CAPÍTULO
VII
A Autorrevelação de Deus
Agnósticos e céticos afirmam que o homem não
pode saber se Deus existe ou não. Eles insistem que, se Deus existe, é
impossível ao homem conhecer qualquer coisa sobre Ele. De acordo com eles, Deus
esconde a Si mesmo na escuridão e o homem deve permanecer em perpétua
ignorância quanto à Sua natureza.
O teísmo cristão, por outro lado, afirma
categoricamente que a existência de Deus é certa, e que os homens podem
conhecer muito sobre Deus. A autorrevelação de Deus é o antídoto para o
agnosticismo.
I. Deus Pode Ser Conhecido
Os homens podem adquirir um conhecimento
decisivo com respeito à existência de Deus, Sua natureza, atributos, obras e
planos para o futuro. Ainda que nós não possamos saber tudo a respeito de Deus
em Sua infinita perfeição e não podemos saber tudo o que Deus sabe, nós podemos
conhecer muito sobre Deus porque Ele tem Se revelado ao homem.
O conhecimento humano sobre Deus resulta da
resposta do homem para a autorrevelação de Deus. Em todas as coisas Deus toma a
iniciativa; Ele é sempre o primeiro. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro.
Nós abrimos a porta do nosso coração para Ele porque primeiro Ele esteve à
porta e bateu, buscando entrar. O pecador busca a Deus porque Deus buscou
primeiro pelo pecador. O homem adquire conhecimento sobre Deus porque primeiro
Deus revelou a Si mesmo para o homem. O que o homem descobre é baseado naquilo
que Deus revela. O que o homem adquire é possibilitado pelo que Deus concede.
Deus fala, o homem ouve. Deus revela, o homem contempla. Deus revela a Si
mesmo, o homem aprende sobre Ele.
Certamente,
nós nunca conheceríamos a Deus se Ele não tivesse revelado a Si mesmo. Mas o
que nós queremos dizer com “revelação”? Nós entendemos por revelação aquele ato
de Deus pelo qual ele Se descobre e comunica uma verdade para a mente; quando
Ele manifesta a Suas criaturas algo que não poderia ser conhecido de outra
maneira. A revelação pode ocorrer num ato único e instantâneo ou pode se
estender por longo período de tempo; e esta comunicação de Si mesmo e Sua
verdade pode ser percebida pela mente humana em vários níveis de plenitude (Thiessen.
Op. cit. p. 31).
II. Como Deus Tem Se Revelado
Deus tem revelado a Si mesmo de uma forma
geral para a humanidade como um todo. Ele tem Se revelado de maneira especial
para os crentes. De maneira geral, Deus tem Se revelado através das obras da
criação, da consciência do homem e Sua intervenção na história das nações. De
maneira especial, Deus tem se revelado através da Bíblia e da vida de Jesus
Cristo.
A revelação geral de Deus tem a intenção de
demonstrar a Sua existência, a culpa do homem pelo pecado e sua necessidade de
salvação. A revelação especial de Deus tem a intenção não apenas de revelar a
natureza de Deus e a necessidade humana de salvação, mas também mostrar a
providência de Deus para salvação através de Sua graça e da morte sacrificial
de Cristo.
1.
Revelação Geral de Deus.
Os homens podem aprender alguns fatos sobre Deus pela observância das coisas
que Deus criou. Num certo grau, a criatura revela o Criador. “Porque as suas
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a
sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Romanos 1:20). “E contudo, não se
deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas
e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações”
(Atos 14:17).
Deus tem Se revelado como Legislador moral e
santo Juiz pela consciência do homem. Paulo disse, “Porque, quando os gentios,
que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles
lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu
coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2:14,15).
Depois, Deus tem Se revelado para a
humanidade através de Seu trabalho providencial na história das nações. Os
juízos divinos históricos – o dilúvio, dispersão das nações da Torre de Babel,
destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas sobre o Egito, o cativeiro de Israel,
etc. – foram revelações de Deus. Previsões de Deus que se cumpriram sobre as
nações antigas foram autorrevelações divinas. Em Sua providência, Deus usou uma
nação para punir outra nação e colocou Suas mãos para guiar o destino de nações
(Leia Habacuque). De acordo com Ezequiel, o reconhecimento da obra de Deus
entre as nações será o principal resultado do cumprimento das profecias
futuras. A frase chave de Ezequiel é “e eles saberão que Eu sou Deus”.
2.
Revelação Especial de Deus.
