segunda-feira, 27 de junho de 2016

Capítulo XI - Argumentos Trinitarianos Considerados


Capítulo XI
Argumentos Trinitarianos Considerados.

É quase patético considerar os frágeis argumentos que os trinitarianos utilizam para defender sua teoria. Eles admitem que a doutrina não é declarada na Bíblia, e então se agarram desesperadamente a toda pequena frase nas Escrituras que possa ser usada de alguma forma para apoiar sua falsa doutrina.

I. Um Texto Espúrio
O único verso da Bíblia que parece ensinar a trindade está em I João 5:7, “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a palavra e o Espírito Santo; e esses três são um.”

É consenso geral entre todos os estudiosos que esse verso é espúrio. Não é parte genuína da Bíblia. Não tem autoridade. Foi forjado. Não consta nos manuscritos originais; foi inserido por algum escriba trinitariano durante a Idade Média. Os trinitarianos honestos de hoje não usam este verso no ensino de sua doutrina. Quase todas as versões e traduções modernas omitem corretamente as palavras deste verso.

II. Ocorrência de Três Palavras Juntas
O principal argumento usado pelos trinitarianos é o fato de que Deus, Jesus e o Espírito Santo são mencionados juntos em alguns poucos versos. Eles alegam que isso prova a trindade. Isso não é verdade. O fato de três palavras ocorrerem na mesma sentença não é uma indicação em si mesma de que os fatores ou pessoas mencionados são iguais ou estejam necessariamente relacionados. Eis alguns dos versos que os trinitarianos usam:

Mateus 3:16,17                    O batismo de Jesus
João 14:16                             A promessa do Consolador 
Mateus 28:19                       A Grande Comissão 
2 Coríntios 13:13                A Bênção 
1 Pedro 1:2                           Os Eleitos

1. Mateus 3:16,17. Esse texto descreve eventos conectados com o batismo de Jesus. Depois que Jesus foi imerso no Rio Jordão, Deus enviou o Seu poder, o Espírito, sobre Jesus e declarou que Jesus é Seu Filho. Incluídos nesse incidente estão Jesus, Deus e o Espírito de Deus. No entanto, isso não prova nem indica a trindade. O Espírito, que é o poder de Deus, desceu na forma de pomba sobre Jesus batizado. Não há absolutamente nada neste incidente que mostre que o Espírito é uma pessoa. Também não há nada aqui indicando que Jesus, Deus e o Espírito são coiguais e coeternos. Além disso, a subordinação do Filho ao Seu Pai é revelada pelo fato de que o Pai é aquele que envia o Espírito, enquanto que o Filho é aquele que recebe. O Pai nos céus foi aquele que falou. O Filho, saindo da água, foi aquele que o Pai reconheceu como Filho.

2. João 14:16. Jesus prometeu aos Seus discípulos que depois de sua ascensão aos céus Ele receberia o Consolador de Seu Pai e então o enviaria sobre eles. O Pai deu Seu poder para Jesus; Jesus deu Seu poder para os discípulos. A promessa foi cumprida no Pentecostes (Atos 2:33). Deus, Jesus e o Espírito são mencionados juntos aqui. Esse fato, entretanto, não prova nem indica a trindade. Deus, Jesus, e o amor de Deus são mencionados juntos em diversos versos. Esse mesmo argumento usado pelos trinitarianos poderia personificar também o amor de Deus e fazer dele uma pessoa da Divindade. O mesmo poderia ser aplicado também à sabedoria de Deus e outros atributos. Os argumentos trinitarianos resultariam em um número de pessoas na Divindade similar ao número dos atributos na natureza de Deus. Isso é um absurdo. O fato de uma das habilidades ou atributos de Deus ser usado em conexão com Deus e Seu Filho não é indicação de que uma trindade de pessoas esteja sendo ensinada através disso. Somente o Pai é Deus. Jesus é o Filho de Deus. O Espírito Santo é o poder impessoal de Deus.

