quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Capítulo XXXIII - Quatro Predicados do Homem


Capítulo XXXIII

Quatro Predicados do Homem

O homem na sua condição mortal e pecaminosa é inadequado à eternidade perfeita de Deus. Antes que alguém possa ter participação nas bênçãos do Amanhã de Deus, ele deve experimentar quatro mudanças: uma na natureza física, uma diante de Deus, uma no caráter e uma na conduta.

Na natureza física, o homem é mortal. Diante de Deus, ele é um pecador. Em seu caráter ou natureza interior, ele é perverso; ele é governado pelo eu ou pela mente carnal. Em condutas ou ações, ele peca. Esses são os quatro predicados do homem, essas são as quatro mudanças que o homem deve experimentar.


I. Mudança Física Futura

O homem precisa de uma transformação física da mortalidade para a imortalidade. “Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção” (1 Coríntios 15:50). O homem nasce com um corpo físico mortal. Ele está sujeito à tentação, ao sofrimento e à morte. Ele precisa contar com o alimento, oxigênio, descanso e exercício para prolongar a sua vida. O homem mortal está em constante processo de morte.

A mortalidade, portanto, seria inadequada para os anos sem fim da eternidade. Corrupção não pode herdar a incorrupção. “Isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Coríntios 15:53). A natureza física do homem deve ser mudada.

A transformação do crente para a imortalidade vai ocorrer quando Jesus voltar. Na Segunda vinda de Cristo, a igreja será completa e glorificada. Os cristãos que já dormiram na morte serão ressuscitados para a imortalidade. Os cristãos que estiverem vivos no momento de Seu retorno serão transformados para a imortalidade e glorificados com os santos ressuscitados.

A primeira carta aos Tessalonicenses 4:16, 17 apresenta o fato do retorno de Cristo e da ressurreição. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”

A primeira carta aos Coríntios 15:51-53 apresenta a natureza da ressurreição: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista de incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.”

A mudança física do cristão da mortalidade para a imortalidade não ocorrerá antes da ressurreição quando Jesus voltar. Não existe uma maneira de a pessoa experimentar essa mudança física antes daquele evento futuro. Não existe hoje um ritual no qual a pessoa se envolva, nem prece que alguém possa proferir, nem alguma pílula que alguém possa tomar ou mesmo um curso por correspondência de seis semanas que se possa estudar pelo qual alguém possa transformar a si mesmo em imortal. Todo cristão verdadeiro experimentará a transformação física no momento em que Jesus voltar.


II. Mudança de Posição Exigida

Quando nós mencionamos que o homem é um pecador, nos referimos à sua posição perante Deus. Todo homem põe-se diante de Deus em uma das duas posições. Ele está “no mundo” ou ele está “em Cristo”. Ou ele é um pecador debaixo de condenação ou um crente perdoado e justificado diante de Deus. Não existe a terceira possibilidade. Não há uma posição intermediária. Se o homem não está em Cristo, ele é um pecador sem esperança. Se ele está em Cristo, ele é um cristão tendo a promessa de um futuro eterno glorioso.

O não cristão se coloca diante de Deus como um pecador debaixo da condenação. Ele é um pecador por causa da sua participação no pecado original de Adão, por causa da sua natureza interior corrupta e pelos atos de pecado que tem cometido. O Juiz do universo já pronunciou Seu veredito a respeito da culpa da raça humana sem Cristo. Ele declarou: “Todos pecaram! Não há um justo! O mundo inteiro é culpado!”

Todo o homem é naturalmente nascido no mundo, dentro do círculo negro da condenação e da culpa. Ele permanece assim até que entra em Cristo, adquirindo um novo status diante de Deus.

O sacrifício de Cristo provê a base pela qual a posição do homem perante Deus possa ser mudada. Através de Sua morte sacrificial, as demandas da justiça de Deus foram satisfeitas. A santidade de Deus e a consciência do homem, portanto, foram satisfeitas. A barreira legal entre Deus e o crente é removida.

Deus eleva o crente para fora do mundo e o coloca em Cristo quando ele aceita a salvação que Ele providenciou. A aceitação pelo homem da salvação de Deus inclui os três elementos da conversão: arrependimento, fé e batismo. Deus eleva o pecador para fora deste círculo negro de condenação e o coloca num círculo branco de justiça quando o pecador se relaciona de forma apropriada com Cristo.

Quando se adquire essa nova posição diante de Deus em Cristo, ele não está sob condenação (Romanos 8:1), é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17), tem assegurado a resposta de suas preces (João 5:17) e tem a esperança da ressurreição para a imortalidade (1 Tessalonicenses 4:16).


