Capítulo IX
A
Unidade de Deus
Deus é um. Só existe uma pessoa que é Deus.
Antes que o universo viesse a existir, o Deus vivo, pessoal e autoexistente
estava sozinho. Este ser infinito e perfeito é único. Não há outro igual. Ele é
o único na Sua classe. Em Sua natureza, personalidade e atributos Deus é
completo e indivisível.
A unicidade de Deus inclui dois pensamentos
primários: a unidade de Deus e a singularidade do caráter de Deus. A unidade de
Deus refere-se ao fato de que existe apenas uma pessoa no universo que é a
fonte suprema e o governante de todas as coisas. A singularidade do caráter de
Deus refere-se à verdade de que Sua natureza é indivisível.
I. A Maior Verdade da Bíblia
O fato de que existe apenas um Deus é um
ensinamento marcante na Bíblia. Foi a mensagem básica dos profetas e apóstolos.
É a verdade fundamental do evangelho.
“Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, e por todos e em todos” (Efésios 4:6). “Porque há um só Deus, e um só
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5). “Todavia
para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele” (I
Coríntios 8:6).
1.
Um Deus. A Bíblia
claramente afirma que existe um Deus. Os escritores da Bíblia mostram que Deus
é um só indivíduo, um Ser único. Deus é um, só existe uma pessoa que é Deus. A
palavra “um” vem do grego heis e do
hebraico echad.
· Efésios 4:6 Um
só Deus e Pai de todos
· I Timóteo 2:5 Porque
há um só Deus
· I Coríntios 8:4 Não há outro Deus,
senão um só
· I Coríntios 8:6 Há um só Deus, o Pai
· Tiago 2:19 Tu
crês que há um só Deus; fazes bem
· Gálatas 3:20 Deus
é um
· Mateus 19:17 Não
há bom senão um só, que é Deus
· Marcos 10:18 Ninguém
há bom senão um, que é Deus
· Marcos 12:29 O
Senhor nosso Deus é o único Senhor
· Deuteronômio 6:4 O Senhor nosso Deus é o único Senhor
· II Samuel 7:22 Não há outro Deus
senão tu só
· I Crônicas 17:20 Não há Deus fora de ti
· Zacarias 14:9 Um
será o Senhor e um será o Seu nome
· Malaquias 2:10 Temos todos um mesmo Pai
2.
O Único Deus. A Bíblia
ensina a unidade simples de Deus não apenas afirmando que Ele é um, mas também
afirmando que Ele é o único Deus. A palavra “único” significa só, por Si,
aparte, estar solitário. A palavra “único” vem do grego monos e do hebraico bad.
· João 17:3 Único
Deus verdadeiro
· I Timóteo 1:17 Ao único Deus seja
honra
· I Timóteo 6:15 Único poderoso Senhor
· Judas 4 Negam
a Deus, único dominador
· Judas 25 Ao
único Deus, salvador nosso
· II Reis 19:15 Só
Tu és Deus
· II Reis 19:19 Só
tu és o Senhor Deus
· Neemias 9:6 Tu
só és Senhor
· Salmos 83:18 A
quem só pertence o nome de Jeová
· Salmos 86:9,10 Só Tu és Deus
· Isaías 44:24 Sozinho
eu criei todas as coisas (NTLH)
3.
Não há nenhum outro.
Todos os outros estão excluídos. Não há ninguém mais.
Deus é o único, junto d’Ele não existe
ninguém. Preste bastante atenção nos seguintes textos das escrituras que
afirmam a verdade de que Deus está sozinho.
· Marcos 12:32 Não
há outro além dele
· I Coríntios 8:4 Não
há outro Deus, senão um só
· Deuteronômio 4:35 Nenhum outro senão ele
· Deuteronômio 4:39 Nenhum outro há
· Deuteronômio 32:39 Mais nenhum Deus
comigo
· I Samuel 2:2 Não
há outro fora de ti
· I Reis 8:60 Não
há nenhum outro (NTLH)
· Isaías 43:10 Antes
de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá
·
Isaías
43:ll Fora
de mim não há Salvador
· Isaías 44:6 Fora
de mim não há Deus
· Isaías 44:8 Eu
não conheço nenhum
· Isaías 45:5 Eu
sou o Senhor e não há outro
· Isaías 45:6 Fora
de mim não há outro
· Isaías 45:14 Nenhum
outro Deus há mais
· Isaías 45:18 Eu
sou o Senhor, e não há outro
· Isaías 45:21 Não
há outro Deus senão eu
· Isaías 45:22 Eu
sou Deus, e não há outro
· Isaías 46:9 Não
há outro semelhante a mim
· Jeremias 10:10 O
Senhor é o Deus verdadeiro (NTLH)
· Joel 2:27 Ninguém
mais
II. Indicações da singularidade de Deus
1.
