sexta-feira, 28 de julho de 2017

Capítulo LXII - Novidade de Vida e Adoção


Capítulo LXII

Novidade de Vida e Adoção

Novidade de vida e adoção completam as sete grandes doutrinas ou elementos da salvação. O perdão oferece o cancelamento dos pecados ao devedor. A justificação dá ao criminoso condenado a justiça imputada. A reconciliação dá paz ao inimigo. A redenção traz a liberdade ao escravo. A santificação muda a corrupção em santidade. A novidade de vida vivifica aquele que estava morto em pecados. A adoção oferece filiação e herança ao miserável estrangeiro.


I. Novidade de vida

Os pecadores estão mortos no pecado. Eles estão “mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:1,5), “sem Deus no mundo” (Efésios 2:12) e “separados da vida de Deus” (Efésios 4:18). Eles estão mortos para o reino espiritual da vida. Não existe contato redentor entre o pecador e Deus. Homens cegos estão mortos no reino da visão; homens surdos estão mortos para o mundo do som; homens paralíticos estão mortos no reino do toque; os pecadores estão mortos para as coisas de Deus. As janelas do coração estão fechadas para o reino do céu. Os pecadores têm uma existência horizontal, mas não têm uma vida vertical. Para eles, a vida não tem uma terceira dimensão.

Quando os pecadores entram em Cristo, eles se tornam novas criaturas. Quando Cristo entra neles, eles recebem novidade de vida. Havendo estabelecido uma união com Cristo, os crentes recebem uma qualidade de vida especial vinda d’Ele. Eles estão num novo nível de existência. A vida para eles adquire uma nova dimensão; ao horizontal é acrescentado o vertical. Eles mantêm relacionamentos não somente com os homens, mas também com Deus. A vida não é meramente estendida à sua volta; mas também é elevada para cima. As janelas do coração e a mente são escancaradas em direção a Deus, e através delas entra o brilho da vida de Deus, luz e amor.

Deus é o Autor e a Fonte da novidade de vida para os cristãos. “Deus nos deu a vida eterna” (1 João 5:11). “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Efésios 2:4,5). “Segundo a sua vontade, ele nos gerou” (Tiago 1:18). A novidade de vida tem sua origem na graça de Deus. Cristo é o canal através de quem Deus concede a novidade de vida (1 João 5:11,12; Tito 3:5; Romanos 8:2).

A fé é a causa instrumental da novidade de vida. É um requisito que o homem deve preencher antes de se tornar uma nova criatura em Cristo Jesus. A novidade de vida é dependente da fé do homem, porque a fé estabelece a união entre o homem e Cristo, que é aquele que dá a novidade de vida (João 3:36; 5:24; Gálatas 3:26; 1 João 5:1).


Novas Criaturas
2 Coríntios 5:17                  Nova criatura é
Gálatas 6:15                         Ser uma nova criatura
Efésios 2:10                         Criados em Cristo Jesus
Efésios 4:24                         Novo homem, criado
Colossenses 3:10                Novo homem, que se renova
Romanos 12:2                     Transformados pela renovação da mente
Tito 3:5                                  Renovação do Espírito Santo


Ressuscitados com Cristo
Romanos 6:4,5                     Andemos em novidade de vida
Efésios 2:1,5,6                     Nos vivificou juntamente com Cristo
Colossenses 2:12,13          Ressuscitastes, vos vivificou
Colossenses 3:1                   Se já ressuscitastes com Cristo
João 5:21                               O Filho vivifica aqueles que quer


Gerados e Nascidos de Deus
João 1:12,13                         Serem feitos filhos de Deus
João 3:3-8                             O que é nascido do Espírito
Tiago 1:18                            Ele nos gerou pela palavra da verdade
1 Pedro 1:3                          Nos gerou de novo
1 Pedro 1:23                        Sendo de novo gerados
1 João 2:29                           É nascido dEle
1 João 3:9                             Nascido de Deus
1 João 4:7                             O que ama é nascido de Deus
1 João 5:1                             O que crê é nascido de Deus
1 João 5:4                             O que é nascido de Deus vence o mundo
1 João 5:18                           Nascido de Deus, de Deus é gerado


Ter Vida Eterna
João 3:36                              Tem vida eterna
João 4:14                              Para a vida eterna
João 5:24                              Passou da morte para a vida
João 6:47                              Tem a vida eterna
João 6:53,54                         Tem a vida eterna
1 João 3:14                           Passamos da morte para a vida
1 João 5:11,12                     Quem tem o Filho tem a vida
1 João 5:13                           Para que saibais que tendes a vida eterna


