Capítulo XXVIII
História
da Imortalidade Condicional
A
história da imortalidade condicional começa na Bíblia. Os homens que escreveram
os livros da Bíblia ensinaram de forma consistente que atualmente o homem não
possui a imortalidade. Eles revelaram que o homem é totalmente mortal, que é uma
criatura mortal. Imortalidade e vida eterna são retratadas na Bíblia como
dádivas de Deus que só podem ser obtidas por meio de Cristo. Sem Cristo não há
esperança de vida eterna. Pecado resultará em morte; o ímpio experimentará a
destruição definitiva. A imortalidade condicional foi uma crença da Igreja do
Novo Testamento. Esse foi o ensino original, oficial e ortodoxo da religião cristã.
Qualquer crença contrária resultou de um desvio dessa verdade.
I.
Os Pais Ante-Nicenos
Escritos
dos primeiros Pais Ante-Nicenos mostram que eles acreditavam na imortalidade
condicional. Eles retrataram a esperança do crente com a ressurreição para a
imortalidade na segunda vinda de Cristo. Eles descreveram o destino final do
ímpio com a destruição. Eles demonstraram a imortalidade como uma dádiva de
Deus, ainda a ser recebida.
1. Clemente de Roma. Clemente de Roma,
um companheiro de Paulo (Filipenses 4:3), escreveu:
“Meus amados, como são ricos e admiráveis os presentes de
Deus! Vida em imortalidade, esplendor em justiça, verdade em liberdade, fé em
confiança, continência em santidade! (...) Lutemos assim para sermos contados
no número dos que Nele esperam, para nos tornarmos participantes dos seus dons
prometidos” (The First Epistle of Clement
to the Corinthians. Capítulo
XXXV. The Ante-Nicene Fathers. Nova
York: Scribners, 1899, Vol. I, p. 14).
2. Inácio. Inácio, e seu amigo
Policarpo, um discípulo de João, ensinaram a vida somente em Cristo. Policarpo
foi o líder da Igreja de Esmirna na primeira metade do segundo século. Ele foi
queimado num poste como mártir no ano de 155. Inácio era o cabeça da Igreja de
Antioquia. Lançado aos leões no Coliseu de Roma, ele morreu como um mártir
diante de Trajano no ano 107. Inácio escreveu:
“Sê sóbrio como atleta de Deus. O prêmio é a
incorruptibilidade e a vida eterna, do que aliás já te convenceste” (Epistle of Ignatius to Policarp.
Capítulo II. The Ante-Nicene Fathers.
Vol. I, p. 94).
3. Teófilo. Teófilo de Antioquia, bispo
da Igreja nesta cidade durante o reino de Marcus Aurélius, escreveu três livros
para um amigo idólatra, Autolycus, para convencê-lo da verdade do cristianismo.
Theophilus morreu em 181. Ele escreveu:
“Quando depuseres a mortalidade e te revestires da
incorruptibilidade, verás a Deus de maneira digna. Com efeito, Deus
ressuscitará a tua carne, imortal, juntamente com tua alma. Então, tornado
imortal, verás o imortal, contanto que agora tenhas fé nele. Então reconhecerá
que falastes injustamente contra ele” (To Autolycus. Livro I, Capítulo VII. The Ante-Nicene Fathers. Vol. II, p. 91).
Poder-se-á dizer: “O
homem não foi criado mortal por natureza?” De jeito nenhum. “Então foi criado
imortal?” Também não dizemos isso. “Então não foi nada?” Também não dizemos
isso. O que afirmamos é que por natureza não foi feito nem mortal, nem imortal.
Porque se, desde o princípio, o tivesse criado imortal, o teria feito deus; por
outro lado, se o tivesse criado mortal, pareceria que Deus é a causa da morte.
Portanto, não o fez mortal, nem imortal, mas, como dissemos antes, capaz de uma
coisa e de outra. Assim, se o homem se inclinasse para a imortalidade,
guardando o mandamento de Deus, receberia de Deus o galardão da imortalidade e
chegaria a ser deus; mas se voltasse para as coisas da morte, desobedecendo a
Deus, seria a causa da morte para si mesmo, porque Deus fez o homem livre e
senhor de seus atos. O que o homem atraiu sobre si mesmo por sua negligência e
desobediência, agora Deus o presenteou com isso, através de sua benevolência e
misericórdia, contanto que o homem lhe obedeça. Do mesmo modo como o homem,
desobedecendo, atrai sobre si a morte, assim também, obedecendo à vontade de
Deus, aquele que desejar, pode adquirir para si a vida eterna. De fato, Deus
nos deu lei e mandamentos santos, e todo aquele que os cumpre pode salvar-se e,
tendo alcançado a ressurreição, herdar a incorruptibilidade” (To
Autolycus. Livro II, Capítulo XXVII. The Ante-Nicene Fathers. Vol. II, p. 105).
4. Justino Mártir. Flávio Justino,
conhecido como Justino Mártir, nasceu na colônia romana de Flávia Neápolis, em
Samaria. Convertido ao cristianismo ainda bem jovem, ele se tornou um cristão
apologista e devotou toda sua vida à defesa da fé. Ele foi decapitado como
mártir em Roma por volta do ano 166. Ele escreveu:
“Pois estas coisas que existem diante de Deus, ou em qualquer
tempo existirão, têm a natureza decaída, e são tais que podem ser apagadas e
deixarem de existir; mas Deus unicamente é ingênito (não gerado) e
incorruptível, e portanto Ele é Deus, mas todas as outras coisas diante Dele
são criadas e corruptíveis. Por essa razão as almas morrem e são punidas” (Dialogue of Justin, Philosopher and Martyr, with
Trypho, a Jew. Capítulo V. The
Ante-Nicene Fathers. Vol. I, p. 197).
5. Irineu. Irineu, um discípulo de
Policarpo, que por sua vez foi discípulo de João, nasceu na Ásia Menor entre os
anos de 115 e 125. Ele morreu em algum tempo próximo do final deste século. Ele
serviu como um missionário para o sudoeste de Gaul, onde mais tarde se tornou
bispo de Lyon (178). Irineu cria firmemente que o homem é mortal e que a
imortalidade é condicional. Ele ansiava pelo retorno pré-milenial de Cristo à Terra.
Muitas citações concernentes à imortalidade condicional podem ser feitas a
partir dos escritos de Irineu. A seguir temos um exemplo:
“O Pai de todas as coisas concede a
duração pelos séculos dos séculos aos que são salvos, porque não é nem de nós
nem de nossa natureza que vem a vida, mas ela é concedida segundo a graça de
Deus. Portanto, quem guardar o dom da vida dando graças àquele que lha deu
receberá também a longevidade pelos séculos dos séculos, mas quem a recusar com
ingratidão para com o Criador por tê-lo criado, não reconhecendo aquele que lha
deu, priva-se por sua conta da duração pelos séculos dos séculos” (Against Heresies. Livro II, Capítulo
XXIV, Parágrafo 3. The Ante-Nicene
Fathers. Vol. I, PP. 411, 412. Veja
também Livro III, Capítulo XIX, Parágrafo 1; Livro III, Capítulo XX, Parágrafo
1, 2 e livro V, Capítulo XIII, Parágrafo 3).
