segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Capítulo XVII - O Governo de Deus sobre o Universo

CAPÍTULO XVII
O Governo de Deus sobre o Universo

Deus não é só a fonte da existência, mas Ele é também o governador do universo. Todas as coisas criadas estão sujeitas ao governo de Deus.

Existem três ramificações ou funções de governo. São elas a executiva, legislativa e judiciária. O ramo executivo do governo cumpre a lei, o legislativo cria a lei; e o judiciário interpreta a lei.

No governo dos Estados Unidos, a função executiva do governo está investida na presidência; a função legislativa está investida no congresso; e a função judiciária está investida na Suprema Corte.
De forma semelhante, o governo de Deus sobre o universo inclui estes três ramos de administração. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará”. ( Isa. 33:22 ). Este é o verso chave deste capítulo.

No estudo do governo de Deus sobre o universo, nós vamos considerar as posições e obras de Deus como Rei, Legislador e Juiz. A posição de Deus como Rei refere-se à função de governo executiva; Sua posição como legislador refere-se à função legislativa; Sua posição como Juiz refere-se a função judicial. Portanto, o governo de Deus sobre o universo é completo.


I. Rei

Deus é o Rei do universo. “O seu reino domina sobre tudo”. Toda criatura existe dentro dos limites de Seu governo. Toda pessoa deve viver em obediência a Ele.

Os governantes terrenos têm o direito de governar somente porque Deus como Rei lhes outorgou este privilégio. Os governantes terrenos na sua totalidade têm falhado em reconhecer o supremo reinado de Deus. Eles provaram-se indignos de governar. Deus autorizou Seu filho, Jesus Cristo, a ser o Rei eterno na terra. Quando Cristo retornar à terra, os governos humanos serão compelidos a se submeter ao Seu governo. Ele será reconhecido como Rei dos reis e Senhor do senhores.

1 Timóteo 1:17                      Ao Rei dos séculos, imortal
1 Timóteo 6:15                      Bem aventurado e único poderoso Senhor
Atos 17:24                             Senhor do céu e da terra
1 Crônicas 29:10-13             Teu é, Senhor, o reino
Apocalipse 19:6                     O Senhor, Deus Todo-Poderoso, reina
Êxodo 15:18                          O Senhor reinará eterna e perpetuamente
Salmos 10:16                         O Senhor é Rei eterno
Salmos 22:28                         Ele domina entre as nações
Salmos 29:10                         O Senhor se assenta como Rei perpetuamente
Salmos 47:2,7,8                     Rei grande sobre toda a terra
Salmos 93:1,2                        Vestido de majestade
Salmos 96: 10                        O Senhor reina!
Salmos 97:1                           O Senhor reina. Regozije-se a terra
Salmos 99:1                           O Senhor reina; tremam as nações
Salmos 103:19                       O seu reino domina sobre tudo
Salmos 145:11-13                 O teu domínio estende-se a todas as gerações
Isaias 6:5                                O Rei, o Senhor dos Exércitos
Isaias 43:15                           O Criador de Israel, vosso Rei
Jeremias 46:18                      Cujo nome é o Senhor dos Exércitos
Jeremias 10:10                      O Rei eterno
Daniel 4:3                              O seu reino é um reino sempiterno
Daniel 4:17,25,32                 Tem domínio sobre os reinos dos homens
Daniel 5:21                            Tem domínio sobre os reinos dos homens
Daniel 4: 34, 35, 37              Cujo reino é de geração em geração
Daniel 6:26                            O seu reino não se pode destruir
Daniel 7: 14,18,27                Deu o reino ao Seu filho
1 Coríntios 15: 28                 Deus será tudo em todos


II. Legislador

Deus governa o universo de acordo com princípios, padrões e leis não escritas. Podemos observar um padrão ordenado através da natureza, desde a estrutura dos átomos até o movimento das estrelas. “O Senhor é o nosso Legislador”. (Isa. 33:22). Ele estabeleceu regulamentos de acordo com os quais Sua criação deve funcionar.

As leis que governam o universo material, como o crescimento das plantas, a gravidade, a eletricidade, correntes de ar e o movimento do sistema solar, são chamadas de leis naturais. As leis que governam o universo moral, como a relação do homem com Deus, com seu vizinho e consigo mesmo, são chamadas de leis morais. As ciências naturais, como a astronomia, geologia, física, química e biologia, tratam do estudo das leis naturais. A teologia bíblica trata do estudo das leis morais.

As leis naturais e morais são igualmente eficazes. O Deus da natureza e o Deus da Bíblia são um. O Criador também é também o governador moral. A lei natural e a lei moral originam-se em Deus. Ele é o legislador de ambas. Ninguém pode violar com segurança as leis morais tanto quanto não se pode violar as leis naturais do universo. A violação resulta em destruição final.

As leis naturais e morais estão relacionadas aos atributos morais e naturais de Deus. As leis naturais do universo físico revelam em alguma extensão os atributos naturais de Deus. As leis morais governando o homem expressam os atributos morais de Deus.

Os princípios morais de Deus expressam Seu caráter moral. Deus não poderia alterar Seu padrão moral sem mudar Seu próprio caráter. O pecado é a falha em se conformar às leis morais de Deus. O pecado é contrario ao próprio Deus; portanto, Deus deve desaprovar o pecado, e o resultado do pecado deve ser a destruição. Esta não é uma lei arbitrária de Deus; a vida foi feita desta forma. O homem em pecado está fora de sintonia com o caráter de Deus.