III. Corrupção Interior do Homem

O cristão deve experimentar não somente a redenção de seu corpo físico, mas também a transformação de seu caráter e a reforma de sua conduta. A mudança no caráter do homem deve preceder a mudança física. O homem deve ter uma mente direcionada a Deus antes de ter um corpo fortalecido por Ele.

A preferência de Adão por si mesmo em lugar de Deus não foi meramente um ato individual; isso era a sua disposição dominante. Revelou que o pecado estava em seu caráter bem como em sua conduta.

Todos os homens são nascidos com uma natureza interna corrupta. Essa natureza de pecado é transmitida de pai para filho. É o caráter autocentrado de todos os pecadores. Essa é a natureza Adâmica. A corrupção interior do homem é universal. Todos os homens nascem com uma tendência natural para o pecado. Os descendentes de Adão têm uma inclinação natural para a impiedade. Quando a tentação está diante do pecador, a balança da decisão pesa fortemente a favor do pecado.

O que o homem faz é uma expressão do que o homem é. Os homens fazem o que fazem porque eles são o que são. O caráter produz a conduta. Os homens naturalmente pecam porque são dominados por uma disposição hereditária contrária a Deus.


Existe uma distinção entre pecado e pecados. O primeiro refere-se à natureza interna do homem; o segundo refere-se aos atos ou às ações. O homem peca porque sua natureza interior está cheia de pecado. “Toda árvore má produz frutos maus” (Mateus 7:17). “O homem mau, do mau tesouro do seu coração, tira o mau” (Lucas 6:45). “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mateus 15:19).
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Os pecados são sintomas; pecado é a doença. Os pecados são frutos, o pecado é a raiz. Os pecados são a água, o pecado é a fonte. Os pecados se referem ao que o homem faz; o pecado se refere ao que o homem é.

A tentativa do homem em mudar sua conduta sem mudar o caráter seria como um médico que trata dos sintomas de uma doença, mas não da própria doença. Seria como tentar enxugar a água do piso, sem fechar a torneira. Aquele que livra o seu jardim das ervas daninhas deve arrancar até as raízes. Uma mudança eficaz na vida do pecador deve começar com a fonte do pecado.

Quando o caráter é governado pela carne (Gálatas 5:16, 17), a conduta será a obra da carne (Gálatas 5:19- 21). Quando a vida é dominada por Cristo através do Espírito, a conduta será o fruto do Espírito (Gálatas 5:22, 23).

O termo bíblico utilizado para designar este individualismo, disposição contrária a Deus, é a carne, e seu equivalente, a mente carnal. Esses termos referem-se à herança do homem, à natureza interior corrupta que é centralizada em si mesmo, oposta a Deus e tendente ao pecado.

Os versos seguintes designam essa natureza como a carne: Romanos 8:4, 5, 8, 9, 12, 13; 13:14; Gálatas 3:3; 5:16, 17, 19, 24; 6:8; 2 Pedro 2:10.

A frase mente carnal é usada nos seguintes versos: Romanos 7:14; 8:6, 7; 1 Coríntios 3:1, 3, 4. Paulo descreve três homens. O homem natural, o homem carnal e o homem espiritual. O homem natural está fora de Cristo. O homem espiritual está em Cristo e Cristo nele. O homem carnal está fora do mundo, mas o mundo não está fora dele.

A natureza corrupta do homem é descrita como o velho homem nos seguintes textos: Romanos 6:6, Efésios 4:22; Colossenses 3:9. O primeiro texto denota a velha natureza em si; os dois últimos referem-se à velha natureza como ela se expressa na conduta do pecador.

A natureza interior corrupta do homem é descrita também pelas palavras “eu” e “mim”. Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo” (Mateus 16:24). Paulo escreveu: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).

Um termo adicional que pode se referir a esta natureza é o mundo. Cristãos não são do mundo. A amizade do mundo é inimizade contra Deus. O mundo refere-se à expressão da natureza Adâmica nas relações sociais.

A carne não se refere ao corpo físico do homem. A palavra “carne” é usada de três maneiras na Bíblia: 1) refere-se ao corpo físico do homem; 2) a toda vida animal; 3) à natureza controladora do pecador.

Nos versos considerados há pouco neste estudo, a palavra “carne” não se refere ao corpo físico do homem. Ela se refere ao princípio contrário a Deus que governa a vida e as ações dos pecadores. A palavra grega que faz referência ao corpo do homem é soma; a palavra grega que faz referência à mente carnal ou à carne é sarx.

Quando Paulo disse aos crentes em Roma que eles “não estavam na carne” (Romanos 8:9), ele não estava indicando que eles não tinham corpos físicos. Ele estava afirmando que eles não estavam mais sob o domínio no qual a natureza contrária a Deus era a influência controladora de suas vidas.

