sexta-feira, 25 de março de 2016

Capítulo VII - A Autorrevelação de Deus


CAPÍTULO VII
A Autorrevelação de Deus

Agnósticos e céticos afirmam que o homem não pode saber se Deus existe ou não. Eles insistem que, se Deus existe, é impossível ao homem conhecer qualquer coisa sobre Ele. De acordo com eles, Deus esconde a Si mesmo na escuridão e o homem deve permanecer em perpétua ignorância quanto à Sua natureza.

O teísmo cristão, por outro lado, afirma categoricamente que a existência de Deus é certa, e que os homens podem conhecer muito sobre Deus. A autorrevelação de Deus é o antídoto para o agnosticismo.

I. Deus Pode Ser Conhecido
Os homens podem adquirir um conhecimento decisivo com respeito à existência de Deus, Sua natureza, atributos, obras e planos para o futuro. Ainda que nós não possamos saber tudo a respeito de Deus em Sua infinita perfeição e não podemos saber tudo o que Deus sabe, nós podemos conhecer muito sobre Deus porque Ele tem Se revelado ao homem.

O conhecimento humano sobre Deus resulta da resposta do homem para a autorrevelação de Deus. Em todas as coisas Deus toma a iniciativa; Ele é sempre o primeiro. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. Nós abrimos a porta do nosso coração para Ele porque primeiro Ele esteve à porta e bateu, buscando entrar. O pecador busca a Deus porque Deus buscou primeiro pelo pecador. O homem adquire conhecimento sobre Deus porque primeiro Deus revelou a Si mesmo para o homem. O que o homem descobre é baseado naquilo que Deus revela. O que o homem adquire é possibilitado pelo que Deus concede. Deus fala, o homem ouve. Deus revela, o homem contempla. Deus revela a Si mesmo, o homem aprende sobre Ele.

Certamente, nós nunca conheceríamos a Deus se Ele não tivesse revelado a Si mesmo. Mas o que nós queremos dizer com “revelação”? Nós entendemos por revelação aquele ato de Deus pelo qual ele Se descobre e comunica uma verdade para a mente; quando Ele manifesta a Suas criaturas algo que não poderia ser conhecido de outra maneira. A revelação pode ocorrer num ato único e instantâneo ou pode se estender por longo período de tempo; e esta comunicação de Si mesmo e Sua verdade pode ser percebida pela mente humana em vários níveis de plenitude (Thiessen. Op. cit. p. 31).


II. Como Deus Tem Se Revelado
Deus tem revelado a Si mesmo de uma forma geral para a humanidade como um todo. Ele tem Se revelado de maneira especial para os crentes. De maneira geral, Deus tem Se revelado através das obras da criação, da consciência do homem e Sua intervenção na história das nações. De maneira especial, Deus tem se revelado através da Bíblia e da vida de Jesus Cristo.

A revelação geral de Deus tem a intenção de demonstrar a Sua existência, a culpa do homem pelo pecado e sua necessidade de salvação. A revelação especial de Deus tem a intenção não apenas de revelar a natureza de Deus e a necessidade humana de salvação, mas também mostrar a providência de Deus para salvação através de Sua graça e da morte sacrificial de Cristo.

1. Revelação Geral de Deus. Os homens podem aprender alguns fatos sobre Deus pela observância das coisas que Deus criou. Num certo grau, a criatura revela o Criador. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Romanos 1:20). “E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (Atos 14:17).

Deus tem Se revelado como Legislador moral e santo Juiz pela consciência do homem. Paulo disse, “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2:14,15).

Depois, Deus tem Se revelado para a humanidade através de Seu trabalho providencial na história das nações. Os juízos divinos históricos – o dilúvio, dispersão das nações da Torre de Babel, destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas sobre o Egito, o cativeiro de Israel, etc. – foram revelações de Deus. Previsões de Deus que se cumpriram sobre as nações antigas foram autorrevelações divinas. Em Sua providência, Deus usou uma nação para punir outra nação e colocou Suas mãos para guiar o destino de nações (Leia Habacuque). De acordo com Ezequiel, o reconhecimento da obra de Deus entre as nações será o principal resultado do cumprimento das profecias futuras. A frase chave de Ezequiel é “e eles saberão que Eu sou Deus”.