A. H. Strong observou que a lei implica oito elementos: (1) um legislador, ou vontade autoritária; (2) objetos ou seres sobre os quais esta vontade se encerra; (3) um comando geral, ou expressão desta vontade; (4) poder para impor o comando; (5) dever ou obrigação  a obedecer; (6) sanções, sofrimento ou penalidade pela desobediência; (7)  que a lei seja uma expressão da natureza do legislador, e (8) que a lei estabeleça a condição ou conduta dos sujeitos, aos quais é requisito de harmonia com aquela natureza. (Op. cit., pp. 533-549).

Através de seus próprios esforços o homem não pode ser conforme as leis morais de Deus e acatar Sua perfeita retidão. “Não há um justo, nem um sequer”. Os homens são naturalmente pecadores. Jesus Cristo, porém, obedeceu perfeitamente as leis morais de Deus. Sua vida refletiu com perfeição os atributos morais de Deus: santidade, amor e verdade. Ele era sem pecado. Ele teve a retidão perfeita.

Quando o crente se rende ao Cordeiro de Deus, o pecado do crente é imputado a Cristo e a retidão de Cristo é imputada ao crente. (2 Cor. 5:21). Com base na justiça imputada, Deus declara que o crente está justificado. A justiça imputada ao crente na conversão é na verdade transmitida ao crente gradualmente na medida em que Cristo tem permissão para exercer influência na sua vida. O fruto do Espírito (Gal. 5:22,23) é a retidão transmitida. É a retidão de Cristo produzida na vida do crente que se entregou.

Nenhum homem pode ser salvo pela guarda da lei. Ele só pode ser salvo ao se tornar apropriadamente ligado a Cristo, o Salvador. A retidão que conta para Deus é a retidão de Cristo imputada ao crente e transmitida para dentro do crente. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é  dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua”. (Efe. 2:8-10).


III. Juiz

A terceira função do governo de Deus é a judicial. Em Seu relacionamento executivo, Deus é Rei; no Seu relacionamento legislativo, Deus é Legislador; em Seu relacionamento judicial, Deus é Juiz. “O Senhor é o nosso Juiz”. (Isa. 33:22).

Gên. 18:25                             O Juiz de toda a terra
Salmos 50:3-6                       Deus é o próprio juiz
Salmos 94:2                           És juiz da terra
Hebreus 12:23                      Deus, o Juiz de todos

A palavra julgamento é usada de muitas maneiras. Existem muitos aspectos da obra de julgamento. Julgamento pode significar (1) determinar a culpa ou inocência, (2) pronunciar o veredicto de condenação ou absolvição, (3) separar os homens em grupos, ou (4) executar a pena sobre o culpado e conceder a recompensa ao justo.

1. Base para o julgamento. A santidade e a justiça de Deus constituem a base para o julgamento divino. Porque Deus é Santo, Ele não pode aprovar o pecado. A punição dos pecadores e a recompensa para o reto são exigências do caráter santo de Deus.

Salmos  89:14                        Justiça e juízo são a base do teu trono
2 Tess. 1:5,6                           Justo diante de Deus
Apocalipse 15:3,4                  Justos e verdadeiros são os teus caminhos
Apocalipse 19:2                     Verdadeiros e justos são os teus juízos

2. Necessidade de julgamento.  O salário do pecado deve ser a morte pois o pecado é anti-Deus . Se Deus pudesse aprovar o pecado, Ele deixaria de ser Santo. O caráter de Deus não pode mudar; Deus jamais deixará de ser santo. O pecado, portanto, deve resultar em julgamento e destruição.

Romanos 1: 32                      Dignos de morte
Romanos 2:6                          Recompensará cada um segundo as suas obras
Romanos 6:23                       O salário do pecado é a morte
Romanos 8:6,13                    A mente carnal gera a morte
Gálatas 5: 19-21                    Excluídos do reino de Deus
Gálatas 6:7-9                         Nós colhemos o que semeamos
Apocalipse 21:8                     Pecadores destruídos na segunda morte

3. Certeza de julgamento. O fato de que Deus não faz cair mortos os pecadores hoje no ato do pecado não é uma indicação de que o pecado nunca será punido. O julgamento futuro é certo. Algum dia a era da graça será sucedida pela era do julgamento. Pecadores serão julgados e punidos; o justo será recompensado.

Salmos 103:8,9                      Não repreenderá perpetuamente
Eclesiastes 8:11-13               Como se não executa logo o juízo
Eclesiastes 11:9                     Te trará Deus a juízo
Eclesiastes 12:14                  Deus há de trazer a juízo toda a obra
Mateus 12:36,37                   As palavras como base do julgamento
Atos 17:30,31                        Um dia determinado
Romanos 2:2-11                    Não faz acepção de pessoas
Romanos 14:10,12                Dará conta de si mesmo a Deus
1 Cor. 4:5                               Trará à luz as coisas ocultas
2 Cor. 5:10                             Porque todos devemos comparecer
Hebreus 9:27                         Vindo, depois disto, o juízo
1 Pedro 4:5                            Os quais hão de dar conta

4. A ira de Deus. A ira de Deus é seu desprezo pelo pecado. É sua santa atitude em relação ao ímpio. O juízo divino revela sua ira.

Romanos 1:18                      A ira revelada através do evangelho
Salmos 2:5                            Falará na sua ira
João 3:18-21                         Quem não crê já está condenado
João 3:36                               A ira de Deus sobre o infiel
Efésios 2;3                            Filhos da ira
Colossensses  3:6                  Ira de Deus sobre os filhos da desobediência
Apocalipse 6:12-17               É vindo o grande dia da sua ira
Apocalipse 11:17,18             E veio a tua ira
Apocalipse 14:7                    Porque vinda é a hora do seu juízo
Apocalipse 14:18-20             Grande lagar da ira de Deus

5. Julgamentos Divino históricos. Embora o julgamento final e a punição dos pecadores não ocorra até a Última Ressurreição e a segunda morte, Deus visitou a terra com julgamento em várias ocasiões. A expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden foi um julgamento divino. O dilúvio durante a vida de Noé revelou a ira de Deus contra o pecado. A dispersão das nações e a confusão das línguas na Torre de Babel também foi um julgamento divino. A destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas contra o Egito, e o cativeiro de Israel foram julgamentos históricos de Deus. Os profetas profetizaram e escreveram juízos de Deus contra várias nações antigas. A morte de Cristo pelos pecadores (João 12:31,32) revelou o juízo de Deus contra o pecado. O Calvário é o tribunal do pecado e o propiciatório para os pecadores.