Através do arrependimento, fé e batismo, o pecador foi “crucificado com Cristo” (Gálatas 2:20), “sepultado com Cristo” (Romanos 6:4) e “ressuscitado com Cristo” (Colossenses 2:12) para andar em novidade de vida. Os crentes têm atualmente novidade de vida, mas não podem ter a imortalidade até a ressurreição na segunda vinda de Cristo. Hoje, todos os homens são mortais, e tudo no homem é mortal. Não há uma parte do homem que é imortal hoje. A novidade de vida que o crente tem hoje não é a imortalidade.


II. Adoção

Adoção é o ato de Deus na salvação onde Ele, como Pai, coloca seu filho gerado numa posição de um filho adulto com os privilégios da herança legal. Aquele que é adotado é um herdeiro. A novidade de vida e a adoção estão conectadas. A novidade de vida dá a natureza da filiação; a adoção dá a posição da filiação. A palavra “adoção” ocorre somente cinco vezes na Bíblia. Ela é usada apenas por Paulo. As cinco ocorrências são listadas a seguir.

Romanos 8:15                      Recebestes o Espírito de adoção
Gálatas 4:5                            Recebermos a adoção de filhos
Efésios 1:5                            Filhos de adoção
Romanos 8:23                      Esperando a adoção
Romanos 9:4                        Israelitas, a adoção

Romanos 8:23 refere-se à futura redenção do corpo na ressurreição. Romanos 9:4 refere-se à adoção de Israel e os privilégios como nação de Deus. Os outros três textos se referem à adoção como doutrina da salvação.

Hoje, quando alguém fala de adoção, ele se refere ao processo legal mediante o qual um estranho se torna membro de uma família. No tempo de Paulo, porém, adoção referia-se ao processo legal mediante o qual um pai colocava o seu próprio filho numa posição legal de um filho adulto, com todos os privilégios de herança. Alguém pode questionar porque a adoção era requerida quando a criança já era filha por nascimento. Deve ser lembrado que em Roma pagã, um cidadão frequentemente tinha muitas esposas e muitos filhos. Algumas dessas esposas poderiam ser concubinas e escravas. O cidadão podia não ter o desejo de que o filho nascido da esposa escrava recebesse seus títulos, posição na sociedade e herança. O processo legal de adoção, portanto, providenciava o meio pelo qual o cidadão poderia designar aquelas crianças que desejava que fossem consideradas filhss e herdeiras. Mediante o recebimento da novidade de vida, os crentes se tornam crianças de Deus. Através da adoção, as crianças são declaradas Seus filhos, aqueles que têm todos os privilégios e a herança da filiação.

Desde quando a humanidade foi concebida, os pecadores estão em miséria; eles estão destituídos e sem posses. Eles são “desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus” (Apocalipse 3:17). Eles “não são ricos para com Deus” (Lucas 12:21). Os pecadores podem acumular riquezas hoje, mas estarão sem posses na eternidade (Mateus 6:19; Lucas 12:15-21; 1 Timóteo 6:7; Tiago 5:1-3).

Como crianças geradas e filhos adotados, os crentes são herdeiros de Deus. “Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus, e ele será meu filho” (Apocalipse 21:7). “Não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?” (Tiago 2:5). “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo” (Romanos 8:16,17). Os textos seguintes ensinam que os crentes são filhos de Deus: João 1:12; Romanos 8:14,19; 2 Coríntios 6:18; Gálatas 4:6,7; Filipenses 2:15; 1 João 3:1,2. Os textos a seguir se referem à herança dos cristãos: Romanos 8:17; Gálatas 4:7; Efésios 1:11,14,18; Colossenses 1:12; 3:24; 1 Pedro 1:4; Mateus 19:29; Tito 3:7; Tiago 2:5; Mateus 5:5; 25:34; Romanos 4:13; Gálatas 3:29.

