quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Capítulo LXXII - A Obra e o Destino da Igreja

Capítulo LXXII

A Obra e o Destino da Igreja


Qual é o propósito da igreja? Qual a sua missão no mundo de hoje? O que Deus está buscando realizar através do trabalho da Igreja? Qual é o futuro destino da Igreja? Irão as forças do mal finalmente exterminar a Igreja? Que posição a Igreja ocupará no futuro reino de Cristo? As respostas para esas questões estão incluídas no estudo da obra e destino da Igreja.


I. A Obra da Igreja

O propósito, missão e trabalho da Igreja é glorificar a Deus, evangelizar o mundo, instruir e edificar seus membros na doutrina e caráter cristão, promover o amor e a fraternidade entre os crentes e ser um meio para o serviço cristão.

1. Glorificação de Deus. Um importante propósito e obra da Igreja é glorificar a Deus. Através do evangelho, Deus está “visitando” a massa da humanidade “para tomar deles um povo para o seu nome” (Atos 15:14). Os pecadores têm sido redimidos do pecado e se tornam membros da Igreja para que possam declarar a glória de Deus para a humanidade pecaminosa. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido; para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Cada pecador que experimenta a salvação constitui uma testemunha da graça e da glória de Deus. Ele pode dizer: “Deus esteve aqui, Deus fez isso”. “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2:7). A obra de salvação de Deus na vida do pecador está destinada a resultar em “louvor e glória da sua graça” (Efésios 1:5,6,12,14,18).

Todas as atividades e obras dos membros e obreiros da Igreja devem resultar no fato de que Deus seja glorificado. “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20). “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:5,6). “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” (1 Pedro 4:11). “E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17). Paulo orou: “a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:21).

2. Evangelização do Mundo. A principal obra da Igreja é evangelizar o mundo. A missão da Igreja não é levar toda a humanidade até Cristo, mas levar Cristo até toda a humanidade (George P. Pardington). A Igreja não busca converter o mundo, mas evangelizar o mundo. A Igreja é a “luz do mundo” (Mateus 5:14-16). Os membros da Igreja são “cartas” vivas (2 Coríntios 3:2,3) e “embaixadores da parte de Cristo” (2 Coríntios 5:20). A responsabilidade da Igreja é levar o evangelho da salvação a todo o pecador no mundo; a responsabilidade do pecador é receber o evangelho e ser transformado por ele.

A Bíblia ensina que o cristianismo é a única religião verdadeira e que Jesus Cristo é o único Salvador da humanidade (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo 2:5). O evangelho de Jesus Cristo é a única mensagem que pode trazer salvação e vida eterna para a humanidade. Além disso, a Bíblia ensina que todos os homens são pecadores e necessitam de salvação (Romanos 3:23; João 3:36; Atos 17:30; 1 João 5:19). Deus fez provisão para a salvação do homem através de Sua Graça e do sacrifício de Cristo. Cristo morreu por todos os homens (João 1:29; Romanos 3:22; 1 Timóteo 2:6; 4:10; Tito 2:11; 1 João 2:2). A provisão está feita para toda a humanidade no precioso sangue do Cordeiro. O convite para aceitar os benefícios do Seu sacrifício é extensivo a todos os homens. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O método pelo qual Deus estende o Seu convite de salvação para o mundo é através da obra dos pecadores que já aceitaram Seu convite, a Igreja. Todo cristão tem a obrigação de compartilhar a mensagem da salvação com outros (Romanos 1:14-16).

Antes de Cristo acender ao céu, Ele comissionou a Igreja a evangelizar o mundo. “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém!” (Mateus 28:19,20). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:15,16). “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas” (Lucas 24:46-48). “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20:21). “E ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8).

Como nós podemos escapar da conclusão mais óbvia de que Cristo fundou Sua Igreja sobre a Grande Comissão como sua carta de incorporação? Segue-se logicamente que cada instituição incorporada na terra deve seguir à risca os termos desta carta ou perder imediatamente seu direito de continuar, ou seja, a Igreja de Cristo somente permanece sendo a Igreja de Cristo se cumprir os termos desta carta divina e os observar consistentemente, entregando-se fielmente a esta tarefa para a qual foi nomeada, de levar o evangelho a todo o mundo, tendo assim o direito de manter o nome de Cristo ou reivindicar a promessa de Sua presença e poder contínuos, dos quais depende cada vida e obra. Um missionário, escrevendo da Manchúria, contou ter visto no depósito da companhia Standard Oil naquele país distante o ambicioso slogan: “Levar a luz para cada canto escuro do mundo”. Neste objetivo não existe uma repreensão ou um desafio para a Igreja de Cristo? Nos confrontando com o fato de que através da Ásia e África são encontradas muitas cidades e vilas iluminadas pelo óleo querosene do ocidente, mas que nunca tiveram a luz do evangelho salvador de Cristo (Robert H. Glover. The Bible Basis of Missions. Los Angeles: Bible House of Los Angeles, 1946, pág. 33,37).

Quando o homem tem certeza de que o caminho de Cristo não somente é o melhor, mas o único; quando sua experiência com Cristo o transformou e enobreceu sua própria vida; quando ele enfrenta o paganismo bravamente, percebendo sua enormidade, mas ao mesmo tempo compreendendo que ele pode ser mudado pelo mesmo Salvador que mudou sua vida; ele não pode deixar de sentir o constrangimento das missões. Este motivo, este constrangimento interior, não é apenas o suficiente para mandá-lo ao campo; isto também vai sustentá-lo em meio às dificuldades e à falta de ânimo (Harold R. Cook. An Introduction to the Study of Christian Missions. Chicago: Moody Press, 1954, pág. 61).