6. Deus julgará os homens através de Seu Filho. Deus fará a obra de julgamento através de Seu Filho, Jesus Cristo. Como Deus, o Rei do universo, governará através do reinado de Cristo, o Rei dos reis, e como Deus, o Salvador, realiza toda a Sua obra de salvação por meio de Jesus, o Salvador; assim também Deus, o Juiz , cumprirá a Sua obra de julgamento através de Cristo, futuro Juiz da terra.

João 5:22-30                          Deus deu ao filho todo juízo
Atos 17:31                             Julgar o mundo, por meio do varão que destinou
Romanos 2:16                       Julgará os segredos dos homens, por Jesus Cristo
Apocalipse 5:1-9                   Digno é o Cordeiro de julgar

7. Justificação, uma Obra Judicial de Deus. Quando os crentes aceitam a Jesus como Substituto e passam a estar unidos a Ele, Deus imputa sobre eles a justiça de Cristo. Então como juiz, Deus anuncia que eles não são culpados. Ele declara que não estão debaixo de condenação. Consequentemente eles são justificados. Justificação, o oposto da condenação, é uma obra judicial de Deus através de Cristo.

8. Julgamentos Futuros. Os julgamentos divinos futuros incluem a recompensa dos  crentes quando Jesus vier, julgamento de Israel e as nações sobreviventes, julgamento da Babilônia, da Besta e do Falso Profeta, julgamento de Satanás, e o juízo final e destruição dos ímpios mortos. Para uma consideração detalhada dos julgamentos futuros o leitor é remetido à Escatologia, a sétima divisão da Teologia Sistemática.


IV. Trabalho de Redenção de Deus

O verso chave de nosso estudo sobre o governo de Deus sobre o universo tem sido Isaias 33:22. Leia este verso novamente e note a última frase. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso rei; Ele nos salvará”.  Ele nos salvará! Não somente Deus governa, faz leis, pune e recompensa, mas Ele também redime e salva. Em Sua obra de dar existência ao universo, Deus é o Criador, Mantenedor e Pai. Em Sua obra de governar o universo, Deus é Rei, Legislador e Juiz. Na Sua obra de redenção e salvação, Deus é Redentor e Salvador.

      A salvação origina-se em Deus. É proporcionada pelo Seu amor, planejada pela Sua sabedoria, e executada através do Seu poder. A meta da salvação é trazer homens a Deus. Deus realiza Sua obra de salvação através de nosso Salvador, Jesus Cristo. A Bíblia está cheia de referencias a Deus como Redentor e Salvador. Pode parecer confuso para alguns perceberem que ambos, Deus e Seu Filho, ocupem a posição de Salvador. Não precisa perplexidade, este fato é uma verdade gloriosa. Deus executa Sua obra de salvação através de Seu Filho. Jesus é o único Mediador entre Deus e a raça humana. Deus, o Salvador, trabalha através do Salvador, Jesus Cristo. A graça de Deus é a origem da salvação e a morte sacrificial de Cristo é a base da salvação. O homem não pode experimentar a salvação sem Cristo.

Deus sustenta uma dupla relação com a humanidade: um relacionamento criado ou providenciado e um relacionamento redentivo. O relacionamento providencial é efetivo para com todos os homens. É exercitado tendo em vista o fato de que todos os homens são criaturas de Deus e estão sujeitos ao Seu governo universal. Todos os homens estão sujeitos às leis naturais do universo. A relação redentiva de Deus é efetiva para com os homens que cumprem Seus requisitos redentivos. É exercitado tendo em vista o fato de que os crentes passaram a se relacionar com Deus de uma maneira especial através do Seu Filho.

Através da criação, Deus é Pai de todos os homens; através da redenção Ele é o Pai somente dos crentes. Todos os homens, portanto, são filhos criados por Deus, mas somente os crentes são filhos redimidos de Deus. Assim também, todos os homens são irmãos através de Adão enquanto que somente os Cristãos são irmãos por meio de Cristo.

Todas as criaturas têm o Espírito de Deus ou poder ( Salmos 104:30 ) na forma como Deus usa este poder para dar-lhes vida. Somente os cristãos, porém, têm o Espírito de Deus (Rom. 8:9 ) na forma como Deus usa este poder para dar aos homens a salvação. O Espírito de Deus na sua obra de dar vida natural pode ser contatado diretamente por todos os homens. O Espírito redentor de Deus porém, só pode ser contatado pelos crentes através de Cristo.

A realeza de Deus também é dupla. Deus é o Rei do universo, exercendo ambas, a majestade providencial e a redentiva. Através da Sua majestade providencial, Deus é Soberano; através de Sua majestade redentiva, Ele é Salvador. A majestade providencial de Deus refere-se ao Seu governo sobre Sua criação natural; Sua majestade redentiva refere-se ao Seu governo sobre os redimidos. Todo homem entra no reino providencial universal de Deus através do nascimento no mundo. Porém somente os redimidos podem entrar no reino redentivo de Deus através de Seu plano de salvação.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Capítulo XVI - A Relação de Deus com o Universo

CAPÍTULO XVI
A Relação de Deus com o Universo

Vamos considerar agora as sete relações de Deus com Suas obras. A obra e a relação de Deus com o universo pode ser indicada pelas sete posições que Deus ocupa. As sete posições de Deus são agrupadas sob três títulos: A origem do Universo, o Governo do Universo, e a Redenção da Humanidade.