3. Mateus 28:19. Nesse texto, a palavra nome está no singular. Essa palavra não se refere a um nome pessoal. Ela designa autoridade. O Pai não é o nome pessoal de Deus, é um título. O nome pessoal de Deus é Jeová. O Filho não é o nome pessoal do nosso Salvador, também é um título. O nome pessoal do nosso Salvador é Jesus. O Espírito é o poder de Deus. Não é uma pessoa, portanto, não tem um nome pessoal.

É preciso mencionar que as palavras na versão inglesa Holy Ghost e Holy Spirit têm o mesmo significado. Ambas as palavras ghost e spirit são traduzidas do vocábulo grego pneuma, que significa poder. Os tradutores não têm uma razão válida para usarem a palavra ghost em vez de spirit

Esse texto, registrando a comissão evangelística de Cristo, autorizou os discípulos a irem por todo o mundo e pregar o Evangelho. É similar a Marcos 16:15,16.

No verso anterior a esse texto, nós lemos: ”E chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18). Aqui a palavra “poder” (do grego exousia) significa autoridade.

Depois de receber autoridade divina de Deus, Jesus autorizou Seus discípulos a irem e ensinarem a todas as nações. Então, quando os discípulos foram, ensinando e batizando, eles o fizeram pela autoridade investida neles pelo Pai, que havia dado toda a autoridade para Seu Filho. Dessa maneira, eles fizeram tudo no “nome” ou na autoridade recebida do Pai.

Os discípulos foram por todos os lugares pregando e ensinando, porque Jesus os autorizou e instruiu a fazerem isso. Dessa maneira, eles trabalharam no “nome” ou na autoridade do Filho.

O poder de Deus, o Espírito, foi dado aos discípulos para transformar o seu caráter e habilitá-los a realizar milagres. Através das obras miraculosas do Espírito, Cristo estava “cooperando com eles e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Marcos 16:20). O poder de Deus confirmava a mensagem deles através dos milagres. Isso revelava que eles eram representantes de Deus e Jesus. Então os discípulos foram, ensinando e batizando “em nome de” ou com uma autoridade confirmada pela operação do poder de Deus, o Espírito Santo. 

A autoridade recebida de Jesus e do Pai e revelada através do poder do Espírito era uma só autoridade divina. Portanto, a palavra nome ou autoridade é singular.

Nada há nesse verso que ensine a trindade. Não há nada indicando que o Espírito é uma pessoa ou que os três formam uma unidade composta de uma só substância e essência.

4. II Coríntios 13:13. Essa é outra escritura em que o Pai, Jesus e o Espírito Santo são mencionados juntamente. Os trinitarianos afirmam que o Pai é sempre o primeiro, o Filho sempre o segundo e o Espírito sempre o terceiro. Os apóstolos, no entanto, aparentemente nunca ouviram essa regra trinitariana. Em muitos versos, o objeto da discussão requer que Jesus seja mencionado no texto antes de Deus. Na maioria dos textos do Novo Testamento, onde Jesus e o Pai são mencionados juntos, o Espírito não é mencionado de forma alguma. É interessante notar que nesse verso Jesus é mencionado primeiro, Deus é mencionado em segundo e o Espírito por último. Nesse verso, Jesus e Deus são representados como pessoas. O Espírito é revelado como o poder de Deus.

Paulo não ensinou a trindade nessa amável bênção. Ele orou para que a divina graça, amor e comunhão estivessem com os crentes de Corinto. Ele queria que eles experimentassem os benefícios da graça de Cristo. Ele desejava que fossem introduzidos nas bênçãos resultantes do amor de Deus. Ele queria que eles se alegrassem na comunhão espiritual com Deus, Seu Filho e irmãos na fé, que se torna possível através da operação do poder de Deus, o Espírito Santo.

Note que Paulo menciona a comunhão do Espírito Santo, não a comunhão com o Espírito Santo. Os crentes têm comunhão com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo (I João 1:3-7) porque o Pai e o Filho são personalidades. Os crentes não podem ter comunhão com o Espírito Santo, pois o Espírito não é uma pessoa. Na verdade, os cristãos experimentam a comunhão do Espírito, mas não com o Espírito. Essa bênção de Paulo não ensina de modo algum a falsa doutrina da trindade. 

