terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Parte Quatro - Cristologia - Capítulo XXXVI – Teologia Cristocêntrica

Parte Quatro
CRISTOLOGIA

Capítulo XXXVI 
Teologia Cristocêntrica

Cristologia é a doutrina central da Teologia Sistemática. Como a quarta entre as sete principais divisões da Teologia Sistemática, ela se posiciona no ponto central entre a Teologia, a doutrina de Deus e a Escatologia, a doutrina do futuro.

As três divisões que precedem a Cristologia apresentam a figura do homem em pecado, alienado de Deus e precisando de salvação. As três divisões seguintes à Cristologia mostram o quê Cristo fará pelo crente. O Salvador dará a ele salvação (Soteriologia), um lugar na sua igreja (Eclesiologia) e esperança para o futuro (Escatologia).

A Teologia Bíblica é Cristocêntrica. Jesus é a figura central da história, seu nascimento é o ponto divisor do tempo. Essa pessoa gloriosa é o ponto focal de toda a Teologia. A mente e o coração dos homens deveriam ser centralizados n’Ele. É apropriado, então, que a Cristologia deva ocupar a posição central na Teologia Sistemática.


I. O Evangelho é Cristocêntrico

O evangelho da salvação é Cristocêntrico. Deus está reconciliando os homens consigo mesmo através da pessoa de seu Filho. Jesus é o único contato de redenção entre Deus e os homens. Nenhum homem pode vir ao Pai, exceto através d’Ele. “Debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12).

Todas as riquezas da salvação são outorgadas aos crentes através de Cristo. Devemos notar que essas riquezas espirituais constituem as sete grandes doutrinas da salvação. Elas serão consideradas em detalhe no tema Soteriologia, a doutrina da salvação.

O perdão dos pecados é através de Cristo (Lucas 24:47; Atos 5:30,31; 10:43; Romanos 3:25; Efésios 1:7; Colossenses 1:13,14). A justificação é através de Cristo (Atos 13:38,39; Romanos 3:24; II Coríntios 5:21; Gálatas 2:16,17; Tito 3:5-7). A reconciliação é através de Cristo (Romanos 5:1; 9-11; II Coríntios 5:18-21; Colossenses 1:20-22). A redenção é através de Cristo (Mateus 20:28; João 8:36; Romanos 6:22; Gálatas 3:13; 4:4,5; 5:1; I Timóteo 2:6; I Pedro 1:18,19). A
santificação é através de Cristo (Atos 26:18; I Coríntios 1:2,30; Hebreus 10:10, 14). A novidade de vida é através de Cristo (João 5:40; 6:47,48; Romanos 6:23; II Coríntios 5:17; I João 5:11,12). A adoção é através de Cristo (João 1:12, Gálatas 3:25,26; 4:4-7; Efésios 1:5; Hebreus 2:9,10).

Um grande fato que se destaca nitidamente no Novo Testamento é que somente através de Cristo o homem pode experimentar a salvação. Fora de Cristo não somos nada. Separado d’Ele, o homem não tem esperança. O evangelho é centrado em Cristo. Paulo, o grande teólogo missionário, mostrou que a salvação está centrada em Cristo e declarou que o evangelho está fundamentado sobre os benefícios obtidos pelo sacrifício e ressurreição de Cristo (I Coríntios 15:1-4). A vida imaculada do Cordeiro de Deus, sua morte sacrificial e sua gloriosa ressurreição proveram a base para a salvação do pecador.

As boas novas de grande alegria que o anjo proclamou foram a respeito de um “Salvador, o qual é Cristo o Senhor” (Lucas 2:10,11). Nosso Senhor disse “Ser-me-eis testemunhas” (Atos 1:8). Os obreiros cristãos, portanto, devem ser testemunhas de uma pessoa – Jesus Cristo. A Igreja do Novo Testamento em obediência ao mandamento de Cristo “não cessava de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” (Atos 5:42). Paulo disse: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (I Coríntios 2:2).

O cristão fiel de hoje proclamará a mensagem do evangelho verdadeiro em todos seus detalhes como revelado na palavra de Deus e se certificará de que seu testemunho seja Cristocêntrico. O obreiro cuja mensagem é bíblica irá revelar a Cristo em toda sua plenitude como Sacrifício, fonte de poder e futuro Rei. Ele vai enfatizar igualmente o sangue de Cristo, o poder transformador de Cristo e o futuro reinado de Cristo. Ele apresentará um evangelho completo da salvação, centralizado na pessoa de Jesus Cristo.


II. A Vida Cristã é Cristocêntrica

Talvez a maior tragédia do mundo religioso é que os homens busquem viver uma vida cristã separados de Cristo. Eles buscam ter o fruto do Espírito sem o Espírito (o poder transformador de Cristo) e se tornarem justos através de seu próprio esforço. Eles consideram a vida cristã como uma questão de fazer alguma coisa. Eles se consideram cristãos meramente porque repetem a oração do Pai Nosso ou porque concordam mentalmente com a Regra de Ouro. A salvação, entretanto, envolve a transformação do caráter do homem assim como a reforma de sua conduta. Os homens fazem o que fazem porque são o que são. Deus quer mudar o quê os homens são assim como aquilo que os homens fazem.

