sexta-feira, 24 de março de 2017

Capítulo XLII - Profeta, Sacerdote e Rei


Capítulo XLII

Profeta, Sacerdote e Rei

Jesus é Profeta, Sacerdote e Rei. Ele ensina, reconcilia e governa. As obras proféticas, sacerdotais e reais de nosso Senhor são três funções de Seu único ofício mediador.

Sendo desviados pelo erro e ignorância, os homens precisam de luz espiritual e conhecimento; eles precisam de um profeta ou instrutor. Sendo corrompidos e culpados, os homens precisam de purificação e perdão; eles precisam de um sacerdote. Estando sujeitos a uma disposição para a rebelião, os homens necessitam de disciplina e verdadeira liberdade; eles necessitam de um rei. Os homens, sendo ignorantes, pecadores e rebeldes, precisam de Cristo, o Mediador, como seu Profeta, Sacerdote e Rei.

Cristo é um profeta semelhante a Moisés (Deuteronômio 18:15,18). Ele é um sacerdote semelhante a Melquisedeque (Salmos 110:4; Hebreus 5:5-10; 7:1-3). Ele é um Rei semelhante a Davi (2 Samuel 7; Isaías 9:7; Lucas 1:31-33).

Nas sinagogas judaicas, o objeto mais sagrado é a Torá, os cinco livros da lei. Sobre a Torá estão três coroas: a coroa da Lei, a coroa do Sacerdócio e a coroa do Reino. A história e glória dos israelitas estão centralizadas nesses três ofícios divinamente instituídos. O rei governava sobre os homens em lugar de Deus; o sacerdote falava com Deus em lugar dos homens; o profeta falava aos homens em lugar de Deus. As três principais unções no Antigo Testamento eram a unção dos reis (1 Samuel 10:1; 16:12-13), a unção dos profetas (1 Reis 19:16) e a unção dos sacerdotes (Levíticos 8:12; Salmos 133:2). Esses três grupos de homens eram separados para executarem obras especiais para Deus.  Sua unção significava que eles estavam investidos da autoridade divina; o óleo da unção simbolizava o Espírito de Deus. Os títulos “Messias” e “Cristo” significam “o Ungido”. Como Messias e Cristo, Jesus recebeu a unção de Deus para ser Seu Rei, Profeta e Sacerdote.

Como Profeta, Jesus é o divino instrutor; Ele é o porta-voz de Deus. Ele disse: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres” (Lucas 4:18). Jesus cumpriu o ofício de profeta ensinando, pregando e operando milagres. Ele anunciou a vontade Deus e previu eventos futuros; Seus ensinos incluíram preceitos sobre uma conduta correta e profecias sobre o futuro. Como Sacerdote, Jesus fez a obra de expiação, intercessão e bênção. Ele se ofereceu como o Cordeiro sacrificial pelos pecadores. Ele é Intercessor e Advogado dos crentes.  Como Rei, Jesus tem autoridade divina para ser Rei dos reis e governar sobre toda a terra na Sua segunda vinda.

É muito importante que não se confunda o triplo ofício de Cristo como Mediador com o tríplice ministério de Cristo. Quando nós mencionamos o tríplice ministério de Cristo, nós nos referimos ao Seu ministério terreno, celestial e novo ministério terreno. Quando nós mencionamos Seu triplo ofício como Mediador, nós nos referimos a Sua posição como Rei, Sacerdote e Profeta. O tríplice ministério de Cristo é determinado por períodos de tempo: passado, presente e futuro. O triplo ofício do Mediador é determinado pelas três posições que Ele ocupa: Profeta, Sacerdote e Rei.

