quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Parte Três - Hamartiologia - Capítulo XXIX - A Doutrina do Pecado


Parte Três
HAMARTIOLOGIA

Capítulo XXIX
A Doutrina do Pecado


A terceira divisão da Teologia Sistemática é a Hamartiologia, a doutrina do pecado. Essa divisão recebeu seu nome científico de hamartia, a palavra grega para pecado.

A doutrina do pecado segue naturalmente a doutrina de Deus e a doutrina do homem. As duas primeiras formam o alicerce para a terceira. Deus, homem, pecado - essa é a ordem lógica. Essa progressão de pensamento pode ser encontrada nos temas dos três primeiros capítulos da Bíblia. Gênesis 1 diz respeito a Deus, o Criador; Gênesis 2 descreve a formação do homem; Gênesis 3 relata a origem do pecado.

A Teologia revela Deus como Criador. A Antropologia revela o homem como criatura de Deus. A Hamartiologia mostra a raça humana se revoltando contra o único Deus. O pecado designa o rompimento da relação entre a criatura e o Criador, homem e Deus.

Antropologia e Hamartiologia estão conectadas. Em Antropologia nós estudamos a natureza física do homem; em Hamartiologia nós estudaremos a natureza moral do homem. A Antropologia mostrou a relação do homem para com Deus, o doador da vida; a Hamartiologia mostrará a sua relação com o Rei, Legislador e Juiz. A anterior figura o homem como mortal; a última o representa como pecador. Como mortal, o homem precisa de Cristo como a Ressurreição e a Vida. Como pecador, o homem precisa de Cristo como Sacrifício e Senhor. A Antropologia mostra a necessidade da ressurreição de Cristo para a imortalidade. A Hamartiologia mostra a necessidade da morte de Cristo como o Sacrifício pelo pecador.

A doutrina do pecado está intimamente associada à doutrina da salvação. Salvação é o processo mediante o qual Deus salva o homem do pecado e seus resultados. Pecado é a doença; salvação é o remédio. Pecado é o problema; salvação é a solução. Pecado é a pergunta; salvação é a resposta. Foi o homem que pecou; é Deus quem salva. Hamartiologia mostra a necessidade de salvação do homem; Soteriologia revela a providência de Deus para a salvação através de Cristo.

I. A Realidade do Pecado

O pecado é uma realidade trágica. Ele não é uma ilusão; ele realmente existe. Esse fato é reconhecido pela Bíblia, consciência, religiões da humanidade, histórias das nações, governos e literatura.
A Bíblia é um livro escrito em grande parte sobre pecadores. Ela relata a história do pecado do primeiro homem, a terrível consequência do pecado na história humana e o triunfo final sobre o pecado e sua remoção do universo. A Bíblia descreve o homem como indivíduo, e a totalidade da raça humana como estando em pecado e sob condenação.

Algumas vezes os fotógrafos retocam fotografias para remover marcas, manchas e verrugas, mas a Bíblia mostra o homem como ele é. Ela não se empenha em ocultar as falhas de seus heróis. Ela registra a embriagues de Noé, a mentira de Abraão, o assassinato e adultério de Davi, a negação de Pedro. Ela mostra os homens assim como eles são.

A Bíblia é um livro escrito para pecadores. A mensagem do evangelho para arrependimento e salvação é endereçada aos pecadores. Ela direciona os homens para o Cordeiro de Deus, que Se entregou para salvar o perdido. A Bíblia em todo lugar mostra o pecado como real e trágico.

O fato de que o pecado é uma realidade é reconhecido pelo testemunho da consciência e do julgamento geral da humanidade. Muitas pessoas compreendem que elas não são o que deveriam ser. Em momentos de completa honestidade, eles se reconhecem como pecadores. Julgando a si mesmo, o homem encontra culpa e condenação.

As religiões da humanidade pressupõem a existência do pecado. Essa verdade pode ser vista pelo fato de que os sacrifícios com sangue, sacerdócios e penitências sempre foram fatores importantes nas maiores religiões do mundo. O reconhecimento do pecado pode explicar o grande sentimento de tristeza que caracteriza as religiões pagãs. Os pagãos conhecem o pecado, mas não o seu remédio.

