segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Capítulo XVII - O Governo de Deus sobre o Universo

CAPÍTULO XVII
O Governo de Deus sobre o Universo

Deus não é só a fonte da existência, mas Ele é também o governador do universo. Todas as coisas criadas estão sujeitas ao governo de Deus.

Existem três ramificações ou funções de governo. São elas a executiva, legislativa e judiciária. O ramo executivo do governo cumpre a lei, o legislativo cria a lei; e o judiciário interpreta a lei.

No governo dos Estados Unidos, a função executiva do governo está investida na presidência; a função legislativa está investida no congresso; e a função judiciária está investida na Suprema Corte.
De forma semelhante, o governo de Deus sobre o universo inclui estes três ramos de administração. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará”. ( Isa. 33:22 ). Este é o verso chave deste capítulo.

No estudo do governo de Deus sobre o universo, nós vamos considerar as posições e obras de Deus como Rei, Legislador e Juiz. A posição de Deus como Rei refere-se à função de governo executiva; Sua posição como legislador refere-se à função legislativa; Sua posição como Juiz refere-se a função judicial. Portanto, o governo de Deus sobre o universo é completo.


I. Rei

Deus é o Rei do universo. “O seu reino domina sobre tudo”. Toda criatura existe dentro dos limites de Seu governo. Toda pessoa deve viver em obediência a Ele.

Os governantes terrenos têm o direito de governar somente porque Deus como Rei lhes outorgou este privilégio. Os governantes terrenos na sua totalidade têm falhado em reconhecer o supremo reinado de Deus. Eles provaram-se indignos de governar. Deus autorizou Seu filho, Jesus Cristo, a ser o Rei eterno na terra. Quando Cristo retornar à terra, os governos humanos serão compelidos a se submeter ao Seu governo. Ele será reconhecido como Rei dos reis e Senhor do senhores.

1 Timóteo 1:17                      Ao Rei dos séculos, imortal
1 Timóteo 6:15                      Bem aventurado e único poderoso Senhor
Atos 17:24                             Senhor do céu e da terra
1 Crônicas 29:10-13             Teu é, Senhor, o reino
Apocalipse 19:6                     O Senhor, Deus Todo-Poderoso, reina
Êxodo 15:18                          O Senhor reinará eterna e perpetuamente
Salmos 10:16                         O Senhor é Rei eterno
Salmos 22:28                         Ele domina entre as nações
Salmos 29:10                         O Senhor se assenta como Rei perpetuamente
Salmos 47:2,7,8                     Rei grande sobre toda a terra
Salmos 93:1,2                        Vestido de majestade
Salmos 96: 10                        O Senhor reina!
Salmos 97:1                           O Senhor reina. Regozije-se a terra
Salmos 99:1                           O Senhor reina; tremam as nações
Salmos 103:19                       O seu reino domina sobre tudo
Salmos 145:11-13                 O teu domínio estende-se a todas as gerações
Isaias 6:5                                O Rei, o Senhor dos Exércitos
Isaias 43:15                           O Criador de Israel, vosso Rei
Jeremias 46:18                      Cujo nome é o Senhor dos Exércitos
Jeremias 10:10                      O Rei eterno
Daniel 4:3                              O seu reino é um reino sempiterno
Daniel 4:17,25,32                 Tem domínio sobre os reinos dos homens
Daniel 5:21                            Tem domínio sobre os reinos dos homens
Daniel 4: 34, 35, 37              Cujo reino é de geração em geração
Daniel 6:26                            O seu reino não se pode destruir
Daniel 7: 14,18,27                Deu o reino ao Seu filho
1 Coríntios 15: 28                 Deus será tudo em todos


II. Legislador

Deus governa o universo de acordo com princípios, padrões e leis não escritas. Podemos observar um padrão ordenado através da natureza, desde a estrutura dos átomos até o movimento das estrelas. “O Senhor é o nosso Legislador”. (Isa. 33:22). Ele estabeleceu regulamentos de acordo com os quais Sua criação deve funcionar.

As leis que governam o universo material, como o crescimento das plantas, a gravidade, a eletricidade, correntes de ar e o movimento do sistema solar, são chamadas de leis naturais. As leis que governam o universo moral, como a relação do homem com Deus, com seu vizinho e consigo mesmo, são chamadas de leis morais. As ciências naturais, como a astronomia, geologia, física, química e biologia, tratam do estudo das leis naturais. A teologia bíblica trata do estudo das leis morais.