6. Arnóbio. Arnóbio viveu em Sica, a
cidade do sudoeste de Cartago, na última parte do terceiro e começo do quarto
século. Ele escreveu:
“Você deixará
de lado sua habitual arrogância, oh homem, que afirma ter Deus como seu Pai, e
sustenta que és imortal, assim como Ele é? Você perguntará, examinará, buscará
o que és em si mesmo, de quem você é, de que parentela supõe-se que és, o que
você faz no mundo, de que maneira você nasceu, como saltaste para a vida? Você
irá, pondo de lado sua indiferença, considerar no silêncio de seus pensamentos
que nós somos criaturas exatamente iguais às demais, ou separadas por não
grande diferença?” (Against
the Heathen. Livro II, Capítulo 16. The
Ante-Nicene Fathers. Vol.
VI, p. 440).
“Mas, se os homens se conhecessem completamente ou tivessem o
menor conhecimento de Deus, jamais reivindicariam como sua própria a natureza
divina imortal” (Ibid. Book II, Chapter 19).
“Mas, dizem meus oponentes, se as almas são mortais e de
caráter neutro, como elas podem se tornar imortais a partir de suas
propriedades neutras? Se disséssemos que não sabemos, e somente acreditamos
nisso porque foi dito por Alguém maior do que nós, a nossa prontidão em crer seria
errada ao acreditarmos que para o todo poderoso Rei nada é árduo, nada é difícil,
e o que é impossível para nós é possível para Ele ao Seu comando?” (Ibid. Livro
II, Capítulo 35).
7. Lactâncio. Lactâncio, um aluno de Arnóbio,
era um homem de cultura refinada, um retórico famoso, um professor em Nicomédia
e tutor do filho mais velho de Constantino. Ele escreveu:
“Pois os outros animais inclinam-se para o chão, porque eles
são terrenos e estão inaptos para a imortalidade, que é do céu; mas o homem é
vertical, e olha para o céu, porque lhe é proposta a imortalidade; a qual,
porém, não vem, a menos que seja dada aos homens por Deus. De outra forma não
haveria diferença entre o justo e o injusto, uma vez que cada homem nascido já
se tornasse imortal. Imortalidade assim não é a consequência da natureza, mas o
galardão e a recompensa da virtude” (The Divine Institutes, Livro VII, Capítulo
V. The Ante-Nicene Fathers. Vol. VII,
p. 201).
II.
A Idade Média
Depois
da morte dos apóstolos, a Igreja gradualmente escorregou da luz para a
escuridão, da verdade para o erro, e da fé simples na Bíblia para a aceitação
das crenças criadas pelos homens. A doutrina bíblica da imortalidade
condicional foi sendo gradualmente substituída pela filosofia de Platão da
imortalidade natural da alma. Essa influência pode ser observada em muitos
homens, como Atenágoras e Tertuliano, sendo encontrada na sua plenitude na teologia
de Agostinho. A igreja Católica Romana veio a existir como Igreja interiormente
paganizada, e como Cristianismo assumiu um lugar oficial de autoridade no
império. O imperador romano Teodósio (378-395) fez do Cristianismo a religião
do estado. Como o dia torna-se gradualmente em escuridão, assim a Igreja
primitiva foi gradualmente transformada na igreja papal de Roma. Quando a
igreja papal adquiriu sua autoridade, toda oposição foi suprimida pela força.
Os homens que não se submetiam à autoridade papal nem concordavam com suas
crenças feitas por homens, eram tratados como hereges. Durante a Idade Média,
homens fiéis continuaram a ensinar a imortalidade condicional e outras
doutrinas bíblicas. A informação a respeito desses crentes é limitada, visto que
Roma papal queimou os livros escritos por verdadeiros crentes e reprimiu os
professores que discordavam de suas doutrinas.
1. Nemésio. Nemésio, bispo de Emesa, na
Fenícia, durante o quarto século, escreveu De
Natura Hominis (tradução inglesa de G. Wither, Londres, 1636). Esse livro,
apoiando a imortalidade condicional, foi amplamente lido e traduzido para
muitos idiomas.
2. Sofrônio. Sofrônio, patriarca de
Jerusalém no sétimo século, foi listado por Petavel (Problem of Immortality) como um condicionalista. Uma carta sinodal
de Sofrônio foi lida no Terceiro Concílio de Constantinopla (680).
3. Teofilacto. Um exegeta bizantino do
século onze, Teofilacto foi um destacado defensor da imortalidade condicional.
Um nativo de Eubeia, ele foi aluno de Miguel Pselo. Por seu grande aprendizado,
Teofilacto foi escolhido como tutor de um jovem príncipe, Constantino Ducas,
filho do imperador Miguel VII (1071-1078). Em 1078, Teofilacto foi feito
arcebispo de Ocrida no país dos búlgaros (a moderna Ocrida, na Albânia). Suas
obras literárias incluem importantes comentários sobre o Velho e Novo
Testamento. Sua crença sobre a imortalidade pode ser vista nos comentários ao
texto de 1 Timóteo 6:16. Uma edição de “As Obras de Teofilacto”, em grego e
latim, foi publicada em quatro volumes na cidade de Venice, entre 1754-1763.
4. João Duns Escoto. Um dos principais
filósofos escolásticos da Idade Média (morto em 1308), João Duns Escoto é
listado como um condicionalista na Enciclopédia de Religião e Ética, por James
Hastings (Nova York: Scribners, 1908, veja o artigo “Imortalidade Condicional”,
III, 822-825). Negando a imortalidade natural, o Doutor Sutil, como era conhecido, sustentou “que a imortalidade da
alma é incapaz de demonstração”.
III.
O Período da Reforma
A
tocha da verdade, que quase foi extinta pela igreja Romana na Idade Média,
ascendeu brilhantemente outra vez com a chegada da Reforma Protestante. Os
homens declararam sua liberdade da autoridade Romana. Pessoas comuns começaram
a ler a Bíblia na sua própria língua. Importantes doutrinas bíblicas, como o
retorno de Cristo, a futura ressurreição dos crentes e o reino vindouro de
Cristo, foram restauradas na teologia da Igreja. A leitura da Bíblia por
pessoas comuns, proibida por muitos séculos, fez com que muitos crentes
aceitassem o ensinamento da Bíblia a respeito da natureza física do homem,
imortalidade condicional e a destruição do ímpio.
