quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Capítulo LXXII - A Obra e o Destino da Igreja

Capítulo LXXII

A Obra e o Destino da Igreja


Qual é o propósito da igreja? Qual a sua missão no mundo de hoje? O que Deus está buscando realizar através do trabalho da Igreja? Qual é o futuro destino da Igreja? Irão as forças do mal finalmente exterminar a Igreja? Que posição a Igreja ocupará no futuro reino de Cristo? As respostas para esas questões estão incluídas no estudo da obra e destino da Igreja.


I. A Obra da Igreja

O propósito, missão e trabalho da Igreja é glorificar a Deus, evangelizar o mundo, instruir e edificar seus membros na doutrina e caráter cristão, promover o amor e a fraternidade entre os crentes e ser um meio para o serviço cristão.

1. Glorificação de Deus. Um importante propósito e obra da Igreja é glorificar a Deus. Através do evangelho, Deus está “visitando” a massa da humanidade “para tomar deles um povo para o seu nome” (Atos 15:14). Os pecadores têm sido redimidos do pecado e se tornam membros da Igreja para que possam declarar a glória de Deus para a humanidade pecaminosa. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido; para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Cada pecador que experimenta a salvação constitui uma testemunha da graça e da glória de Deus. Ele pode dizer: “Deus esteve aqui, Deus fez isso”. “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2:7). A obra de salvação de Deus na vida do pecador está destinada a resultar em “louvor e glória da sua graça” (Efésios 1:5,6,12,14,18).

Todas as atividades e obras dos membros e obreiros da Igreja devem resultar no fato de que Deus seja glorificado. “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20). “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:5,6). “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” (1 Pedro 4:11). “E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17). Paulo orou: “a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:21).

2. Evangelização do Mundo. A principal obra da Igreja é evangelizar o mundo. A missão da Igreja não é levar toda a humanidade até Cristo, mas levar Cristo até toda a humanidade (George P. Pardington). A Igreja não busca converter o mundo, mas evangelizar o mundo. A Igreja é a “luz do mundo” (Mateus 5:14-16). Os membros da Igreja são “cartas” vivas (2 Coríntios 3:2,3) e “embaixadores da parte de Cristo” (2 Coríntios 5:20). A responsabilidade da Igreja é levar o evangelho da salvação a todo o pecador no mundo; a responsabilidade do pecador é receber o evangelho e ser transformado por ele.

A Bíblia ensina que o cristianismo é a única religião verdadeira e que Jesus Cristo é o único Salvador da humanidade (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo 2:5). O evangelho de Jesus Cristo é a única mensagem que pode trazer salvação e vida eterna para a humanidade. Além disso, a Bíblia ensina que todos os homens são pecadores e necessitam de salvação (Romanos 3:23; João 3:36; Atos 17:30; 1 João 5:19). Deus fez provisão para a salvação do homem através de Sua Graça e do sacrifício de Cristo. Cristo morreu por todos os homens (João 1:29; Romanos 3:22; 1 Timóteo 2:6; 4:10; Tito 2:11; 1 João 2:2). A provisão está feita para toda a humanidade no precioso sangue do Cordeiro. O convite para aceitar os benefícios do Seu sacrifício é extensivo a todos os homens. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O método pelo qual Deus estende o Seu convite de salvação para o mundo é através da obra dos pecadores que já aceitaram Seu convite, a Igreja. Todo cristão tem a obrigação de compartilhar a mensagem da salvação com outros (Romanos 1:14-16).

Antes de Cristo acender ao céu, Ele comissionou a Igreja a evangelizar o mundo. “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém!” (Mateus 28:19,20). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:15,16). “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas” (Lucas 24:46-48). “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20:21). “E ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8).

