela.
Viva Tua vida em mim, O
templo foi entregue,
Ó Jesus, Rei dos reis! E purificado do pecado;
Esteja em Ti mesmo a resposta Permita
que a glória da Shekiná
Para todas as minhas
questões Brilhe agora em seu interior.
Viva Tua vida em mim, E
toda terra silencie
Que seja tudo à sua
maneira! De agora em diante o corpo será
E eu, um instrumento transparente Em
Teu silêncio, doce servo,
Tua glória deixarei ver. Movido somente por Ti.
F.
R. Havergal, 1836-1879.
Os crentes santificados são também descritos como vasos adequados
para o uso do Mestre. Paulo escreveu a Timóteo: “e qualquer que profere o nome
de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos
de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros,
porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destss coisas, será
vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda
boa obra” (2 Timóteo 2:19-21). Aos romanos, Paulo escreveu: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1).
“Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de
iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça. Assim apresentai agora os vossos
membros para servirem à justiça para a santificação. Mas, agora, libertados do
pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por
fim a vida eterna” (Romanos 6:13,19,22).
A santificação dos crentes é retratada pelos materiais com os
quais os israelitas contribuíram para a construção do tabernáculo e sua mobília
no deserto. Os israelitas se apropriaram do ouro e da prata dos egípcios antes
que começassem a jornada pelo deserto (Êxodo 11:2,3). Os braceletes egípcios,
os brincos, anéis, pulseiras, gargantilhas e joias de ouro foram trazidos como
ofertas para o Senhor (Êxodo 35:5; 36:7). Bezalel e seus companheiros operários
transformaram esse material em móveis e vasos para o santo tabernáculo. Da
mesma maneira, os pecadores são separados do mundo através da santificação,
sendo limpos, purificados e adequados para o uso do Mestre.
Alguém pode ilustrar a santificação visualizando um piano de bar,
desafinado e coberto de cigarros e manchas de álcool, sendo utilizado para
tocar música ruim para uma multidão de bêbados. Porém, uma pessoa adquire o
piano, o afina, dá polimento à sua superfície e o coloca em uma igreja onde
será dedicado a produzir música religiosa no culto ao Senhor.
V. Todo Cristão é Um Santo
De acordo com a Bíblia, todo cristão é um santo. Entretanto, a
Igreja Romana usa essa palavra para se referir a uma pessoa que foi canonizada
depois de sua morte. A santidade é tratada como uma “edição especial de luxo”
da vida cristã. De acordo com essa visão, a santidade está limitada a pessoas
de extraordinária piedade. Essa visão não é bíblica. A veneração e adoração dos
santos mortos começou com a ascensão da Igreja Papal, que adaptou essa prática
da adoração pagã aos mortos. Na Igreja Católica de hoje, a canonização dos
santos é resultado de um processo cuidadoso e bem regulado.
O candidato, havendo morrido em boa
reputação, é primeiramente designado como “de pia memória”, e quando uma
investigação regular houver sido feita, como “venerável.” Se de forma
conclusiva for mostrado que ele viveu uma vida santa e operou milagres, sua
beatificação pode ser requerida, mas normalmente só depois de cinquenta anos de
sua morte. O processo é primeiramente conduzido pelo bispo do lugar onde ele
vivia; uma comissão da Congregação de Ritos examina se isso é permitido, e
neste caso a autoridade papal para prosseguir é concedida. Para fazer a
demonstração necessária de que o candidato possuiu virtudes “heroicas” e operou
milagres, são feitas três investigações em separado - uma diante da Congregação
de Ritos, uma perante o pleno do colégio de cardeais e uma diante do
consistório dirigido sob a presidência papal. Quando o papa aprova a
requisição, um resumo é redigido, o qual garante o título de beatus, e
define o limite do consequente cultus, incluindo a comemoração e
invocação em adoração pública, o erigir de altares, a exposição pública de
relíquias, e outras tais. A publicação solene do decreto de beatificação ocorre
na praça de São Pedro. Depois de repetidos milagres e um processo similar de
investigação, a canonização pode se seguir mais tarde, com mais cerimônias
imponentes, com o papa ou seus representantes rezando uma grande missa em honra
ao novo santo (The New Schaff-Herzog
Encyclopedia of Religious Knowledge (Vol. II, pág. 400).
Em contraste a essa prática Romana, a Bíblia mostra todo crente
como um santo. Um crente se torna um santo não quando ele morre, mas quando ele
entra em Cristo e se torna um cristão. O Novo Testamento refere-se a todos os cristãos
como santos, independente de suas realizações espirituais (Romanos 1:7; 1
Coríntios 1:2; 2 Coríntios 1:1; 13:13; Efésios 1:1; 4:12; Filipenses 1:1; 4:21;
Colossenses 1:2,4,26; Hebreus 13:24; etc.).
Os vitrais nas janelas das catedrais europeias normalmente mostram
pessoas famosas da história da igreja. Depois de visitar uma dessas catedrais,
alguém descreveu um “santo” como uma pessoa através de quem brilha uma luz. A
verdade inclusa nessa ilustração é que o crente foi separado do mundo, dedicado
a Deus e consagrado para o Seu serviço. Esvaziado do egoísmo e do pecado, o crente
rendido se torna um veículo transparente através do qual a luz de Deus pode
brilhar.
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