Algumas vezes um pensamento enganoso dá conta de que a obra de Cristo como Profeta ou Instrutor está limitada ao Seu ministério terreno, Sua obra como Sacerdote está confinada ao Seu ministério celestial, e Sua posição como Rei está limitada ao Seu novo ministério terreno. Os homens que ensinam essa falsa doutrina afirmam que Jesus atuou como Profeta somente durante Seu ministério terreno, que Ele não ensinou nada desde que subiu ao céu, e que Ele nunca mais ensinará no futuro. Eles ensinam que Jesus é um Sacerdote hoje, mas que Ele não serviu como sacerdote durante Seu ministério terreno e não servirá como sacerdote durante Seu novo ministério terreno. Essas ideias não são bíblicas. O ofício de nosso Senhor como Profeta ou Instrutor está relacionado a todos os Seus três ofícios. Durante Seu ministério terreno, Ele ensinou parábolas, preceitos e profecias. Depois de ter subido ao céu, Ele revelou verdades adicionais aos apóstolos através de Seu Espírito. Em Seu futuro reinado, Ele ensinará as nações viventes. Além disso, a obra de Cristo como Sacerdote não está limitada ao Seu ministério celestial. Durante o Seu ministério terreno, Ele ofereceu a Si mesmo como sacrifício e fez intercessão pelos Seus seguidores. Em Seu novo ministério terreno, Ele será Sacerdote, assim como Rei e Profeta. Está claro, portanto, que o tríplice ministério de Cristo e Seus três ofícios como Mediador não são idênticos.

Capítulo XLI - O Tríplice Ministério de Cristo


Capítulo XLI

O Tríplice Ministério de Cristo

Uma apresentação adequada do Evangelho deve revelar a Cristo em toda Sua plenitude como Sacrifício, Detentor do Poder e Rei Vindouro. Os teólogos e pregadores devem enfatizar igualmente o sangue de Cristo, o poder transformador de Cristo e o reino vindouro de Cristo. É de fundamental importância que os crentes reconheçam os detalhes e as relações do ministério tríplice de Cristo.


I. Os Três Ministérios de Cristo

Os três ministérios de nosso Senhor são Seu ministério terreno, Seu ministério celestial e Seu novo ministério terreno. Nosso Salvador teve um ministério terreno no passado; Ele tem um ministério celestial no presente; Ele terá um novo ministério terreno no futuro.

O ministério terreno de Cristo começou no seu batismo no Rio Jordão e continuou até a Sua ascensão ao céu. Seu ministério celestial começou quando Ele ascendeu aos céus e continuará até que Ele retorne à terra. O novo ministério terreno de Cristo começará quando Ele retornar à terra e continuará por toda a eternidade. A ascensão de Cristo ao céu, portanto, marcou o fim de Seu ministério terreno e deu início ao Seu ministério celestial. A futura descida do céu marcará o fim do ministério celestial de Jesus e o começo de Seu novo ministério terreno.

O ministério terrestre de Cristo está retratado nos quatro Evangelhos. Seu  ministério celestial está descrito em Atos dos Apóstolos, explicado nas cartas dos apóstolos e testemunhado por toda a história subsequente da Igreja verdadeira. O novo ministério terreno de Cristo está descrito em Apocalipse e outros escritos proféticos.

1. A Obra do Ministério Terrestre de Cristo. A obra excepcional que Cristo realizou durante o Seu ministério terreno é que Ele proveu a base para a salvação por meio de Sua perfeita obediência, Sua morte sacrificial e Sua gloriosa ressurreição. O ministério terreno de Cristo tornou possível Seu ministério celestial e novo ministério terreno. Jesus não poderia salvar os homens do poder do pecado e da presença do pecado até que lhes tornasse possível serem salvos da pena do pecado.

2. A Obra de Seu Ministério Celestial. Através de Seu ministério celestial, nosso Senhor torna possível a aplicação da salvação. A aplicação da salvação se faz possível pela força do Seu poder e presença, o Espírito Santo, através do qual Ele habita dentro do crente. Através de seu poder, Cristo transforma o crente fiel, rendido e obediente em Sua semelhança moral. Essa é a obra que Cristo faz hoje durante Seu ministério celestial.