Neste capítulo vamos considerar Deus como a origem ou fonte do universo. Vamos estudar Suas obras como Criador, Mantenedor e Pai.

Dr. William Newton Clarke escreveu as seguintes palavras a respeito da relação de Deus com o universo:

Deus não está só, mas está acompanhado em existência por uma imensa massa de seres que nós chamamos de universo. (Op.cit.,p.272).
De acordo com a concepção cristã, o universo existe em oposição a Deus, e Deus em oposição ao universo. Em existência são dois, Deus e aquilo que não é Deus. Os dois não são idênticos, e os dois nomes não são nomes para uma única realidade. Deus é um e o universo é outro. Sua inteira vastidão e complexidade formam uma segunda unidade de existência. O máximo de unidades de existência são duas, e não mais. Não pode haver mais, mas apenas duas – Deus e o que não é Deus, ou Deus e o universo. ( Ibid, p. 273 )
A relação entre as duas unidades de existência é evidenciada quando se diz que uma é a fonte da outra. A segunda e dependente da primeira, e deve-se à energia produtiva e causal da primeira, ou de forma mais precisa, a existência da segunda deve-se à vontade da primeira. Deus é o primeiro, e o universo é o segundo, e a existência do universo é resultante da energia e da vontade de Deus. ( Ibid, p. 282 ).


I. Criador

O universo nem sempre existiu. Ele teve uma origem. Deus é o Originador, a Fonte, o Criador do universo. Uma mensagem marcante da bíblia é que Deus é o Criador de todas as coisas. E é o criador do homem.

Gên. 1:1                                 Criou Deus
Neemias 9:6                           Fizeste o céu, a terra
Jó 33:4                                   O Espírito de Deus me fez
Salmos 8:3                             Obra de teus dedos
Salmos 33:6                           Pela palavra do Senhor foram feitos os céus
Salmos 89:11                         Tu os fundaste
Salmos 136: 5-9                    Com entendimento fez os céus
Salmo 146: 6                         Que fez os céus e a terra
Salmo 148: 5, 6                     Mandou, e logo foram criados
Provérbios 3:9                       Com sabedoria, fundou a terra
Eclesiastes 12:1                     Teu criador
Isaías 37:16                           Tu fizeste os céus e a terra
Isaias 40: 28                          Criador dos confins da terra
Isaias 45:8,12                        Eu, o Senhor, os criei
Isaias 45:18                           O Deus que formou a terra
Jeremias 10:12                      Ele fez a terra pelo seu poder
Jeremias 32:17                      Tu fizeste os céus e a terra
Zacarias 12:1                         Que estende o céu
Atos 17:24                             Deus que fez o mundo e tudo o que há nele
Romanos 1:25                       O Criador, que é bendito eternamente
1 Pedro 4:19                         Ao fiel Criador
Apocalipse 4:11                    Tu criaste todas as coisas


II. Mantenedor

Deus não apenas criou o universo, mas também sustenta e preserva a Sua criação. Como Criador, Deus deu origem a todas as coisas; como Mantenedor, Ele preserva todas as coisas. Criação está relacionada com o início da existência; preservação está relacionada com a continuidade da existência.

Strong definiu preservação como “a ação contínua de Deus pela qual Ele mantém em existência as coisas que Ele criou, junto com as propriedades e forças com que Ele as dotou” (Op.cit,p. 410).

Neemias 9:6                           Tu os guardas em vida a todos
Salmos 36:6                           Tu conservas os homens e os animais
Salmos 104: 5-31                  Deus preservando a natureza
Salmos 145:20                      Guarda a todos os que o amam
Atos 17:28                             Nele vivemos, e nos movemos


III. Pai

O fato de Deus ser Pai é um avanço sobre o fato de Deus ser o Criador. Deus é o Criador de todas as coisa, mas Ele é ao mesmo tempo Criador e Pai dos homens. A obra de Deus na criação tem ampla ligação com a origem do universo material; Sua paternidade tem ampla ligação com a origem e natureza da humanidade.

Paternidade implica na semelhança entre os pais e a descendência. Deus criou as rochas, plantas e animais, mas Deus não é como a rocha, a planta ou um animal. Deus não é apenas o Criador dos homens, mas Ele é também o Pai deles. Existe uma certa semelhança, similaridade e parentesco entre Deus e os homens. ( Gên. 1:26,27 ).

A bíblia reconhece uma dupla paternidade de Deus. Num sentido Deus é Pai de todos os homens. Em outro sentido Deus é Pai somente dos crentes que se tornaram devidamente relacionados com Ele através de Seu Filho. Todos os homens são filhos de Deus pela criação; somente os crentes são filhos de Deus pela redenção. Existe portanto, uma distinção entre a paternidade criativa de Deus e Sua paternidade redentora.

Capítulo XV - Atributos Morais de Deus

CAPÍTULO XV
Atributos Morais de Deus

Os atributos morais de Deus descrevem seu caráter. Eles designam propriedades dentro da natureza de Deus que determinam Seu relacionamento moral com a humanidade. O que Deus faz é determinado pelo que Deus é. As obras de Deus são baseadas no caráter de Deus.

As doutrinas da salvação têm origem nos atributos morais de Deus. Um entendimento adequado dos atributos morais de Deus é essencial para um entendimento adequado da doutrina do pecado, Cristo e salvação.