1. William Tyndale. William Tyndale
(1484-1536), tradutor da Bíblia para a língua inglesa e principal fundador da
Reforma na Inglaterra, era um crente inflexível na imortalidade condicional.
Sir Thomas More, um estudioso Católico na Inglaterra, escreveu um livro em 1528
no qual ele denuncia os ensinos de Tyndale e Lutero. Num livro no qual ele
respondeu a Sir Thomas More, Tyndale escreveu:
“E quando ele prova que os santos estão no céu já em glória
com Cristo, dizendo: “Se Deus for o Deus deles, eles estão no céu, pois Ele não
é o Deus dos mortos”, ele rouba o argumento de Cristo, por onde ele prova a
ressurreição: que Abraão e todos os santos devem ressuscitar, e não que suas
almas estavam no céu, doutrina que ainda não estava no mundo. E com essa
doutrina ele elimina a ressurreição por completo e assinala o argumento de
Cristo como de nenhum efeito. Pois quando Cristo declara pela Escritura que
Deus é o Deus de Abraão e adiciona que Deus não é o Deus dos mortos, mas dos
vivos, e assim prova que Abraão deve ressuscitar, eu nego o argumento de Cristo
se digo com M. More que Abraão ainda está vivo, não pela ressurreição, mas
porque sua alma está no céu. E da mesma forma, o argumento de Paulo aos
Coríntios é de valor nulo, pois quando ele disse: “Se não há ressurreição, nós
somos os mais miseráveis de todos”, aqui não temos alegria, mas lamento,
cuidado e opressão; e portanto, se nós não ressuscitarmos, todo nosso
sofrimento será em vão. Não, Paulo, tu és iletrado; vá até o Mestre More e
aprenda um novo caminho. “Nós não somos os mais miseráveis, ainda que não
levantemos novamente; pois nossas almas vão para o céu assim que morremos, e lá
existe uma grande alegria como a de Cristo que ressuscitou.” E eu fico surpreso
que Paulo não haja consolado os Tessalonicenses com essa doutrina, se ele sabia
disso, que as almas de seus mortos estivavam em alegria; assim como ele sabia
da ressurreição, que os seus mortos deveriam ressuscitar. Se as almas estão no
céu, em grande glória como os anjos, conforme sua doutrina, você pode me
mostrar qual a causa para haver a ressurreição?” (Tyndale. Answer to Sir T. More’s Dialogue. Works, Livro II, Capítulo 8.
Parker Society, Impresso na Cambridge University, 1848).
E então, colocando-os no céu, inferno e purgatório, destroem
os argumentos com os quais Cristo e Paulo provam a ressurreição. O que Deus fez
com elessaberemos quando formos até eles. A verdadeira fé propõe a
ressurreição, a qual somos alertados a buscar toda hora. Os filósofos pagãos,
negando isso, afirmam que as almas vivem para sempre. E o Papa reuniu a
doutrina espiritual de Cristo e a doutrina carnal dos filósofos; fatos tão
contrários que não podem chegar a um acordo, não mais do que fazem o Espírito e
a carne no homem cristão... E novamente, se as almas estão no céu, me diga
porque elas não estão em tão boa situação como os anjos? E quanto à ressurreição,
qual é a sua causa de existir? (Ibid)
2. John Frith. John Frith (ou Fryth)
(1503-1533), um reformador inglês, era um amigo fiel, companheiro e colega de
trabalho de Tyndale. Ele ajudou Tyndale na sua tradução do Novo Testamento.
Como Tyndale, Frith foi um mártir pela fé. Frith acreditava que o homem é
mortal e que os crentes serão ressuscitados para imortalidade quando Jesus
voltar. Ele insistiu que a falsa doutrina, a qual ensina que alguns homens já
estão no inferno e alguns no céu, “destrói completamente a ressurreição, e
anulam os argumentos pelos quais Cristo e Paulo provam que nós
ressuscitaremos”. Seu ponto de vista aparece na obra “A disputa do Purgatório”,
de 1530. Esse livro é dividido em três partes: a primeira em resposta a John
Rastell, que escreveu um livro ensinando a imortalidade da alma; a segunda ao
Sr. Thomas More; a terceira a John Fisher, bispo de Rochester. As obras de
Frith estão reimpressas em Works of
Tyndade and Frith (Londres, 1831).
3. Pietro Pomponazzi. No princípio do
século dezesseis, a questão da natureza do homem era tema de especial interesse
nas universidades da Itália. Os averroístas, um grupo que incluía muitos homens
instruídos da Itália, negaram a imortalidade da alma. Um líder desse movimento
era Pietro Pomponazzi, que foi descrito como “o mais influente professor de
filosofia de seu tempo” (Petavel). Pomponazzi escreveu muitos livros contra a
imortalidade da alma. Seu famoso livro Tratado
da Imortalidade da Alma (Bononiae, 1516) foi publicamente queimado em
Veneza. Para uma completa análise das opiniões de Pomponazzi, veja a obra de
Ernest Renan Averróis e o Averroísmo
(Paris, 1852). As obras de Pomponazzi são listadas por Ezra Abbot em seu livro The Literature of the Doctrine of a Future
Life.
São
reveladores da influência e da extensão do movimento Averroísta o fato de que o
Papa Leão X, em 1513, publicou uma bula contra esse grupo e que a doutrina foi
condenada pelo quinto Concílio de Latrão da igreja Católica Romana, ocorrido em
Roma (1512-1517). Esse concílio, sob o comando de Leão X, publicou o seguinte
decreto: “Considerando que alguns ousaram afirmar com respeito à alma racional,
que ela é mortal, nós, com a aprovação do Sagrado Conselho, condenamos e
reprovamos todos que afirmam que a alma intelectual é mortal, visto que a alma
não é unicamente real, e de si mesma e essencialmente a forma do corpo humano,
como está expresso no cânon do Papa Clemente V, mas também imortal; e nós
proibimos estritamente tudo que dogmatiza de outra forma; e nós declaramos que
todos que aderirem à afirmação errônea será evitado e punido como herege”.
Martinho
Lutero protestou contra o edito publicado pelo Papa que enfatizava a crença na
imortalidade da alma. Lutero escreveu:
Eu tolero que o Papa estabeleça artigos de fé para seus fiéis
seguidores; como o pão e o vinho sendo transmutados no sacramento; a essência
Divina não é gerada nem produzida; a alma é a forma substancial do corpo
humano: e que ele mesmo é o governador do mundo e Rei do céu e Deus da Terra; e
que a alma é imortal, e todos os inumeráveis prodígios do monturo de decretos
romanos (Proposição 27 da Defesa de
Lutero. Obras, vol. II, folha 107. Citado por Pettingel na obra The Unspeakable Gift, p. 50).