O plano de Deus para todos é que sejam conforme a imagem de Seu Filho. A intenção de Deus é que as novas criaturas em Cristo Jesus sejam o reflexo de Seu Filho, que é o princípio da nova criação. Através da ressurreição para a imortalidade, os crentes compartilharão a semelhança física de Cristo. Através da transformação do caráter e da reforma da conduta atual, eles compartilham Sua semelhança moral. A mudança de caráter no homem deve vir antes da sua mudança física. Devemos ter a mente semelhante à de Cristo antes de ter um corpo semelhante ao de Cristo. Devemos tomar parte dos benefícios do ministério terreno de Cristo (Seu sacrifício) e de Seu ministério celestial (Seu poder que habita em nós) antes de tomar parte nos benefícios de Seu novo ministério terreno (ressurreição para a imortalidade e glória).

3. A Obra do Seu Novo Ministério Terreno. Em Seu novo ministério terreno, Cristo tornará possível a consumação da salvação na vida dos santos glorificados. Quando Jesus retornar, Ele transformará o corpo do crente da mortalidade para a imortalidade. A Igreja verdadeira será completa, reunida e glorificada com Cristo. Nosso planeta experimentará uma transformação redentora. A terra será restaurada à sua pureza original Edênica e se tornará o paraíso eterno de Deus.


II. Três Figuras de Cristo

Os três ministérios de Cristo apresentam três figuras de nosso glorioso Senhor. Em Seu ministério terreno, Ele foi o Sacrifício em sofrimento; em Seu ministério celestial, Ele é Intercessor e Senhor da transformação; no Seu novo ministério terreno, Ele será o Rei dos reis, reinando em Seu trono de glória. Em Seu ministério terreno, nós vemos Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus, sobre a cruz e ao lado da sepultura vazia. Em Seu ministério celeste, nós vemos a figura de Jesus à destra de Deus. Em Seu novo ministério terreno, nós vemos o Rei em Seu trono.


1. Três Aparições. O tríplice ministério de Cristo é descrito em Hebreus 9 pela tripla ocorrência da palavra “aparecer”. Hebreus 9:26 refere-se ao Seu ministério terreno: “Mas agora ele apareceu uma vez por todas nos fins dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de Si mesmo” (NVI). Hebreus 9:24 descreve Seu ministério celestial: “Cristo não entrou num lugar santo feito por seres humanos, que é a cópia do verdadeiro Lugar. Ele entrou no próprio céu, onde agora aparece na presença de Deus para pedir em nosso favor” (NTLH). Hebreus 9:28 refere-se ao Seu novo ministério terreno: “Aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. A primeira aparição de Cristo foi como um Sacrifício pelo pecado. Sua segunda aparição é no céu na presença de Deus como Advogado e Intercessor. Sua terceira aparição será na Sua segunda vinda, quando Ele retornar à terra.


2. Três Pastores. O tríplice ministério de Cristo é representado no Novo Testamento por três adjetivos que O descrevem como Pastor.

Jesus disse: “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Em Seu ministério terreno, Ele mostrou-Se como o Bom Pastor quando se entregou para a morte sacrificial pelas Suas ovelhas.

A bênção registrada em Hebreus 13:20,21 apresenta Jesus como o Grande Pastor em Seu ministério celestial hoje: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja a glória para todo o sempre. Amém”. O Cristo ressuscitado é o Grande Pastor que, através do Seu Espírito, opera na vida dos crentes. Ele os transforma à Sua semelhança e produz em suas vidas o que é agradável aos olhos de Deus. Observe que a obra de Cristo como Bom Pastor era externa ao cristão. Ele fez algo pelo cristão. Por outro lado, Sua obra como Grande Pastor é interna, dentro do cristão. Hoje Ele faz algo no cristão. Como Bom Pastor, Jesus criou o relacionamento legal adequado entre o crente e Deus; como Grande Pastor, Ele torna possível a própria relação vital. Através Dele, os cristãos têm um contato vivo com Deus.

No Seu novo ministério terreno no futuro, Jesus é descrito como Sumo Pastor: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pedro 5:4).


3. Três Coroas. Três coroas são prometidas aos crentes: a coroa da vida (Apocalipse 2:10; Tiago 1:12), a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8) e a coroa de glória (1 Pedro 5:4). O pecado resulta em sofrimento e morte. Justiça é o oposto de pecado; glória é o oposto de sofrimento; vida é o oposto de morte.