A vida cristã deve ser Cristocêntrica. Ela é determinada por uma relação vital e redentiva entre o crente e Cristo. A conversão é o processo através do qual o crente estabelece o contato com Essa gloriosa pessoa. A vida cristã é resultado normal do funcionamento dessa relação vital. A verdadeira justiça não é determinada somente pelas obras desenvolvidas pelo crente independentemente de Cristo, mas sim pelo que foi realizado por eles por Cristo em sua morte sacrificial e pelo que neles está sendo feito por Cristo através de Seu poder transformador.

Boas obras é marca registrada do Cristianismo. Nosso Salvador “andou fazendo o bem” e seus seguidores caminharam em seus passos. Os crentes foram redimidos do pecado e “criados em Cristo Jesus para as boas obras” (Efésios 2:10). A intenção de Deus é que os crentes vivam “neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tito 2:12). Os crentes vivem em retidão e são cuidadosos em “aplicar-se às boas obras” não para serem redimidos, mas porque foram redimidos. Eles fazem o bem não para serem justificados por Deus, mas sim porque foram justificados. Nós amamos a Deus porque primeiro Ele nos amou. Nós cremos Nele porque primeiro Ele se revelou a nós. Nós vivemos para Ele porque experimentamos Sua graça e misericórdia. O que Cristo fez por nós se transforma no impulso motivador para cumprirmos aquilo que devemos fazer por Cristo.

Muitas das cartas de Paulo estão divididas em duas partes. A primeira parte nos conta o que Cristo fez por nós; a segunda diz o que devemos fazer por Cristo. O que devemos fazer por Cristo é baseado naquilo que Cristo fez por nós.

Nos primeiros onze capítulos de Romanos, Paulo explica o que Deus fez por nós providenciando a salvação. O restante da carta explica o que nós devemos fazer por Deus. As duas seções do livro são conectadas pela palavra “pois” em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos...”.

Os três primeiros capítulos de Efésios dizem o que Cristo fez por nós; os três últimos relatam o que devemos fazer por Ele. A primeira parte nos fala da posição e situação do crente em Cristo; a outra metade nos fala da luta e da caminhada do crente em Cristo. As duas seções estão conectadas pela palavra “pois” em Efésios 4:1: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor...”.

Colossenses também está dividido em duas partes conectadas pela conjunção “portanto”. Os dois primeiros capítulos nos contam sobre homens mortos em pecado sendo ressuscitados com Cristo pelas águas do batismo em novidade de vida. Os dois últimos explicam como homens renascidos em Cristo devem viver e andar.

Os crentes apresentam seus corpos como sacrifício vivo, andam em novidade de vida e são zelosos na prática de boas obras como uma resposta normal ao contato vital que mantêm com o seu Senhor ressuscitado. A vida do cristão é Cristocêntrica.

III. A Obra Cristã é Cristocêntrica

A obra da Igreja é direcionada a Cristo e Cristocêntrica. A Igreja não é meramente uma organização, é um organismo. A Igreja não é uma instituição humana inanimada, é uma entidade viva que mantém união orgânica com seu Guia e Fundador.

Jesus disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). Cristo é o Fundador e Construtor da Igreja. Seu sucesso é certo por causa da segurança que tem aquele que está fazendo a edificação. Os obreiros cristãos são a tripulação do navio, mas Cristo se coloca ao leme guiando o curso da Sua Igreja. Um trabalhador planta, outro rega e ainda assim é o Senhor que dá o crescimento (I Coríntios 3:6). O Senhor continua acrescentando à Igreja aqueles que hão de se salvar (Atos 2:47).


IV. O Amanhã de Deus é Cristocêntrico

Embora a redenção seja “para Deus” (Apocalipse 5:9) e Deus será “tudo em todos”, quando o último inimigo for aniquilado (I Coríntios 15:24-28), Cristo ocupará uma posição central no futuro reino de Deus. Como o Cordeiro de Deus, Jesus estará “no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos” (Apocalipse 5:6). Seu sacrifício será o tema da canção de adoração dos remidos. Ao Seu nome todo joelho se dobrará e toda língua confessará que “Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:10,11). Ele será reconhecido como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele ocupará a mais exaltada posição no universo, ao lado de Deus.

Cristo é a esperança do crente. “Cristo em vós, esperança da glória” (Colossenses 1:27). Seu aparecimento é a “bem-aventurada esperança” dos cristãos (Tito 2:13). O crente não olha tanto para a vinda de Cristo quanto para o Cristo que virá. Ele está olhando para uma pessoa. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu”. Ele é nossa gloriosa esperança. Ele é o desejado de todas as nações (Ageu 2:7). Todas as bênçãos da vida futura resultarão do fato de que o crente estará “com Cristo” (I Tessalonicenses 4:17; 5:10; Apocalipse 3:21; 17:14; 20:4). Estar com Ele resultará em glória.

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