Como nós podemos escapar da conclusão mais óbvia de que Cristo fundou Sua Igreja sobre a Grande Comissão como sua carta de incorporação? Segue-se logicamente que cada instituição incorporada na terra deve seguir à risca os termos desta carta ou perder imediatamente seu direito de continuar, ou seja, a Igreja de Cristo somente permanece sendo a Igreja de Cristo se cumprir os termos desta carta divina e os observar consistentemente, entregando-se fielmente a esta tarefa para a qual foi nomeada, de levar o evangelho a todo o mundo, tendo assim o direito de manter o nome de Cristo ou reivindicar a promessa de Sua presença e poder contínuos, dos quais depende cada vida e obra. Um missionário, escrevendo da Manchúria, contou ter visto no depósito da companhia Standard Oil naquele país distante o ambicioso slogan: “Levar a luz para cada canto escuro do mundo”. Neste objetivo não existe uma repreensão ou um desafio para a Igreja de Cristo? Nos confrontando com o fato de que através da Ásia e África são encontradas muitas cidades e vilas iluminadas pelo óleo querosene do ocidente, mas que nunca tiveram a luz do evangelho salvador de Cristo (Robert H. Glover. The Bible Basis of Missions. Los Angeles: Bible House of Los Angeles, 1946, pág. 33,37).

Quando o homem tem certeza de que o caminho de Cristo não somente é o melhor, mas o único; quando sua experiência com Cristo o transformou e enobreceu sua própria vida; quando ele enfrenta o paganismo bravamente, percebendo sua enormidade, mas ao mesmo tempo compreendendo que ele pode ser mudado pelo mesmo Salvador que mudou sua vida; ele não pode deixar de sentir o constrangimento das missões. Este motivo, este constrangimento interior, não é apenas o suficiente para mandá-lo ao campo; isto também vai sustentá-lo em meio às dificuldades e à falta de ânimo (Harold R. Cook. An Introduction to the Study of Christian Missions. Chicago: Moody Press, 1954, pág. 61).


3. Edificação dos Membros da Igreja. Outra obra importante da Igreja é instruir e edificar os membros na doutrina e devoção cristãs, promover o amor e a fraternidade entre os crentes e ser um meio para o serviço cristão. Os membros da Igreja devem ser doutrinados na Palavra de Deus e educados na vida cristã. Para manter os membros longe de serem “meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente”, a Igreja deve prover uma educação espiritual adequada de maneira que os membros “cresçam em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:12-15). Os crentes devem estar “arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças” (Colossenses 2:7). “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Judas 20,21). “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados” (Atos 20:32).

A obra da Igreja dupla: evangelística e pastoral. O crescimento da Igreja deve ser exterior e interior, extensiva e intensiva, numérica e espiritual. A obra evangelística da Igreja é aumentar o crescimento em relação ao seu exterior; a obra pastoral da Igreja é desenvolver o seu crescimento interior. A Igreja não apenas deve somar membros ao corpo de Cristo, mas também edificar esses membros no corpo de Cristo. A Igreja não somente deve adquirir novos membros, mas também desenvolver e edificar os crentes como membros maduros. A obra evangelística da Igreja está em transformar os membros em “novas criaturas em Cristo Jesus” (2 Coríntios 5:17). A obra pastoral da Igreja está em assistir as novas criaturas em Cristo de forma que “cresçam em tudo” (Efésios 4:15). Paulo escreveu que Deus deu “uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, à varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:11-13). As obras evangelística e pastoral da Igreja são interdependentes. Os pastores são instruídos a “fazer a obra de um evangelista” (2 Timóteo 4:5); os evangelistas também devem ensinar (Mateus 28:19). Cada membro da Igreja deve fazer tudo o que puder para alcançar, anunciar e ensinar os homens para Cristo (Romanos 12:3- 8).

Henry Ward Beecher disse uma vez: “A Igreja não é uma galeria para a exibição dos cristãos eminentes, mas uma escola para educação dos imperfeitos.” A Igreja não é uma casa de vidro na qual pessoas perfeitas estão à mostra; ela é um hospital onde homens e mulheres recebem cuidados para a saúde espiritual. A Igreja não é um dormitório para os sonolentos; é uma instituição de trabalhadores. Não é uma casa de repouso; ela é uma trincheira na linha de frente onde o exército de soldados cristãos está lutando contra o pecado. A Igreja consiste de pecadores redimidos que estão crescendo à semelhança de Cristo. “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).