Estas três coroas correspondem ao tríplice ministério de Cristo: a coroa da vida, para o Seu ministério terreno; a coroa da justiça, para o Seu ministério celestial; a coroa de glória, para o Seu novo ministério terreno. Cristo, como Bom Pastor, deu a Sua vida para que possamos receber a coroa da vida. Como Grande Pastor, ressuscitado dentre os mortos, Ele produz o fruto da justiça em nossas vidas através de Seu Espírito. Quando Ele, o justo Juiz, aparecer, nos será dada a coroa da justiça. Como Sumo Pastor, Ele virá em glória, removerá todo o sofrimento e nos dará a coroa da glória.


4. Três Salmos. O tríplice ministério de Cristo é descrito nos Salmos 22,  23 e 24. Salmos 22 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério terreno, descrevendo detalhes de Sua crucificação. Salmos 23 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério celestial como o Pastor dos crentes. Descreve as bênçãos espirituais que os crentes recebem Dele atualmente. Salmos 24 revela a imagem de Jesus como Rei da Glória, que deve governar na terra durante Seu novo ministério terreno. Os três Salmos em ordem consecutiva, portanto, apresentam o tríplice ministério de Cristo.

Muitos não-cristãos lêem o Salmos 23 pensando que é uma poesia amável aplicada a eles. Não se pode ter a Cristo como Pastor até que alguém se torne ovelha desse Pastor. Não se pode entrar nas bênçãos do Salmos 23 e Salmos 24 até que se aproprie das bênçãos do Salmos 22.

5. Três Tipos. É interessante notar que a tipologia de Gênesis 22 corresponde à profecia do Salmos 22, e que a tipologia de Gênesis 24 corresponde à profecia do Salmos 24. Além disso, os eventos tipificados em Gênesis 23 ocorrem dentro do mesmo período de tempo em que as bênçãos do Salmos 23 são recebidas, isto é, durante o ministério celestial de Cristo. 

Gênesis 22 relata a história do sacrifício de Isaque, o único filho de Abraão. Esta história é uma figura da crucificação de Cristo, como foi profetizado no Salmos 22 e cumprido durante Seu ministério terreno. Gênesis 24 relata a história do casamento de Isaque com Rebeca. Essa é a tipificação do casamento entre o Cordeiro e a Igreja, que ocorrerá no princípio do novo ministério terreno de Jesus, como mostra o Salmos 24. O Salmos 23 figura o ministério celestial de Cristo durante a era da Igreja e os benefícios espirituais desfrutados pelos cristãos. Gênesis 23 mostra os eventos que estão acontecendo aos judeus durante o mesmo período de tempo. Gênesis 23 registra a morte e o enterro de Sara. Sara, a esposa de Abraão, é o tipo de Israel, a antiga esposa figurativa de Deus. Assim como Sara morreu e foi enterrada no meio de nações gentílicas, assim devem os judeus, durante a era da Igreja, morrerem como nação e serem sepultados entre as nações.


III. Revelado na Santa Ceia

A Santa Ceia, instituída por nosso Senhor, é um testemunho de Seu tríplice ministério. Esse culto comporta uma relação com o passado, presente e futuro.

1. Seu Ministério Terreno. Os cristãos participam da Ceia, antes de tudo, em memória da morte sacrificial de Cristo. Ele disse: “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24,25). Os redimidos sempre serão lembrados que são pecadores salvos somente pela graça de Deus e pelo sangue de Cristo.

2. Seu Ministério Celestial. A Santa Ceia também é um testemunho do ministério celestial de Cristo. Participando do pão e do cálice, o crente testifica a constante comunhão que ele mantém com o seu vívido Senhor. Ceia significa comunhão. O cálice representa o sangue de Cristo não somente como ofertado em Sua morte, mas também como o poder de vida que o cristão recebe momento a momento do seu Senhor ressurreto. A vida está no sangue (Levítico 17:11,14). Como um doente enfraquecido recebe a transfusão de sangue de um amigo saudável, assim os cristãos recebem de Jesus Cristo uma constante transfusão de vida. Momento após momento, o poder vital de Cristo flui de Seu coração para a vida do cristão.  O crente tem novidade de vida e força para o serviço somente porque Cristo o supre constantemente dessas bênçãos. O partir do pão revela que o crente é parte da Igreja, o corpo de Cristo. O cálice mostra que ele recebe um fluxo de novidade de vida proveniente do Cristo vivo.