O pecado é algo real? Perguntam os historiadores. A história das nações é, em grade parte, um registro da impiedade humana e da espantosa consequência do pecado. O fato de que uma guerra existiu, em tudo indica que alguém pecou. Se alguém removesse dos relatos históricos todos os incidentes que de alguma forma estão relacionados ao pecado humano, pouca história restaria.

Os governos humanos sabem que o pecado existe. Eles reconhecem a natureza pecaminosa do homem. Sendo assim, eles editam leis e impõem penalidades no esforço de coibir a influência do pecado nas relações sociais. Se não houvesse pecado, não haveria a necessidade de leis, algemas, polícias e prisões; não haveria necessidade de proteção pessoal contra o crime.

A literatura descreve o pecado como realidade. O pecado geral da humanidade é retratado na ficção e não ficção, poesia e prosa. Algum pecado humano está associado ao enredo de quase todo drama ou história. Pode ser a ganância ou a inveja. Pode ser o assassinato ou a luxúria. Pode ser o egoísmo ou a vingança. O pecado como um fato está reconhecido por todo tipo de literatura, seja na mitologia grega, Shakespeare ou na ficção moderna.

Além disso, a realidade do pecado é um fato observado na vida diária. Podemos observar em quase todos os lugares, em qualquer tempo, e ver alguma evidência ou resultado do pecado. O pecado é uma trágica realidade.

II. A Universalidade do Pecado

O pecado é universal. Todos os homens são pecadores; tudo no homem é pecaminoso. O pecado é universal entre os homens; ele é pleno dentro do homem. Se alguém desenhasse um círculo para indicar os justos, o círculo deveria ficar vazio. Todos estariam excluídos. Se alguém desenhasse um círculo para indicar os pecadores, ele estaria cheio. Todos deveriam ser incluídos.

A universalidade do pecado é claramente ensinada por posições diretas na Bíblia. Todos os homens por nascimento natural são pecadores. Nota-se, é claro, que Jesus é uma exceção. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha; e as nossas culpas como um vento nos arrebatam.” (Isaías 64:6). “Todo o mundo está no maligno” (1 João 5:19).

1 Reis 8:46                Não há homem que não peque
Salmos 14:2,3          Não há quem faça o bem
Salmos 53:1-3          Não há ninguém que faça o bem
Salmos 130:3           Quem subsistirá?
Salmos 143:2            Justo nenhum vivente
Provérbios 20:9       Quem poderá dizer, limpo estou do meu pecado?
Eclesiastes 7:20        Não há homem justo sobre a terra
Isaías 53:6                 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas
Romanos 3:9             Todos estão debaixo do pecado
Romanos 3:10           Não há um justo
Romanos 3:12           Não há quem faça o bem
Romanos 3:19           Toda boca esteja fechada, todo mundo seja condenável
Romanos 3:23           Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus
Romanos 5:12           Todos pecaram
Gálatas 3:22               Tudo debaixo do pecado
Tiago 3:2                     Porque todos tropeçamos em muitas coisas
1 João 1:8,10              Se dissermos que não temos pecado

O fato de que o pecado é universal está implícito no ensinamento bíblico de que todos os homens sem Cristo estão sob condenação e ira. “Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João 3:36).  “Éramos por natureza filhos da ira, assim como os outros” (Efésios 2:3). “Portanto és inexcusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas o outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo” (Romanos 2:1). Todos os homens estão debaixo de condenação perante Deus, pois todos os homens são pecadores.

A necessidade de arrependimento é universal porque o pecado é universal entre todos os homens. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30). O fato de que Deus ordena a todos os homens o arrependimento revela que todos os homens são pecadores.

A verdade de que Cristo morreu por todos os homens mostra que todos os homens são pecadores e necessitam da expiação que Ele providenciou. Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 João 2:2). “O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1 Timóteo 2:6). O fato de que o evangelho deveria ser pregado a “toda criatura” (Marcos 16:15) mostra que todos os homens são pecadores e necessitam ouvir o evangelho.

III. A Culpa do Pecado

O pecado envolve culpa. Como pecadores, todos os homens são culpados diante de Deus. O pecado é um fator em suas vidas, pelo qual são responsáveis e culpados. Eles merecem condenação e punição. Eles são “dignos de morte” (Romanos 1:32).