Os três atributos morais fundamentais de Deus são santidade, amor e verdade. Santidade inclui retidão e justiça. Amor inclui misericórdia, graça, benignidade e bondade. Verdade inclui veracidade e fidelidade.


I. Santidade

Deus é santo. A santidade refere-se à perfeição moral de Deus. A santidade de Deus envolve um aspecto positivo e um aspecto negativo. O aspecto positivo da santidade de Deus é o fato de que n’Ele habita toda a bondade. O aspecto negativo é o fato de que n’Ele não existe nenhum mal moral. O primeiro pensamento é designado pela palavra “excelência”. O segundo é designado pela palavra “pureza”.

1. Excelência Moral. A santidade de Deus está na gloriosa plenitude de Sua excelência moral. Na somatória infinita de Sua perfeita bondade. Observe em sua Bíblia a longa lista de versículos que remetem à santidade de Deus. Alguns dos mais conhecidos estão listados a seguir:

Êxodo 15:11                          Glorificado em santidade
Salmos 30:4                           Celebrai a memória da sua santidade
Salmos 47:8                           Trono de Sua santidade
Salmos 60:6                           Deus disse na Sua santidade
Salmos 99:3,5,9                     Exaltai ao Senhor, porque Ele é  Santo
Isaías 6:3                                Santo, santo, santo
Isaías 47:4                             O Santo de Israel
Isaías 57:15                           O Alto e o Sublime, e cujo nome é santo
João 17:11                             Pai Santo
I Pedro 1:15,16                     Sede santos; porque eu sou santo
Apocalipse 4:8                       Santo, Santo, Santo
Apocalipse 15:3,4                  Porque só Tu és Santo

2. Pureza Moral. Em segundo lugar, a Santidade de Deus refere-se à absoluta pureza moral de Deus. Ela indica que Ele é livre de pecado, Seu caráter imaculado. Porque Deus é santo, Ele exclui de Si tudo que contradiz Sua natureza divina.

A Bíblia apresenta o poder de Deus em contraste com a fragilidade do homem, a sabedoria de Deus em contraste com a ignorância do homem e a santidade de Deus em contraste com o pecado do homem.

Deus não pode pecar. Ele não pode aprovar o pecado nem mesmo tolerá-lo. Se Deus aprovasse o pecado, Ele deixaria de ser santo. Os cinco primeiros textos listados a seguir estabelecem o fato que Deus não pode pecar. Os outros cinco textos declaram que Deus não pode aprovar o pecado.

Deuteronômio 32:4             Não há nele injustiça
Jó 34:10                                   Longe de Deus a impiedade
Salmos 92:15                         Nele não há injustiça
Tiago 1:13                              Deus não pode ser tentado pelo mal
I João 1:5                                Não há nele treva nenhuma
Deuteronômio 25:16          Abominação é ao Senhor
Salmos 5:4                             Não és um Deus que tem prazer na iniquidade
Habacuque 1:13                   Tão puro de olhos, que não podes ver o mal
Isaías 59:1,2                          Os vossas pecados encobrem o seu rosto de vós
I Pedro 3:12                          O rosto do Senhor é contra os que fazem males

3. O Atributo Mais Importante de Deus. A pessoa mais importante no universo é Deus. O fato mais importante a respeito de Deus é que Ele é santo. A santidade de Deus é Sua característica mais importante. É a Sua natureza moral essencial. Ela é a verdade fundamental da Bíblia. O Velho Testamento pode ser resumido pela palavra “santo”. O Novo Testamento pode ser resumido, nas palavras de Cristo, “Pai Santo”.

Quando um fotógrafo faz a fotografia de uma pessoa, o ponto mais importante da imagem é o rosto da pessoa. Os pés podem ser omitidos na imagem, mas o fotógrafo é muito cuidadoso em incluir a face da pessoa. Da mesma forma, Deus não está tão preocupado com que os homens vejam como é a Sua mão de poder, quanto deseja que os homens vejam a beleza de Sua santidade, Sua face. (Salmos 110:3, II Crônicas 20:21 - KJV).

Frequentemente ouvimos o comentário de que o amor é o mais importante atributo de Deus. O amor porém, é inferior à santidade. É glorioso o fato de que Deus é amor, mas é mais religioso o fato de que Deus é santo. Amor deve ter uma medida. Pode existir um amor maligno ou egoísta. O amor precisa de um padrão para medir sua qualidade. A santidade é a medida do amor de Deus. Seu amor é um amor santo. Então, a santidade de Deus é superior a Seu amor. É Seu atributo mais importante.

A tendência corrente na teologia liberal enfatiza o amor de Deus, mas ignora a santidade de Deus. Isto tem resultado na negação do pecado pessoal e a necessidade do sacrifício de Cristo. A pregação da santidade de Deus revela o estado pecaminoso do homem e sua necessidade de arrependimento. A teologia liberal e atuais igrejas modernistas são voltadas para a redenção da sociedade ao invés da redenção de indivíduos. Não há, entretanto, espaço para a pregação da santidade de Deus, o sacrifício vicário de Cristo e o arrependimento do homem. O amor de Deus nunca deveria ser apresentado isolado de Sua santidade.

A importância do atributo da santidade de Deus é revelada no fato de que os serafins choravam continuamente perante o trono de Deus e declaravam este atributo. Eles clamavam “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está cheia da sua glória” (Isaías 6:3). Observe que os serafins não diziam, “Amor, amor, amor,” ou “Poder, poder, poder”, ou “Sabedoria, sabedoria, sabedoria, é o Senhor dos Exércitos.” Eles enfatizam a santidade de Deus, pois é Seu atributo mais importante.

Deus disse: “Uma vez jurei por minha santidade”  (Salmos 89:35). Deus confirmou Seu concerto com Davi, não pelo Seu poder ou sabedoria ou amor, mas por Sua santidade. Ele jurou pela Sua santidade porque este atributo é a máxima expressão de Seu caráter.