Capítulo LXI - Santificação

Capítulo LXI

Santificação

Santificação é a obra de Deus na salvação pela qual ele separa o pecador do mundo, o coloca em solo sagrado e purifica seu coração. Dessa maneira, o pecador se torna adequado para a obra do Senhor. Santificação, derivada do latim sanctus, santo, significa declarar ou fazer santo. Santidade e santificação, como justiça e justificação, são relacionadas. Aquele que foi santificado é santo. Ele é um santo. Os termos a seguir são correlacionados: santificar, santificação, consagrar, aprovação, sancionar, santuário, santo, sagrado, santidade, venerado, dedicado e consagrado. Santificação indica separação, sacralidade e pureza.

Os pecadores precisam de santificação. Eles são ímpios, corruptos, contaminados e profanos (1 Timóteo 1:9; 2 Timóteo 3:2). Nessa condição, eles não podem habitar na santa presença de Deus nem serem usados em Sua obra sagrada. Como velhos artigos de prata sobre um monte de lixo, eles foram feitos para o uso do Mestre, mas, na condição presente, eles não estão adequados a esse propósito. Eles necessitam ser separados do pecado, dedicados a Deus e consagrados para a obra.

Santificação tem origem na graça de Deus; é baseada sobre o sacrifício de Cristo (Hebreus 10:10,14,29; 13:12); está condicionada à fé do homem (Atos 26:18). Deus realiza Sua obra de santificação através de Seu Filho, Jesus Cristo. “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30). Cristo é a santificação do pecador. Em outras palavras, a santidade de Cristo é imputada ao crente na conversão. Através de seu relacionamento vital com Cristo, o crente é santo diante de Deus. Quando uma pessoa entra em Cristo, ele se coloca em solo sagrado. Ele é separado do mundo e dedicado a Deus. Ele foi santificado; ele é um santo.


I. Termos Bíblicos para Santificação

A ideia básica de santidade ou santificação na Bíblia é a separação. O significado essencial do hebraico qodesh e do grego hagiazo é “separar”. As palavras hebraicas qodesh e qadesh são derivadas da raiz qad, que significa “cortar”. O que é santo foi cortado e separado de todos os demais. Foi colocado à parte, colocado numa posição especial, classe ou categoria, e designado para um propósito específico. Foi separado de um propósito comum para a obra de Deus. O pensamento fundamental associado com santidade diz respeito à posição ou relacionamento que existe entre Deus e alguma pessoa ou coisa que é consagrada a Ele. Separada de outras nações, Israel foi uma nação santa. Entre as muitas tendas de Israel no deserto, o tabernáculo era uma estrutura santa, a tenda sagrada. Jerusalém era uma cidade santa: “a cidade do grande Rei”. As Escrituras são escritos sagrados, separados de todos os outros livros.

A santidade é o atributo mais importante de Deus (confira o capítulo XV). Os dois aspectos da santidade de Deus são excelência e pureza. A santidade de Deus é a gloriosa plenitude de Sua excelência moral, a infinita soma de Sua perfeita bondade. Isso transmite o pensamento de Sua unidade e transcendência. Ele é retratado como aquele que “habita na luz inacessível ao homem; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver” (1 Timóteo 6:16). A santidade de Deus refere-se também à Sua absoluta pureza moral, Sua imunidade ao pecado, Seu caráter imaculado. Deus não pode pecar nem aprovar o pecado. A santidade de Deus inclui os pensamentos de separação e pureza. Em Sua transcendência, Deus está separado de Suas criaturas. Em relação ao pecado, Ele é infinitamente puro. Ele exclui de Si mesmo tudo o que contradiz Sua natureza divina. A santidade não é somente um atributo de Deus, mas também um requisito para Seu povo. “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:15,16).