3. Seu Novo Ministério Terreno. Em terceiro lugar, a Santa Ceia é profética quanto ao novo ministério terreno de Jesus. Jesus disse: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai” (Mateus 26:29). Paulo escreveu: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Coríntios 11:26).

IV. A Tríplice Salvação

O evangelho da salvação, centrado na pessoa e na obra de Cristo, pode ser prontamente designado “O Evangelho Tríplice”. A salvação do pecador depende da obra de Cristo em Seus três ministérios. O tríplice ministério de Cristo resulta na tríplice salvação do crente. Na experiência cristã, existe a salvação passada, a qual é um fato consumado; existe a salvação presente, a qual é um processo progressivo; e existe uma salvação futura, que é uma esperança prometida. Portanto, o crente pode verdadeiramente dizer: “Eu fui salvo, eu estou sendo salvo, e eu serei salvo”.

1. Salvação da Pena do Pecado. Pela Sua morte sacrificial, Jesus nos salvou da pena do pecado. Ele pagou o salário do pecado por nós. Ele removeu nossa culpa e condenação. Quando o pecador aceita o sacrifício de Cristo através da conversão, ele é salvo da penalidade do pecado. Agora já não há nenhuma condenação sobre ele (Romanos 8:1); ele está justificado perante Deus.

2. Salvação do Poder do Pecado. Quando Cristo habita em nossas vidas através de Seu poder, Ele progressivamente nos salva do poder do pecado. O poder do pecado é a influência que o pecado e o hábito pecaminoso exercem sobre o pecador. O poder de Cristo faz um contrapeso ao poder do individualismo, a mente carnal. Andando em Espírito, o crente não cumpre o desejo da carne (Gálatas 5:16). Somente o poder de Cristo pode libertar do poder do pecado. Quando alguém se rende ao poder transformador de Cristo e vive em verdadeira obediência a Ele como Senhor, ele é progressivamente salvo do poder do pecado.

3. Salvação da Presença do Pecado. A presença do pecado é a evidência do pecado em um ambiente. Quando Cristo retornar à terra e começar Seu novo ministério terrestre, Ele nos salvará da presença do pecado. Toda evidência do pecado será eventualmente removida; os pecadores serão destruídos. Ele transformará nosso ambiente, este planeta, de maneira que “a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”.


V. Tríplice Relacionamento

O ministério terreno de Cristo foi caracterizado pelo que Ele fez por nós. Cristo morreu pelos pecadores. O ministério celestial de Cristo é indicado pelo que Ele faz em nós. Cristo habita no crente através de Seu poder transformador. O novo ministério terreno de Cristo será caracterizado pelo que Ele fará para nós e conosco. Cristo transformará o corpo do crente e fará dos santos glorificados coerdeiros juntamente com Ele.

O que Cristo fez por nós em Sua crucificação e ressurreição é externo a nós. O que Ele está fazendo em nós através do Seu poder transformador é interno a nós. O que Cristo vai fazer para nós e conosco no amanhã glorioso de Deus será eterno para nós.

A obra do ministério terreno de Cristo torna possível nossa mudança de posição perante Deus, nossa justificação. A obra de Cristo no ministério celestial torna possível a transformação de nosso caráter e a reforma de nossa conduta. A obra de Cristo no novo ministério terreno resultará na redenção de nossos corpos da mortalidade para a imortalidade. Seus três ministérios podem ser resumidos pelas palavras: justificação, transformação e glorificação.

