quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Capítulo LXXIX - Julgamentos Futuros



Capítulo LXXIX

Julgamentos Futuros

O julgamento da humanidade por Deus é um fator importante na Escatologia. Antes de Deus completar a Sua obra de redenção com o homem e a terra, o pecado deve ser removido; os pecadores devem ser destruídos; o caráter de Deus deve ser vindicado. O reino de Deus será glorioso, não somente pelo que será incluído nele, mas também pelo que será excluído. A Bíblia descreve o Amanhã de Deus listando não somente o que o futuro conterá, mas também o que ele não conterá. O pecado, a causa de toda imperfeição, deve ser removido antes que a era da perfeição seja uma realidade. Portanto, na nova terra não haverá mais pecado.

A palavra julgamento, usada de muitas maneiras na Bíblia, pode significar: (1) determinar a culpa ou inocência, (2) pronunciar o veredicto de condenação ou absolvição, (3) separar pessoas em grupos ou (4) executar a pena sobre o culpado e conceder a recompensa ao justo.


I. Necessidade de Julgamento

A necessidade do julgamento divino tem sua base no caráter de Deus e na natureza do pecado. A santidade, retidão e justiça de Deus requerem que os pecadores sejam julgados e que o pecado resulte em morte. Por ser santo, Deus não pode pecar, aprovar o pecado nem tolerar o pecado. Se Deus aprovasse o pecado, Ele deixaria de ser santo. O pecado é contrário à natureza de Deus; portanto, o pecado é anti-Deus. Deus é vida; o pecado, consequentemente, é antivida. O resultado do pecado deve ser a morte. Esse fato não é um arranjo divino arbitrário; o universo está construído sobre este princípio. Deus deve condenar o pecado ou violar o Seu próprio caráter. Deus não pode alterar Seu caráter, mesmo porque Ele é imutável. Portanto, o pecado deve resultar em morte (Romanos 1:32; 2:6; 6:23; 8:6,13; Gálatas 5:19-21; 6:7-9; Apocalipse 21:8).

A justiça de Deus exige que a pena para cada pecado cometido no universo deva ser paga. Os pecadores vão pagar a pena por seus próprios pecados sendo destruídos na segunda morte. Na Sua morte sacrificial na cruz, Jesus pagou a pena pelo pecado dos crentes unidos a Ele. C. E. Randall escreveu: “O pecado que não for expiado deve ser respondido em julgamento” (The Restitution Herald, 15 de junho, 1959).

Os julgamentos futuros vindicarão a santidade de Deus. Eles revelarão a Deus em Sua real natureza. Hoje, mediante a graça e longanimidade, Deus detém a completa punição pelo pecado de forma que os pecadores tenham a oportunidade de aceitar o Seu plano de salvação (2 Pedro 3:9; Romanos 2:4-6). Porque hoje Deus não atinge os pecadores com a morte no momento em que o pecado é cometido, algumas pessoas pensam que o pecado nunca será punido (Eclesiastes 8:11-13). Guerra, crime, injustiça social, prosperidade do ímpio e perseguição dos santos levam alguns homens a questionarem a santidade e justiça de Deus. Eles perguntam: “Como pode Deus ser santo e permitir que estas coisas aconteçam na terra”? Essa questão pode ser respondida pelo fato de que hoje estamos vivendo na era da graça. A punição do pecado foi postergada até o futuro julgamento de forma que hoje o homem pode arrepender-se e experimentar a salvação. Porém, algum dia a era da graça será sucedida pela era do juízo. Os pecadores serão julgados e punidos; o justo será recompensado. Os “livros” de Deus passarão pelo balanço; os errados se tornarão certos. O caráter de Deus será revelado em sua verdadeira natureza (2 Tessalonicenses 1:6; 2 Timóteo 4:8; Apocalipse 15:3,4; 16:5,7; 19:1,2). A palavra chave do livro de Ezequiel é “saberão que Eu sou o Senhor”. Através dos julgamentos futuros, Israel e as nações reconhecerão a Deus em Sua verdadeira natureza.


II. Certeza do Julgamento

O julgamento futuro é certo. Paulo advertiu: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6:7,8). Em Atenas Paulo declarou: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos” (Atos 17:30,31).