O fato de Pedro, Tiago e João serem mencionados juntos repetidamente na Bíblia não indica que eles formam uma trindade. Por que isso seria verdade no caso de Deus, Jesus e o poder de Deus serem mencionados no mesmo verso?

Outras escrituras utilizadas equivocadamente da mesma maneira pelos trinitarianos são: Gênesis 19:24; Números 27:18; Salmos 51:11; Isaías 34:16; 40:13; 48:16; Oséias 1:7; Ageu 2:4-5; I Coríntios 12:4-6; I Pedro 3:18; Apocalipse 1:4-6. 

III. Frase Repetida Três Vezes
Outro grupo de Escrituras no qual os trinitarianos tentam ler sua doutrina incluem aqueles versos onde uma certa frase é repetida três vezes. Três textos utilizados indevidamente dessa maneira estão relacionados abaixo: 
Isaías 6:3                    Santo, Santo, Santo 
Apocalipse 4:8          Santo, Santo, Santo
Números 6:24-26     O Senhor, o Senhor, o Senhor

1. Isaías 6:3. O serafim adora a Deus clamando um ao outro: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória.” O fato de o atributo divino da santidade é repetida três vezes na adoração dos serafins não indica que alguma referência é feita a três pessoas de uma trindade assentadas sobre um trono. A palavra “Santo” é repetida três vezes para dar ênfase. Isso significa que Deus é o mais santo.

Repetição para dar ênfase é uma prática comum entre os escritores da Bíblia. Note os seguintes exemplos: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor” (Jeremias 22:29). Jeremias ensinava uma trindade de terras? Certamente não! “Ao revés, ao revés, ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele darei” (Ezequiel 21:27). Deus declara que o reino de Israel seria suspenso e o trono de Davi seria posto ao revés. O efeito dessa medida vai permanecer até que o Messias venha reinar como rei. Nesse texto a palavra “ao revés” é repetida três vezes para dar ênfase.

2. Apocalipse 4:8. Esse verso é similar a Isaías 6:3. Aqui os quatro seres viventes “não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” O contexto desse verso nos mostra que essas palavras foram dirigidas somente ao Pai. Embora seja verdade que o Filho é Santo e que o poder de Deus é Santo, as palavras de adoração desse texto são dirigidas somente ao Pai. O Filho não é incluído aqui.

O contexto descreve Deus assentado sobre Seu trono no Céu segurando um livro selado com sete selos (Apocalipse 5:1). Um anjo forte clama por alguém que venha abrir o livro (Apocalipse 5:2-4). Finalmente, após tornar-se claro que ninguém mais era digno, Jesus é descrito como o Cordeiro que vem e toma o livro da mão direita de Deus (Apocalipse 5:5-7). Jesus não era aquele, nem parte d’Aquele, que Se assentava sobre o trono. Aquele que estava assentado no trono não era uma trindade. 

Em Apocalipse 4:2-3, notamos que “um” estava assentado sobre o trono. Esta pessoa única era o Pai, o Criador. É essa pessoa sentada sobre o trono que as quatro criaturas viventes adoram com as palavras: “Santo, Santo, Santo.” Esse texto, assim como Isaías 6:3, não oferece qualquer suporte para a falsa doutrina da trindade. 

3. Números 6:24-26. O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.” A frase “o Senhor” é usada como o sujeito de três sentenças consecutivas. Esse fato, entretanto, não é prova de que a trindade tenha sido indicada. Nessa bênção sacerdotal, Aarão referiu-se apenas a uma pessoa, o Senhor Deus de Israel. No verso seguinte, Deus fala de si mesmo, no singular, “Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Números 6:27).

“Os próprios Judeus se ressentem severamente da imputação de que suas Escrituras contêm alguma prova ou até mesmo insinuação da doutrina da trindade ortodoxa, e Jesus e os Judeus nunca discordaram nesse assunto, ambos sustentam que Deus é único, e que essa é a maior verdade revelada para o homem” (Gifford, Ezra D. “The True God, the true Christ, the true Holy Spirit. San Diego, Califórnia, 1912, pp. 44, 45). 