Quando o crente aceita os benefícios do ministério terreno de Cristo através do arrependimento, fé e batismo, ele se reveste de Cristo (Gálatas 3:27). Ele está em Cristo; ele tem uma nova posição diante de Deus. Quando ele entra nos benefícios do ministério celestial de Cristo e permite a Cristo transformar sua vida, Cristo está no crente. Quando o crente tomar parte nos resultados do novo ministério terreno de Cristo através da ressurreição para a imortalidade, ele estará com Cristo.

Cristo, o Cordeiro sacrificado, oferece paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1). Cristo, o Senhor que habita em nós, oferece a paz de Deus, um fruto do Espírito (Gálatas 5:22; Filipenses 4:7). Paz com Deus refere-se a uma relação divino-humana na qual toda a inimizade é desfeita. Paz de Deus refere-se à calma e ao equilíbrio interior. Cristo, o Rei vindouro, trará a paz entre as nações (Miquéias 4: 3).


VI. Tabela Mostrando os Três Ministérios de Cristo


Ministério Terreno                         Ministério Celestial                         Novo Ministério Terreno
Passado                                                   Presente                                                  Futuro

Estende-se:                                        Estende-se:                                           Estende-se:
Do Batismo à Ascensão                 Da Ascensão ao Retorno              Do Retorno à Eternidade
Base de Salvação                             Aplicação de Salvação                     Consumação da Salvação

Sangue de Cristo                              Poder de Cristo                                  Reino de Cristo
Sacrifício Sofredor                           Senhor Transformador                                  Rei reinante
Na cruz                                                À destra de Deus                                Sobre Seu trono

Hebreus 9:26                                       Hebreus 9:24                                       Hebreus 9:28
Aparecer                                                 Aparece                                                   Aparecerá

Bom Pastor                                           Grande Pastor                                     Sumo Pastor
João 10:11                                              Hebreus 13:20,21                             1 Pedro 5:4
Deu Sua vida                                          Trabalhando em ti                            Glorificar

Coroa da Vida                                       Coroa da justiça                                 Coroa de glória
Apocalipse 2:10                                 2 Timóteo 4:8                                      1 Pedro 5:4

Salmos 22                                               Salmos 23                                               Salmos 24
Sacrifício                                                 Pastor                                                       Soberano

Gênesis 22                                             Gênesis 23                                             Gênesis 24
Filho Sacrificado                                Sara sepultada                                     Filho Casado

Santa Ceia                                                Santa Ceia                                               Santa Ceia
Em memória                                         Amizade com Cristo                        Profetiza o Reino

Grande Ceia                                           Ceia do Senhor                                    Bodas do cordeiro
Mateus 22:2-10                                  1 Coríntios 11:23-26                      Apocalipse 19:7-9

Salvação Passada                               Salvação Presente                             Salvação Futura
Fato cumprido                                    Processo progressivo                   Esperança prometida
“Eu fui salvo”                                        “Eu estou sendo salvo”                                   “Eu serei salvo”
Salvação da:                                          Salvação do:                                          Salvação da
Pena do pecado                                   Poder do pecado                                Presença do pecado

Removido:
A pena do pecado                               O poder do pecado                            A presença do pecado
Pelo Seu sacrifício                             Pelo Seu poder                                    Pelo Seu reinado

O que Ele fez por nós                       O que Ele faz em nós                        O que Ele fará conosco
Externo                                                    Interno                                                    Eterno
Justificação                                            Transformação                                                    Glorificação

Mudança de posição                        Mudança de                                           Mudança de               
Perante Deus                                        Caráter/Conduta                               Natureza física
“Em Cristo”                                           “Cristo no crente”                             “Com Cristo”
Paz com Deus                                       Paz de Deus                                           Paz sobre as nações
Romanos 5:1                                       Filipenses 4:7                                      Miquéias 4:3

Benefícios recebidos                      Benefícios recebidos                      Benefícios recebidos
Através da conversão                     Através da rendição                        Através da ressurreição
Arrependimento, fé e batismo     Confiança e obediência                  No retorno de Cristo

Eficácia                                                     Eficácia                                                     Eficácia
Imediatamente                                 Progressivamente                            Num piscar de olhos
Mediante a conversão                    Momento a momento                     Na ressurreição