II. O Destino da Igreja

O destino da Igreja é a glorificação com Cristo. As forças do mal nunca exterminarão a verdadeira Igreja. Nosso Senhor declarou: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). A Igreja tem sido “traída por dentro e bombardeada por fora”, mas ela é indestrutível. Quando o Filho do homem retornar, Ele encontrará fé na terra (Lucas 18:8). “Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado outro. Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra” (Mateus 24:40,41). Quando Jesus vier haverá cristãos vivos na terra. (1 Tessalonicenses 4:17; 1 Coríntios 15:51). A Igreja estará trabalhando fielmente para Cristo quando Ele vier.

A Igreja tem um futuro glorioso. A Igreja desfrutará a plenitude de suas bênçãos no futuro reino de Cristo. Hoje, como membros da Igreja, nós recebemos “o penhor da nossa herança”; no reino de Cristo, nós experimentaremos “a redenção da possessão de Deus” (Efésios 1:14). Quando Jesus vier, a Igreja será completa, todos os membros serão congregados junto d’Ele. Os cristãos que estiverem dormindo o sono da morte serão ressuscitados para a imortalidade. Os cristãos que estiverem vivos quando Jesus vier serão transformados para a imortalidade “num abrir e fechar de olhos”. Todos os crentes serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4:16,17; 1 Coríntios 15:51-53). Como a Noiva de Cristo, a Igreja se “casará” com Cristo (Apocalipse 19:7-9; Efésios 5:25-27,32; João 3:29; 2 Coríntios 11:2; Romanos 7:4). Quando o rei descer para Jerusalém e estabelecer Seu reino na terra, a Igreja glorificada estará com Ele (Colossenses 3:4; Judas 14,15; 1 Tessalonicenses 3:13; Apocalipse 17:14; 19:11-16; Zacarias 14:1-5). Os membros da Igreja serão coerdeiros com Cristo (Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:12; Apocalipse 3:21; 1:6; 5:10; 20:4,6; 22:5; 1 Coríntios 6:2,3). A Igreja será glorificada com Ele (Colossenses 3:4; 1 João 3:2; Filipenses 3:21).

George P. Pardington observou que em seu casamento com Cristo, o noivo, a Igreja é como uma noiva; em seu futuro reinado com Cristo, a Igreja é como uma rainha; em seu futuro testemunho da sabedoria, bondade e graça de Deus (Efésios 1:5,6; 2:7; 3:10,21), a Igreja é como uma joia (Outline Studies in Christian Doctrine. Harrisburg: Christian Publications, Inc., pág. 347,348).

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Capítulo LXXI - A Organização da Igreja


Capítulo LXXI

A Organização da Igreja


A Igreja do Novo Testamento era organizada. A Igreja funcionou de acordo com um plano definido. Ela tinha membros, eleições, oficiais, pastores, encontros regulares, ordenanças, contribuições, cartas de recomendação, registro de viúvas e disciplina na Igreja. As Igrejas bíblicas são organizadas; elas realizam a obra do Senhor de maneira ordenada. “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1 Coríntios 14:33). O obreiro cristão que é bíblico evita o caos e a anarquia. Ele ouve as palavras do Apóstolo que disse: “Faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Coríntios 14:40).


I. Oficiais da Igreja

1. Anciãos. O ofício mais alto na Igreja local do Novo Testamento era o ofício de ancião. Ancião (Atos 14:23; 15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18; 1 Timóteo 5:1; 2 João 1),; bispo (Atos 20:28; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3:1,2; Tito 1:7),; presbítero (1 Timóteo 4:14; 1 Timóteo 5:17,19; Tito 1:5; Tiago 5:14; 1 Pedro 5:1; 3 João 1); supervisor (1 Pedro 5:2, somente em inglês); e pastor (Efésios 4:11; 1 Pedro 5:2,3) referem-se ao mesmo ofício na Igreja.

O ofício de ancião na Igreja do Novo Testamento é primeiro mencionado em Atos 11:30. “E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo” (Atos 11:29,30). Na primeira jornada missionária, Paulo e Barnabé “elegeram anciãos em cada igreja” (Atos 14:23). Paulo instruiu Tito que ordenasse anciãos em cada cidade. “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tito 1:5). Cada congregação tinha anciãos, e o número de anciãos quase sempre era plural.