Quando ele disse a eles que não deveriam ter “cuidado da carne” (Romanos 13:14), ele não estava instruindo a negligenciar seus corpos físicos e parar de dar a ele o devido cuidado. Ele estava declarando que eles não deveriam dar oportunidade para que a natureza carnal de Adão pudesse se expressar.

Quando Paulo declarou: “Os que são de Cristo crucificaram a carne” (Gálatas 5:24), ele não indicava que os verdadeiros crentes realmente experimentaram uma crucificação física. Ele estava ensinando que os cristãos fazem morrer a mente carnal e não dá a ela oportunidade de influenciar seus pensamentos ou conduta.


IV. Mortalidade não é Pecado

O homem peca não porque ele tem um corpo físico mortal, mas porque ele é governado por si mesmo, pela carne, ou pela mente carnal.

Platão e seus seguidores na Cristandade têm ensinado que o homem peca porque ele tem um corpo físico material. Platão descreveu o corpo do homem como a prisão de sua alma. A salvação, na maneira como foi concebida por ele, seria o resultado de escaparmos do corpo e sermos envolvidos numa eterna morada separados da terra material.

A matéria não é pecaminosa. Deus criou a matéria da terra e o corpo físico do homem, e alegrou-se com a Sua obra finalizada. A matéria é neutra. Ela não é boa ou ruim; nem é justa ou ímpia. A Bíblia ensina que a salvação resultará na posse de um corpo físico material e imortal pelo crente e que os redimidos habitarão numa nova terra transformada, real e material.

Mortalidade não é pecado. Cristo era mortal antes que ressuscitasse para a imortalidade, mas Ele não pecou. Ele não era dominado por uma mente carnal; Ele era dirigido pelo Espírito de Deus. Cristo mais mortalidade resultou em justiça.

A matéria, nós repetimos, é neutra. Ela não é justa ou ímpia. O pecado resulta da perversão dos instintos dados por Deus. Quando alguém dirige um carro de forma cuidadosa, é provável que viaje em segurança. Quando alguém dirige de uma forma negligente, o desastre é certo. Prudência ou imprudência não são determinadas pelo automóvel, mas pelo motorista. A mão do homem é neutra; ela não é justa ou pecaminosa. Ele pode usar sua mão para doar, trabalhar e levantar algo, ou pode usar a mesma mão para roubar, matar ou para esmurrar o nariz de seu vizinho. Alguém pode usar a sua língua para falar a verdade, pregar o evangelho e cantar louvores a Deus, ou pode usá-la para mentir, murmurar e amaldiçoar.

Individualismo mais mortalidade é igual ao pecado. Cristo mais mortalidade é igual à justiça. Quando a individualidade governa o homem mortal em seu corpo físico, o resultado é o pecado. Quando Cristo controla a vida do homem, se produz a justiça. As questões que alguém precisa responder são: “Quem é o homem número um em minha vida?” “Quem está no leme? Quem está no assento do motorista? Quem é o senhor e governante? Sou eu ou é Cristo?”


V. A Conduta do Pecador

O quarto aspecto que o pecador precisa mudar é a sua conduta. Ele precisa mudar suas obras, suas ações, as coisas que ele faz.

Nós observamos que o pecador necessita experimentar uma mudança de natureza física da mortalidade para a imortalidade. Essa mudança ocorrerá para o crente na segunda vinda de Cristo. O pecador precisa experimentar uma mudança na sua condição legal perante Deus, saindo da condenação para a justificação. Ao invés de estar no mundo, ele necessita estar perante Deus em Cristo. Ele precisa experimentar uma mudança em seu caráter ou natureza interior. Ao invés de ser dominado por si mesmo ou pela mente carnal, ele precisa ser dirigido por Cristo através de Seu Espírito. Agora vamos ao quarto aspecto que o pecador precisa mudar, isto é, a sua conduta. Em vez de cometer atos de pecado e falhar na execução de obras de justiça, ele precisa viver em justiça e ser cheio do fruto do Espírito.

Aquele que tem a vida cheia de pecados não será salvo. Depois de listar as obras da carne, Paulo advertiu: “Os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gálatas 5:21). É necessário uma mudança de conduta.

A reforma da conduta do homem resulta da transformação de seu caráter. O que o homem faz é determinado pelo que o homem é. A conduta é o fruto do Espírito ou da justiça de Cristo imputada quando o caráter é governado por Cristo através do Seu poder. Como a mente carnal dá ao pecador a tendência em direção ao pecado, Cristo através de Seu poder dá ao crente uma tendência em direção à justiça. O vitorioso Senhor habilita o crente a ser um vencedor.

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