4. Expresso na Lei Moral de Deus. O padrão moral de Deus para a humanidade são expressões de Seus próprios atributos morais. As leis morais do universo são determinadas pelo caráter de Deus. O próprio Deus é o padrão para o certo e o errado. Deus disse: “Sede santos, porque eu sou santo”. O amor resume a lei de Deus, e Deus é amor.

Piedade significa: à imagem de Deus. Ser devoto, ou religioso, é ser como Deus. O objetivo da salvação é ajustar a situação e o caráter do homem de forma que sua vida possa refletir os atributos morais de Deus. O caráter e a conduta do homem devem ser preenchidos com santidade, amor e verdade. Hoje é impossível ao homem ser como Deus em Seus atributos naturais. Atualmente o homem não pode se tornar como Deus em Sua infinidade, imutabilidade, onisciência, onipresença e onipotência. Em certa escala porém, hoje o homem pode se tornar semelhante a Deus em Seus atributos morais: santidade, amor e verdade.

Leis promulgadas pelos legisladores humanos são expressões de suas vontades. As leis morais de Deus, ao contrário, são expressões não unicamente de Sua vontade, mas também de Seu caráter. Seus padrões morais eternos são inalteráveis porque Seu caráter é inalterável.

O pecado viola não somente a vontade de Deus, mas também o caráter de Deus. O pecado não só é contrário à obra de deus, mas também à natureza intrínseca de Deus. O pecado, portanto, é anti-Deus.

5. Exige que o Pecado Resulte em Morte. A santidade de Deus como é manifestada em Sua relação com os homens transforma-se em retidão e justiça. Deus sempre faz aquilo que é correto e justo. Qualquer coisa que Ele faça é consistente com Seu próprio caráter santo.

A santidade de Deus, retidão e justiça exigem que o pecado resulte em morte. O pecado é contrário à própria natureza de Deus; portanto, o pecado é anti-Deus. Deus é vida; o pecado é anti-vida. O resultado do pecado deve ser a morte e a destruição. “O salário do pecado é a morte”. Este não é um arranjo divino arbitrário; o universo está construído sobre este princípio. Ou Deus condena o pecado ou viola Seu próprio caráter. Deus não pode mudar Seu caráter porque Ele é inalterável. O pecado deve ser condenado à destruição.

A justiça de Deus requer que seja paga a pena por todos os pecados cometidos no universo. Os pecadores pagarão a pena por seus próprios pecados ao serem destruídos eternamente pela segunda morte. (Apoc. 20:15; 21:8) A primeira morte não é o pagamento final pelo pecado pessoal do homem. Se fosse, os cristãos que tiveram seus pecados perdoados não morreriam a primeira morte. A primeira morte, entretanto, vem a todos os homens. Os cristãos não podem ser feridos pela Segunda morte, ela não tem poder sobre eles (Apoc. 20:6). A segunda morte é para os pecadores.

6. O Propósito da Morte de Cristo. É evidente que o pecador não pode ser destruído eternamente e viver eternamente ao mesmo tempo. Se o pecador paga por seus próprios pecados pessoais sendo destruído na segunda morte, ele não pode ter a vida eterna.

Todo pecado que o pecador comete deve ser pago pela morte. Se a pena não é paga pessoalmente pelo pecador, deve ser paga por um substituto. Um pecador não pode ser substituto para um outro pecador. Sendo isento de pecados, Jesus era a única pessoa que poderia servir como substituto do homem.

A morte de Cristo sobre a cruz não foi idêntica à futura morte do pecador na segunda morte. Ele não foi destruído no lago de fogo. Seu sacrifício foi um substituto equivalente. Como pode uma pessoa servir como substituto para milhares de pecadores? Como uma moeda de um dólar é equivalente a cem moedas de um centavo, assim a morte do único perfeito divino Filho de Deus tinha o valor equivalente a um número infinito de pecadores. Jesus morreu potencialmente por todos os homens; os méritos de Seu sacrifício são efetivos somente para aqueles que o aceitam como Salvador e Senhor.

Senhor, eu creio que os pecadores
Eram mais que a areia na praia do mar,
Tu pagaste o resgate por todos,
Plena expiação por todos fizeste.
Zinzendorf

Quando Deus perdoa o crente pecador, Ele não age de forma contrária ao seu santo caráter pois o salário do pecado foi satisfeito através do sacrifício de Cristo, o substituto do pecador (Rom. 3:24-26). Deus pode continuar a ser santo e justo enquanto Ele perdoa e justifica o pecador que crê, porque as demandas de Sua santidade foram atendidas na cruz.

A pena para todo pecado deve ser paga. As demandas da justiça de Deus podem ser satisfeitas por uma de duas maneiras. O pecador pode pagar a pena de seus próprios pecados pessoalmente sendo destruído na segunda morte, ou ele pode aceitar o pagamento vicário que Cristo fez por ele como seu substituto. Em outras palavras, o pecador deve aceitar o sacrifício de Cristo ou ser destruído na segunda morte.

O fato de que Deus não tivesse a obrigação de prover um meio de salvação para os pecadores mostra Seu grande amor, misericórdia e graça para com a humanidade. O fato de Jesus se oferecer voluntariamente por nós, revela Seu amor por nós e inspira nosso amor por Ele.

7. A Eternidade Justificará a Santidade de Deus. Alguns homens afirmam, “Se Deus é Santo e não pode aprovar nem tolerar o pecado, por que Ele permite que o pecado exista no Seu universo?” “Por que,” eles perguntam “Deus permite guerras, crime e injustiça social prevalecerem sobre a terra? Por que o ímpio prospera? Por que os santos são perseguidos e algumas vezes em miséria? Como pode Deus ser santo e permitir que estas coisas aconteçam na terra?”.