A
extensão na crença na imortalidade condicional durante a era da Reforma pode
ser vista no fato de que João Calvino, em 1534, escreveu um livro no esforço de
refutar a crença que a alma repousa entre a morte e o juízo final. O livro Psychopannychia foi a segunda publicação
literária de Calvino.
4. Os Socinianos. À medida que a Reforma
progredia durante o século dezesseis, muitos grupos protestantes foram
organizados pela Europa. Grupos que criam na imortalidade condicional eram
largamente encontrados entre os Anabatistas e os Socinianos. O movimento
Sociniano foi assim nomeado por seguirem seus fundadores antitrinitarianos,
Lélio Socino (1525-1562) e seu sobrinho Fausto Socino (1539-1604). Lélio Socino
foi o reformador e pregador. Fausto Socino foi o teólogo. Ambos nasceram em
Siena, Itália. O Socianismo encontrou sua melhor situação na Polônia, onde os
seguidores de Socino encontraram refúgio de 1539 a 1658, até que foram expulsos
da Polônia pelos Jesuítas. Os escritos dos teólogos que lideraram o movimento
estão coletados na obra Bibliotheca
Fratrum Polonorum, editada por Andreas Wiszowaty, neto de Fausto Socino. O
principal símbolo dos Socinianos é o Catecismo Racoviano, assim chamado por
causa da cidade polonesa de Rakow, onde o movimento teve uma casa publicadora,
uma escola que chegou a ter 1000 estudantes frequentando as aulas e o local do
encontro anual do sínodo geral. A perseguição Católica Romana fez os Socinianos
fugirem para a Transilvânia, Alemanha, Holanda, Inglaterra e outras partes da
Europa, onde congregações foram organizadas.
Os
Socinianos sustentam muitos pontos de vista com os quais não concordamos, por
exemplo, a visão humanitária de Cristo e a visão Pelagiana do pecado, mas
estavam certos em recusar a doutrina da trindade e a imortalidade da alma.
Muitos Socinianos criam na imortalidade condicional da alma.
“No lado positivo, o próprio Fausto Socino pensava que o homem
é mortal por natureza e alcança a imortalidade somente pela graça. No lado
negativo, seus seguidores (Crell, Schwaltz e especialmente Ernst Sohner)
ensinaram abertamente que a segunda morte consiste em aniquilação, a qual terá
lugar, entretanto, somente depois da ressurreição geral, no juízo final. Dos
Socinianos essa visão geral passou a toda a Inglaterra” (The New Schaff-Herzog Religious Encyclopedia, I, 185).
5. Os Anabatistas. O movimento
Anabatista recebeu seu nome (que significa “Rebatizadores”) pelo fato da
rejeição do batismo infantil e exigindo o batismo adulto. Originado por volta
de 1525, esse movimento inclui muitos grupos protestantes que se espalharam por
toda a Europa. Esses Anabatistas diferiam não somente de Calvino e de Lutero,
mas também uns dos outros, em muitas doutrinas.
Embora
uns poucos grupos fossem dados ao fanatismo, a maioria dos grupos Anabatistas
era formado por sóbrios estudantes da Bíblia. Alguns desses grupos acreditavam
na segunda vinda de Cristo, no reino de Deus na Terra e na ressurreição dos
crentes para a imortalidade. Como Lutero e Calvino, eles criam na autoridade da
Bíblia, na justificação pela fé e no sacerdócio dos crentes. Eles reconheciam,
porém, que a Reforma doutrinal de Lutero e Calvino eram incompletas. Eles
insistiam que todos os falsos ensinos do Catolicismo Romano deveriam ser
rejeitados, e que a Reforma deveria ser total e completa. Alguns desses grupos
Anabatistas, portanto, defendiam a imortalidade condicional e a vida somente
através de Cristo.
IV.
Séculos XVII e XVIII
Uma
interessante descrição dos livros escritos por autores da imortalidade
condicional da alma durante os séculos XVII e XVIII é apresentada por A. J.
Mills em seu livro Earlier Life-Truth Exponents
(Londres: Elliot Stock, 1925).
1. Escritores do Século XVII. Os autores
da imortalidade condicional no século VXII incluem: Joachim Stegmann, um
escritor alemão, Brevis Disquisitio
(1628); George Wither (1588-1667), The
Nature of Man, uma tradução inglesa da obra de Nemesius; Richard Overton, Man’s Mortallitie (1643); John Biddle
(1615-1662), A Two-fold Catechism;
Mattew Caffyn (1628-1714), The Deceived
and Deceiving Quakers Discovered; Samuel Richardson, Of the Torments of Hell (Londres, 1658); Henry Layton (1670-1706),
que escreveu pelo menos doze livros a respeito da imortalidade condicional;
Isaac Barrow (1630-1677), Sermons and
Fragments; John Milton (1608-1674), Treatise
of Christian Doctrine; John Locke (1632-1704), Ressurretio et quae sequuntur.
2. Escritores do Século XVIII.
Possivelmente o mais importante autor da imortalidade condicional no século XVIII
foi Henry Dodwell (1642-1711), professor da cadeira Camden de História na
Universidade de Oxford. Suas
obras incluem: Letter Concerning the
Immortality of the Soul (1703), An
Epistolary Discourse (Londres, 1706), A
Preliminary Defense of the Epistolary Discourse (Londres, 1707), The Natural Mortality of Human Souls
(Londres, 1708) e The Scripture Account
of the Eternal Rewards or Punishmenty of all that hear of the Gospel
(Londres, 1708).
Um
outro escritor britânico condicionalista do século XVIII foi o médico Willian
Coward (1656-1725). Educado em Hart Hall e na Faculdade Wadham, Oxford, o
doutor Coward praticou medicina em Northampton e Londres. Seus livros incluem: Second Thoughts Concerning Human Soul (Londres, 1702), Further Thoughts Concerning Human Soul
(Londres, 1703), The Grand Essay
(Londres, 1704) e The Just Scrutiny
(Londres, 1706).
William
Whiston (1667-1752) é bastante conhecido como o tradutor do livro Obras de Josefo. Educado por seu pai e
em Clare Hall, Cambridge (1690), Whiston foi ordenado diácono na Igreja da
Inglaterra (1693) e sucedeu Newton como professor lucasiano em Combridge
(1703). Como professor, Whiston lecionou matemática e filosofia natural.
Whiston rejeitou o trinitarianismo e a imortalidade da alma. Suas obras incluem: Sermons and Essays upon Several Subjects (Londres, 1709) e The Eternity of Hell Torments Considered
(Londres,1740).