As leis naturais e morais são igualmente eficazes. O Deus da natureza e o Deus da Bíblia são um. O Criador também é também o governador moral. A lei natural e a lei moral originam-se em Deus. Ele é o legislador de ambas. Ninguém pode violar com segurança as leis morais tanto quanto não se pode violar as leis naturais do universo. A violação resulta em destruição final.

As leis naturais e morais estão relacionadas aos atributos morais e naturais de Deus. As leis naturais do universo físico revelam em alguma extensão os atributos naturais de Deus. As leis morais governando o homem expressam os atributos morais de Deus.

Os princípios morais de Deus expressam Seu caráter moral. Deus não poderia alterar Seu padrão moral sem mudar Seu próprio caráter. O pecado é a falha em se conformar às leis morais de Deus. O pecado é contrario ao próprio Deus; portanto, Deus deve desaprovar o pecado, e o resultado do pecado deve ser a destruição. Esta não é uma lei arbitrária de Deus; a vida foi feita desta forma. O homem em pecado está fora de sintonia com o caráter de Deus.

A. H. Strong observou que a lei implica oito elementos: (1) um legislador, ou vontade autoritária; (2) objetos ou seres sobre os quais esta vontade se encerra; (3) um comando geral, ou expressão desta vontade; (4) poder para impor o comando; (5) dever ou obrigação  a obedecer; (6) sanções, sofrimento ou penalidade pela desobediência; (7)  que a lei seja uma expressão da natureza do legislador, e (8) que a lei estabeleça a condição ou conduta dos sujeitos, aos quais é requisito de harmonia com aquela natureza. (Op. cit., pp. 533-549).

Através de seus próprios esforços o homem não pode ser conforme as leis morais de Deus e acatar Sua perfeita retidão. “Não há um justo, nem um sequer”. Os homens são naturalmente pecadores. Jesus Cristo, porém, obedeceu perfeitamente as leis morais de Deus. Sua vida refletiu com perfeição os atributos morais de Deus: santidade, amor e verdade. Ele era sem pecado. Ele teve a retidão perfeita.

Quando o crente se rende ao Cordeiro de Deus, o pecado do crente é imputado a Cristo e a retidão de Cristo é imputada ao crente. (2 Cor. 5:21). Com base na justiça imputada, Deus declara que o crente está justificado. A justiça imputada ao crente na conversão é na verdade transmitida ao crente gradualmente na medida em que Cristo tem permissão para exercer influência na sua vida. O fruto do Espírito (Gal. 5:22,23) é a retidão transmitida. É a retidão de Cristo produzida na vida do crente que se entregou.

Nenhum homem pode ser salvo pela guarda da lei. Ele só pode ser salvo ao se tornar apropriadamente ligado a Cristo, o Salvador. A retidão que conta para Deus é a retidão de Cristo imputada ao crente e transmitida para dentro do crente. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é  dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua”. (Efe. 2:8-10).


III. Juiz

A terceira função do governo de Deus é a judicial. Em Seu relacionamento executivo, Deus é Rei; no Seu relacionamento legislativo, Deus é Legislador; em Seu relacionamento judicial, Deus é Juiz. “O Senhor é o nosso Juiz”. (Isa. 33:22).

Gên. 18:25                             O Juiz de toda a terra
Salmos 50:3-6                       Deus é o próprio juiz
Salmos 94:2                           És juiz da terra
Hebreus 12:23                      Deus, o Juiz de todos

A palavra julgamento é usada de muitas maneiras. Existem muitos aspectos da obra de julgamento. Julgamento pode significar (1) determinar a culpa ou inocência, (2) pronunciar o veredicto de condenação ou absolvição, (3) separar os homens em grupos, ou (4) executar a pena sobre o culpado e conceder a recompensa ao justo.

1. Base para o julgamento. A santidade e a justiça de Deus constituem a base para o julgamento divino. Porque Deus é Santo, Ele não pode aprovar o pecado. A punição dos pecadores e a recompensa para o reto são exigências do caráter santo de Deus.