Como um ato de graça, Deus tem prorrogado a execução da pena pelo pecado de forma que os pecadores tenham a oportunidade de aceitar o Seu plano de salvação. A justiça absoluta, separada da graça, teria exigido que toda a raça humana fosse instantaneamente destruída quando Adão e Eva cometeram o primeiro pecado. O fato de Deus reter atualmente a completa punição pelo pecado não é indicação de que Ele não seja santo ou seja injusto. Isto denota Sua graça e misericórdia. (II Pedro 3:9; Rom. 2:4-6).

Embora Deus não ataque os pecadores no momento em que o pecado é cometido, ninguém deve pensar que o pecado nunca será punido. O juízo futuro é certo. Algum dia a era da graça será sucedida pela era do julgamento. Os pecadores serão julgados e punidos; os justos serão recompensados. O que é torto será endireitado; os livros serão analisados. O caráter de Deus será revelado na sua verdadeira natureza. Sua santidade será justificada.

O juízo futuro de Deus revelará seu Santo caráter. “Se, de fato, é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam” (II Tes. 1:6). “Porque verdadeiros e justos são os seus juízos” (Apoc. 19:2). “Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgastes estas coisas” (Apoc. 16:5). “... Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (Apoc. 16:7).

A Santidade e justiça de Deus serão reveladas não somente na punição do ímpio, mas também na recompensa dos justos. (II Tim. 4:8).


II. Amor

“Deus é amor.” Amor é um destacado atributo moral de Deus. O amor não tem existência separado de Deus; Deus não executa qualquer obra sem o Seu santo amor. O amor é uma característica básica de Sua natureza. A verdade não é  que Deus meramente ama, mas que Deus é amor. O amor não é simplesmente algo que Deus faz, isto é a Sua natureza. Seu amor não é ocasional nem limitado. Não há ocasião em que Deus não ame, e nenhuma esfera que o Seu amor não cubra. A verdade gloriosa é que Deus é amor. “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. (I João 4:8). “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus, nele”. (I João 4:16).

O fato de Deus ser amor significa que Ele deseja e se regozija no bem-estar de Suas criaturas. Através do desejo, Deus é paciencioso para  conosco, nos busca e nos reivindica para Si mesmo. Através do regozijo Deus se alegra em nós e nos outorga Seus ricos tesouros.

O amor de Deus preenche o universo. Cada partícula da criação está submersa no amor de Deus. O círculo de Sua afeição alcança todas as Suas criaturas. “ Porque Deus amou o mundo”. Embora a vida possa estar cheia de desapontamentos, sabe-se que Deus é amor e Seu amor em algum momento triunfará.

1. Resumo dos Princípios Morais. O amor é o resumo dos princípios morais de Deus para a humanidade. (Mat. 22:37-40 ) Jesus disse, “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei “(João 15:12). Deus quer que os homens sejam como Ele em santidade, amor e verdade.

Nós temos visto que isto é verdade considerando a santidade de Deus. Quando o crente entra em Cristo, ele adquire uma posição em solo Santo perante nosso Santo Deus. O caráter do crente é transformado pelo Espírito Santo; sua conduta resulta num caminhar santo. O crente, então, reflete em miniatura a santidade de Deus.

A devoção resulta também em que o crente se torne como Deus no tocante ao Seu atributo do amor. A vida cristã em amor reflete o caráter moral de Deus e proclama ao mundo que Deus é amor.

2. Misericórdia, Benignidade e Graça. A santidade de Deus manifestado aos homens se torna-se retidão e justiça. O amor de Deus manifestado aos homens torna-se misericórdia, benignidade, longanimidade e graça. São palavras relacionadas. O lugar do amor, da misericórdia e da graça na salvação será discutida no tópico Soteriologia.

3. A Salvação Revela o Amor de Deus. A salvação tem origem no coração de Deus. Pecadores não merecem a salvação; eles são dignos de morte. Deus não estava obrigado a providenciar um meio de salvação para ninguém. Ele poderia ter destruído todos os pecadores e eles teriam recebido o que mereciam. Porém Deus, mediante o amor, dá aos homens o que eles não merecem. Ele ofereceu a salvação através de Seu filho, Jesus Cristo. Isto é a graça ! Graça é o amor gratuito de Deus em relação às necessidades dos homens pecadores. Graça é a misericórdia sem merecimento.

Em primeiro lugar, Deus revela o Seu amor pelo fato de não destruir a raça humana no momento em que Adão e Eva pecaram. Deus em misericórdia, graça e longanimidade prorrogou o momento em que a pena pelo pecado seria executada. Deus “adiou” a execução da pena pelo pecado até a destruição do ímpio na segunda morte. Deus é longânimo. (Num.14:18-20; Salmos 86:15, Lam. 3:22,23; Rom. 2: 4,5; 2Pedro 3:9. ) Ele  impediu a punição para dar aos pecadores a oportunidade de arrependimento.

A  suprema revelação do amor de Deus pela humanidade foi a oferta de Seu filho em sacrifício. Não se pode imaginar um amor maior do que aquele que Deus demonstrou no calvário.

1 João 4:9,10                         Nisto se manifestou o amor de Deus
Romanos 5:6-8                      Mas Deus prova o Seu amor para conosco
João 3:16                                Deus amou o mundo de tal maneira
1 João 3:16                            Conhecemos o amor nisto

4. Bênçãos Espirituais Resultam do Amor de Deus. Deus poderia Ter escolhido os anjos para se tornarem herdeiros com Seu filho. Isto seria louvável; isto teria revelado Seu amor. Ou, Deus poderia ter escolhido o melhor dos homens e poderia lhes dar o que ele prometeu aos santos. Isto também seria admirável. Mas quando Deus alcança as profundezas da humanidade e levanta os pecadores da areia movediça e os coloca sobre a rocha sólida; quando Ele escolhe aqueles que por natureza eram inimigos e lhes concede a glória de reinar com Cristo, isto sim é a revelação do amor.