Francis
Blackburne (1705-1787) foi pastor da Igreja da Inglaterra em Richmond,
Yorkshire. Sua obra mais
conhecida sobre a imortalidade condicional é A ShortHistorical View of the Controversy Concerning the Intermediate
State and the Separate Existence of the Soul, between Death and the General
Ressurrection (Londres, 1765). Blackburne também escreveu: No Proof in the Scriptures of an
Intermediate State of Hapipiness or Misery between Death and the Resurrection
(Londres, 1756) e Remarks on the Rev. Dr.
Warburton’s Account of the Sentiments of the Early Jews Concerning the Soul
(Londres, 1757).
Outros escritores condicionalistas
do século XVIII incluem: Joseph Hallet (O Jovem) (1691-1744), que foi um
ministro inglês não conformista, ordenado em Exeter em 1715, e que escreveu A Free and Impartial Study of the Holy
Seriptures Recommended (Londres, 1729) e A Defense of a Discourse on the Impossibility of Proving a Future State
by the Light of Nature (Londres, 1731); Dr. Joseph Nical Scott (1703-1769),
médico que escreveu Sermons Preached in
Defence of All Religion, Wheter Natural or Revealed, at the French Church, Norwich (Londres, 1743); Dr. Edmund Law
(fl. 1745-1785), diretor da Faculdade São Pedro, em Cambridge, Diácono Superior
de Straffordshire e bispo de Carlisle, Considerations
on the Theory of Religion (1745); John Jackson (fl. 1735-1747), pastor de
Roffington, no Condado de York, e Diretor do Hospital Wigston em Leicester, que
escreveu A Dissertation on Matter and
Spirit (Londres, 1735), The Belief of
a Future State (Londres, 1745), A
Defence of a Book (Londres, 1746) e A
Futher Defence (Londres, 1747); Peter Peckard (1718-1979), pastor da Igreja
da Inglaterra e Diretor da Faculdade Magdalene, Cambridge, Observations on the Doctrine of an Intermediate State (Londres,
1756), Further Observations on the
Doctrine of an Intermediate State (Londres, 1757) e Observations on Mr. Fleming’s Survey (Londres, 1759); Dr. J. B.
Robinson escreveu Philosophical and
Scriptural Inquiries Into the Nature and Constitution of Mankind, Considered
only as Rational Beings (Londres, 1757).
Ainda outros escritores ingleses
condicionalistas do século XVIII incluem: Samuel Bourn (1714-1796), um ministro
dissidente de Rivington, Lancashire, que escreveu A Letter to Rev. Samuel Chandler, D. D., concerning the Christian
Doctrine of Future Punishment (Londres, 1759) e A Series of Discourses on the Principles and Evidences of Natural
Religion and the Christian Revelation, 4 volumes (Londres, 1760); John
Alexander (1736-1765), um ministro presbiteriano de Longdon, próximo de
Birmingham, e “um dos melhores estudiosos do grego de seu tempo”, escreveu A Paraphrase upon the Fifteenth Chapter of
First Epistle to the Corinthians (Londres, 1766); Dr. John Leland
(1691-1766), um ministro não conformista e homem de grande conhecimento,
escreveu The Advantages and Necessity of
the Christian Revelation, 2 volumes (Londres, 1764) e Discourses, 4 volumes (Londres, 1769); Benjamim Dowson, mestre em
artes e doutor em leis (1729-1814) foi um ministro presbiteriano e mais tarde
pastor da Inglaterra, que publicou várias obras em defesa do pastor Blackburne
e do bispo Law, escreveu: Remarks on Mr.
Steffe’s Letter concerning the State of the Soul after Death (1757) e An Illustration of several texts of
Scripture (1765); Dr. John Tottie, cônego da Igreja de Cristo, Oxford, e
diácono superior de Worcester, Sermons
preached before the University of Oxford (1772); George Clark, Vindication of the Honour of God, and the
Rights of Men (1789) e A Vindication
of the Honour of God: In a Scriptural refutation of the doctrines of Eternal
Misery, and Universal Salvation (Londres, 1792); John Marsom escreveu The Universal Restoration of Mankind
examined and proved to be a Doctrine Inconsistent with itself, 2 volumes
(Londres, 1794) e The Scripture Doctrine
of Future Pumishment Defended (1795); e Joseph Priestley (1733-1804),
cientista e teólogo, que descobriu o gás oxigênio, expressou seus pensamentos
sobre a natureza da morte no seu livro Disquisitions
Relating to Matter and Spirit (Londres, 1777).
Um escritor
da imortalidade condicional na Suíça durante o século XVIII foi Ferdinand
Olivier Petitpierre, pastor em Neuchatel, Suíça, que ensinou a destruição do
ímpio ao invés da doutrina da tortura eterna. Seus livros incluem: Le plan de Dieu envers les hommes (Hamburgo, 1786) e Thoughts on the Divine Goodness, relative to
the Government of Moral Agents (traduzido do francês, Bath, Inglaterra,
1788). Os ensinos de Petitpierre fizeram com que a Companhia de
Ministros Veneráveis em Neuchatel apelasse a Frederick o Grande, que replicou:
“Se meus honestos e fiéis súditos de Neuchatel insistem em serem eternamente
condenados, não me ponho no caminho.” Petitpierre foi forçado ao exílio
(Petavel, The Extinction of Evil).
Séculos
XIX e XX
O
principal defensor da imortalidade condicional na Inglaterra durante o século
XIX foi Edward White (1819-1888). Educado na universidade de Glasgow, White
continuou seus estudos em preparação para o ministério com um clérigo
congregacionalista. Depois de realizar o trabalho evangelístico em vários
lugares por cerca de dez anos, ele abriu uma igreja independente, Howley Road
Chapel, em Londres, onde pregou por trinta e cinco anos (1852-1887) e onde se
tornou presidente da união Congregacional. O livro de White, Life in Christ, foi publicado pelo
primeira vez em 1846 (Londres). Ele foi revisado e ampliado em 1875. A terceira
edição foi publicada em 1878 (Londres: Elliot Stock).
Na
América, um importante escritor foi Charles Fred Hudson, muito conhecido como o
compilador de uma concordância do grego (Hudson’s
Greek-English Concordance). Os
principais trabalhos de Hudson sobre a imortalidade foram Debt and Grace, as related to the Doctrine of a Future Life
(Boston, 1857) e Christ Our Life, the Scriptural Argument for
Immortality Through Christ Alone (Boston,
1860). Outras obras neste tema escritas por Hudson incluem: The Parable of the Rich Man and Lazarus
(Boston, 1859), The Rights of Wrong: or,
Is Evil Eternal? (Boston, 1859) e Human Destiny (Boston, 1860).