O substantivo grego hagiasmos, traduzido como “santidade” e “santificação”, ocorre dez vezes no Novo Testamento (Romanos 6:19,22; 1 Coríntios 1:30; 1 Tessalonicenses 4:3,4,7; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Timóteo 2:15; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1: 2). O substantivo hagiousne, traduzido “santidade”, ocorre três vezes (Romanos 1:4; 2 Coríntios 7:1; 1 Tessalonicenses 3:13). Hagiotes ocorre em Hebreus 12:10. O substantivo grego hosiotes é traduzido “santidade” em Lucas 1:75 e Efésios 4:24. O verbo grego hagiazo ocorre vinte e oito vezes. Ele é traduzido “santificado” duas vezes (Mateus 6:9; Lucas 11:2) e “santificar” vinte e seis vezes. Esse verbo é utilizado de forma tríplice. 1) Para confirmar ou reconhecer algo como sendo santo (Mateus 6:9; Lucas 11:2; 1 Pedro 3:15); 2) separar um objeto ou uma pessoa do uso ordinário para um propósito sagrado (Mateus 23:17,19; João 10:36; 17:19; 2 Timóteo 2:21; etc); 3) purificar ou produzir uma qualidade interior de santidade (João 17:17; Efésios 5:26; 1Tessalonicenses 5:23 e outros). O adjetivo grego hagios aparece cerca de duzentas e trinta e cinco vezes no Testamento Grego. É traduzido “santo” cento e sessenta vezes. É usado como pneuma noventa e três vezes. É traduzido como “santo” cento e sessenta e uma vezes. É usado como pneuma noventa e três vezes. É traduzido “santo” ou “santos” sessenta e duas vezes. O adjetivo hagios é usado também de forma tríplice como o verbo hagiazo. O adjetivo hosios ocorre oito vezes; o advérbio hosios aparece em 1 Tessalonicenses 2:10; o adjetivo hieros ocorre em 1 Coríntios 9:13; Colossenses 4:13; 2 Timóteo 3:15.

Santificação
João 17:17                             Santifica-os na verdade
João 17:19                             Sejam santificados na verdade
Atos 20:32                             Entre todos os santificados
Atos 26:18                             Santificados pela fé em mim
Romanos 15:16                    Santificada pelo Espírito Santo
1 Coríntios 1:2                      Santificados em Cristo Jesus
1 Coríntios 1:30                   Para nós foi feito santificação
1 Coríntios 6:11                   Haveis sido santificados
Efésios 5:26                           Para santificá-la, purificando-a
1 Tessalonicenses 4:3         Vontade de Deus, a vossa santificação
1 Tessalonicenses 4:4         Possuir o seu vaso em santificação
1 Tessalonicenses 5:23       Deus de paz vos santifique em tudo
2 Tessalonicenses 2:13       Santificação do Espírito
2 Timóteo 2:21                      Vaso para honra, santificado
Hebreus 2:11                         Os que são santificados
Hebreus 10:10                      Temos sido santificados
Hebreus 10:14                      Os que são santificados
Hebreus 10:29                      Sangue com que foi santificado    
Hebreus 13:12                      Santificar o povo pelo seu próprio sangue
1 Pedro 1:2                            Em santificação do Espírito

Santidade
Lucas 1:74,75                       Em santidade e justiça perante ele
Romanos 6:19                      Servirem à justiça para a santificação
Romanos 6:22                      O vosso fruto para a santificação
Romanos 12:1                      Santo e agradável a Deus
1 Coríntios 3:17                   O templo de Deus, que sois vós, é santo
2 Coríntios 7:1                     A santificação no temor de Deus
Efésios 1:4                             Santos e irrepreensíveis diante dele
Efésios 4:24                          Criado em verdadeira justiça e santidade
Efésios 5:27                          Apresentar-se santa e irrepreensível
Colossenses 1:22                 Vos apresentar santos e irrepreensíveis
Colossenses 3:12                 Eleitos de Deus, santos e amados
1 Tessalonicenses 3:13      Sejais irrepreensíveis em santidade
1 Tessalonicenses 4:7         Vos chamou para a santificação
1 Timóteo 2:15                     No amor e na santificação
2 Timóteo 1:9                        Nos chamou com uma santa vocação
Tito 1:8                                    Amigo do bem, moderado, justo, santo
Tito 2:3                                   Como convém a santas
Hebreus 12:10                      Participantes da sua santidade
Hebreus 12:14                      Segui a paz com todos e a santificação
1 Pedro 1:15,16                    Sede santos em toda vossa maneira de viver


II. Dois Aspectos da Santificação

Existem dois aspectos da santificação ou santidade. O primeiro é a separação externa ou sacralidade; o segundo é a pureza interior. O primeiro é a santificação posicional; o segundo é a santificação experimental. A santidade exterior é a santidade de posição; pureza interior é a santidade de condição. O primeiro é santidade cerimonial; o último, a santidade moral. Na Bíblia, santidade posicional é aplicada a lugares (Êxodo 3:5; Deuteronômio 23:14; Zacarias 2:13; Neemias 11:1; Mateus 4:5; Salmos 2:6); objetos (Êxodo 29:43; 1 Reis 9:3; Êxodo 25:8; 29:36; Lucas 1:72; Romanos 1:2); tempos (Êxodo 20:8,11; Joel 1:14; Levítico 25:10); e pessoas (Êxodo 13:2; Deuteronômio 7:6; Salmos 89:7; Joel 2:16; Atos 3:21). A pureza ou santidade de condição é aplicada somente a pessoas. Israel, como uma nação, era exteriormente santa (Deuteronômio 7:6); os indivíduos, porém, frequentemente eram impuros internamente. A santificação dos crentes inclui ambos: a santidade de posição e a santidade de condição; sacralidade e pureza interior.