A culpa tem duplo significado: 1) A culpa refere-se ao fato de que o pecador realmente peca. Ele é um pecador pelo que ele é e pelo que tem feito. Ele não é inocente; ele é culpado. 2) A culpa significa que a pessoa que comete pecado merece punição. Ele é obrigado a satisfazer os requisitos da justiça de Deus pelo pagamento da penalidade do pecado.

O primeiro significado da culpa é designado em Teologia como reatus culpae; o segundo significado, como reatus poenae. É com o segundo significado que a Teologia mais se ocupa.

Quando a Bíblia explica que a lei foi dada para que “toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus” (Romanos 3:19), ela se refere ao segundo significado de culpa.

A culpa, portanto, designa a relação do transgressor com o governo moral de Deus. Ela se refere à condição e posição do pecador tendo em vista o fato de que ele tem violado os padrões morais de Deus. As leis morais são expressões dos atributos morais característicos de Deus: santidade, amor e verdade. O pecado contradiz a própria natureza de Deus. A atitude divina em relação ao pecado deve ser condenação e ira. O santo governo de Deus sobre o universo, portanto, requer a morte como pena para o pecado.

Dizer que o pecador é culpado diante de Deus é dizer que ele é objeto de desaprovação e condenação. Ele está exposto à ira de Deus, que é revelada do céu pelo evangelho contra todos os ímpios e injustos (Romanos 1:18). Ele merece a punição; ele está obrigado a satisfazer a justiça de Deus.

A culpa do pecador somente pode ser removida pelo pagamento da pena pelo pecado, que é a morte. A pena pelo pecado pode ser paga pessoalmente pelo pecador sendo destruído na segunda morte, ou pode ser paga vicariamente pelo sacrifício de Cristo.

A primeira morte não remove a culpa do pecador. O pagamento completo pelo salário do pecado será efetuado pelo pecador quando ele for destruído na segunda morte. Ressurgindo para a vida na ressurreição final, os pecadores ainda estarão sob a condenação de Deus e Sua ira. O fato de suas culpas não terá mudado. Eles ainda serão culpados pelos pecados que cometeram nesta vida. Eles serão julgados de acordo com as obras pecaminosas que tiverem cometido hoje. Na segunda morte, a pena pelo pecado será paga, mas o pecador terá sido destruído.

Através do Seu plano de salvação, Deus providenciou um meio pelo qual a pena do pecado pudesse ser paga, e o pecador perdoado pudesse viver pela eternidade. Jesus, o imaculado Filho de Deus, voluntariamente se tornou o substituto do pecador. Sendo sem pecado, Jesus estava sem culpa pessoal. O fato d’Ele ser o perfeito Filho de Deus deu infinito valor ao Seu sacrifício. Sua morte, portanto, poderia ser a substituta não apenas de um pecador, mas de um número infinito de pecadores. Em outras palavras, o Cordeiro de Deus potencialmente suportou a culpa e pagou a pena do pecado de toda a raça humana. Porém, na realidade, os benefícios de Seu sacrifício se tornam realmente eficazes na vida do pecador somente quando ele se relaciona adequadamente com Cristo através da conversão. O sacrifício de Cristo providenciou a base pela qual Deus pode remover nossa culpa e nos declarar justificados. Quando nós nos unimos a Cristo, Deus efetivamente remove nossa culpa e imputa sobre nós a justiça de Cristo. “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios. 5:21).

O pecado e a culpa imputados a Cristo não eram reatus culpae; mas sim a reatus poenal. A culpa imputada ao nosso Substituto foi a culpa em seu segundo significado. Aquela culpa que refere-se ao fato histórico que o pecador pecou nunca poderá ser transferida para outra pessoa. Fatos são fatos. Mesmo tendo a pessoa pecado ou não. O fato histórico é algo que pode ser lamentado, mas não pode ser mudado. Embora o pecador possa ser perdoado e justificado, o fato de que o pecador efetivamente pecou nunca pode ser alterado. Quando um homem experimenta a salvação, Deus retira a culpa como digna de punição, mas ele não reescreve a biografia do pecador e estabelece que ele nunca pecou. Algumas nações tentam reescrever a história distorcendo fatos, negando a ocorrência de certos eventos e reivindicando a honra que pertence a outros. A salvação pessoal permite que alguém mude as possibilidades do seu futuro, mas não que reescreva fatos históricos da vida, que já aconteceram. Pela eternidade, nada pode mudar o fato de que o crente glorificado um dia foi um pecador.