Salmos  89:14                        Justiça e juízo são a base do teu trono
2 Tess. 1:5,6                           Justo diante de Deus
Apocalipse 15:3,4                  Justos e verdadeiros são os teus caminhos
Apocalipse 19:2                     Verdadeiros e justos são os teus juízos

2. Necessidade de julgamento.  O salário do pecado deve ser a morte pois o pecado é anti-Deus . Se Deus pudesse aprovar o pecado, Ele deixaria de ser Santo. O caráter de Deus não pode mudar; Deus jamais deixará de ser santo. O pecado, portanto, deve resultar em julgamento e destruição.

Romanos 1: 32                      Dignos de morte
Romanos 2:6                          Recompensará cada um segundo as suas obras
Romanos 6:23                       O salário do pecado é a morte
Romanos 8:6,13                    A mente carnal gera a morte
Gálatas 5: 19-21                    Excluídos do reino de Deus
Gálatas 6:7-9                         Nós colhemos o que semeamos
Apocalipse 21:8                     Pecadores destruídos na segunda morte

3. Certeza de julgamento. O fato de que Deus não faz cair mortos os pecadores hoje no ato do pecado não é uma indicação de que o pecado nunca será punido. O julgamento futuro é certo. Algum dia a era da graça será sucedida pela era do julgamento. Pecadores serão julgados e punidos; o justo será recompensado.

Salmos 103:8,9                      Não repreenderá perpetuamente
Eclesiastes 8:11-13               Como se não executa logo o juízo
Eclesiastes 11:9                     Te trará Deus a juízo
Eclesiastes 12:14                  Deus há de trazer a juízo toda a obra
Mateus 12:36,37                   As palavras como base do julgamento
Atos 17:30,31                        Um dia determinado
Romanos 2:2-11                    Não faz acepção de pessoas
Romanos 14:10,12                Dará conta de si mesmo a Deus
1 Cor. 4:5                               Trará à luz as coisas ocultas
2 Cor. 5:10                             Porque todos devemos comparecer
Hebreus 9:27                         Vindo, depois disto, o juízo
1 Pedro 4:5                            Os quais hão de dar conta

4. A ira de Deus. A ira de Deus é seu desprezo pelo pecado. É sua santa atitude em relação ao ímpio. O juízo divino revela sua ira.

Romanos 1:18                      A ira revelada através do evangelho
Salmos 2:5                            Falará na sua ira
João 3:18-21                         Quem não crê já está condenado
João 3:36                               A ira de Deus sobre o infiel
Efésios 2;3                            Filhos da ira
Colossensses  3:6                  Ira de Deus sobre os filhos da desobediência
Apocalipse 6:12-17               É vindo o grande dia da sua ira
Apocalipse 11:17,18             E veio a tua ira
Apocalipse 14:7                    Porque vinda é a hora do seu juízo
Apocalipse 14:18-20             Grande lagar da ira de Deus

5. Julgamentos Divino históricos. Embora o julgamento final e a punição dos pecadores não ocorra até a Última Ressurreição e a segunda morte, Deus visitou a terra com julgamento em várias ocasiões. A expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden foi um julgamento divino. O dilúvio durante a vida de Noé revelou a ira de Deus contra o pecado. A dispersão das nações e a confusão das línguas na Torre de Babel também foi um julgamento divino. A destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas contra o Egito, e o cativeiro de Israel foram julgamentos históricos de Deus. Os profetas profetizaram e escreveram juízos de Deus contra várias nações antigas. A morte de Cristo pelos pecadores (João 12:31,32) revelou o juízo de Deus contra o pecado. O Calvário é o tribunal do pecado e o propiciatório para os pecadores.

6. Deus julgará os homens através de Seu Filho. Deus fará a obra de julgamento através de Seu Filho, Jesus Cristo. Como Deus, o Rei do universo, governará através do reinado de Cristo, o Rei dos reis, e como Deus, o Salvador, realiza toda a Sua obra de salvação por meio de Jesus, o Salvador; assim também Deus, o Juiz , cumprirá a Sua obra de julgamento através de Cristo, futuro Juiz da terra.