Atributos Infinitos de Deus. A singularidade de Deus é essencial pelo fato
de Deus ser infinito. A realidade permite a existência de uma única pessoa que
seja absolutamente perfeita. Só pode existir uma pessoa que é suprema. A
preeminência exclui a todos, menos um. Quando alguém fala do original, da
fonte, da primeira causa, do maioral, do mais alto, do supremo, do definitivo,
do último, ele se refere a uma posição que somente uma pessoa pode ocupar. A
infinita superioridade de Deus requer que Ele seja uma unidade singular, um só
indivíduo, um ser único.
Para que exista mais de um Deus infinito
haveria uma contradição de pensamento. Se várias pessoas existissem como Deus,
eles se limitariam entre si. Eles teriam que ser finitos. Nenhum poderia ser
tudo em todos – o único supremo Deus.
A ideia de Deus é apropriada a um indivíduo, e não admite a
aplicação para mais de um. Não pode haver nada acima de Deus, ou igual a Ele,
ou que não dependa d’Ele. Ele não é apenas o primeiro e o melhor, mas o maioral
dos seres; e consequentemente, Ele se destaca no universo. O que queremos dizer
por Deus como um ser que é infinito e absolutamente perfeito? A ideia de dois
deuses iguais é uma ideia absurda. Pode existir mais de um rei, porque a
realeza só implica em que cada rei é investido de autoridade soberana nos seus
próprios domínios; mas não pode haver uma pluralidade de deuses, porque, pela
natureza das coisas, somente um pode ser possuidor de toda perfeição possível (Wakefield, Samuel. Christian Theology.
New York: Nelson Phillips, 1873, pp. 140, 141).
2. A Unidade da Natureza. A unidade da natureza revela a unidade de
Deus. Todas as coisas criadas não formam um multiverso, mas um universo. O
universo evidencia em si mesmo a obra de uma mente, um poder, uma vontade – um
Deus. Cada nova descoberta científica enfatiza a verdade sobre a unidade da
natureza e singularidade de Deus.
A estrutura e constituição do mundo apresenta para nós uma
harmonia, uma ordem, uma uniformidade de projeto, demonstrando que seu Criador
e Mantenedor é um. Nós vemos evidências de uma só vontade e uma só
inteligência; e, portanto, há um só Deus.
Se a administração uniforme e perfeitamente regular de uma
comunidade prova a unidade do poder governante, a uniformidade que observamos
em tudo, nas leis e operação da natureza, não seria uma prova de que seu
Criador e Governante é um só? A única conclusão racional destas fontes de
evidências é, portanto, que o “Senhor nosso Deus é um” (Ibid, 141, 142).
3. Natureza
Psicológica do Homem. O homem encontra uma singularidade de vida na
singularidade de Deus. A unidade de personalidade e propósito é descoberta na
fidelidade ao único Deus. “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todo o teu poder” (Deuteronômio 6:4, 5). Porque Deus é supremo, os homens devem
adorá-lo acima de tudo. Porque Deus é único, os homens devem amá-lo como um
indivíduo. O único Deus que é tudo em todos insiste na total lealdade de Suas
criaturas.
A psicologia reconhece a necessidade de um
princípio organizador na vida humana. Todo círculo precisa de um centro. Todo
sistema solar necessita de um sol. Cada vida necessita da suprema fidelidade
para dar-lhe unidade e propósito. Na suprema fidelidade para com o Deus único,
o homem encontra um centro para seu círculo e um propósito adequado para sua vida.
III. Três Religiões Monoteístas
Existem três grandes religiões que declaram a
crença na unidade de Deus. Estas religiões são o Judaísmo, o Islamismo e o
Cristianismo. O monoteísmo, evidentemente, é a crença na existência de um Deus.