IV. A Palavra Hebraica Plural
A palavra hebraica mais comumente usada para designar Deus no Velho Testamento é Elohim. É um substantivo plural. “No princípio, criou Deus o céu e a terra” (Gênesis1:1)

Elohim não é o nome pessoal de Deus. É uma referência à Sua divindade, Sua posição em relação às criaturas. Significa “O Forte”. Essa palavra plural hebraica é usada 2470 vezes no Antigo Testamento. É aplicada a homens que exerciam autoridade, a anjos, aos muitos deuses do paganismo como também para o único Deus verdadeiro. Quando aplicado ao único Deus verdadeiro, Elohim geralmente é associado com verbos, adjetivos e advérbios no singular. Por exemplo, a palavra hebraica, bara, para “criou” em Gênesis 1:1 é singular.

Elohim designando o único Deus verdadeiro não indica uma pluralidade de deuses (politeísmo ou triteísmo), nem uma pluralidade de pessoas em uma só substância (trinitarianismo).

Se o substantivo plural Elohim fizesse referência a uma pluralidade de pessoas ou pluralidade de deuses quando usado em referência ao único Deus verdadeiro, Ele sempre seria identificado por essa palavra no plural. No entanto, esse não é o caso. A forma singular Eloah também é usada em referência a Deus. Isso é especialmente verdade nos livros poéticos do Antigo Testamento. Quarenta e uma das cinquenta e seis ocorrências de Eloah encontram-se no Livro de Jó.

Os escritores do Antigo Testamento usaram a palavra Elohim para designar o único Deus verdadeiro, mostrando Sua infinita superioridade sobre as divindades politeístas e indicando Sua singular existência. A pluralidade de atributos e poderes que o politeísmo distribui entre muitas divindades finitas pertence a uma só pessoa infinita, o Deus verdadeiro. As divindades pagãs não existem. É um equívoco prestar adoração, reverência e sacrifícios a esses deuses. Todo o louvor, obediência e amor da raça humana pertencem ao único Deus infinito. Esse Ser infinito declarou: “Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:2,3). 

O Plural Majestático. Quando usado em referência ao único Deus verdadeiro, o substantivo plural hebraico Elohim denota majestade, excelência, superioridade. Refere-se à infinita plenitude de Deus e Sua ilimitada grandeza. Designa mais uma pluralidade quantitativa do que numérica. Fala mais de intensidade do que de número. O uso de substantivos e pronomes plurais em referência à pessoa de Deus é comumente conhecido como “plural majestático”. Esse pensamento é substanciado nas seguintes citações: 

Numa nota sobre Gênesis 1:1, Joseph Bryant Rotherham fez o seguinte comentário: 

“Devemos observar cuidadosamente que, embora Elohim seja plural na forma, quando, como aqui, está construído com um verbo no singular, naturalmente é singular em sentido; especialmente porque o “plural de qualidade” ou “excelência” é abundante na língua hebraica em casos onde a referência é inegavelmente a alguma coisa que deve ser entendida em número singular” (Rotherham, Joseph Bryant. “The Emphasized Bible”. Londres: H.R. Allenson, 1901. Vol. 1. p. 33).

 Louis Berkhof, presidente do Seminário Teológico Calvinista, faz a seguinte observação concernente à palavra Elohim:

“O nome raramente ocorre no singular, exceto em poesia. O plural deve ser considerado como intensivo e, portanto, serve para indicar plenitude de poder” (Op. cit. p. 48). 

O doutor William Smith da Universidade de Londres, um século atrás, foi descrito como o “mais eminente lexicógrafo de língua inglesa no mundo”. A seguinte afirmação encontra-se no Dicionário Bíblico que o doutor Smith editou:

“A forma plural Elohim tem gerado muita discussão. A ideia fantasiosa de que ela se refere a uma Trindade de Pessoas na Divindade dificilmente encontra agora algum apoio entre os estudiosos. Isso é o que os gramáticos chamam de “plural majestático” ou então denota a plenitude da força divina, a soma dos poderes manifestos de Deus” (Smith, William. “A Dictionary of the Bible” Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1863, p. 216).