Um
outro importante escritor da imortalidade condicional durante o século XIX foi
John H. Pettingell. O livro mais famoso de Pettingell é The Unspeakable Gift, publicado originalmente em 1884 e reimpresso
muitas vezes (Yarmouth, Maine: I. C. Wellcome, 1887). Edward White escreveu a
introdução desse livro. Outras obras de Pettingell incluem: The Theological Trilemma (Nova York:
Sherwood, 1878); Platomism Versus
Christianity (1881); Bible
Terminology (1881); The Life
Everlasting que inclui as duas obras precedentes e Reviews in Eschatology, o último livro do autor (Yarmouth, Maine:
Scriptural Publication Society, 1887).
Um
autor britânico do século XIX, cujos livros sobre imortalidade condicional
foram amplamente lidos em ambos os lados do Atlântico, foi Henry Constable, Capelão
na cidade de Londres para o Hospital e Prebendário de Cork. Seu livro mais
famoso é Duraction and Nature of Future
Punishment (Londres, 1868). Ele também escreveu Hades, or the Intermediate State of Man.
O
teólogo suíço Emamanuel Petavel poderia também ser listado entre os mais
importantes escritores condicionalistas do século XIX.
Petavel
foi livre docente na Universidade de Genebra, Suíça. Em 1858, ele se tornou
pastor de uma congregação suíça em Londres, onde ficou íntimo de Edward White. A
obra mais importante de Petavel é The
Problem of Immortality (traduzido por Frederick Ash Freer, Londres : Elliot
Stock, 1892). Um outro livro de Petavel é The
Struggle for Eternal Life. Também conhecido pelo título The Extinction of Evil, essa obra foi traduzida
por Charles H. Oliphant (Boston : Charles H. Woodman, 1889).
Na
América, Willian Reed Huntington (nascido em 1838), um protestante Episcopal,
pregou uma série de sermões sobre “A Hipótese da Imortalidade Condicional”
enquanto ele era pastor da All Saint’s Church, em Worcester, estado de
Massachusets. Esses sermões foram publicados num livro Conditional Immortality (New York, 1878). Huntington foi educado em
Haward. Ele serviu como administrador na Igreja Emmanuel, Boston (1861-1862),
clérigo da All Saint’s Church, Worcester (1862-1863) e clérigo da Grace Church,
na cidade de Nova York. Em 1892, ele foi editor adjunto com Samuel Hart no Standard Prayer Book. Ele foi secretário
do comitê da convenção geral para a melhoria e melhor adaptação às necessidades
do público Americano do Livro de Oração
Comum (Book of Common Prayer).
Durante
oséculo XIX, muitos estudiosos britânicos e líderes na Igreja da Inglaterra
defenderam a imortalidade condicional. Richard Whately (1787-1863), arcebispo de Dublin, escreveu A View of the Scriptural Revelations
Concerning a Future State (1ª edição 1829? , 3ª ed. 1832, 8ª ed. Revisada,
Londres, 1859). O bispo Renn Dickson Hampden (1793-1868), bispo de
Hereford, defendeu sua posição em Hampton
Lectures, 1832. Henry Alford (1810-1871) Deão de Canterbury, um importante
comentarista, e um dos membros originais da comissão de Revisão do Novo
Testamento, apoiou a imortalidade condicional. Ele foi o primeiro editor da Contemporary Review (1866-1870). Suas
maiores obras incluem Greek Testament
(4 vol. 1849-1861) e New Testament for
English Readers (4 vol. 1868). Note o comentário de Alford em Gênesis 3 no
seu comentário ao Velho Testamento (publicado postumamente, 1872). Dr. John
James Stewart Perowne (1823-1904), Bispo de Worcester, foi um dos mais
eminentes estudiosos do hebraico de seu tempo. Em seu Hulsean Lectures, 1868, no tópico sobre imortalidade, Perowne
escreveu: “A imortalidade da alma não é discutida nem afirmada no Velho
Testamento”. John Bickford Heard (nascido em 1828) escreveu The Tripartite Nature of Man (Edimburgo,
1866). Dr. Frederic Willian Farrar (1831-1903), deão de Canterbury e autor da
famosa obra Life of Christ (1874),
expressou seus pensamentos sobre imortalidade condicional em dois dos muitos
volumes de sermões, Eternal Hope
(1878) e Mercy and Judgment (1881).
Ethelbert W. Bullinger (morto em 1913), clérigo muito conhecido na Igreja da
Inglaterra, produziu um Léxico Grego e escreveu muitos livros, incluindo The Companion Bible. William Temple
(1881-1944), arcebispo de Canterbury, escreveu sobre a imortalidade condicional
no seu Christian Faith and Life.
A
imortalidade condicional foi ensinada por J. M. Deniston em seu The Perishing Soul (2ª edição, Londres,
1874), pelo clérigo C. A. Row, Future
Retribution (Londres, 1887) e Samuel Minton-Senhouse, que escreveu: The Glory of Christ (Londres, 1868), The Way Everlasting, The Harmony of
Scripture on Future Punishment e A
New Bible. Também foi
ensinado por W. T. Hobson, em Conditional
Immortality, J. W. Barlow, Eternal
Punishment (Cambridge, 1865), T. Davis, Endless
Suffering Not The Doctrine of Scripture (Londres, 1866), J. F. B. Tinling, The Promise of Life, e o filósofo
inglês, James Martineau (1805-1900), A
Study of Religion (Oxford, 1888).
William
E. Gladstone (1809-1898), distinto primeiro-ministro britânico e autor,
defendeu a imortalidade condicional em sua obra Studies Subservient to the Works of Bishop Butler (pp. 184-197). O
astrônomo inglês, John Couch Adams (1819-1892), que descobriu o planeta Netuno
(1845), e foi professor de astronomia na Universidade Cambridge, foi um crente
nessa verdade. Sir George G. Stokes (1819-1903), membro do Parlamento,
professor de matemática em Cambridge, secretário (1854-1885) e depois
presidente (1885-1890) da Real Sociedade, escreveu em apoio a essa doutrina.
Seus escritos nesse tema estão inclusos em Symposium,
That Unknown Country, e Immortality, A Clerical Symposium.
H.
H. Dobney, um ministro Batista da Inglaterra, ensinou a imortalidade
condicional em seu famoso livro Notes of
Lectures on Future Punishment (Londres, 1844). A quarta edição Americana,
da Segunda Edição de Londres, incluía um apêndice contendo The State of the Dead, por John Milton (Peace Dale, R. I., 1856).
Dr.
Richard Francis Weymouth (1822-1902), um inglês batista leigo e tradutor do
Novo Testamento, escreveu:
“Minha mente falha em conceber uma completa deturpação da
linguagem quando cinco ou seis das palavras mais fortes que a língua grega
possui significando “destruir” ou “destruição” sejam explicadas com: ‘mantendo
uma existência eterna, mas miserável’ Traduzir preto como o branco é nada perto
disso (Citado por Pettingel, The
Unspeakable Gigt, p. 322).