É o oposto do politeísmo.
1.
Judaísmo. A religião
de Israel é baseada na crença de um Deus que Se revelou à nação através da lei
e dos profetas. A oração mais importante do judaísmo declara a unidade de Deus
(Deuteronômio 6:4).
Tendo sido dispersas da Torre de Babel, as
nações quase que universalmente foram submersas no paganismo e na idolatria.
Através de Abraão, Deus formou Sua própria nação especial, a colocou na
Palestina, no entroncamento dos continentes, e ordenou que ela deveria ser
testemunha missionária d’Ele, o único Deus verdadeiro. Deus propôs que Israel
deveria ser um “reino sacerdotal” (Êxodo 19:6). Os israelitas deveriam adorá-lo
como único Deus e se transformar no instrumento para a conversão de outras
nações do politeísmo para o monoteísmo.
Não é nenhum segredo que o grande entrave
para os judeus aceitarem o cristianismo é a falsa doutrina da trindade
defendida por uma enorme porção da cristandade. Os judeus alicerçados no puro
monoteísmo sabem que ninguém pode acreditar de forma consistente em ambas as doutrinas
da trindade e no ensino bíblico sobre o único e verdadeiro Deus.
2.
Islamismo. Chamado de
Mohamedanismo, depois que seu fundador Mohamed viveu no século VII, o Islamismo
acredita na existência de uma deidade chamada Alá. O Islamismo emprestou alguns
elementos do judaísmo e cristianismo. Como o judaísmo, creem em Abraão como um
de seus patriarcas. Também consideram Moisés e Jesus como bons homens, mas
creem que Maomé é o profeta chefe de Alá.
3.
Cristianismo. O
Cristianismo é superior a todas as religiões. É a única religião verdadeira.
Jesus é o único salvador. Ele é o único caminho para Deus, não há possibilidade
de salvação sem Ele.
O cristianismo é baseado no monoteísmo. O
Deus do Antigo Testamento é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O cristianismo
no Império romano esteve em constante conflito com o paganismo. A unidade de
Deus naturalmente se tornou a doutrina fundamental da igreja apostólica. Onde
quer que fossem, os primeiros missionários da Igreja proclamavam a verdade
sobre a Unidade de Deus. Aos seus convertidos diziam: “dos ídolos vos
convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro” (I Tessalonicenses
1:9).
Escrevendo para a Igreja na cidade idólatra
de Corinto, Paulo afirmou: “sabemos que um ídolo nada é no mundo, e que não há
outro Deus, senão um só. Porque, ainda que haja também alguns que se chamem
deuses, quer no céu quer na terra, (como há muitos deuses e muitos senhores),
todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos;
e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele” (I Coríntios 8:4-6).
IV. Falsas Teorias do Paganismo
A verdade sobre a unidade de Deus tem sido
negada pelo paganismo e pervertida pela Cristandade. O paganismo rejeita a
verdade sobre a unicidade de Deus e coloca em seu lugar a crença em muitos
deuses.
1.
Politeísmo. O oposto do
monoteísmo, a fé num único Deus, é o politeísmo. O politeísmo é a crença na
existência de muitos deuses. Ao invés de adorar um Deus infinito que é perfeito
em todos os seus atributos e supremo governante de sua criação, o paganismo
adora muitas deidades finitas. Os deuses e deusas imaginados pelo politeísmo
são imperfeitos em atributos e limitados em sua esfera de influência. No
princípio, a raça humana era monoteísta. Depois de terem voltado as costas para
Deus, a raça humana degenerou-se para o paganismo e politeísmo. A origem do
politeísmo é descrita em Romanos 1:20-23.
2.
Dualismo. Uma outra
filosofia pagã que é contrária ao monoteísmo é o dualismo. Dualismo é a crença
na existência de dois deuses que eternamente se opõem um ao outro, sendo um
deles bom e o outro mal. Esta era a doutrina do zoroastrismo persa. A deidade
boa do Zoroastro era Ahura Mazda, o deus da luz. A deidade má era Angra Manyu,
o deus das trevas. Durante os primeiros séculos da era da igreja, a filosofia
dualista foi manifestada no Gnosticismo e Maniqueísmo. Mais tarde foi uma
mistura de Zoroastrismo e Cristianismo.