3. Edificação dos Membros da Igreja. Outra obra importante da Igreja é instruir e edificar os membros na doutrina e devoção cristãs, promover o amor e a fraternidade entre os crentes e ser um meio para o serviço cristão. Os membros da Igreja devem ser doutrinados na Palavra de Deus e educados na vida cristã. Para manter os membros longe de serem “meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente”, a Igreja deve prover uma educação espiritual adequada de maneira que os membros “cresçam em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:12-15). Os crentes devem estar “arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças” (Colossenses 2:7). “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Judas 20,21). “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados” (Atos 20:32).

A obra da Igreja dupla: evangelística e pastoral. O crescimento da Igreja deve ser exterior e interior, extensiva e intensiva, numérica e espiritual. A obra evangelística da Igreja é aumentar o crescimento em relação ao seu exterior; a obra pastoral da Igreja é desenvolver o seu crescimento interior. A Igreja não apenas deve somar membros ao corpo de Cristo, mas também edificar esses membros no corpo de Cristo. A Igreja não somente deve adquirir novos membros, mas também desenvolver e edificar os crentes como membros maduros. A obra evangelística da Igreja está em transformar os membros em “novas criaturas em Cristo Jesus” (2 Coríntios 5:17). A obra pastoral da Igreja está em assistir as novas criaturas em Cristo de forma que “cresçam em tudo” (Efésios 4:15). Paulo escreveu que Deus deu “uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, à varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:11-13). As obras evangelística e pastoral da Igreja são interdependentes. Os pastores são instruídos a “fazer a obra de um evangelista” (2 Timóteo 4:5); os evangelistas também devem ensinar (Mateus 28:19). Cada membro da Igreja deve fazer tudo o que puder para alcançar, anunciar e ensinar os homens para Cristo (Romanos 12:3- 8).

Henry Ward Beecher disse uma vez: “A Igreja não é uma galeria para a exibição dos cristãos eminentes, mas uma escola para educação dos imperfeitos.” A Igreja não é uma casa de vidro na qual pessoas perfeitas estão à mostra; ela é um hospital onde homens e mulheres recebem cuidados para a saúde espiritual. A Igreja não é um dormitório para os sonolentos; é uma instituição de trabalhadores. Não é uma casa de repouso; ela é uma trincheira na linha de frente onde o exército de soldados cristãos está lutando contra o pecado. A Igreja consiste de pecadores redimidos que estão crescendo à semelhança de Cristo. “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).


II. O Destino da Igreja

O destino da Igreja é a glorificação com Cristo. As forças do mal nunca exterminarão a verdadeira Igreja. Nosso Senhor declarou: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). A Igreja tem sido “traída por dentro e bombardeada por fora”, mas ela é indestrutível. Quando o Filho do homem retornar, Ele encontrará fé na terra (Lucas 18:8). “Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado outro. Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra” (Mateus 24:40,41). Quando Jesus vier haverá cristãos vivos na terra. (1 Tessalonicenses 4:17; 1 Coríntios 15:51). A Igreja estará trabalhando fielmente para Cristo quando Ele vier.

A Igreja tem um futuro glorioso. A Igreja desfrutará a plenitude de suas bênçãos no futuro reino de Cristo. Hoje, como membros da Igreja, nós recebemos “o penhor da nossa herança”; no reino de Cristo, nós experimentaremos “a redenção da possessão de Deus” (Efésios 1:14). Quando Jesus vier, a Igreja será completa, todos os membros serão congregados junto d’Ele. Os cristãos que estiverem dormindo o sono da morte serão ressuscitados para a imortalidade. Os cristãos que estiverem vivos quando Jesus vier serão transformados para a imortalidade “num abrir e fechar de olhos”. Todos os crentes serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4:16,17; 1 Coríntios 15:51-53). Como a Noiva de Cristo, a Igreja se “casará” com Cristo (Apocalipse 19:7-9; Efésios 5:25-27,32; João 3:29; 2 Coríntios 11:2; Romanos 7:4). Quando o rei descer para Jerusalém e estabelecer Seu reino na terra, a Igreja glorificada estará com Ele (Colossenses 3:4; Judas 14,15; 1 Tessalonicenses 3:13; Apocalipse 17:14; 19:11-16; Zacarias 14:1-5). Os membros da Igreja serão coerdeiros com Cristo (Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:12; Apocalipse 3:21; 1:6; 5:10; 20:4,6; 22:5; 1 Coríntios 6:2,3). A Igreja será glorificada com Ele (Colossenses 3:4; 1 João 3:2; Filipenses 3:21).

George P. Pardington observou que em seu casamento com Cristo, o noivo, a Igreja é como uma noiva; em seu futuro reinado com Cristo, a Igreja é como uma rainha; em seu futuro testemunho da sabedoria, bondade e graça de Deus (Efésios 1:5,6; 2:7; 3:10,21), a Igreja é como uma joia (Outline Studies in Christian Doctrine. Harrisburg: Christian Publications, Inc., pág. 347,348).

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