A grande mensagem de Deus para a humanidade está gravada nas Escrituras. A
Bíblia é o principal meio através do qual Deus tem se revelado para a raça
humana. “A escritura do Antigo e Novo Testamento são os únicos órgãos mediante
os quais, durante a presente dispensação, Deus transmite a nós o conhecimento
de sua vontade sobre o que devemos crer a respeito d’Ele mesmo, e quais
obrigações Ele requer de nós” (Hodge, A.ª Op. cit., p. 82). Para aprender sobre
Deus, a pessoa deve estudar e meditar sobre a Sua Palavra.
A Bíblia registra a revelação que Deus faz de
Si mesmo através do Seu Filho unigênito, Jesus Cristo. Em sua vida imaculada,
Jesus refletiu o caráter santo de Deus. Em Seus ensinos e milagres, Jesus
revelou a vontade de Deus e a Sua mensagem para o homem. Em Sua morte
sacrificial, Jesus revelou o amor infinito de Deus e a providência para a
salvação. Em sua gloriosa ressurreição para a imortalidade, Jesus revelou o
poder infinito de Deus e a promessa da futura ressurreição para os crentes.
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de várias maneiras, aos
pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hebreus
1:1,2). Jesus é uma janela aberta através da qual alguém pode ver claramente a
autorrevelação de Deus. O estudo da inspirada Palavra de Deus, certamente, é um
requisito para alguém aprender sobre a autorrevelação de Deus através de
Cristo.
III. Inspiração da Bíblia
Os sessenta e seis livros da Bíblia
constituem a inspirada Palavra de Deus. Não é que a Bíblia contenha a Palavra
de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus.
A Bíblia é genuína. Os livros da Bíblia são
autênticos. Eles não são falsificações. Os livros realmente foram escritos
pelos homens a quem são atribuídos. Por exemplo, o evangelho de Marcos foi
escrito por Marcos, a Epístola aos Romanos foi escrita por Paulo e o Apocalipse
foi escrito por João. Eles não são espúrios. Eles não foram escritos por homens
em séculos posteriores. Eles são genuínos.
A Bíblia é confiável. Os livros da Bíblia
relatam eventos que realmente aconteceram e descreve homens que de fato
viveram. Os ensinos doutrinários gravados na Bíblia são verdadeiros. Os homens
que escreveram a Bíblia eram honestos. Seus escritos harmonizam entre si
perfeitamente. A história e a arqueologia confirmam a veracidade da Bíblia.
Estes mostram que a Bíblia não é ficcional, mas confiável.
Os sessenta e seis livros da Bíblia são
canônicos e constituem o cânon completo das Sagradas Escrituras. Eles são os
únicos livros que se qualificam como os que incorporam com autoridade a divina
revelação.
A Bíblia é inspirada. Ela teve uma origem
sobrenatural. Ela é a Palavra de Deus, a mensagem de Deus para o homem. “Pois
toda Escritura Sagrada é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16 NTLH). “Porque a
profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos
de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).
Pela
inspiração verbal entende-se que nos
escritos originais o espírito guiou a escolha das palavras utilizadas.
Entretanto, a autoria humana foi respeitada na medida em que as características
dos escritores foram preservadas e seus estilos e vocabulários eram empregados,
mas sem a intromissão do erro.
Pela
inspiração plena entende-se que a
precisão assegurada pela inspiração verbal é extensiva à toda parte da Bíblia,
de forma que todas as partes são ao mesmo tempo infalíveis quanto à verdade e definitivas
como inspiração divina (Chafer. Op. cit., Vol. I., p. 71).
A inspiração da Bíblia é evidenciada pelo
fato da própria Bíblia afirmar que é a inspirada Palavra de Deus. Os escritores
do Velho Testamento, por exemplo, usaram muitas colocações como “assim disse o
Senhor” mais de 3800 vezes. Jesus e os apóstolos reconheceram o Antigo
Testamento como sendo inspirado e confiável. Os apóstolos declararam ter
recebido o Espírito e falado sob Sua influência e autoridade.
A surpreendente unidade da Bíblia escrita por
mais de quarenta homens durante um período de tempo de mais de dezesseis
séculos mostra sua origem divina.
O exato cumprimento das profecias, o alto
padrão de conduta exigido dos homens, a tremenda influência que tem exercido na
vida humana, o fato de ter sobrevivido a séculos de oposição e sua confirmação
pela arqueologia, história, e verdadeira ciência são algumas entre tantas
evidências da inspiração da Bíblia.
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