Capítulo XXII - Falsas Teorias a Respeito da Natureza do Homem
Como
temos observado, a Bíblia claramente ensina que o espírito é o fôlego de vida
do homem, a força vital proveniente de Deus. A alma é o próprio homem e a vida
que ele possui. Além disto, a Palavra de Deus apresenta abundante testemunho de
que nem o espírito nem a alma são personalidades conscientes que possam existir
fora do corpo do homem. Nós já consideramos que o homem é uma unidade, que
nenhuma parte do homem continua a viver depois que ele morre. Todos os homens
são mortais; tudo no homem é mortal. Entretanto, as religiões do paganismo e a
teologia pervertida da cristandade tem formulado muitas falsas teorias com
respeito à natureza física do homem.
I. Identidade Incorreta de Espírito e Alma
O
paganismo e a cristandade ensinam que o homem tem uma natureza material e uma
natureza imaterial. Eles dizem que a natureza material do homem é mortal, mas a
sua natureza imaterial é imortal; sua natureza material morre e retorna ao pó,
mas a sua natureza imaterial continua a viver depois da morte. Estes teólogos
descrevem o corpo humano como uma casa temporária ou prisão na qual a natureza
imaterial habita. De acordo com eles, a natureza imaterial usa o corpo para se
expressar, mas não é dependente do corpo para ter uma vida consciente. Os
teólogos escolheram as palavras “espírito”
e “alma” para designar a personalidade imaterial, imortal, a qual eles asseguram
que o homem possui. A aplicação deles para estas palavras portanto, é
completamente diferente da forma como elas foram usadas pelos escritores da Bíblia. De acordo com a Bíblia,
o homem não tem uma natureza imortal ou imaterial. “Espírito” refere-se ao
fôlego de vida do homem, e “alma” refere-se ao próprio homem e a vida que
possui.
II. Falsa Teoria Sobre Sua Natureza
Os
teólogos não só identificam incorretamente as palavras “espírito” e “alma”, como também afirmam falsamente
que o espírito e a alma são imortais. Eles declaram que é impossível para o
homem ter sua alma ou espírito destruído. De acordo com eles, o homem não pode
morrer; a morte é uma mera mudança de residência para a natureza imaterial do
homem. Eles ensinam que a natureza
imaterial desencarnada vai para um lugar de tortura sem fim ou um lugar de
felicidade eterna.
De
acordo com a Bíblia, o homem não tem uma natureza imaterial que pode viver fora
de seu corpo. O homem é totalmente mortal; nenhuma parte do homem é imortal
atualmente. A Bíblia nunca descreve o espírito ou alma como “imortal”, “imorredoura” ou “eterna”.
III.
Teorias da Dicotomia e da Tricotomia
Duas
falsas teorias distintas a respeito do tema da natureza física do homem são sustentadas
pelos teólogos da cristandade. Estas são: a) teoria da dicotomia, e b) teoria
da tricotomia. Estes dois termos são derivados das palavras gregas: “temno”, cortar; “dicha”, em dois ; e “tricha”,
em três.
1. A Teoria da Dicotomia. Os adeptos
desta teoria acreditam que a natureza humana consiste de duas partes, chamadas
de corpo e espírito. Eles afirmam que a alma e o espírito referem-se à mesma
substância imaterial observada de dois pontos de vista.
2. A Teoria da Tricotomia. Os defensores
desta teoria declaram que a natureza do homem consiste de três partes chamadas de
corpo (soma), alma (psuche) e espírito (pneuma).
Ambas
as teorias estão baseadas sobre a falsa hipótese de que o homem tenha uma
natureza imaterial que continue a viver após a morte. De acordo com a Bíblia, o
homem consiste do pó da terra e do fôlego de vida (pneuma) resultando numa criatura vivente (psuche). O homem é uma
unidade vivente. Nenhuma parte do homem continua viva depois que ele morre.
IV. Teorias
sobre a Origem da Alma
Três
teorias principais foram desenvolvidas para explicar a origem da “alma” (referindo-se a uma entidade
imortal e imaterial que os teólogos afirmam existir dentro do homem). A verdade
é que não há uma entidade imortal dentro do homem. Falar da origem da alma
portanto, é falar da origem de algo que não existe. É como falar da origem de
fantasias não existentes como duendes e fantasmas. O que não existe não pode ter
uma origem.
1. Teoria da Pré-existência. De acordo
com esta teoria, o homem possui uma natureza imaterial e imortal que existiu
antes dele ter nascido e continuará existindo após a sua morte. Este pensamento
tem um certo parentesco com a teoria da reencarnação. A pré-existência da alma
foi defendida por Platão (427- 347a.C. ), Fílon, o Judeu (20 a.C. - 54d.C.) e
Orígenes ( 185-254 d.C.).
2. Teoria da Criação. De acordo com esta
teoria, a alma de cada ser humano é instantaneamente criada por Deus e unida ao
corpo. Alguns creem que a alma se une ao corpo na concepção; outros, no
nascimento; e outros ainda, em algum momento entre estes dois eventos. O homem
recebe seu corpo de Adão através da propagação natural; ele recebe sua alma
diretamente de Deus.
Esta
teoria foi defendida por Aristóteles, Jerônimo, Pelágio, Anselmo, Tomás de
Aquino e a maioria dos teólogos católicos romanos e reformados. Esta teoria foi
sustentada por João Calvino, Charles Hodge e Louis Berkhof.
3. Teoria Traduciana. Os adeptos desta
teoria acreditam que a alma do homem, assim como seu corpo, são recebidos de
Adão por geração natural, que Deus criou a completa raça humana em Adão, e que
o corpo e a alma do homem são transmitidos dos pais para os filhos. Esta teoria
foi sustentada por Tertuliano, Gregório de Nissa, Martinho Lutero, teólogos
luteranos, Jonathan Edwards, Hopkins, Henry B. Smith, W. G. T. Shedd, A. H.
Strong e outros.
Todas
as três teorias são falsas. O homem não tem uma natureza imaterial que continua
viva após a morte. Ele recebe de seus pais a vida total. Quando o homem morre
seu fôlego de vida retorna a atmosfera e para Deus que o deu; seu corpo retorna
para o pó da terra. Na morte o homem está inconsciente; ele não tem conhecimento
da passagem do tempo. Os ateus declaram que a morte é o fim de tudo. A Bíblia
ensina que a presente morte é apenas temporária. Os cristãos ressuscitarão para
a imortalidade e a vida eterna na volta de Cristo. Os não-cristãos serão
ressuscitados na última ressurreição para julgamento. Os pecadores serão
destruídos na segunda morte, que será permanente.
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