Todas as bênçãos espirituais que os crentes receberam, tem recebido e ainda receberão, resultam do infinito amor de Deus. (Efe. 2:4-10; Tito 3:4-7; 1João 3:1). Pela eternidade os santos glorificados serão testemunhas vivas de pecadores salvos pela graça de Deus. Os redimidos eternamente glorificarão a Deus. Alguém escreveu:

“Como Tu podes me amar tanto
E ser o Deus que Tu és,
Isto é sombra para o meu intelecto
Mas luz do sol para meu coração.”

5. O Amor de Deus Inspira o Amor no Homem. A vida do crente é meramente sua resposta ativa à obra de amor de Deus. Deus sempre precede. Ele é o primeiro sempre. Nós cremos n’Ele porque primeiro Ele se revelou a nós pela Sua palavra. Nós procuramos por Ele porque primeiro Ele nos buscou. Da mesma forma o amor de Deus por nós inspira nosso amor por Ele. Nós O amamos porque primeiro Ele nos amou. Ele ganha nossa lealdade e obediência apelando aos nossos corações. Seu amor gratuito faz com que os crentes desejem Lhe servir e obedecer.

6. O Amor e a Destruição do Ímpio. A futura destruição do ímpio não é inconsistente com o amor de Deus. O amor de Deus é Santo. A santidade é a medida do amor de Deus. A santidade de Deus demanda a destruição dos pecadores. Fazendo isto, Deus não estará agindo contra o Seu amor. De fato, quando Deus não permite que o homem em condição pecaminosa viva pela eternidade, isto pode ser uma evidencia de amor. O egoísmo e a pecaminosidade imortalizados seriam um tormento. Como você poderia gostar de viver pela eternidade com uma aguda dor de cabeça? Seria isso uma evidência do amor de Deus? Da mesma maneira a destruição dos pecadores não será inconsistente com Seu amor.


III. Verdade

Deus é verdade. O terceiro dos três atributos morais de Deus é a verdade. Na bíblia a palavra “verdade” algumas vezes refere-se à mensagem do evangelho. No presente momento nós pensamos na palavra “verdade” como uma referência  ao caráter de Deus.

Salmos 31:5                           Senhor, Deus da verdade
Isaías 65:16                           O Deus da verdade
Deuteronômio 32:4               Deus é a verdade
Êxodo 34:6                            Grande em beneficência e verdade
Jeremias 10:10                      O Senhor Deus é a verdade
Salmos 89:14                         Misericórdia e verdade vão adiante do teu rosto
Salmos 146:6                         E que guarda a verdade para sempre
Daniel 4:37                            Todas as suas obras são verdades
Apocalipse15:3                      Verdadeiros são os teus caminhos
Apocalipse 16:7                     Verdadeiros e justos são os teus juízos

Deus é verdade. Isto significa que o que Deus sabe concorda perfeitamente com o que Deus é. Ele é divinamente auto-consistente. Ele é real, genuíno e fiel à Sua natureza. A verdade de Deus é a garantia da realidade, a estabilidade da existência, o fundamento da certeza. Os homens podem descobrir fatos científicos e verdades na história somente porque Deus é a verdade e a fonte de toda a verdade.

Os três elementos da personalidade são intelecto, sensibilidade e vontade. Alguém sugere que os três atributos morais de Deus correspondem a estes elementos. Verdade é relacionada ao intelecto; amor é relacionado à sensibilidade de Deus; santidade está relacionada à vontade de Deus.

A verdade de Deus expressa na Sua relação com os homens se torna em veracidade e fidelidade. Veracidade e fidelidade são a verdade transitiva. Misericórdia e graça são o amor transitivo. Retidão e justiça são a santidade transitiva.

1. Veracidade. Veracidade significa que Deus é verdadeiro, honesto. Ele não pode mentir. Seus preceitos são precisos, Sua revelação da informação ao homem é correta.

Números 23:19                     Deus não é homem, para que minta
João 3:33                               Deus é verdadeiro
Romanos 3:4                         Sempre seja Deus verdadeiro
2 Coríntios 1:20                    Promessas de Deus são nele sim
Tito 1:2                                  Deus, que não pode mentir
Hebreus 6:18                         É impossível que Deus minta

2. Fidelidade. Deus é fiel e confiável. Ele cumpre Suas promessas. Ele é fiel à Sua palavra. Podemos depender d’Ele.

Deuteronômio 7:9                 É Deus, o Deus fiel
Salmos 36:5                             Tua fidelidade chega até às mais excelsas nuvens
Salmos 89:8                          Com tua fidelidade ao redor de ti
Isaías 25:1                             Teus conselhos antigos são verdade
Lamentações 3:22,23            Grande é a tua fidelidade
1 Coríntios 1:9                      Fiel é Deus
1 Coríntios 10:13                  Fiel é Deus
1  Tessalonicenses 5:24        Fiel é o que vos chama
2 Timóteo 2:13                     Ele permanece fiel
Hebreus 10:23                      Fiel é o que prometeu
1 Pedro 4:19                         Ao fiel criador


Nós confiamos em Deus porque Ele é confiável. Nós dependemos Dele porque Ele é seguro. Nós temos fé em Deus porque Ele é fiel. Nós acreditamos em Deus porque Ele tem revelado a Si mesmo como a verdade através de Sua palavra.