V. Falsas Teorias da Cristandade
Enquanto a verdade sobre a unidade de Deus
tem sido negada pelo paganismo, ela é pervertida pela cristandade nominal. A
cristandade perverte a simples unidade de Deus em doutrinas como o
trinitarianismo, triteísmo e falsas teorias semelhantes.
1.
Trinitarianismo. O
trinitarianismo é a crença de que Deus é um em essência, mas existe em três
pessoas. Os trinitários advogam que só existe uma substância, uma inteligência
e uma vontade na deidade, mas que três pessoas coexistem eternamente nesta
única essência e exercem uma única inteligência e vontade. Uma análise detalhada
da trindade será feita no próximo capítulo.
2.
Triteísmo. O triteísmo
é a crença de que Deus é três em essência assim como três pessoas. O triteísmo
acredita que “existem três Deuses, genericamente um, individualmente distintos”
(A.A. Hodge). Eles creem que existem três deuses distintos, unidos em propósito
e obra, mas não em essência.
Os representantes mais destacados do
triteísmo foram John Ascusnages, de Constantinopla, e John Philoponus, de
Alexandria (no sétimo século), e Roscelinus (no século onze).
3.
Monarquianismo.
Esta teoria, também conhecida como Sabelianismo, refere-se à crença de que
Deus, Jesus e o Espírito Santo são uma única pessoa e uma única essência. Os
que acreditam nesta teoria afirmam que há somente uma pessoa divina que algumas
vezes se manifesta como Pai, algumas vezes como Jesus e algumas vezes como o
Espírito. Esta visão afirma a divindade de Cristo, mas nega que sua
personalidade seja distinta do Pai. Aqueles que creem nesta teoria rejeitam a
trindade. O trinitarianismo afirma que Jesus e o Pai são um em essência. O
monarquianismo afirma que Jesus e o Pai são a mesma pessoa. De acordo com esta
teoria, quando Jesus orou, Sua natureza humana estava orando para Sua natureza
divina.
Os adeptos desta teoria são encontrados em
vários períodos da história da igreja. Um grupo moderno que aceita esta crença
é a Igreja Pentecostal Unida. Sua teoria é expressa na obra “Jeovah–Jesus”, de
C. Haskell Yadon, e no livreto “A doutrina dos apóstolos”, de S. R. Hanby. O
trecho a seguir foi retirado de “O que nós cremos e ensinamos”, os pontos de fé
da Igreja Pentecostal Unida:
“Cremos no único Deus sempre vivo e Eterno, infinito em Seu poder,
Santo por natureza, atributos e propósitos; possuidor de divindade absoluta e
indivisível. Este Único Deus verdadeiro se manifestou de várias maneiras, como
Pai na criação; no Filho, enquanto andou entre os homens; como o Espírito Santo
depois da ascensão.”
No terceiro século, esta visão foi mantida
por Praxeas da Ásia Menor, Noetus de Smyrna, Beryl de Bostra, na Arábia,
e Sabélio de Ptolemais.
Esta teoria também é falsa. Jesus
constantemente revelou que Ele e o Pai tinham duas personalidades distintas.
Ele disse que Ele e o Pai eram duas testemunhas separadas (João 8:16-18).
4. Comparação Dessas Três Teorias. Todas essas três teorias são falsas. Todas
são semelhantes no fato de considerarem o Pai, Jesus e o Espírito incluídos na
figura de Deus. A diferença é que no Trinitarianismo se crê que o Pai, Jesus e
o Espírito constituem três pessoas mas apenas uma essência. O triteísmo
acredita que eles constituem três essências, bem como três pessoas. O
monarquianismo crê que Eles constituem apenas uma essência e são apenas uma
pessoa. Todas essas três teorias são falsas.
A Bíblia ensina corretamente que existe apenas
um Deus, o Pai, que é um em essência e pessoa. Existe apenas uma pessoa que é
Deus. Ensina que Jesus não é Deus, mas o Filho de Deus. Ele é divino, mas não
divindade. Ao lado de Deus, Jesus é a pessoa mais exaltada no universo. Cristo
estará eternamente sujeito ao Seu Pai, o único Deus Supremo. O Espírito Santo é
o poder impessoal de Deus através do qual Ele realiza as Suas obras.
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