João 5:22-30                          Deus deu ao filho todo juízo
Atos 17:31                             Julgar o mundo, por meio do varão que destinou
Romanos 2:16                       Julgará os segredos dos homens, por Jesus Cristo
Apocalipse 5:1-9                   Digno é o Cordeiro de julgar

7. Justificação, uma Obra Judicial de Deus. Quando os crentes aceitam a Jesus como Substituto e passam a estar unidos a Ele, Deus imputa sobre eles a justiça de Cristo. Então como juiz, Deus anuncia que eles não são culpados. Ele declara que não estão debaixo de condenação. Consequentemente eles são justificados. Justificação, o oposto da condenação, é uma obra judicial de Deus através de Cristo.

8. Julgamentos Futuros. Os julgamentos divinos futuros incluem a recompensa dos  crentes quando Jesus vier, julgamento de Israel e as nações sobreviventes, julgamento da Babilônia, da Besta e do Falso Profeta, julgamento de Satanás, e o juízo final e destruição dos ímpios mortos. Para uma consideração detalhada dos julgamentos futuros o leitor é remetido à Escatologia, a sétima divisão da Teologia Sistemática.


IV. Trabalho de Redenção de Deus

O verso chave de nosso estudo sobre o governo de Deus sobre o universo tem sido Isaias 33:22. Leia este verso novamente e note a última frase. “Porque o Senhor é nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso rei; Ele nos salvará”.  Ele nos salvará! Não somente Deus governa, faz leis, pune e recompensa, mas Ele também redime e salva. Em Sua obra de dar existência ao universo, Deus é o Criador, Mantenedor e Pai. Em Sua obra de governar o universo, Deus é Rei, Legislador e Juiz. Na Sua obra de redenção e salvação, Deus é Redentor e Salvador.

      A salvação origina-se em Deus. É proporcionada pelo Seu amor, planejada pela Sua sabedoria, e executada através do Seu poder. A meta da salvação é trazer homens a Deus. Deus realiza Sua obra de salvação através de nosso Salvador, Jesus Cristo. A Bíblia está cheia de referencias a Deus como Redentor e Salvador. Pode parecer confuso para alguns perceberem que ambos, Deus e Seu Filho, ocupem a posição de Salvador. Não precisa perplexidade, este fato é uma verdade gloriosa. Deus executa Sua obra de salvação através de Seu Filho. Jesus é o único Mediador entre Deus e a raça humana. Deus, o Salvador, trabalha através do Salvador, Jesus Cristo. A graça de Deus é a origem da salvação e a morte sacrificial de Cristo é a base da salvação. O homem não pode experimentar a salvação sem Cristo.

Deus sustenta uma dupla relação com a humanidade: um relacionamento criado ou providenciado e um relacionamento redentivo. O relacionamento providencial é efetivo para com todos os homens. É exercitado tendo em vista o fato de que todos os homens são criaturas de Deus e estão sujeitos ao Seu governo universal. Todos os homens estão sujeitos às leis naturais do universo. A relação redentiva de Deus é efetiva para com os homens que cumprem Seus requisitos redentivos. É exercitado tendo em vista o fato de que os crentes passaram a se relacionar com Deus de uma maneira especial através do Seu Filho.

Através da criação, Deus é Pai de todos os homens; através da redenção Ele é o Pai somente dos crentes. Todos os homens, portanto, são filhos criados por Deus, mas somente os crentes são filhos redimidos de Deus. Assim também, todos os homens são irmãos através de Adão enquanto que somente os Cristãos são irmãos por meio de Cristo.

Todas as criaturas têm o Espírito de Deus ou poder ( Salmos 104:30 ) na forma como Deus usa este poder para dar-lhes vida. Somente os cristãos, porém, têm o Espírito de Deus (Rom. 8:9 ) na forma como Deus usa este poder para dar aos homens a salvação. O Espírito de Deus na sua obra de dar vida natural pode ser contatado diretamente por todos os homens. O Espírito redentor de Deus porém, só pode ser contatado pelos crentes através de Cristo.

A realeza de Deus também é dupla. Deus é o Rei do universo, exercendo ambas, a majestade providencial e a redentiva. Através da Sua majestade providencial, Deus é Soberano; através de Sua majestade redentiva, Ele é Salvador. A majestade providencial de Deus refere-se ao Seu governo sobre Sua criação natural; Sua majestade redentiva refere-se ao Seu governo sobre os redimidos. Todo homem entra no reino providencial universal de Deus através do nascimento no mundo. Porém somente os redimidos podem entrar no reino redentivo de Deus através de Seu plano de salvação.

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