Salmos 103:8,9                                Não repreenderá perpetuamente
Eclesiastes 8:11-13                         Como não se executa logo o juízo
Eclesiastes 11:9                               Te trará Deus a juízo
Eclesiastes 12:14                             Deus há de trazer a juízo toda obra
Mateus 12:36,37                             As palavras como base para o juízo
Atos 17:30,31                                   Um dia determinado para julgar
Atos 24:25                                         Juízo vindouro
Romanos 2:2-11                              Não há acepção de pessoas
Romanos 14:10,12                          Cada um dará conta de si mesmo a Deus
1 Coríntios 4:5                                 Trará à luz as coisas ocultas
2 Coríntios 5:10                               Todos devemos comparecer ante o tribunal
Hebreus 9:27                                    Vindo, depois disso, o juízo
Hebreus 10:27                                 Expectação horrível de juízo
1 Pedro 4:5                                        Hão de dar conta
2 Pedro 2:1-9                                    Reservar os injustos para o dia do juízo


III. Julgamentos Divinos Históricos

Ainda que o julgamento final dos pecadores não vá ocorrer antes da última ressurreição e da segunda morte, Deus visitou a terra com juízo em várias oportunidades. A expulsão de Adão e Eva de seu lar edênico foi um julgamento divino. O dilúvio durante a vida de Noé revelou a ira de Deus contra o pecado. A dispersão das nações e a confusão das línguas na Torre de Babel foram julgamentos divinos. A destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas contra o Egito e o cativeiro de Israel foram julgamento históricos de Deus. Os profetas de Israel predisseram e registraram o julgamento de Deus contra as várias nações antigas. A morte de Cristo pelos pecadores (João 12:31,32) revelou o juízo de Deus contra o pecado. O Calvário é o tribunal onde o pecado ocupa o banco dos réus, e o propiciatório onde os pecadores encontram graça. A realidade dos julgamentos futuros está assegurada por estas revelações históricas do julgamento de Deus contra o pecado (2 Pedro 3:3-10).


IV. Julgamento Futuro da Terra

Deus, o Juiz (Isaías 33:22; Hebreus 12:23) realizará Sua obra de julgamento através de Seu Filho, Jesus Cristo. Deus julgará o mundo em justiça por meio do varão a quem Ele ordenou (Atos 17:31). O fato de Deus ter ressuscitado Seu Filho dentre os mortos produz a certeza de um futuro dia do juízo. Em Romanos 2:16, Paulo advertiu aos homens sobre “o dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo”. No lar de Cornélio, o centurião, Pedro anunciou que o Cristo ressuscitado “é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos” (Atos 10:42). Nosso Salvador explicou: “E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo. E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (João 5:22,26,27,30). As profecias a respeito do futuro mostram a Jesus na posição de Juiz. Jesus tem o direito de ser o Juiz dos homens porque Ele é o imaculado Filho do Homem e Filho de Deus. Mediante Sua constante submissão à vontade do Pai, pela Sua vida sem mancha e Sua morte sacrificial, Jesus mostrou que Ele é digno de julgar a humanidade (Apocalipse 5:1-9). M. W. Lyon escreveu: “Ele que conheceu o que havia nos homens nos dias de Seu ministério, e quem, pelas coisas que sofreu, é capaz de ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, será certamente, um Juiz fiel. Quão maravilhoso é saber que nosso destino repousará em Suas mãos justas, do que nas mãos dos governantes terrenos corruptos!” (The Restitution Herald, 3 de junho, 1952).


V. Períodos Futuros de Julgamento

O maior período de tempo em torno do qual se centralizam as profecias a respeito do futuro é o milênio. O milênio é um período de mil anos durante os quais Cristo e Sua Igreja glorificada reinarão sobre a terra no futuro. Os Pós-Milenistas e os Amilenistas defendem o ponto de vista errôneo de que haverá uma ressurreição geral e um julgamento geral da humanidade quando Jesus voltar. Eles mostram o julgamento futuro como um evento único que ocorrerá depois do milênio. A Bíblia, no entanto, ensina que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do milênio e que a futura obra de redenção de Cristo incluirá muitos aspectos que demandarão um período de tempo para serem executados. Os julgamentos futuros podem ser classificados como aqueles que ocorrerão antes ou no começo do milênio e aqueles que ocorrerão depois do milênio. Os julgamentos anteriores ao milênio incluem a recompensa dos santos, o julgamento de Israel, o julgamento da Besta e do Falso Profeta e o julgamento das nações. Os julgamentos após o milênio incluem o julgamento da revolta das nações, o julgamento de satanás e o julgamento dos ímpios mortos.