Mesmo sendo trinitariano, Dr. Augustus H. Strong mostra que a palavra Elohim frequentemente adquire o significado singular:

“Havia o pensamento de que o estilo real de linguagem era um padrão que surgiu depois do tempo de Moisés. O Faraó não usou isso. Em Gênesis 41:41-44, ele diz: “Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito… eu sou Faraó.” Mas investigações posteriores parecem provar que o plural para Deus foi usado pelos Cananitas antes da ocupação dos hebreus. Um único Faraó é chamado de “meus deuses” ou “meu deus” indiferentemente. A palavra “senhor” é geralmente encontrada no plural no Antigo Testamento (cf. Gênesis 24:9, 51; 39:19; 40:1). O plural fornece o senso de imponência. Significa magnitude ou plenitude. 
Os hebreus tinham muitas formas plurais que nós podemos usar no singular, como “céus” em lugar de “céu”, “águas” em lugar de “água”. Nós também falamos de notícias ou vencimentos” (Op. cit. pp. 318, 319).

Strong cita Gustav Friedrich Oehler, “Old Testament Theology”, que designa Elohim como um “plural quantitativo”, significando grandeza ilimitada (Ibidem, 318). 

V. Pronomes Pessoais Plurais
Existem quatro trechos do Antigo Testamento onde pronomes pessoais plurais são usados para se referir a Deus. Os trinitarianos alegam que isso ensina sua teoria. Não é verdade. De maneira nenhuma esses quatro textos ensinam que existe uma pluralidade de pessoas em Deus. Os quatro textos em questão são os seguintes: 
Gênesis 1:26 - Façamos o homem à nossa imagem
Gênesis 3:22 – Eis que o homem é como um de nós
Gênesis 11:7 – Desçamos e confundamos ali a sua língua
Isaías 6:8 – Quem há de ir por nós? 

O pronome pessoal plural nesses versos referem-se a um Deus singular. Isso fica claro pelo fato de que pronomes singulares são usados no contexto em referência a Deus.

Em Gênesis 1:26, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Entretanto no próximo verso nós lemos: “E criou Deus o homem à Sua imagem; à imagem de Deus os criou; macho e fêmea os criou.”

Em Isaías 6:8, lemos: ”Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Note que o Senhor disse: “A quem enviarei...?” Deus falou de Si mesmo no singular. 

Em todo o restante da Bíblia, exceto nesses quatro textos, Deus é designado por pronomes singulares. Quando falando de Si mesmo, Deus diz: “Eu, meu, mim, me.” Quando os homens falam a respeito de Deus, dizem: “Ele, d’Ele, lhe.” Se o pronome plural nesses quatro textos refere-se a uma pluralidade de pessoas em Deus, por que Deus não é designado sempre por pronomes plurais?

Além disso, se esses pronomes plurais denotassem realmente pluralidade em Deus, não haveria absolutamente nada revelando quantas pessoas existem naquela pluralidade, se seriam dois, três, dez ou mil. Aplicar pluralidade a Deus resultaria em politeísmo, não trinitarianismo.
Esses pronomes plurais, como o substantivo plural Elohim, referem-se ao “plural majestático”. Deus é representado como dizendo: “Façamos”, em vez de dizer: “Farei”, como uma indicação de Sua glória e grandeza. 

O Dr. William Evans, apesar de ser trinitariano, escreveu o seguinte:

“Alguns diriam que o “façamos”, em Gênesis 1:26,: “Façamos o homem,” se refere à consulta de Deus aos Seus anjos, com quem Ele se aconselhou antes de executar algo de importância. Mas Isaías 40:14 diz: “Com quem tomou conselho?”, mostra então que não é esse o caso; e Gênesis 1:27 contradiz essa ideia por repetir a declaração: “à imagem de Deus”, não à imagem de anjos; também que Deus criou o homem à Sua própria imagem, à imagem de Deus (não de anjos) os criou. O “façamos” de Gênesis 1:26, portanto, é devidamente compreendido como plural majestático, como indicativo da dignidade e majestade de quem fala. A tradução apropriada desse verso não deveria ser “façamos”, mas “nós faremos”, indicando mais a linguagem de decisão do que de consulta (Evans, William “The Gospel Doctrines of the Bible”. Chicago: Moody Press, 1939, p. 27).

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