John
Nelson Darby (1800-1882), um dos fundadores da Igreja dos Irmãos Plymouth na
Inglaterra, escreveu em Hopes of the
Church:
“Nós gostaríamos de expressar nossa convicção de que a ideia
da imortalidade da alma não tem sua fonte no Evangelho; que ela vem, ao
contrário, dos Platonistas, e quando a vinda de Cristo foi negada na Igreja, ou
ao menos começou-se a perder isso de vista, é que a doutrina da imortalidade da
alma veio para substituir a da ressurreição.”
Professores
da imortalidade condicional entre os Congregacionalistas ingleses, além de
Edward White, incluem o famoso teólogo Robert William Dale (1829-1895). Dr.
Dale foi pastor da Igreja Carrs Lane, em Birmingham, por cerca de quarenta
anos. Ele foi o presidente da União Congregacional da Inglaterra e País de
Gales, e presidente do primeiro Concílio Internacional dos Congregacionalistas,
ocorrido em Londres em 1891. Dr. Dale fez sua primeira declaração pública sobre
essa verdade perante a União Congregacional da Inglaterra e País de Gales em
maio de 1874.
Um
outro importante Congregacionalista inglês que acreditava nessa doutrina foi o
famoso pregador Dr. Joseph Parker (1830-1902). Vivendo durante a última metade
do século XIX, Parker foi um contemporâneo de Spurgeon em Londres. Ambos os
homens tinham reputação mundial como grandes oradores; eles atraíram multidões;
tinham ampla leitura no campo religioso e secular. Parker, diferente de
Spurgeon, porém, ensinou a doutrina bíblica da imortalidade condicional. Ele
escreveu: “O Cristianismo trata o homem, não como imortal, mas como um
candidato para a imortalidade.” Veja suas considerações sobre a destruição de
Sodoma em seu comentário bíblico.
A
imortalidade condicional foi ensinada pelo famoso inglês wesleyano Joseph Agar
Beet (nascido em 1840) em seus livros The
Last Things (Londres, 1897) e The
Immortality of the Soul: A Protest (3ª edição, 1901). Beet serviu como
pastor (1864-1885) e se tornou professor de teologia sistemática no Colégio
Wesleyano, Richmond (1885-1905), também um membro da Faculdade de Teologia na
Universidade de Londres (1901-1905).
Os
três principais defensores da imortalidade condicional ligados à Escócia foram
Stewart D. F. Salmond (1838-1905), John Tulloch (1823-1886) e John Laidlaw. O
primeiro, S. D. F. Salmond, foi professor de teologia sistemática e exegese do
Novo Testamento, e depois de 1898, diretor da Faculdade da Igreja Livre, em
Aberdeen. Ele expressou suas posições na obra The Christian Doctrine of Immortality (Edimburgo, 1895; 4ª edição
revisada, 1901). John Tulloch foi diretor da Faculdade de Santa Maria e um dos
capelães da rainha para a Escócia. Ele foi dirigente universitário, pregador,
ensaísta, historiador e teólogo. O Dr. John Laidlaw escreveu The Bible Doctrine of Man, a qual
consistia das Palestras de Cunningham que ele apresentou na Faculdade da Igreja
Livre, em Edimburgo em 1877.
Durante
o século XIX, muitos teólogos alemães defenderam ou favoreceram a imortalidade
condicional. O Dr. Richard Rothe (1799–1867) ensinou esta doutrina em sua Theologische Ethik, 2 vols. (Wittenberg,
1845-1847; 2ª edição, 1867-1872, parágrafos 470-472), e da Dogmatik (Heidelberg, 1870). Rothe escreveu:
“Resta somente uma conclusão. Somos obrigados a admitir que os
sofrimentos sofridos no inferno pelo réprobo na verdade acabarão, mas este
final consistirá na destruição dos culpados. Esta ideia é muito antiga na igreja...
Somente esta opinião parece ser capaz de satisfazer todas as condições. Ela não
tem nada a temer da filosofia contemporânea, pois os homens deixaram de
sustentar que a alma humana possui uma imortalidade natural” (Dogmatik, III, p.
158).
O
Dr. Herman Olshausen (1796-1839), um comentarista alemão do Novo Testamento,
escreveu em seus comentários sobre Lucas 16:24-26: “A doutrina da imortalidade
da alma não é encontrada na Bíblia, nem mesmo mencionada”. O Dr. Franz
Delitzsch (1813-1890), um comentarista alemão do Velho Testamento e um dos
melhores estudiosos do Hebraico, escreveu em suas considerações sobre Gênesis
3:22 e Números 23:10: “Não há nada em toda a Bíblia que implique na
imortalidade natural. Do ponto de vista bíblico, a alma pode morrer, é mortal”.
Outros
estudiosos alemães e suas obras incluem: Dr. Carl Immanuel Nitzsch (nascido em
1789), System of Christian Doctrine;
Dr. J. J. Van Oosterzee (1817-1882), professor de teologia na Universidade de
Utrecht, The Gospel of Luke na ampla
obra de Lange; Isaak August Dorner (1809-1884), System der Christlichen Glaubenslehre (2 vols.; Berlim, 1879-1881;
2ª edição 1886-1887; tradução inglesa, A
System of Christian Doctrine, 4 vols., Edimburgo, 1880-1882); C. H. Weisse,
Philosophische Dogmatik (Leipsic, 1853-1862);
Herman Schultz (1836-1903), Voraussetzungen
der Christlichen Lehre der Unsterblichkeit (Gottingen, 1861); Georg August
Wilhelm Runze (nascido em 1852), um alemão luterano, Unsterblichkeit und Auferstehung (Berlim, 1894, p. 167, 204); H.
Plitt, Evangelische Glaubenslehre
(Gotha, 1863); Ludwig Lemme (nascido em 1847), professor de teologia
sistemática em Boon e Heidelberg, Endlosigkeit
der Verdammnis (Berlim, 1898, pp. 31-33, 60-61); A. Shaffer, Auf der Neige des Lebens (Ghota, 1884) e
Was ist Gluck? (1891, pp. 290-294); e
o filósofo alemão Rudolf Hermann Lotze (1817-1881).
Os
escritores franceses e suíços que apoiaram essa doutrina, além de Emmanuel
Petavel, incluem: Charles Byse de Bex (tradutor de Life in Christ, de White); Charles Secretan (1815-1895), o
cientista francês; Charles Bernard Renouvier (1815-1903), La Critique Philosophique (1878); J. Rognon, L’Immortalité Native et L’Enseignement Biblique (Paris, 1894);
Louis August Sabatier (1839-1901), professor na Universidade de Estrasburgo, L’Origine du peche dans le Systeme
Theologique de Paul (Paris, 1887); Armand Sabatier, Essai sur L’ Immortalité au point de vue Naturalisme Evolutionniste
(2ª edição, Paris, 1895); A. Bost, Le
Sort des Méchants, (1861); C. Ribot, Revue
de Theologie et de Philosophie (1885); C. Lambert, Système du Monde Moral (1862); P. Janet, Revue des Deux Mondes (Paris, 1863), e o filósofo e teólogo suíço
Jules Ernest Naville (1816-1909), que foi professor na Universidade de Genebra.