A culpa que é imputada a Cristo e removida daqueles que estão em Cristo é o que torna alguém obrigado a pagar a pena pelo pecado. Quando alguém está em Cristo, ele não está mais debaixo da desaprovação e da ira de Deus. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).

Todos os homens são pecadores; todos os homens são culpados perante Deus. Ninguém nasce naturalmente como um cristão. Ninguém, exceto Jesus, nasceu justo, sem a culpa do pecado. O mundo todo é culpado diante de Deus. Todo indivíduo nasce no círculo negro do pecado e da condenação. Sem o sacrifício de Cristo, os pecadores estão “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2:12). Os homens permanecem debaixo da condenação e da ira de Deus até que pessoalmente conquistem uma relação redentora com Cristo.


IV. A Negação da Responsabilidade

O pensamento moderno nega a responsabilidade e a culpa humana pelo pecado. Alguns homens afirmam que o pecado não existe. Eles indicam que os padrões da Bíblia para o certo e o errado não possuem autoridade divina, que esses padrões são simples costumes criados pelos homens e tabus que várias sociedades inventaram e transmitiram para as sucessivas gerações. As violações dessas leis, insistem eles, não podem ser rotuladas como pecado.

Alguns homens negam a responsabilidade humana pelo pecado situando o pecado na sociedade, ao invés de situá-lo no indivíduo. Eles declaram que uma pessoa pode ser um pecador, mas ele não é responsável por seus pecados. Sua condição pecaminosa é uma falha da sociedade como um todo. Eles afirmam, portanto, que ninguém terá que responder por qualquer pecado pessoal. De acordo com esse ensinamento, a culpa não é um tema individual; o pecado é meramente uma infeliz condição da sociedade.

A negação da responsabilidade humana pelo pecado é evidenciada quando se considera as muitas falsas definições do pecado. Os homens têm transmitido falsas definições do pecado na tentativa intelectual de satisfazer as acusações de suas consciências.

1. Herdado de um Ancestral Bruto. Muitos evolucionistas declaram que, aquilo que a Bíblia designa como pecado, nada mais é que uma inevitável condição do homem herdada de seus ancestrais animais. Eles dizem que o homem não é responsável por esta infeliz característica que lhe foi imposta pelo processo de evolução. Ensinam que os homens são como tigres e macacos porque têm um ancestral animal. Se há alguma culpa ligada à nossa forma de agir, insistem esses homens, esta deve repousar sobre os ancestrais animais.

Esta falsa teoria define a salvação como obra do processo de evolução dentro da mente humana, pelo qual o homem é transformado da semelhança animal para semelhança de Deus. O pecado de Adão no Jardim do Éden, de acordo com essa visão, não representa uma queda, mas sim uma ascendência. Aqueles que ensinam essa teoria afirmam que quando o homem comeu do fruto proibido, ele subiu mais um degrau na direção da semelhança com Deus. Eles ensinam que naquele dia o homem deixou de ser animal e se tornou um homem. John Fiske escreveu em sua obra Destiny of Man: “O pecado original não é mais nem menos que a herança bruta que todo homem carrega consigo e o processo de evolução é um avanço na direção da verdadeira salvação” (Citado por James Orr, The Christian View of God and the World. Grand Rapids: Eerdmans, 1948, pág. 168, 169).

2. Consequência Natural do Crescimento. Uma outra falsa definição diz que o pecado nada mais é que variações naturais da conduta esperada para acompanhar as várias fases do crescimento humano. Das crianças, eles dizem, espera-se que tropecem no aprendizado de andar. Da mesma forma, espera-se dos homens o pecado, insistem eles, como uma consequência natural do processo de crescimento. De acordo com essa explicação, o pecado é uma condição infeliz, e os pecadores são dignos de pena, mas o pecado em si mesmo é inevitável. Os pecadores, de acordo com esse ponto de vista, estão sem culpa; o pecado é como uma enfermidade adquirida pelos homens, mas pela qual eles não são responsáveis. Essa teoria descreve o pecado como uma tragédia da natureza, e os pecadores como vítimas infelizes.