VI. Julgamentos Anteriores ao Milênio

1. A Recompensa dos Crentes. Quando Jesus voltar, os crentes estarão diante do tribunal de Cristo para serem recompensados. Paulo escreveu: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo” (2 Coríntios 5:10). “Tribunal” é traduzido do grego “bema”, que era o assento dos juízes nos jogos Olímpicos Gregos. Depois que terminavam as corridas, as lutas e outros jogos, os concorrentes eram reunidos diante do bema, o tribunal ou local de julgamento, para receberem a recompensa, que era geralmente coroas de folhas de louro. Os cristãos estarão diante de Cristo na Sua vinda para receberem a recompensa. Jesus disse: “Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22:12). Paulo escreveu: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (Romanos 14:10). Ao contrário dos atletas gregos que recebiam coroas de folhas de louro, os cristãos serão recompensados com coroas “incorruptíveis” (1 Coríntios 9:25-27).

O julgamento dos crentes no retorno de Cristo não se refere aos pecados dos crentes. Seus pecados foram julgados de uma vez por todas na pessoa e obra de Jesus Cristo. Como Substituto do cristão, Jesus pagou a pena pelo pecado em Sua morte sacrificial. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). O cristão “não entrará em condenação; mas passou da morte para a vida” (João 5:24). Ele está livre da ira futura (Romanos 5:9; 1 Tessalonicenses 1:10; 5:9). O futuro julgamento dos crentes no retorno de Cristo não será para condenação ou punição pelos pecados, mas para a outorga da recompensa.

Os cristãos serão feitos coerdeiros juntamente com Cristo (Romanos 8:17). Eles serão glorificados com Ele. Eles foram novamente gerados para “uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar” (1 Pedro 1:4). A eles foi prometida uma coroa de justiça (2 Timóteo 4:8), uma coroa de glória (1 Pedro 5:4) e uma coroa de vida (Tiago 1:12; Apocalipse 2:10). O pecado resulta em sofrimento e morte. O oposto do pecado é a justiça; o oposto do sofrimento é a glória; o oposto da morte é a vida. A coroa da justiça tem sido chamada “a coroa do vigilante”; a coroa de glória, “a coroa do pastor ou ancião”; e a coroa da vida, “a coroa do mártir”. O julgamento futuro e a recompensa do crente são retratados pelo nosso Senhor nas parábolas das minas (Lucas 19:11-27) e dos talentos (Mateus 25:14-30).

2. O Julgamento de Israel. No passado, Deus trouxe juízo sobre Israel, Sua nação escolhida, como punição pelos seus pecados. A dispersão de Israel entre as nações durante a Era da Igreja foi um julgamento divino por seus pecados. “E as nações saberão que os da casa de Israel, por causa da sua iniquidade, foram levados em cativeiro, porque se rebelaram contra mim, e eu escondi deles a minha face e os entreguei nas mãos de seus adversários, e todos caíram à espada” (Ezequiel 39:23). Durante a Tribulação, a qual ocorrerá antes do milênio, Israel experimentará sua última perseguição e julgamento (Mateus 24:21,29,30; Daniel 12:1; Jeremias 30:7; Ezequiel 20:33-44). Quando Cristo retornar, Israel, novamente reunido na Palestina, será convertido a Deus e a Cristo. A nação será purificada de seus pecados.

3. O Julgamento da Besta, do Falso Profeta e de Seus Exércitos. Quando Jesus voltar, Ele julgará a Besta e o Falso Profeta. Parece existir uma relação entre os dez dedos da imagem de Nabucodonozor (Daniel 2:32-45), a ponta pequena de Daniel 7, a Besta e o Falso Profeta de Apocalipse 13 e o Homem do Pecado (2 Tessalonicenses 2:2-10). Esses fatores proféticos apresentam muitas características idênticas: blasfêmia, perseguição do povo do Senhor, duração, extensão da autoridade e destino. A imagem será esmagada pela pedra e se esmiuçará (Daniel 2:34,35,44,45). A autoridade da ponta pequena será retirada. “Mas o juízo estabelecer-se-á, e eles tirarão o seu domínio para o destruir e para o desfazer até ao fim” (Daniel 7:26). Os dez reis associados com a Besta farão guerra contra Cristo e serão vencidos. “Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, eleitos e fiéis” (Apocalipse 17:13,14). A Besta e o Falso Profeta serão lançados no lago de fogo. “E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Esses dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes” (Apocalipse 19:19-21). O Homem do Pecado será destruído pelo resplendor da vinda de Cristo. “E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira” (2 Tessalonicenses 2:8,9).
O julgamento da Grande Babilônia (Apocalipse 14:8; 16:9; 17:5; 18:2,10,21) e da prostituta (Apocalipse 17:1; 19:3) também ocorrerão antes do milênio.