Na
América, Congregacionalistas que ensinaram a imortalidade condicional incluem:
Leonard W. Bacon (1802-1881); Edward Beecher (1803-1895), Doctrine of Scriptural Retribution; Henry Ward Beecher (1813-1887),
Sermon on Galatians 6:7-9; Sra.
Harriet Beecher Stowe (1812-1896); Dr. Lyman Abbott (1835-1922), The Unknown Country; Horace Bushnell
(1802-1876), Forgiveness and Law
(Nova York, 1874, p. 147); Charles Monroe Sheldon, autor de In His Steps; e Charles H. Parkhurst
(nascido em 1842), pastor congracionalista em Massachusetts e depois de 1880 pastor
da Igreja Presbiteriana da Madson Square, na cidade de Nova York.
O
Dr. George Dana Boardman (1828-1903), um norte-americano batista da Filadélfia,
pastor da Primeira Igreja Batista naquela cidade (1864-1894), e presidente da
União Batista Americana (1880-1884), escreveu em apoio a essa doutrina na obra Studies in the Creative Week (Nova York,
1877). O Dr. Boardman escreveu:
“Nem uma única passagem da Escritura Sagrada, desde Gênesis
até Apocalipse, ensina, até onde tenho visto, a doutrina da imortalidade
natural do homem. Por outro lado, a Escritura Sagrada enfaticamente declara que
somente Deus tem a imortalidade” (Citado por Pettingell, Unspeakable Gift, p.
171).
Henry
C. Sheldon (nascido em 1845), um Metodista Episcopal e professor da Universidade
de Boston, apoiou essa verdade em sua obra System
of Christian Doctrine (Cincinnati, 1903, pp. 573 e ss.).
Clement
Moore Butler (1810-1890), um Episcopal Americano, foi pastor em várias igrejas,
capelão do Senado dos Estados Unidos (1849-1853), capelão da embaixada dos
Estados Unidos em Roma (1861-1864) e professor de história da Igreja na Escola
Protestante Episcopal de Divindade, na Filadélfia (1864-1884). Ele escreveu:
“Desde que alcancei e descansei na conclusão de que o último
destino do ímpio é a morte, e não a vida eterna em agonia, uma grande nuvem
negra parece ter saído de diante da face de Deus, e eu O vejo, não somente como
meu Pai amado, mas como o Pai de todas as Suas criaturas” (Citado por
Petingell, Op. Cit., p. 328).
Um
outro Episcopal na América que escreveu em apoio a essa verdade é o Dr. S. D.
McConnell, The Evolution of Immortality
(Nova York, 1901). McConnell foi pastor da All Souls Church na cidade de Nova
York. Ele escreveu:
Dos primeiros cristãos, aqueles que eram gregos trouxeram para
a nova religião a ideia Platônica de que a alma é indestrutível, e a influência
grega ganhou a dominância na Igreja primitiva. A doutrina Platônica da
imortalidade natural veio a ser aceita. A noção foi resistida desde o princípio
como sendo subversiva da própria existência do Cristianismo.
Um
pregador americano, de quem os sermões sobre a imortalidade condicional exerceu
muita influência durante o século XIX, foi George Storrs. Seus livros incluem: Are the Wicked Immortal? (21ª edição, Nova
York, 1852) e Six Sermons (Nova York,
1856). Sobre ele, F.L. Piper escreveu:
Durante a última década da primeira metade do século XIX, o
Rev. George Storrs, de Nova York, pregou uma série de sermões sobre a natureza
e destino do homem, exercendo uma forte influência ao atrair a atenção para esse
assunto. Eles foram, em larga escala, responsáveis pela mudança da crença
corrente entre os Adventistas americanos e, daquela gradual transição até o
presente momento, aquele povo, rejeitando ambas as afirmações do Universalismo
e o ensino de um sofrimento eterno para o não salvo, tem se pronunciado como
defensores da imortalidade condicional (Op. Cit., p. 210).
Outros escritores condicionalistas
dos séculos XIX e XX na América incluem: Horace L. Hastings, Pauline Theology, or the Christian Doctrine
of the Future Punishment as Taught in the Epistles of Paul (Providence,
1853); Aaron Ellis, Bible vs. Tradition
(5ª edição, Nova York, 1853); Jacob Blain, Death
Not Life (Nova York, 1853; 7ª edição, Buffalo, 1857); S. C. Chandler, The Theology of the Bible, With a Key to the
Revelation (1853); Zenas Campbell, The
Age of Gospel Light or, The Immortality of Man Only Through Jesus Christ (Hartford,
1854); Miles Grant, What is Man?
(Boston, 1858), e Positive Theology (Boston,
1895); J. M. Stephenson, God’s Plan of
Salvation (Chicago, 1877); John Thomas, fundador do Christadelphians;
Robert Roberts; e Eric Lewis, Life and
Immortality (Boston, Warren Press, 1949), e Christ, The First Fruits (Boston, 1949).
Uma bibliografia adicional sobre a
história da imortalidade condicional pode ser encontrada nos artigos Annihilationism e Conditional Immortality nas seguintes obras: James Hastings, Enciclopaedia of Religion and Ethics
(Nova York: Scribners, 1908); M’Clintock e Strong, Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature
(Nova York: Harpers, 1882); Vergilius Ferm, An
Encyclopedia of Religion (Nova York: Philosophical Library, 1945); The New Schaff-Herzog Encyclopedia of
Religious Knowledge; e obras similares. Mais informação também pode
ser encontrada no livro de William R. Alger, A Critical History of the Doctrine of a Future Life (Filadélfia,
1863). Essa obra contém a bibliografia feita por Ezra Abbott (1819-1884)
listando 5.300 títulos. Essa bibliografia foi mais tarde publicada
separadamente sob o título: Literature of
the Doctrine of a Future Life. Muita informação sobre a história da
imortalidade condicional está incluída também nas obras de A. J. Mills, Earlier Life-Truth Exponents, e de F. L.
Piper, Condicionalism (Boston, 1904).
O
fato de termos listado e citado certos autores neste capítulo não deve ser
interpretado como endosso a tudo o que eles defenderam. Este capítulo é
necessariamente incompleto. O espaço limitado nos impediu de listar muitos
outros autores ou de fazer extensas citações desses que foram listados. Os
autores e obras mencionados são poucos em número se comparados aos muitos
estudiosos e crentes que defendem a imortalidade condicional durante a era cristã.
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