Os edifícios das Igrejas não foram erguidos até o meio do terceiro século. Os trabalhos das Igrejas eram realizados principalmente na casa dos crentes. A Igreja de Éfeso, onde Timóteo servia, por exemplo, consistia de diversas congregações pequenas se encontrando em muitos lares. Cada congregação era supervisionada por anciãos. No litoral de Mileto, Paulo encarregou os anciãos das congregações de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).

As qualificações para o ofício de um ancião são listadas em 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9. “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo” (1 Timóteo 3:1-7). “Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tito 1:6-9). Pedro exortou: “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pedro 5:1-4). Cristo é o principal Pastor, Bispo, e Supervisor de Sua Igreja; os anciãos das Igrejas locais servem sob Seu governo e são responsáveis perante Ele.

A obra dos anciãos está relacionada ao ensino da Palavra de Deus e à supervisão da congregação. A habilidade para ensinar é uma qualificação necessária para o ancião. A maior diferença entre a qualificação do ancião e o diácono é que dos anciãos se exige a habilidade para ensinar, enquanto que dos diáconos não se exige. Paulo instruiu a Timóteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2:2). Ele disse aos anciãos de Éfeso: “apascentem a Igreja de Deus” (Atos 20:28). Ele disse que o bispo deve ser “apto para ensinar” (1 Timóteo 3:2), que ele é o “despenseiro da casa de Deus” (Tito 1:7), e que ele deve reter “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tito 1:9). Ele se refere aos presbíteros “que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5:17) e dos pastores “que vos falaram a palavra de Deus” (Hebreus 13:7). Os anciãos são despenseiros também da congregação. O trabalho deles é governar ou supervisionar o rebanho de membros. Paulo disse aos anciãos de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos” (Atos 20:28). Ele disse a Timóteo que os anciãos devem ser aptos para governar seus próprios lares “porque se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:5). Ele disse: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra” (1 Timóteo 5:17). Pedro exortou: “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele” (1 Pedro 5:2). O escritor de Hebreus aconselhou: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus” (Hebreus 13:7) e “obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hebreus 13:17). Os anciãos também devem “auxiliar os enfermos” (Atos 20:35) e visitar os doentes e orar por eles (Tiago 5:14-16).

2. Diáconos. O segundo ofício na Igreja do Novo Testamento era o de diácono. A palavra “diácono” é traduzida da palavra grega diakonos, aquele que serve ou ministra. Os diáconos são mencionados em Filipenses 1:1 e em 1 Timóteo 3:8-13. “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Filipenses 1:1). Paulo listou as qualificações para o diácono: “Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé em uma pura consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1 Timóteo 3:8-13). As qualificações são as mesmas de um ancião, exceto que dos diáconos não é exigido que ensinem.

Os diáconos assistem aos anciãos na obra espiritual e temporal da Igreja. Eles servem especialmente na distribuição da caridade aos pobres e do cuidado com as necessidades temporais da Igreja. Embora os sete homens que foram escolhidos para ministrar às viúvas pobres da Igreja em Jerusalém (Atos 6:1-6) não sejam mencionados como diáconos, é possível que o ofício de diácono tenha tido início com a obra deles. Deve-se notar que Estevão e Filipe, dois dentre os sete homens escolhidos, foram importantes evangelistas. Diaconisas, que auxiliavam os diáconos em sua obra, também serviram na Igreja do Novo Testamento. Paulo descreveu Febe como uma serva (diakonos, diaconisa) da Igreja em Cencreia (Romanos 16:1). Outras possíveis alusões a diaconisas incluem: Filipenses 4:3; Romanos 16:12; 1 Timóteo 3:11.