4. O Julgamento das Nações. Quando Jesus voltar, as nações em vida serão julgadas. Os governantes terrenos serão obrigados a entregar sua autoridade ao Rei dos reis (Salmos 2:4-9; Isaías 34:1,2; 63:1-6; Joel 3:1,2,9-16; Zacarias 14:1-4; Apocalipse 19:11-16). “E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:31-34,41). Os gentios mortais aos quais será permitido viver durante omilênio são designados como “restante” das nações. “E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a Festa das Cabanas” (Zacarias 14:16). Um outro julgamento das nações sobreviventes ocorrerá no final do milênio durante o “pouco de tempo” (Apocalipse 20:3).

5. A Prisão de Satanás. No início do milênio, Satanás será amarrado e lançado no abismo. Satanás permanecerá ali durante mil anos. “E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo” (Apocalipse 20:1-3). Satanás será solto por um pouco de tempo depois do milênio. Ao final desse período, Satanás será lançado no lago de fogo.


VII. Julgamentos Posteriores ao Milênio


Depois do milênio, vários eventos ocorrerão antes do início da era da perfeição: o curto espaço de tempo, o julgamento de Satanás, a ressurreição final, o julgamento final, a destruição do ímpio e a destruição da própria morte. Como o período da Tribulação precederá o milênio, assim o “pouco de tempo” (Apocalipse 20:3) se seguirá ao milênio. O “curto espaço de tempo” designa o período entre a soltura e a destruição de Satanás. “E depois importa que seja solto por um pouco de tempo” (Apocalipse 20:3). Este “pouco de tempo” terá início quando Satanás for solto; e terá um fim quando Satanás for lançado no lago de fogo. Quatro eventos ocorrerão durante este “pouco de tempo”. O primeiro e o quarto dizem respeito a Satanás; o segundo e terceiro dizem respeito às nações viventes. Estes quatro eventos são: 1) Satanás, aprisionado durante o milênio, será solto por um pouco de tempo (Apocalipse 20:1-3,7); 2) as nações, enganadas por Satanás, se reunirão em batalha contra Jerusalém (Apocalipse 20:8,9); 3) as nações que vierem contra Jerusalém serão destruídas pelo fogo do céu (Apocalipse 20:9); 4) Satanás será destruído no lago de fogo (Apocalipse 20:10). De acordo com a Bíblia, o pouco de tempo (Apocalipse 20:3) chegará ao fim antes da ressurreição e do julgamento final.

1. A Revolta das Nações Viventes. No começo do milênio, Satanás será aprisionado e lançado no abismo “para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem” (Apocalipse 20:3). Depois que o milênio tenha terminado, Satanás será solto por um pouco de tempo. Satanás enganará as nações e as ajuntará em rebelião contra Cristo, o Rei. “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou” (Apocalipse 20:7-9). A revolta das nações viventes durante este “pouco de tempo” não deve ser confundida com o julgamento das nações no começo do milênio nem com a ressurreição ou julgamento dos não cristãos mortos.

Apesar de toda sua glória, o reino Milenar chega, num primeiro momento, a um fim terrível. Nem mesmo o reino visível de paz sobre a terra é a plena consumação... Até o reino milenar deve ser provado em seus resultados. Até às nações do reino de glória deve ser dada a oportunidade de decidir por vontade própria. Ninguém será impedido de juntar-se livremente às fileiras lideradas por Satanás. Ninguém servirá ao Senhor pela eternidade de forma involuntária. Mesmo este brilhante período da história humana deve mostrar-se incapaz de quebrar a obstinação nata do pecador.

O que será de fato a consequência de toda esta glória e bênçãos ao longo de mil anos? A rebelião dos povos sobre uma vasta área. Eles se juntarão desde os confins de toda a terra contra Jerusalém, uma massa de povos como a areia do mar, sob o supremo comando de Gogue e Magogue.

Essa é a última rebelião da história, a última guerra religiosa dos povos, o último esforço convulsivo de revolta humana contra o Altíssimo. Com isso, o pecado atingiu sua plena medida... Eles desprezarão a maior de suas bênçãos com a mais desprezível ingratidão e pisotearão Sua glória pessoal (Erich Sauer, Op. cit., pág. 170,171).

2. O Julgamento de Satanás. Na conclusão do “pouco de tempo” (Apocalipse 20:3), Satanás será lançado no lago de fogo para ser destruído. “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Apocalipse 20:10).

3. O Julgamento dos Ímpios Mortos. O julgamento do Grande Trono Branco ocorrerá depois do milênio e do “pouco de tempo” (Apocalipse 20:3). As pessoas que não ressuscitaram na primeira ressurreição serão restauradas à vida na ressurreição final ou última ressurreição. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Apocalipse 20:5). De acordo com esse verso, não haverá ressurreição durante o milênio. Os cristãos serão ressuscitados na primeira ressurreição; os pecadores serão ressuscitados na última ressurreição. Os crentes serão ressuscitados para a imortalidade e glória; os pecadores serão ressuscitados para a mortalidade e julgamento.