3. Desajuste Psicológico. Boa parte da psicologia moderna nega a existência do pecado. Sentimentos de culpa são explicados como desajuste psicológico. As acusações da consciência são explicadas como resultado de eventos infelizes que ocorreram durante a infância ou de temores ocultos na mente subconsciente. Um sentimento de culpa, de acordo com alguns psicólogos, resulta não do pecado pessoal, mas de uma condição mental anormal. Eles sugerem que pessoas experimentando esse sentimento de culpa deveriam livrar-se de todas as suas inibições e permitir a livre expressão de sua natureza interior.

4. Uma Ilusão. Muitos cultos modernos explicam o pecado como uma ilusão, uma irrealidade. De acordo com essa teoria, o pecado, juntamente com a doença e morte, não existem realmente. Como fantasmas e duendes, essas coisas são descritas como existentes somente na imaginação do homem. De acordo com essa visão, os homens podem ser salvos dessas ilusões pelo reconhecimento de que elas não existem. Entre os cultos que defendem essa teoria estão a Ciência Cristã, Igreja da Unidade, Igreja da Ciência Divina e o Espiritualismo.

Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã, escreveu: “O homem é incapaz de pecar, adoecer e morrer. Para anular a afirmativa do pecado, você deve detectá-lo, remover sua máscara, eliminar a ilusão e assim obter a vitória sobre o pecado, provando que ele é irreal” (Eddy, Mary Baker. Science and Health With Key to the Scripture. Boston: Allison V. Stewart, 1917, pág. 475, 447 - disponível em português com o título Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras).

5. Pecado Inerente à Matéria. Essa falsa teoria identifica o pecado com a matéria. De acordo com essa teoria, os homens são pecadores porque eles têm corpos materiais, o corpo é a prisão ou sepultura da alma. Escapar do pecado, de acordo com essa visão, somente é possível através da libertação do corpo. Essa teoria dá a entender que o Criador do corpo humano seja o autor do pecado. Essa falsa teoria está na base da teoria de Platão. Ela é encontrada no Budismo e Zoroastrismo, tendo sido ensinada por alguns Gnósticos e Maniqueístas.

Alguns homens declaram: “Não é nossa culpa o fato de pecarmos. Visto que temos corpos mortais, não há como escaparmos do pecado. Não há nada que possamos fazer a respeito”. Porém, a mortalidade em si mesma não é o pecado. O homem peca, não porque ele tem um corpo mortal e material, mas porque ele é governado por si mesmo, ou seja, pela mente carnal. Cristo era mortal antes de sua ressurreição, mas Ele não pecou. A matéria em si não é pecaminosa, ela é neutra.

6. Finitude. Alguns filósofos, incluindo Gottfried Leibnitz, em sua obra Teodiceia, e Benedito Spinoza em sua obra Ética, insistem que o pecado é meramente a ausência da justiça; é uma negação. Deus, que tem justiça ilimitada, é infinito. O homem finito, eles analisam, tem pecado porque é limitado em existência. As limitações do homem são inevitáveis; e o pecado, afirmam eles, é uma consequência necessária dessa limitação. Essa teoria, como outras falsas definições, busca remover o senso de culpa e deixar o homem sem responsabilidade moral. O pecado não resulta das limitações do homem, mas porque ele é um homem caído, dominado por si mesmo ou pela mente carnal.

7. Uma Necessidade. De acordo com uma outra falsa teoria, o pecado é uma necessidade; o pecado condiciona alguém para a justiça. Essa visão foi mantida pelo filósofo George W. F. Hegel. Os homens que creem nessa teoria ensinam que toda vida se desenvolve de acordo com a lei da oposição necessária ou antagonismo. Toda a existência é baseada na lei da ação e reação. Eles consideram que alguém deve ter escuridão para alcançar a luz; alguém deve ter miséria para alcançar felicidade; alguém deve pecar para alcançar a justiça. Um mundo moral sem pecado, dizem eles, é impossível de existir; o pecado deve existir.

Todas essas falsas teorias negam que o homem seja responsável pelo pecado. Elas negam que o homem está diante de Deus como culpado, debaixo de condenação e ira.

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