Capítulo XXIII
Origem
Pagã das Falsas Teorias
As
falsas teorias a respeito da natureza física do homem dominam as religiões do
paganismo e os teólogos pervertidos do Cristianismo. O paganismo imaginou esta
teoria da natureza do homem na escuridão das superstições, lendas e mitologias;
o Cristianismo recebeu esta falsa teoria do paganismo.
I.
Religião Pagã
Lendas
e mitos do mundo pagão estão repletos de acontecimentos que se imaginam
acontecer ao homem após a sua morte. O paganismo perverteu a adoração a Deus em
idolatria e a verdade de Deus em mitologia. A verdade de que Deus criou o homem
com o desejo de imortalidade tem sido pervertido pelo paganismo. Deus prometeu
imortalidade ao homem se ele fosse de encontro aos requerimentos de Deus.
Havendo dado as costas para a luz, o homem caído mergulhou na escuridão.
Habitando no paganismo, o homem continuou tendo desejo pela imortalidade, mas
se esqueceu que a promessa de Deus para a imortalidade é condicional. A
religião pagã, consequentemente, começou a ensinar que todos os homens
naturalmente têm imortalidade. Ela insiste que a morte não é a morte de tudo,
mas somente a continuação da vida de uma forma nova e num novo lugar.
II.
A Filosofia de Platão
A
teoria pagã da imortalidade da alma foi elaborada na filosofia pelo filósofo
grego pagão Platão. Platão nasceu em Atenas cerca de 427 a.C., e morreu em 347
a.C. Ele viveu depois da era de ouro da cultura grega conhecida como era
Pericleana. Platão foi um discípulo de Sócrates (469-399 a.C.).
O
Platonismo foi a filosofia dominante da civilização europeia por muitos
séculos. Muitos estudiosos asseguram que Platão exerceu mais influência sobre o
pensamento do homem no mundo ocidental do que qualquer outra pessoa no
paganismo. Foi aluno de Platão, Aristóteles (384-322), que foi professor de
Alexandre o Grande e foi instrumento na disseminação das teorias da filosofia
grega pelo mundo conhecido. A filosofia de Platão foi incorporada na pervertida
teologia da religião pagã.
Escritos de Platão. A filosofia deste
pensador grego foi preservada por meio de cerca de trinta diálogos e um grupo
de cartas. A tradução completa de Jowett dos “Diálogos” foi publicada em dois
volumes pela Random House (Nova York), em 1937. Os escritos de Platão também
foram incluídos na obra Britannica Great Books.
Platão
mencionou a imortalidade da alma nos seguintes escritos: Fedro, Apologia, Fédon, A República, Leis e A Sétima Carta. O seu tratado mais
extenso nesse tema está registrado em Fédon, um diálogo entre Sócrates e seus
amigos. Essa conversa supõe-se ter ocorrido depois que Sócrates bebeu o veneno
cicuta e aguardava a morte. Nesse diálogo, a morte é descrita como “a separação
e libertação da alma do corpo”. Platão reporta-se a Sócrates dizendo:
“Então reflete, Cebes: de tudo o que foi dito não é esta a
conclusão? _ que a alma é a perfeita
semelhança do divino e imortal, e intelectual, e uniforme, e insolúvel, e
imutável; e que corpo é a perfeita semelhança do humano, e mortal, e não
intelectual, e multiforme, e dissolúvel, e mutável.”
Platão
acreditava na pré-existência assim como na imortalidade da alma. Ele acreditava
que a matéria é má. Ele ensinou que a alma é contaminada pelo corpo e pela
terra. A purificação, assegurava ele, somente pode ser obtida quando a alma do
homem for liberada do corpo e habitar em separada da terra.
III.
A Influência de Platão no Cristianismo
Os
escritos de Platão foram usados como livro–texto em escolas gregas e romanas.
Sua filosofia era aceita por ampla porção dos homens que viviam no mundo romano
assim como a falsa teoria da evolução é aceita por muitas pessoas vivendo hoje.
Os
apóstolos e seus seguidores imediatos foram fiéis à verdade bíblica, à
imortalidade condicional. Depois da morte dos apóstolos, a Igreja gradualmente escorregou
da luz para a escuridão, da verdade para o erro. Os homens se tornaram membros
da Igreja, mas continuaram a crer e ensinar a filosofia de Platão. O Império
Romano se cristianizou externamente; a Igreja se paganizou internamente.
Os
teólogos da Igreja rejeitaram a teoria de Platão da pré–existência da alma, mas
aceitaram sua teoria sobre a imortalidade da alma. Eles adotaram a crença de
que a matéria é má. Os ensinos e as práticas pagãs gradualmente substituíram os
ensinos e práticas bíblicas. Pelo tempo em que Agostinho elaborou as doutrinas
da natureza física do homem na teologia oficial da Igreja Romana, o domínio
Platônico sobre a verdade bíblica era completo.
Quando
a teoria de Platão sobre a imortalidade natural da alma foi aceita, muitas doutrinas
importantes da Bíblia foram ignoradas e negadas. Desde que os teólogos creram
que o homem tem uma alma imortal, eles não puderam ver a necessidade de uma
futura ressurreição para a imortalidade. Desde que acreditaram que o homem era
recompensado no momento da morte, eles não viram mais necessidade do retorno de
Cristo à Terra para recompensar o justo e julgar os mortos. Dessa forma, a
importante doutrina da Bíblia sobre a ressurreição para a imortalidade, a
segunda vinda de Cristo e Seu futuro reino na Terra foram negligenciados,
ignorados e negados. Muitos crentes fiéis, que continuaram a estudar a Palavra
de Deus e sustentar seus ensinos, foram tratados como hereges. A despeito da
perseguição da igreja Católica Romana, existiram crentes fiéis à Bíblia em
vários países, em praticamente todos os séculos desde os dias dos apóstolos.
Atenágoras
(177 d.C.) esteve entre os primeiros escritores vivendo na era seguinte à morte
dos apóstolos que ensinou a imortalidade da alma e a tortura eterna do ímpio.
Um exemplo desse ensino pode ser visto na sua obra, “Sobre a Ressurreição dos
Mortos”, no Ante-Nicene Fathers.
Tertuliano
(160-220 d.C.) escreveu profundamente a respeito da imortalidade da alma. A
influência de Platão sobre Tertuliano foi tremenda. Esse fato pode ser
facilmente observado em seus escritos. Observe, por exemplo, “Um tratado sobre
a Alma”, no Ante–Nicene Fathers.
Os
dois teólogos católicos romanos mais destacados são Agostinho e Tomás de
Aquino. Agostinho (354-430 d.C.) viveu quando a igreja romana estava no seu
início. Aquino (1225-1274 d.C.) viveu quando a igreja romana estava no auge do
seu poder. Agostinho expressou sua teologia nos termos da filosofia de Platão.
Aquino expressou sua teologia nos termos da filosofia do pupilo de Platão,
Aristóteles. O mais famoso livro de Agostinho, além de “Confissões”, é “Cidade
de Deus”. O livro mais famoso de Aquino é a “Suma Teológica”. Para exemplificar
o pensamento de Agostinho sobre esse tema, veja o Livro VI, capítulo 12, da Cidade de Deus. Para o pensamento de
Aquino, veja Parte I, Q. 75, A. 6, na Suma
Teológica.
A
teoria da imortalidade natural da alma foi defendida por muitos teólogos
protestantes e tem sido incluída em muitos credos protestantes.
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