1. Sacralidade. O crente experimenta santidade posicional na conversão. A santidade de Cristo é imputada ao crente (1 Coríntios 1:30). “Fomos santificados por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas” (Hebreus 10:10 NVI). “Por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hebreus 10:14 NVI). Quando o crente é reconciliado e adotado e justificado, ele é também santificado (1 Coríntios 6:11). Essas bênçãos ocorrem simultaneamente dentro do cristão. Quando alguém entra em Cristo mediante a conversão, ele se coloca em solo sagrado. Em seu relacionamento externo e legal com Deus, ele é santificado; ele é um santo. Uma pessoa se torna um santo tão logo se faz um cristão. Paulo se referiu a todos os crentes como santos. Os Coríntios eram “santificados em Jesus Cristo, chamados para serem santos” (1 Coríntios 1:2 NVI), no que diz respeito à sua posição diante de Deus. Interiormente, entretanto, eles eram carnais e Paulo buscou corrigir seus erros (1 Coríntios 3:1-4; 5:1,2; 6:1,7,8). Os Coríntios permaneciam em solo santo, mas não viviam vidas santas.

2. Pureza Interior. O crente não só se posiciona em solo sagrado em Cristo, mas ele também mantém um caminhar santo através da obediência a Cristo. O crente deve se tornar santo em seus pensamentos e ações assim como na sua posição diante de Deus. Ele deve se tornar internamente puro assim como é exteriormente sagrado. Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Paulo escreveu: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:25-27).


III. Tempo de Santificação

A santidade de posição se efetiva imediatamente quando o crente entra em Cristo. Quando ele sai das águas do batismo ele se coloca em solo sagrado. Ele mantém essa posição durante o tempo em que ele habita em Cristo. A sua posição em solo santo se torna possível pelo sacrifício de Cristo. A santidade do caráter interior do crente resulta de um processo progressivo. Esse processo começa quando Cristo entra no crente e continua no decorrer da vida. O cristão deve crescer “na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18). “E o Senhor vos aumente e faça crescer em amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco; para confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1 Tessalonicenses 3:12,13). (Veja também 1 Tessalonicenses 4:1,10; Efésios 4:12-16; 2 Coríntios 3:18; Filipenses 3:10-15).


IV. Preparado para o Uso do Mestre

A doutrina do perdão é ilustrada por um banco; a justificação, por uma corte de justiça; a reconciliação, por palácio real; a redenção, por um mercado de escravos. A doutrina da santificação é ilustrada por um templo sagrado e pessoas e objetos santos aplicados no serviço religioso. A santificação retrata os pecadores como sendo separados do mundo e dedicados ao serviço de Deus.

Os crentes são descritos como templos ou santuários nos quais Deus e Seu Filho habitam. Na época do Antigo Testamento, Deus habitou no templo de Israel mediante a Sua glória do shekinah (2 Crônicas 5:14); hoje, Ele habita dentro dos crentes santificados através do Seu Espírito. Paulo escreveu: “Não sabei vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios 3:16,17). “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:19,20). “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei” (2 Coríntios 6:16,17). Assim como a imundície foi removida dos lugares santos no tempo de Ezequias (2 Crônicas 29:5,15-18), e os cambistas foram expulsos do templo por nosso Senhor (Mateus 21:12,13), a vida dos crentes precisa ser purificada de modo que a santa presença de Deus possa habitar nela.

Viva Tua vida em mim,                               O templo foi entregue,
   Ó Jesus, Rei dos reis!                                   E purificado do pecado;
Esteja em Ti mesmo a resposta                 Permita que a glória da Shekiná
   Para todas as minhas questões                 Brilhe agora em seu interior.
Viva Tua vida em mim,                               E toda terra silencie
   Que seja tudo à sua maneira!                    De agora em diante o corpo será
E eu, um instrumento transparente                     Em Teu silêncio, doce servo,
   Tua glória deixarei ver.                              Movido somente por Ti.