II. Governo da Igreja

Muitos sistemas de política ou governo da Igreja tem prevalecido entre as Igrejas na cristandade. A política da Igreja refere-se ao sistema pelo qual uma congregação local se governa mediante a autoridade de Cristo e designa a relação dessa congregação com outras congregações dentro da organização da Igreja. Política tem como foco o sistema; governo tem como foco a autoridade dentro desse sistema. Alguns grupos, incluindo os Quakers e os Irmãos de Plymouth, rejeitam todos os sistemas de governo da Igreja. Eles afirmam que o governo e organização da Igreja são desnecessários e pecaminosos. Alguns grupos que não têm uma organização externa formal, na verdade são altamente organizados na prática. Se forem reconhecidos ou não, algum tipo de organização e governo sempre existe todas as vezes que pessoas se unem para um propósito específico.

As três formas primárias do governo ou política da Igreja são a política Episcopal, a política Presbiteriana e a política Congregacional. A política Episcopal é o governo pelos bispos; a política Presbiteriana é governada pelos anciãos; a política Congregacional é o governo pelos próprios membros.

1. A Política Episcopal. A política Episcopal é o governo da Igreja pelos bispos; na verdade, por três ordens de ministros: bispos, sacerdotes e diáconos. Os membros das Igrejas não compartilham o governo da Igreja. A maior autoridade é investida num grupo de bispos. Esse sistema sustenta que Cristo confiou o governo da Igreja a uma ordem de bispos e que hoje os bispos seguem numa “sucessão apostólica”, direta e ininterrupta desde os apóstolos até o tempo presente. Variações e modificações desse tipo de governo têm sido adotadas por muitos grupos de Igrejas.

A política da Igreja Católica Romana é o sistema Episcopal levado ao seu último grau. No Catolicismo Romano, ele se tornou um tipo monárquico de governo.

“O sistema Católico Romano pretende abranger não somente os sucessores dos apóstolos, mas também um sucessor de Pedro, de quem se diz possuir a primazia entre os apóstolos, e do qual o sucessor é reconhecido como representante especial de Cristo. A Igreja de Roma tem a natureza de absoluta monarquia, sob o controle de um Papa infalível, que tem o direito de determinar e regular a doutrina, adoração e governo da Igreja. Abaixo dele estão classes e ordens inferiores, a quem uma graça especial é concedida e de quem é a obrigação de governar a Igreja em plena submissão aos seus superiores e ao supremo Pontífice. O povo não tem voz no governo da Igreja em absoluto” (Berkhof. Op. cit., pág. 580).

2. A Política Presbiteriana. A política Presbiteriana é o governo da Igreja pelos presbíteros ou anciãos. É feita uma distinção entre os anciãos que governam e os anciãos que ensinam. Assim como a política Episcopal se assemelha a uma monarquia secular, e a política Congregacional a uma democracia simples, a política Presbiteriana é moldada de uma forma representativa ou republicana de governo secular. A congregação local é governada por uma sessão ou consistório, que consiste do ministro ou ministros e anciãos da Igreja local. As congregações locais dentro de um certo distrito são governadas por uma assembleia conhecida como o presbitério, que consiste de todos os ministros dentro desses limites e um ancião de cada congregação (o presbitério consiste de um ministro e um ancião de cada congregação). A assembleia ou corte acima do presbitério é o sínodo, que consiste de um número igual de ministros e anciãos de cada presbitério incluídos na área governada pelo sínodo. A assembleia geral para toda a organização é composta de uma delegação igual de ministros e anciãos de cada um dos presbitérios. A política Presbiteriana tem sido adotada pelos Presbiterianos, os Reformados e algumas Igrejas Evangélicas.

3. A Política Congregacional. A política Congregacional é o governo da Igreja feito pelos próprios membros. Toda a autoridade é investida nos membros da congregação local. Os oficiais locais são eleitos pelos membros e  governam de acordo com o desejo da maioria dos membros. Cada congregação local é autônoma; ela é administrada dentro dos limites de seu próprio grupo. As congregações locais se unem em distritos ou organização geral com o propósito de cooperação no trabalho missionário. As ações do distrito e da organização geral são somente consultivas; elas não vinculam à congregação local. A Igreja local é a autoridade final nos assuntos de doutrina, adoração e governo. As denominações Batista, A Igreja dos Discípulos de Cristo, As Igrejas Cristãs Congregacionais e os Adventistas estão entre as muitas denominações que tem adotado a política Congregacional.