“E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:11-15).

4. A Destruição do Ímpio. O ímpio será destruído no lago de fogo. Os pecadores não experimentarão tortura eterna; eles serão punidos sendo destruídos. O inferno bíblico, sheol e hades, se refere à sepultura na qual são sepultados tanto os pecadores quanto os crentes. O lago de fogo não se refere ao inferno bíblico. O inferno bíblico será esvaziado quando os pecadores forem restaurados à vida na ressurreição final. Se forem julgados indignos da vida, os pecadores não retornarão ao inferno bíblico ou sepultura; eles serão lançados no lago de fogo para serem destruídos. O fogo da destruição é descrito como “eterno” e “inextinguível” porque não pode ser extinto até que a obra de destruição esteja completa. Os pecadores serão consumidos no fogo, mas o próprio fogo continuará a queimar até que consuma todos os pecadores. Ninguém poderá apagar o fogo de maneira que escape da destruição. Embora o ímpio possa experimentar vários graus de sofrimento enquanto estiver morrendo a segunda morte no lago de fogo, tudo nele será plenamente destruído.

A Bíblia ensina que a vida eterna será concedida somente ao redimido e que o ímpio não viverá para sempre. A Palavra de Deus mostra repetidamente que o ímpio “perecerá” (Salmos 1:6; 9:3; 37:20; Provérbios 19:9; Lucas 13:3; João 3:15,16; Romanos 2:12; 1 Coríntios 1:18; 2 Tessalonicenses 2:10; 2 Pedro 2:12). Eles serão “consumidos” (Salmos 59:13; 104:35; Isaías 1:28). Eles serão “desarraigados” (Salmos 37:9,22,28,34,38; Provérbios 2:22). Eles serão “queimados” (Malaquias 4:1,3; Mateus 3:12; 13:42). Eles serão “destruídos” em “eterna perdição” (Salmos 37:38; 73:18; 92:7; 145:20; Provérbios 10:29; Isaías 1:28; Mateus 7:13; Romanos 9:22; 1 Coríntios 6:13; Filipenses 3:19; 2 Tessalonicenses 1:9). Os ímpios serão “como se nunca tivessem sido” (Obadias 16). “O ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá” (Salmos 37:10).

5. A Destruição da Própria Morte. Depois que o ímpio houver sido destruído e todo o pecado removido da terra, a própria morte será destruída. “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (1 Coríntios 15:25,26). “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte” (Apocalipse 20:14). “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte” (Apocalipse 21:4).

Depois que a morte, o último inimigo, tenha sido destruída, Cristo entregará o Reino a Deus como uma tarefa cumprida ou um projeto finalizado. Então, toda oposição ao governo de Deus terá sido removida. A vontade de Deus será feita na terra como é feita no céu. Deus será conhecido como “tudo em todos”. Paulo explicou: “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Coríntios 15:24-28).


Quando todas as grandes fábricas de nossas cidades
Terminarem de produzir a última peça do seu produto;
Quando os mercadores tiverem vendido seu último lote de seda,
E despedido o funcionário aborrecido e fatigado;
Quando nossos bancos pegarem sua última nota de dinheiro,
E houverem declarado seus últimos dividendos;
Quando o Juiz daquele Dia disser, “Fechado”
E chamar a todos para o balanço, e então?

Quando o coral tiver cantado seu último hino,
E o pregador tiver pronunciado sua última oração;
Quando o povo tiver ouvido o seu último sermão,
E o seu som tenha se dissipado no ar;
Quando a Bíblia repousar fechada sobre o altar,
E todos os bancos da igreja estiverem vazios sem ninguém,
Quando todos nós estivermos diante dos registros
E o Grande Livro for aberto, e então?

Quando o ator tiver encenado seu último drama,
E o comediante tiver feito seu último trocadilho;
Quando o filme tiver passado a sua última cena,
E o letreiro anunciar o seu último aviso;
Quando as multidões buscando por prazer desaparecerem,
E novamente forem para a escuridão;
Quando a Trombeta de Todas as Eras soar,
E estivermos diante de Deus, e então?

Quando a última corneta tiver soado,
E as longas colunas em marcha ficarem imóveis;
Quando o capitão tiver dado sua última ordem,
E tiverem tomado a última colina e o forte;
Quando a bandeira for alçada no mastro,
E forem contados os soldados feridos;
Quando um mundo que rejeitou seu Salvador,
For perguntado pela razão, e então?

                                       J. Whitfield Green