2. Revelação Especial de Deus. A grande mensagem de Deus para a humanidade está gravada nas Escrituras. A Bíblia é o principal meio através do qual Deus tem se revelado para a raça humana. “A escritura do Antigo e Novo Testamento são os únicos órgãos mediante os quais, durante a presente dispensação, Deus transmite a nós o conhecimento de sua vontade sobre o que devemos crer a respeito d’Ele mesmo, e quais obrigações Ele requer de nós” (Hodge, A.ª Op. cit., p. 82). Para aprender sobre Deus, a pessoa deve estudar e meditar sobre a Sua Palavra.

A Bíblia registra a revelação que Deus faz de Si mesmo através do Seu Filho unigênito, Jesus Cristo. Em sua vida imaculada, Jesus refletiu o caráter santo de Deus. Em Seus ensinos e milagres, Jesus revelou a vontade de Deus e a Sua mensagem para o homem. Em Sua morte sacrificial, Jesus revelou o amor infinito de Deus e a providência para a salvação. Em sua gloriosa ressurreição para a imortalidade, Jesus revelou o poder infinito de Deus e a promessa da futura ressurreição para os crentes. “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de várias maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hebreus 1:1,2). Jesus é uma janela aberta através da qual alguém pode ver claramente a autorrevelação de Deus. O estudo da inspirada Palavra de Deus, certamente, é um requisito para alguém aprender sobre a autorrevelação de Deus através de Cristo.

III. Inspiração da Bíblia
Os sessenta e seis livros da Bíblia constituem a inspirada Palavra de Deus. Não é que a Bíblia contenha a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus.

A Bíblia é genuína. Os livros da Bíblia são autênticos. Eles não são falsificações. Os livros realmente foram escritos pelos homens a quem são atribuídos. Por exemplo, o evangelho de Marcos foi escrito por Marcos, a Epístola aos Romanos foi escrita por Paulo e o Apocalipse foi escrito por João. Eles não são espúrios. Eles não foram escritos por homens em séculos posteriores. Eles são genuínos.

A Bíblia é confiável. Os livros da Bíblia relatam eventos que realmente aconteceram e descreve homens que de fato viveram. Os ensinos doutrinários gravados na Bíblia são verdadeiros. Os homens que escreveram a Bíblia eram honestos. Seus escritos harmonizam entre si perfeitamente. A história e a arqueologia confirmam a veracidade da Bíblia. Estes mostram que a Bíblia não é ficcional, mas confiável.

Os sessenta e seis livros da Bíblia são canônicos e constituem o cânon completo das Sagradas Escrituras. Eles são os únicos livros que se qualificam como os que incorporam com autoridade a divina revelação.

A Bíblia é inspirada. Ela teve uma origem sobrenatural. Ela é a Palavra de Deus, a mensagem de Deus para o homem. “Pois toda Escritura Sagrada é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16 NTLH). “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

Pela inspiração verbal entende-se que nos escritos originais o espírito guiou a escolha das palavras utilizadas. Entretanto, a autoria humana foi respeitada na medida em que as características dos escritores foram preservadas e seus estilos e vocabulários eram empregados, mas sem a intromissão do erro.
Pela inspiração plena entende-se que a precisão assegurada pela inspiração verbal é extensiva à toda parte da Bíblia, de forma que todas as partes são ao mesmo tempo infalíveis quanto à verdade e definitivas como inspiração divina (Chafer. Op. cit., Vol. I., p. 71).

A inspiração da Bíblia é evidenciada pelo fato da própria Bíblia afirmar que é a inspirada Palavra de Deus. Os escritores do Velho Testamento, por exemplo, usaram muitas colocações como “assim disse o Senhor” mais de 3800 vezes. Jesus e os apóstolos reconheceram o Antigo Testamento como sendo inspirado e confiável. Os apóstolos declararam ter recebido o Espírito e falado sob Sua influência e autoridade.

A surpreendente unidade da Bíblia escrita por mais de quarenta homens durante um período de tempo de mais de dezesseis séculos mostra sua origem divina.

O exato cumprimento das profecias, o alto padrão de conduta exigido dos homens, a tremenda influência que tem exercido na vida humana, o fato de ter sobrevivido a séculos de oposição e sua confirmação pela arqueologia, história, e verdadeira ciência são algumas entre tantas evidências da inspiração da Bíblia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva, escrever é dar vida ao seu pensamento