                                                                      F. R. Havergal, 1836-1879.

Os crentes santificados são também descritos como vasos adequados para o uso do Mestre. Paulo escreveu a Timóteo: “e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destss coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 2:19-21). Aos romanos, Paulo escreveu: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1). “Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” (Romanos 6:13,19,22).

A santificação dos crentes é retratada pelos materiais com os quais os israelitas contribuíram para a construção do tabernáculo e sua mobília no deserto. Os israelitas se apropriaram do ouro e da prata dos egípcios antes que começassem a jornada pelo deserto (Êxodo 11:2,3). Os braceletes egípcios, os brincos, anéis, pulseiras, gargantilhas e joias de ouro foram trazidos como ofertas para o Senhor (Êxodo 35:5; 36:7). Bezalel e seus companheiros operários transformaram esse material em móveis e vasos para o santo tabernáculo. Da mesma maneira, os pecadores são separados do mundo através da santificação, sendo limpos, purificados e adequados para o uso do Mestre.

Alguém pode ilustrar a santificação visualizando um piano de bar, desafinado e coberto de cigarros e manchas de álcool, sendo utilizado para tocar música ruim para uma multidão de bêbados. Porém, uma pessoa adquire o piano, o afina, dá polimento à sua superfície e o coloca em uma igreja onde será dedicado a produzir música religiosa no culto ao Senhor.


V. Todo Cristão é Um Santo

De acordo com a Bíblia, todo cristão é um santo. Entretanto, a Igreja Romana usa essa palavra para se referir a uma pessoa que foi canonizada depois de sua morte. A santidade é tratada como uma “edição especial de luxo” da vida cristã. De acordo com essa visão, a santidade está limitada a pessoas de extraordinária piedade. Essa visão não é bíblica. A veneração e adoração dos santos mortos começou com a ascensão da Igreja Papal, que adaptou essa prática da adoração pagã aos mortos. Na Igreja Católica de hoje, a canonização dos santos é resultado de um processo cuidadoso e bem regulado.

O candidato, havendo morrido em boa reputação, é primeiramente designado como “de pia memória”, e quando uma investigação regular houver sido feita, como “venerável.” Se de forma conclusiva for mostrado que ele viveu uma vida santa e operou milagres, sua beatificação pode ser requerida, mas normalmente só depois de cinquenta anos de sua morte. O processo é primeiramente conduzido pelo bispo do lugar onde ele vivia; uma comissão da Congregação de Ritos examina se isso é permitido, e neste caso a autoridade papal para prosseguir é concedida. Para fazer a demonstração necessária de que o candidato possuiu virtudes “heroicas” e operou milagres, são feitas três investigações em separado - uma diante da Congregação de Ritos, uma perante o pleno do colégio de cardeais e uma diante do consistório dirigido sob a presidência papal. Quando o papa aprova a requisição, um resumo é redigido, o qual garante o título de beatus, e define o limite do consequente cultus, incluindo a comemoração e invocação em adoração pública, o erigir de altares, a exposição pública de relíquias, e outras tais. A publicação solene do decreto de beatificação ocorre na praça de São Pedro. Depois de repetidos milagres e um processo similar de investigação, a canonização pode se seguir mais tarde, com mais cerimônias imponentes, com o papa ou seus representantes rezando uma grande missa em honra ao novo santo (The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge (Vol. II, pág. 400).

Em contraste a essa prática Romana, a Bíblia mostra todo crente como um santo. Um crente se torna um santo não quando ele morre, mas quando ele entra em Cristo e se torna um cristão. O Novo Testamento refere-se a todos os cristãos como santos, independente de suas realizações espirituais (Romanos 1:7; 1 Coríntios 1:2; 2 Coríntios 1:1; 13:13; Efésios 1:1; 4:12; Filipenses 1:1; 4:21; Colossenses 1:2,4,26; Hebreus 13:24; etc.).

Os vitrais nas janelas das catedrais europeias normalmente mostram pessoas famosas da história da igreja. Depois de visitar uma dessas catedrais, alguém descreveu um “santo” como uma pessoa através de quem brilha uma luz. A verdade inclusa nessa ilustração é que o crente foi separado do mundo, dedicado a Deus e consagrado para o Seu serviço. Esvaziado do egoísmo e do pecado, o crente rendido se torna um veículo transparente através do qual a luz de Deus pode brilhar.